terça-feira, janeiro 13, 2004

Para este dia em que se realiza mais uma sessão do julgamento de Aveiro, preparei este artigo de opinião que o Público não reproduz (limita-se a referir duas frases na notícia sobre o assunto). Reproduzo então aqui:

Aveiro: Estardalhaço e razões

Hoje 13 de Janeiro devemos ter direito ao estardalhaço mediático do costume: manifestações à porta do Tribunal e declarações inflamadas nos media. Esperando que este artigo fure a barreira de silêncio que a comunicação social constrói em torno das nossas posições, elenco em dez pontos as razões do Não ao aborto livre.

1.Choca-nos a violência dos impropérios que chovem sobre nós. Essa atitude mata a possibilidade de se dar e ouvir razões. Afinal, quem está sempre disponível para condenar?
2.No aborto a questão central para nós é o direito à vida da criança por nascer. Não repugna aos abortistas que um ser humano seja esquartejado, aspirado ou envenenado e depois lançado num caixote de lixo?
3.O direito à Vida é uma questão civilizacional. Consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem, na Declaração dos Direitos da Criança e na Constituição Portuguesa. Defender a Vida é defender o Estado de Direito.
4.Depois do bebé a maior vítima do aborto é a mulher que o pratica. O trauma físico e psicológico encontra-se mesmo já identificado em termos médicos. O aborto livre é uma agressão à mulher, aos seus direitos e aos princípios da igualdade.
5.O grande desafio do aborto é também um desafio social: aceitamos viver numa sociedade onde não há lugar para aquela criança que foi gerada?
6. Os defensores do Não, ao contrário dos seus opositores, não cruzaram os braços depois do referendo. Desde Junho de 1998 nasceram já duas dezenas de associações com linhas telefónicas de apoio, balcões de atendimento e encaminhamento de ajuda, centros de acolhimento para crianças e grávidas em risco, acções de planeamento familiar e educação sexual. Que fez o Sim?
7.A criminalização é para nós justa mas instrumental. Ao direito penal compete e bem, sancionar quem desrespeite o direito à vida, e aos tribunais julgar, atendendo (como acontece com todos os ilícitos penais) às circunstâncias de quem e em que o crime é praticado.
8.Mas o aborto não pode nunca transformar-se num direito. E nenhuma circunstância justifica que em plena liberdade (independentemente de coacção) seja praticado este crime. Não tergiversamos neste ponto (da penalização) e não cedemos à pressão da mentalidade comum (como não cederam os que se opuseram à escravatura e à pena de morte).
9.Incoerências dos abortistas: às onze (ou treze, conforme as semanas que se propõem) semanas já é licito e justo condenar uma mulher? Quem se quer isentar de pena: as mulheres ou também os “médicos” e as “parteiras”?
10.Nunca nos entenderá, nem entenderá a nossa posição, quem não perceber que este é o nosso compromisso: “Não parar enquanto nas nossas sociedades for possível encontrar uma mulher que diga: eu abortei porque não encontrei quem me ajudasse”!

António Pinheiro Torres, fundador dos Juntos pela Vida, deputado do PSD

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Como ainda não sei colocar um endereço de correio electrónico neste Blog (aceitam-se informações), aqui vai um, criado para o efeito: pinheirotorres@hotmail.com
Já agora: como se pode inserir um contador?
Obrigado desde já pelos contributos!
Muito importante foi a entrevista do Professor Oliveira e Silva na revista Pública, no Domingo (ontem). Uma conclusão certeira (a Educação Sexual interdisciplinar em Portugal não está a resultar) e algum bom senso (não é bom, em termos de saúde pública, não se trata de moral!, começar a vida sexual muito cedo). Depois algum irrealismo (a insistência na pílula do dia seguinte, apesar de em várias linhas se manifestar assustado com o crescimento do respectivo consumo e enumerar vários dos seus males!) e uma insistência em " mais do mesmo" (como aconteceu em França). Apesar de tudo revela uma consciência nova e, vindo de onde vem, é totalmente insuspeito...começa a abrir-se o debate.
Amanhã (13 de Janeiro) teremos uma nova sessão do julgamento que decorre em Aveiro. Adivinho o estralhadaço que os abortistas vão fazer: manifestações à porta do Tribunal (sempre hesitámos em estar presentes, apesar de perdermos a hipótese de comunicação correspondente, porque, ao contrário dos partidários do Sim, temos um respeito verdadeiro pelas pessoas que são julgadas!) e declarações inflamadas na comunicação social (alguns artigos de opinião e muito espaço nas "notícias" que serão publicadas).
Escrevi um artigo sobre a questão que espero seja publicado num jornal diário. Se assim não acontecer amanhã publicá-lo-ei aqui (sempre o farei, aliás, mesmo quando tiver a "sorte" de o ver em letra de imprensa).
Entretanto o nosso trabalho continua, nas duas dezenas de associações nascidas depois de Junho de 1998: acções de planeamento familiar e educação sexual, linhas telefónicas de apoio, centros de acolhimento para grávidas e crianças, balcões de atendimento e encaminhamento de ajuda. As pessoas reais (as que existem mesmo, não as dos discursos!) precisam de ser ajudadas para escapar ao drama do aborto e bem perdidas estavam se estivessem à espera dos "humanitários" despenalizadores de serviço...
Entre os movimentos cívicos em que me encontro empenhado, saliento:

Na defesa da Vida (e desde 1997, data em que integrei o respectivo grupo fundador): Juntos pela Vida, cujo site é: www.terravista.pt/enseada/1881
Nas questões da droga (integrei o grupo executivo do respectivo movimento pró-referendo, quando em 2000 ou 2001, o Governo, então do Partido Socialista, despenalizou o consumo de drogas, este movimento acabou por recolher apenas 65.000 assinaturas, uma vez que o assunto tendo saído de agenda, perdeu o seu impacto inicial): www.referendo-droga.org
Na exigência de uma referência expressa ao cristianismo no Preâmbulo do novo Tratado Europeu: www.referencia-cristianismo.org (conforme consta do respectivo site, este movimento, em apenas quatro semanas angariou quase 71.000 assinaturas)
Além disso faço também parte do núcleo fundador (sou Presidente do respetivo Conselho Fiscal) da Ajuda de Berço, um centro de acolhimento para crianças abandonadas ou em risco, do recém-nascido, aos 3 anos, que tem um site onde através de um simples clique é possível ajudar financeiramente a Associação:
www.jazzcidadania.org/colo
Enfim, um conjunto de iniciativas em cuja experiência baseio algumas das posições que venho tomando.
Na origem do título do meu Blog está este Manifesto de Comunhão e Libertação, razão suficiente para que aqui o reproduza:

POR CAUSA DELE: O Centro da liberdade

Há cerca de um ano, por ocasião das eleições legislativas, o Manifesto por nós
apresentado terminava assim:
“Não é tanto a esperança num projecto político que nos move a este
compromisso, mas sim a confiança inabalável no acontecimento cristão, de que
somos parte e testemunha. É este acontecimento vivo que dá a força e a razão
para arriscar e que nos torna serenos diante dos erros e fracassos, mas também
certos de uma vitória que, não sendo nossa, se exprime na unidade que nos
constitui.”
Um ano depois, reconhece-se uma mudança apesar de uma cortina de fumo
fundada na ideologia e no desespero, que não deixa transparecer a positividade
de muitas das novas políticas, bem como a maior liberdade que estas oferecem.
Ainda assim, atravessamos um momento difícil da História do nosso País. Por
todo o lado é visível o desmoronar programado das bases de sustento da nossa
cultura – nada escapa à pressão sistemática de uma comunicação social apostada
em criar um público homologado e embrutecido, sequioso de espectáculo a
qualquer preço. Poder, dinheiro, ideologia, prazer ou comodidade de vida são os
novos ídolos.
Neste contexto, é fácil absorver a desorientação geral e cair ou no lamento
amargo sobre a tristeza e sem-sentido dos nossos dias, ou num optimismo
superficial que não resiste à passagem do tempo. Só uma posição que não
censure o drama e reconheça a beleza de uma humanidade em caminho, para
quem a contradição não seja pretexto para perder de vista o ideal encarnado,
pode dizer alguma coisa de verdadeiramente novo.
A nossa esperança só pode agarrar-se a esta Presença que nos é recordada pelo
Natal – “Um acontecimento que nos surpreende cada ano”. Nada se pode
substituir ao seguimento que Cristo nos pede. E Ele pede que o homem o siga
também exteriormente, socialmente (como nos recordava a Escola de
Comunidade: cfr. Na Origem da pretensão Cristã, p 71).
“Cristo coloca a sua própria pessoa no centro dos sentimentos naturais. Ele
coloca-se, de pleno direito, como a sua verdadeira raíz.”
“Ou O aceitamos e torna-se amor ou O recusamos e torna-se hostilidade”.
Janeiro 2003
COMUNHÃO E LIBERTAÇÃO
Procuro verificar se finalmente consegui iniciar o meu blog...o registo realizei-o durante o Natal entre a imediatez de procurar responder ao indulto pelo Presidente da República de uma "parteira" de abortos (a quem escrevi uma carta aberta que aguarda publicação por um jornal diário...é impressionante a cintura de silêncio que a comunicação social conseguiu erguer em torno das posições do Não ao aborto livre!) e a calma e disponibilidade daqueles dias.
Procurarei neste dar conta da minha actividade política, como deputado independente pelo PSD, eleito pelo Círculo Eleitoral de Braga e também como integrante de diversos movimentos cívicos (que divulgarei em próximo post) e também das posições públicas correspondentes.
Aguardo com curiosidade os comentários e perguntas dos meus futuros leitores!