Um amigo enviou-me este extracto de um artigo de Helena Matos no Público:
«Não deixa de ser fascinante matéria de estudo comparar o vigor e a tenacidade posta na compra dos bilhetes dos U2 pela mesma geração de jovens cujos professores dizem que eles não lêem porque os livros são caros.Que, pelo menos até ao passado ano lectivo, tinha de abandonar as faculdades porque não podiam pagar as propinas. E cujos corpos e almas segundo nos andam a garantir há anos psicólogos e pedagogos ficariam profundamente traumatizados caso tenham de se esforçar pelo que quer que seja. Nem sei o que seria se tivessem de dormir ao relento a noite mais fria do ano para obterem, por exemplo, uma bolsa de estudo. Felizmente que foi para os U2.Assim ninguém se traumatizou.» (Helena Matos, no Público).
Está bem visto, não está? :-)
Foi o diário da acção política de um deputado do PSD, eleito por Braga, e agora é-o de um cidadão que desejando contribuir activamente para a organização do bem comum, procura invadir esse âmbito (da política) com aquele gosto de vida nova que caracteriza a experiência cristã. O título "POR CAUSA DELE" faz referência ao manifesto com o mesmo título, de Comunhão e Libertação, publicado em Janeiro de 2003 (e incluído no Blog).
terça-feira, março 29, 2005
segunda-feira, março 28, 2005
Por um referendo diário sobre o aborto
O jornal O Público trazia hoje este artigo da minha autoria:
Por um referendo diário sobre o aborto
São muitos os argumentos para negar pertinência a um novo referendo sobre o aborto.O direito à vida, como primeiro e condição dos restantes direitos humanos, não pode ser, por uma questão de princípio, objecto de referendo a não ser que desejemos recuar séculos na história e deitar fora todas as noções de dignidade e igualdade das pessoas humanas. Em 1998 o povo português já decidiu e a única coisa que mudou foi a "subida de tom" dos abortistas e o empenho de uma comunicação social que lhes é francamente favorável. Antes do último debate parlamentar em Março de 2004 os partidários do novo referendo andaram oito meses, com exaustiva cobertura dos "media", para recolher 122 mil assinaturas, enquanto aqueles que se opõe a uma modificação da actual lei, reuniram 217 mil assinaturas em apenas quatro semanas. E por ai adiante.
Mas, paradoxalmente, faz falta mais do que um referendo sobre o aborto. Faz falta que a questão se ponha realmente na sociedade portuguesa e de uma vez por todas sejam obtidas respostas inequívocas. Isto é que todos os dias os portugueses, e quem nos governa, se ponham e respondam à questão: "Concorda que em Portugal seja possível uma mulher dizer: "eu abortei porque não encontrei quem me ajudasse"?". Ou "Concorda que o trabalho de apoio às grávidas em dificuldade e no acolhimento de crianças que a sociedade civil desenvolve, não encontre quase nenhum apoio do Estado?". Ou "Concorda que o Estado não sinta qualquer responsabilidade perante uma rapariga pressionada pelos seus parentes ou um namorado irresponsável a abortar, e a deixe sem ninguém a quem recorrer?". Ou "Concorda que o Estado esteja disposto a dar mensalmente 50 contos a uma família de acolhimento de uma criança e os negue aos pais da mesma?".
Como também faz falta outro referendo com a pergunta: "Concorda que o problema do aborto não seja conhecido na sua real extensão, para além dos discursos ideológicos, e que a realização de um estudo, consensual entre todos os partidos, com excepção dos comunistas, se arraste na Assembleia da República?". Na mesma ocasião (seguindo o princípio da poupança eleitoral) se poderia juntar algumas outras perguntas, como, por exemplo: "Concorda que sistematicamente aconteça na sociedade portuguesa que os "técnicos" e os "moderados" digam "vamos consentir nisto como excepção e não como prática recorrente" e depois se verifique, como aconteceu na pílula do dia seguinte, que a prática é generalizada, os números assustadores e se está perante um "rombo" nas políticas de saúde pública?".
Ou então "Concorda que Portugal seja o único país do mundo onde se faz um escândalo pelo facto de mulheres serem julgadas, em claro desrespeito pelos mais elementares princípios da igualdade de género?". Poder-se-ia na mesma ocasião perguntar ainda: "Concorda que grupos de radicais vão para a porta dos tribunais dizerem que fizeram abortos as pessoas que estão lá dentro a defenderem-se da acusação, negando a prática desse crime?" ou "Concorda que seja considerado apenas um assunto de mulheres, a gravidez e o aborto, apesar de ser do mais elementar conhecimento que existem sempre homens envolvidos?".
Por fim, uma última pergunta: "Concorda que um Governo que no seu programa se afirma determinado a mudar o regime legal do aborto, não tem uma linha sobre o apoio social às grávidas em dificuldade e não mais de cinco linhas sobre a educação para a cidadania e a saúde?".
Neste e noutros referendos sobre o aborto a única resposta que faz sentido, corresponde aos desejos do coração humano e não tenta dobrar a realidade a propósitos ideológicos, é a de um rotundo Não! Todos os dias, empenhando as nossas vidas, essa é a campanha que fazemos, num referendo diário, pela defesa da Vida.
Movimento Juntos pela Vida
Por um referendo diário sobre o aborto
São muitos os argumentos para negar pertinência a um novo referendo sobre o aborto.O direito à vida, como primeiro e condição dos restantes direitos humanos, não pode ser, por uma questão de princípio, objecto de referendo a não ser que desejemos recuar séculos na história e deitar fora todas as noções de dignidade e igualdade das pessoas humanas. Em 1998 o povo português já decidiu e a única coisa que mudou foi a "subida de tom" dos abortistas e o empenho de uma comunicação social que lhes é francamente favorável. Antes do último debate parlamentar em Março de 2004 os partidários do novo referendo andaram oito meses, com exaustiva cobertura dos "media", para recolher 122 mil assinaturas, enquanto aqueles que se opõe a uma modificação da actual lei, reuniram 217 mil assinaturas em apenas quatro semanas. E por ai adiante.
Mas, paradoxalmente, faz falta mais do que um referendo sobre o aborto. Faz falta que a questão se ponha realmente na sociedade portuguesa e de uma vez por todas sejam obtidas respostas inequívocas. Isto é que todos os dias os portugueses, e quem nos governa, se ponham e respondam à questão: "Concorda que em Portugal seja possível uma mulher dizer: "eu abortei porque não encontrei quem me ajudasse"?". Ou "Concorda que o trabalho de apoio às grávidas em dificuldade e no acolhimento de crianças que a sociedade civil desenvolve, não encontre quase nenhum apoio do Estado?". Ou "Concorda que o Estado não sinta qualquer responsabilidade perante uma rapariga pressionada pelos seus parentes ou um namorado irresponsável a abortar, e a deixe sem ninguém a quem recorrer?". Ou "Concorda que o Estado esteja disposto a dar mensalmente 50 contos a uma família de acolhimento de uma criança e os negue aos pais da mesma?".
Como também faz falta outro referendo com a pergunta: "Concorda que o problema do aborto não seja conhecido na sua real extensão, para além dos discursos ideológicos, e que a realização de um estudo, consensual entre todos os partidos, com excepção dos comunistas, se arraste na Assembleia da República?". Na mesma ocasião (seguindo o princípio da poupança eleitoral) se poderia juntar algumas outras perguntas, como, por exemplo: "Concorda que sistematicamente aconteça na sociedade portuguesa que os "técnicos" e os "moderados" digam "vamos consentir nisto como excepção e não como prática recorrente" e depois se verifique, como aconteceu na pílula do dia seguinte, que a prática é generalizada, os números assustadores e se está perante um "rombo" nas políticas de saúde pública?".
Ou então "Concorda que Portugal seja o único país do mundo onde se faz um escândalo pelo facto de mulheres serem julgadas, em claro desrespeito pelos mais elementares princípios da igualdade de género?". Poder-se-ia na mesma ocasião perguntar ainda: "Concorda que grupos de radicais vão para a porta dos tribunais dizerem que fizeram abortos as pessoas que estão lá dentro a defenderem-se da acusação, negando a prática desse crime?" ou "Concorda que seja considerado apenas um assunto de mulheres, a gravidez e o aborto, apesar de ser do mais elementar conhecimento que existem sempre homens envolvidos?".
Por fim, uma última pergunta: "Concorda que um Governo que no seu programa se afirma determinado a mudar o regime legal do aborto, não tem uma linha sobre o apoio social às grávidas em dificuldade e não mais de cinco linhas sobre a educação para a cidadania e a saúde?".
Neste e noutros referendos sobre o aborto a única resposta que faz sentido, corresponde aos desejos do coração humano e não tenta dobrar a realidade a propósitos ideológicos, é a de um rotundo Não! Todos os dias, empenhando as nossas vidas, essa é a campanha que fazemos, num referendo diário, pela defesa da Vida.
Movimento Juntos pela Vida
sábado, março 26, 2005
Patriarca diz que comunhão pode ser recusada nalguns casos
No Público de ontem faz-se referência a uma homilia do Patriarca de Lisboa na 5ª feira Santa que vale a pena ler na íntegra em: http://ae.no-ip.org/noticia.asp?noticiaid=17178
Nota: não se trata do assunto do Padre Nuno Serras Pereira, embora se possa hoje concluir que este reproduzindo verdadeira doutrina católica sobre o assunto, tem a "pecha" de ser "um aviso à geral", o que não é o meio adequado de prática pastoral (isto é, só caso a caso, pessoa a pessoa, circunstância a circunstância, se pode avaliar se é de negar a comunhão a uma determinada pessoa). Pondo isto mais simples: seria normal publicar um anúncio dizendo: "nestas situações a comunhão não pode ser dada", não é adequado dizer "por isto e por isto, não darei a comunhão".
Sobre este último assunto tenho um dossier em: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/articles/3975.aspx
Nota: não se trata do assunto do Padre Nuno Serras Pereira, embora se possa hoje concluir que este reproduzindo verdadeira doutrina católica sobre o assunto, tem a "pecha" de ser "um aviso à geral", o que não é o meio adequado de prática pastoral (isto é, só caso a caso, pessoa a pessoa, circunstância a circunstância, se pode avaliar se é de negar a comunhão a uma determinada pessoa). Pondo isto mais simples: seria normal publicar um anúncio dizendo: "nestas situações a comunhão não pode ser dada", não é adequado dizer "por isto e por isto, não darei a comunhão".
Sobre este último assunto tenho um dossier em: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/articles/3975.aspx
O Papa João Paulo II, a defesa da Vida e o 10º aniversário da Evangelium Vitae
Em conjunto com um grupo de amigos, fizemos publicar ontem no jornal O Público, um anúncio com o texto abaixo. Moveu-nos o desejo de manifestar amizade ao Papa (numa questão que lhe é tão cara), a vontade de assinalar o aniversário de um documento fundamental da doutrina católica e a determinação em lembrar (neste momento em que a obsessão do referendo ao aborto ocupa as primeiras páginas dos jornais) as razões (todas laicas, nenhuma religiosa, como se pode ver pelo texto) pelas quais a resposta nessa ocasião terá de ser, uma vez mais, a de um rotundo Não!
O texto foi este:
O texto foi este:
Parabéns ao Papa João Paulo II
No 10º Aniversário da Encíclica O Evangelho da Vida
“Reivindicar o direito ao aborto e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
Quando a lei, votada segundo as chamadas regras democráticas, permite o aborto, o ideal democrático, que só é tal verdadeiramente quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana, é atraiçoado nas suas próprias bases: Como é possível falar ainda de dignidade de toda a pessoa humana, quando se permite matar a mais débil e a mais inocente? Em nome de qual justiça se realiza a mais injusta das discriminações entre as pessoas, declarando algumas dignas de ser defendidas, enquanto a outras esta dignidade é negada? Deste modo e para descrédito das suas regras, a democracia caminha pela estrada de um substancial totalitarismo. O Estado deixa de ser a «casa comum», onde todos podem viver segundo princípios de substancial igualdade, e transforma-se num Estado tirano, que presume poder dispor da vida dos mais débeis e indefesos, como a criança ainda não nascida, em nome de uma utilidade pública que, na realidade, não é senão o interesse de alguns. (cf. João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
“Dentre todos os crimes que o homem pode cometer contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam particularmente perverso e abominável.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 58)
Quando uma maioria parlamentar ou social decreta a legitimidade da eliminação, mesmo sob certas condições, da vida humana ainda não nascida, assume uma decisão tirânica contra o ser humano mais débil e indefeso. (cf João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 70)
“No caso de uma lei intrinsecamente injusta, como aquela que admite o aborto ou a eutanásia, nunca é lícito conformar-se com ela, nem participar numa campanha de opinião a favor de uma lei de tal natureza, nem dar-lhe a aprovação com o seu voto.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 73)
“A tolerância legal do aborto ou da eutanásia não pode, de modo algum, fazer apelo ao respeito pela consciência dos outros, precisamente porque a sociedade tem o direito e o dever de se defender contra os abusos que se possam verificar em nome da consciência e com o pretexto da liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 71)
“Não pode haver paz verdadeira sem respeito pela vida, especialmente se é inocente e indefesa como a da criança não nascida.” (João Paulo II, Discurso ao Movimento Defesa da Vida, Italiano, 2002)
“É totalmente falsa e ilusória a comum defesa, que aliás justamente se faz, dos direitos humanos — como por exemplo o direito à saúde, à casa, ao trabalho, à família e à cultura, — se não se defende com a máxima energia o direito à vida, como primeiro e fontal direito, condição de todos os outros direitos da pessoa.” (João Paulo II, Christifideles Laci, nº 38).
No 10º Aniversário da Encíclica O Evangelho da Vida
“Reivindicar o direito ao aborto e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
Quando a lei, votada segundo as chamadas regras democráticas, permite o aborto, o ideal democrático, que só é tal verdadeiramente quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana, é atraiçoado nas suas próprias bases: Como é possível falar ainda de dignidade de toda a pessoa humana, quando se permite matar a mais débil e a mais inocente? Em nome de qual justiça se realiza a mais injusta das discriminações entre as pessoas, declarando algumas dignas de ser defendidas, enquanto a outras esta dignidade é negada? Deste modo e para descrédito das suas regras, a democracia caminha pela estrada de um substancial totalitarismo. O Estado deixa de ser a «casa comum», onde todos podem viver segundo princípios de substancial igualdade, e transforma-se num Estado tirano, que presume poder dispor da vida dos mais débeis e indefesos, como a criança ainda não nascida, em nome de uma utilidade pública que, na realidade, não é senão o interesse de alguns. (cf. João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
“Dentre todos os crimes que o homem pode cometer contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam particularmente perverso e abominável.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 58)
Quando uma maioria parlamentar ou social decreta a legitimidade da eliminação, mesmo sob certas condições, da vida humana ainda não nascida, assume uma decisão tirânica contra o ser humano mais débil e indefeso. (cf João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 70)
“No caso de uma lei intrinsecamente injusta, como aquela que admite o aborto ou a eutanásia, nunca é lícito conformar-se com ela, nem participar numa campanha de opinião a favor de uma lei de tal natureza, nem dar-lhe a aprovação com o seu voto.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 73)
“A tolerância legal do aborto ou da eutanásia não pode, de modo algum, fazer apelo ao respeito pela consciência dos outros, precisamente porque a sociedade tem o direito e o dever de se defender contra os abusos que se possam verificar em nome da consciência e com o pretexto da liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 71)
“Não pode haver paz verdadeira sem respeito pela vida, especialmente se é inocente e indefesa como a da criança não nascida.” (João Paulo II, Discurso ao Movimento Defesa da Vida, Italiano, 2002)
“É totalmente falsa e ilusória a comum defesa, que aliás justamente se faz, dos direitos humanos — como por exemplo o direito à saúde, à casa, ao trabalho, à família e à cultura, — se não se defende com a máxima energia o direito à vida, como primeiro e fontal direito, condição de todos os outros direitos da pessoa.” (João Paulo II, Christifideles Laci, nº 38).
Um grupo de cidadãos empenhados na defesa da Vida ( evdezanos@hotmail.com )
sexta-feira, março 25, 2005
Um parlamento a brincar (a AR e Pedro Lomba)
Diz Pedro Lomba, sob o título acima, na sua página Geração de 70, no Diário de Notícias de hoje: "Debate sobre o programa de Governo. Há quem apareça de manhã e se escape à tarde. No PSD, muitas bancadas vazias; no PS também. Os deputados entram e saem, mudam de lugar, conversam ao telefone. Ouve-se um burburinho constante que não é diferente de um café. Alguém discursa. Ninguém ouve. No Parlamento fala-se, mas não se ouve. Há, no entanto, uma excepção: os deputados do Bloco de Esquerda estão a maior parte do tempo sentados no Plenário. Depois admirem-se do sucesso do Bloco. Os deputados portugueses não percebem que os detalhes contam. E o Plenário da Assembleia continua sem sem consideração e solenidade."
Se é verdade que o texto revela algum desconhecimento sobre o que é a vida de deputado (as diversas solicitações, o milhar de coisas que ocorrem no mesmo momento, que nos partidos maiores é possível dividir o trabalho e por isso os da defesa, não seguem os debates sobre fiscalidade, por exemplo) é tão verdadeiro no fundo! Nos dois pontos: que ninguém ouve, nem quer ouvir e por isso nem se aprende nem se dá lugar à possibilidade de acontecerem coisas novas (convergências); e no profissionalismo, competência e inteligência de quem sabe por que razões ali está e por o que é que na vida, vale a pena dá-la!
Se é verdade que o texto revela algum desconhecimento sobre o que é a vida de deputado (as diversas solicitações, o milhar de coisas que ocorrem no mesmo momento, que nos partidos maiores é possível dividir o trabalho e por isso os da defesa, não seguem os debates sobre fiscalidade, por exemplo) é tão verdadeiro no fundo! Nos dois pontos: que ninguém ouve, nem quer ouvir e por isso nem se aprende nem se dá lugar à possibilidade de acontecerem coisas novas (convergências); e no profissionalismo, competência e inteligência de quem sabe por que razões ali está e por o que é que na vida, vale a pena dá-la!
Terri Schiavo: um escândalo!
Diz hoje Luís Delgado no Diário de Notícias: "Terri Schiavo, se nada acontecer até esta manhã, estará há uma semana sem água nem alimentos, numa cruel decisão dos que acham que o sofrimento não faz parte da vida, nem deve ser visto. Uma pergunta fica por fazer porque é que os pais não a tiram daquele estado, ou a transportam, em último caso, para o estrangeiro, país vizinho que seja, e onde se possa repor um direito elementar? É uma corrida contra-relógio, que poderá chegar ao Supremo, onde a matéria factual e de mérito não é apreciada, mas apenas o respeito por todas as legalidades processuais e direitos inerentes.".
E acrescento: o caso de Terri Schiavo não é o de uma pessoa cuja vida esteja dependente de uma máquina (um ventilador por exemplo) e por isso só viva porque essa máquina lhe assegura artificialmente uma vida que de outra maneira não teria (assegurando a respiração, por exemplo). Não. É uma pessoa que está viva e como tal tem direito a ser alimentada e hidratada! Muitos de nós estaremos (mesmo sem estarmos naquele estado nem com lesões cerebrais profundas) nessas circunstâncias se formos sujeitos a certas operações ou vítimas de determinados acidentes médicos. Também nos querem nessa altura matar à fome e à sede?
É por essa e por outras (perante um escândalo tão grande) que o próprio Vaticano chama "carrascos" àqueles que retiraram esses direitos a Terri. E olhem que isso não é frequente.
E acrescento: o caso de Terri Schiavo não é o de uma pessoa cuja vida esteja dependente de uma máquina (um ventilador por exemplo) e por isso só viva porque essa máquina lhe assegura artificialmente uma vida que de outra maneira não teria (assegurando a respiração, por exemplo). Não. É uma pessoa que está viva e como tal tem direito a ser alimentada e hidratada! Muitos de nós estaremos (mesmo sem estarmos naquele estado nem com lesões cerebrais profundas) nessas circunstâncias se formos sujeitos a certas operações ou vítimas de determinados acidentes médicos. Também nos querem nessa altura matar à fome e à sede?
É por essa e por outras (perante um escândalo tão grande) que o próprio Vaticano chama "carrascos" àqueles que retiraram esses direitos a Terri. E olhem que isso não é frequente.
sexta-feira, março 18, 2005
Monovolumes e portagens: informação prática
Sobre a questão em referência (a passagem dos monovolumes e outros veículos familiares da classe 2, para a classe 1, no pagamento das portagens), uma medida há muito reclamada pela Associação Portuguesa das Famílias Numerosas (da qual sou sócio), foram divulgadas duas importantes informações que reproduzo aqui (os documentos a que fazem referência podem ser pedidos para: apfn@apfn.com.pt ):
1.
Caros sócios:
Junto se envia despacho da DGV e (FINALMENTE!!!!!) a tal lista de monovolumes abrangidos .
Actuem JÁ!!!!
Caso a vossa viatura esteja na lista como abrangida e já tenha Via Verde, mudem já nos escritórios da BRISA.
Levem os documentos do carro e cópia do despacho e lista. Caso não tenham Via Verde, requisitem-na, como CLASSE 1!
A APFN continuará a fazer força para que TODOS os ligeiros passem para classe 1, como acontece no resto do mundo.
Para isso, será importante termos muito mais sócios, pelo que se reforça a necessidade do empenho de todos os sócios no recrutamento de mais sócios.
Estas e outras notícias estão no site da DGV (www.dgv.pt).
Cumprimentos
Fernando Castro
Presidente da Direcção
2. Caros sócios
Na sequência do meu email anterior, envia-se lista actualizada das viaturas que passaram para classe 1. Mais informação está no site da DGV (http://www.dgv.pt)
Pelo que sei, ainda há várias viaturas em processo de análise. Caso seja o caso da vossa viatura (paga classe 2 e não figura na lista), façam-no sentir junto do representante, para que este apure o assunto junto da DGV.
Este processo parece estar a correr muito bem (finalmente).
Pelo menos um sócio conseguiu tratar de tudo por email, enviando imagem do livrete (scanado) e número do identificador da Via Verde!!!!!
Passem palavra aos vossos amigos e conhecidos
Cumprimentos
Fernando Castro
Presidente da Direcção
APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
Rua 3A à Urbanização da Ameixoeira
Área 3, Lote 1, Loja A
1750-084 Lisboa
Tel: 217 552 603 - 917 219 197Fax: 217 552 604
http://www.apfn.com.pt
=================================
1.
Caros sócios:
Junto se envia despacho da DGV e (FINALMENTE!!!!!) a tal lista de monovolumes abrangidos .
Actuem JÁ!!!!
Caso a vossa viatura esteja na lista como abrangida e já tenha Via Verde, mudem já nos escritórios da BRISA.
Levem os documentos do carro e cópia do despacho e lista. Caso não tenham Via Verde, requisitem-na, como CLASSE 1!
A APFN continuará a fazer força para que TODOS os ligeiros passem para classe 1, como acontece no resto do mundo.
Para isso, será importante termos muito mais sócios, pelo que se reforça a necessidade do empenho de todos os sócios no recrutamento de mais sócios.
Estas e outras notícias estão no site da DGV (www.dgv.pt).
Cumprimentos
Fernando Castro
Presidente da Direcção
2. Caros sócios
Na sequência do meu email anterior, envia-se lista actualizada das viaturas que passaram para classe 1. Mais informação está no site da DGV (http://www.dgv.pt)
Pelo que sei, ainda há várias viaturas em processo de análise. Caso seja o caso da vossa viatura (paga classe 2 e não figura na lista), façam-no sentir junto do representante, para que este apure o assunto junto da DGV.
Este processo parece estar a correr muito bem (finalmente).
Pelo menos um sócio conseguiu tratar de tudo por email, enviando imagem do livrete (scanado) e número do identificador da Via Verde!!!!!
Passem palavra aos vossos amigos e conhecidos
Cumprimentos
Fernando Castro
Presidente da Direcção
APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
Rua 3A à Urbanização da Ameixoeira
Área 3, Lote 1, Loja A
1750-084 Lisboa
Tel: 217 552 603 - 917 219 197Fax: 217 552 604
http://www.apfn.com.pt
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quinta-feira, março 17, 2005
O Padre do anúncio: artigo de Rodrigo Guedes de Carvalho
Publicou Rodrigo Guedes de Carvalho um excelente artigo sobre o tema: "Será louco o Padre do anúncio?", na revista Tv Mais nr. 634.
Se pudesse transcrevia-o mas dizem-me não se pode fazê-lo, por violar leis do copyright...?
Mas se me pedirem por mail, envio-o com todo o gosto (pinheirotorres@hotmail.com).
Sobre o mesmo assunto (o anúncio publicado pelo Padre Nuno Serras Pereira) e no meu Blog no parlamento publiquei um dossier completo. O endereço do post é: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/archive/2005-03-09/3976.aspx.
Se pudesse transcrevia-o mas dizem-me não se pode fazê-lo, por violar leis do copyright...?
Mas se me pedirem por mail, envio-o com todo o gosto (pinheirotorres@hotmail.com).
Sobre o mesmo assunto (o anúncio publicado pelo Padre Nuno Serras Pereira) e no meu Blog no parlamento publiquei um dossier completo. O endereço do post é: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/archive/2005-03-09/3976.aspx.
quarta-feira, março 16, 2005
Quanto ganhei como deputado e os salários dos políticos
Num Post editado no meu Blog no parlamento intitulado “Contrato com os Portugueses assinado hoje por Pedro Santana Lopes” apareceu-me de repente este comentário (assinado por Gajo e com o endereço http://gaseaovento.blogs.sapo.pt/ ): “Gostaste da surpresa??? O dinheiro que ganhaste às custas do Povo português hás-de gastá-lo em pomada pas micoses.” (sic.).
Da minha parte a resposta foi (sobre a parte do dinheiro): “Sobre o dinheiro que ganhei à custa do povo (de si, de mim próprio, pois também pago impostos, de todos os nossos compatriotas) gostava que me dissesse quanto imagina tenha sido? E também: se o carro em que andava era meu, ou do Estado, quem me pagava o telemóvel, etc. Tenho muita curiosidade em que me responda a essas perguntas e todo o gosto em falar sobre o "balurdio" que ganham os deputados "que andam lá a encher-se"...é um debate que sempre desejei e estava a ver que nunca mais ninguém me chamava malandro, para eu poder falar sobre isso! :-)”.
Chegou-me agora a resposta, assim: “Quanto ao dinheiro que ganhou é, certamente, mais do que os (quase) 350 euros do salário mínimo nacional. É, também, mais do que aufere o comum mortal que entre a trabalhar em alguns sectores da Função Pública . Sabe, concerteza, o que é o índice 100. Quanto ao carro e ao telemóvel, sejamos razoáveis, era o que faltava! Já agora, gostava também de saber qual foi o sentido do seu voto na questão do aumento do ordenado dos deputados durante a última legislatura.”
“Migro” então a discussão para aqui e respondo como se segue:
É verdade que o meu salário bruto era de 10 vezes o salário mínimo nacional ao qual se juntavam as ajudas de custo para ir ao círculo eleitoral em valores que não chegavam sequer para pagar as portagens do meu carro (eu sei...um monovolume...peço desculpa mas tenho quatro filhos e dois sobrinhos a viver comigo e juro que não consigo encafuá-los mais as malas em menos do que este e no fiat punto da minha mulher) e muito menos para pagar o hotel e as refeições!
Além disso o carro é meu e o telemóvel também. Ou seja ganhava menos do que um vendedor das sociedades em que trabalhei durante 16 anos e para quem seria impensável ir vender, suportando os custos da deslocação ou levando carro próprio ou levando-o sem que a firma pagasse a gasolina e as portagens...
Também já não menciono o facto de quer na indústria, quer na advocacia (que depois pratiquei) sempre tive secretária (desde que comecei a desempenhar funções de direcção ou gerência) e que no parlamento havia uma secretária para cada 6 ou 8 deputados...
Ora, isto não pode continuar assim! Porque ou não se desempenham cabalmente as funções de deputado (estando os dias inteiros no parlamento ou ao serviço deste)(embora se possa pensar em que a par de deputados “dedicados”, existam deputados “só representantes”) ou então acumula-se com outras actividades. Mas não desfazendo em quem o faz assim, fica muito dificil servir o povo que nos elegeu!
O que eu proponho: que cada deputado, ministro, etc., ganhe o mesmo que ganhava cá fora (talvez matizado, tipo média de tantos anos, enfim...). Porque assim, não dá...:-)
Nota final: a discussão que menciona (na IXª legislatura) não existiu...para grande pena minha em que (se tanto me concedesse o meu grupo parlamentar, o que também não é certo...) teria tomado a posição acima.
Ah, é verdade!
Não conheço exactamente as normas da reforma dos deputados, mas se não me engano é 12 anos e só desde que se chega à idade da reforma...não é nada disso que dizem cá fora (como também é falso que a CP nos ofereça os bilhetes, etc.). Mas sabe porque foi criado esse privilégio? Por causa da hipocrisia e da demagogia dos políticos e dos eleitores, que se recusam a olhar para a realidade de frente e assim dão lugar a estas “esquisitices”...
Existe também um subsídio de reintegração na vida civil de um salário por cada seis meses que se passou na Assembleia (no meu caso e devido ao PR, cinco, vírgula tal). Outra “esquisitice” criada para tentar "enganar" os políticos e o povo (mas por culpa da cegueira de ambos a esta questão dos ordenados). Sim, vou pedir o mesmo, de consciência tranquilíssima. :-) Em média equivale a terem-me pago (durante estes três anos), não 3500 Euros por mês, mas sim, 3900 Euros.
Faço aqui uma ressalva: este subsídio de reintegração na vida civil não me parece tenha paralelo em outras profissões (daí a minha estranheza quando soube dele). No entanto para alguns de nós, a entrada no parlamento (e estar lá a tempo inteiro) implicou abdicar do emprego ou profissão anteriores. Assim é justo que alguém que para servir o bem de todos, abdicou de um bem próprio, lhe sejam facultados os meios, no fim dessa missão, para poder encontrar novo trabalho (podendo-se aqui objectar que é para isso que existe o subsídio de desemprego e esse podendo durar mais que, por exemplo, o meu, tem a "justiça" de terminar quando a pessoa volta a trabalhar...? é uma coisa a pensar).
Estou aberto a continuar a discussão.
Da minha parte a resposta foi (sobre a parte do dinheiro): “Sobre o dinheiro que ganhei à custa do povo (de si, de mim próprio, pois também pago impostos, de todos os nossos compatriotas) gostava que me dissesse quanto imagina tenha sido? E também: se o carro em que andava era meu, ou do Estado, quem me pagava o telemóvel, etc. Tenho muita curiosidade em que me responda a essas perguntas e todo o gosto em falar sobre o "balurdio" que ganham os deputados "que andam lá a encher-se"...é um debate que sempre desejei e estava a ver que nunca mais ninguém me chamava malandro, para eu poder falar sobre isso! :-)”.
Chegou-me agora a resposta, assim: “Quanto ao dinheiro que ganhou é, certamente, mais do que os (quase) 350 euros do salário mínimo nacional. É, também, mais do que aufere o comum mortal que entre a trabalhar em alguns sectores da Função Pública . Sabe, concerteza, o que é o índice 100. Quanto ao carro e ao telemóvel, sejamos razoáveis, era o que faltava! Já agora, gostava também de saber qual foi o sentido do seu voto na questão do aumento do ordenado dos deputados durante a última legislatura.”
“Migro” então a discussão para aqui e respondo como se segue:
É verdade que o meu salário bruto era de 10 vezes o salário mínimo nacional ao qual se juntavam as ajudas de custo para ir ao círculo eleitoral em valores que não chegavam sequer para pagar as portagens do meu carro (eu sei...um monovolume...peço desculpa mas tenho quatro filhos e dois sobrinhos a viver comigo e juro que não consigo encafuá-los mais as malas em menos do que este e no fiat punto da minha mulher) e muito menos para pagar o hotel e as refeições!
Além disso o carro é meu e o telemóvel também. Ou seja ganhava menos do que um vendedor das sociedades em que trabalhei durante 16 anos e para quem seria impensável ir vender, suportando os custos da deslocação ou levando carro próprio ou levando-o sem que a firma pagasse a gasolina e as portagens...
Também já não menciono o facto de quer na indústria, quer na advocacia (que depois pratiquei) sempre tive secretária (desde que comecei a desempenhar funções de direcção ou gerência) e que no parlamento havia uma secretária para cada 6 ou 8 deputados...
Ora, isto não pode continuar assim! Porque ou não se desempenham cabalmente as funções de deputado (estando os dias inteiros no parlamento ou ao serviço deste)(embora se possa pensar em que a par de deputados “dedicados”, existam deputados “só representantes”) ou então acumula-se com outras actividades. Mas não desfazendo em quem o faz assim, fica muito dificil servir o povo que nos elegeu!
O que eu proponho: que cada deputado, ministro, etc., ganhe o mesmo que ganhava cá fora (talvez matizado, tipo média de tantos anos, enfim...). Porque assim, não dá...:-)
Nota final: a discussão que menciona (na IXª legislatura) não existiu...para grande pena minha em que (se tanto me concedesse o meu grupo parlamentar, o que também não é certo...) teria tomado a posição acima.
Ah, é verdade!
Não conheço exactamente as normas da reforma dos deputados, mas se não me engano é 12 anos e só desde que se chega à idade da reforma...não é nada disso que dizem cá fora (como também é falso que a CP nos ofereça os bilhetes, etc.). Mas sabe porque foi criado esse privilégio? Por causa da hipocrisia e da demagogia dos políticos e dos eleitores, que se recusam a olhar para a realidade de frente e assim dão lugar a estas “esquisitices”...
Existe também um subsídio de reintegração na vida civil de um salário por cada seis meses que se passou na Assembleia (no meu caso e devido ao PR, cinco, vírgula tal). Outra “esquisitice” criada para tentar "enganar" os políticos e o povo (mas por culpa da cegueira de ambos a esta questão dos ordenados). Sim, vou pedir o mesmo, de consciência tranquilíssima. :-) Em média equivale a terem-me pago (durante estes três anos), não 3500 Euros por mês, mas sim, 3900 Euros.
Faço aqui uma ressalva: este subsídio de reintegração na vida civil não me parece tenha paralelo em outras profissões (daí a minha estranheza quando soube dele). No entanto para alguns de nós, a entrada no parlamento (e estar lá a tempo inteiro) implicou abdicar do emprego ou profissão anteriores. Assim é justo que alguém que para servir o bem de todos, abdicou de um bem próprio, lhe sejam facultados os meios, no fim dessa missão, para poder encontrar novo trabalho (podendo-se aqui objectar que é para isso que existe o subsídio de desemprego e esse podendo durar mais que, por exemplo, o meu, tem a "justiça" de terminar quando a pessoa volta a trabalhar...? é uma coisa a pensar).
Estou aberto a continuar a discussão.
Referendo europeu: dar razão a Fernando Rosas
Não é coisa que me aconteça com frequência...! :-)
Mas no seu artigo de hoje no Público (Referendo ou Manipulação?:
http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=03&d=16&id=11365&sid=1234) as questões são postas com clareza quanto á anunciada intenção do PS em juntar o referendo europeu às autárquicas.
O artigo tem partes lapidares como esta (que subscrevo inteiramente): “Em primeiro lugar, porque a coincidência entre os dois actos eleitorais esvazia e mistifica totalmente qualquer tentativa de debate sério sobre a questão europeia e as várias posições que acerca dela se confrontam. Evitar que esse debate, claramente assumido como tal, sem subterfúgios ou à boleia de outras eleições, vá a votos, é sabido ser, desde há muito, a estratégia do PS e do PSD: fugir aos referendos em matéria europeia é uma das mais solidamente subsistentes do bloco central no nosso sistema político. À sombra dela, desde 1985, as cidadãs e os cidadãos portugueses foram sucessivamente privados de se pronunciar directamente, através do voto, sobre escolhas tão decisivas como a adesão à CEE, os tratados de Maastricht e Amesterdão ou a adesão à moeda única. A mais importante mudança de estratégia internacional da História portuguesa do século XX, o processo de viragem da África para a Europa, encerrado que foi o ciclo africano do "império", não pôde, em nenhum dos seus passos principais, ser referendado pelos portugueses, sendo certo que essa é uma das poucas matérias em que a escolha referendária tem pleno sentido.Em nome da "complexidade" das questões, do receio do peso das abstenções ou dos votos contra, ou seja, com medo de ter resultados comprometedores em referendos sobre matérias europeias, o PS e o PSD nunca os convocaram, satisfazendo-se, sem excesso de estados de alma, eu diria mesmo, com indisfarçável alívio, com a pseudolegitimação indirecta resultante das eleições legislativas. Isso não os impede de regularmente lamentar, compungidos, o "alheamento" e o "desinteresse" dos portugueses pelos assuntos europeus, dos quais, antidemocraticamente, há 20 anos os vão mantendo simultaneamente desinformados e incapacitados de exprimir a sua vontade, seja ela qual for.”
Não gostando da Constituição Europeia, apenas em parte por razões coincidentes com as do BE, acresce que também subscrevo a suspeita de que essa mistura entre referendos e eleições se arrisca a dar lugar a uma confusão de temas, descer o nível do debate e obscurecer o significado dos resultados que venham a ter.
Enfim, é isto que dá “graça e colorido” à vida e à política: a possibilidade de um encontro insuspeito entre adversários e barricadas! :-)
Mas no seu artigo de hoje no Público (Referendo ou Manipulação?:
http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=03&d=16&id=11365&sid=1234) as questões são postas com clareza quanto á anunciada intenção do PS em juntar o referendo europeu às autárquicas.
O artigo tem partes lapidares como esta (que subscrevo inteiramente): “Em primeiro lugar, porque a coincidência entre os dois actos eleitorais esvazia e mistifica totalmente qualquer tentativa de debate sério sobre a questão europeia e as várias posições que acerca dela se confrontam. Evitar que esse debate, claramente assumido como tal, sem subterfúgios ou à boleia de outras eleições, vá a votos, é sabido ser, desde há muito, a estratégia do PS e do PSD: fugir aos referendos em matéria europeia é uma das mais solidamente subsistentes do bloco central no nosso sistema político. À sombra dela, desde 1985, as cidadãs e os cidadãos portugueses foram sucessivamente privados de se pronunciar directamente, através do voto, sobre escolhas tão decisivas como a adesão à CEE, os tratados de Maastricht e Amesterdão ou a adesão à moeda única. A mais importante mudança de estratégia internacional da História portuguesa do século XX, o processo de viragem da África para a Europa, encerrado que foi o ciclo africano do "império", não pôde, em nenhum dos seus passos principais, ser referendado pelos portugueses, sendo certo que essa é uma das poucas matérias em que a escolha referendária tem pleno sentido.Em nome da "complexidade" das questões, do receio do peso das abstenções ou dos votos contra, ou seja, com medo de ter resultados comprometedores em referendos sobre matérias europeias, o PS e o PSD nunca os convocaram, satisfazendo-se, sem excesso de estados de alma, eu diria mesmo, com indisfarçável alívio, com a pseudolegitimação indirecta resultante das eleições legislativas. Isso não os impede de regularmente lamentar, compungidos, o "alheamento" e o "desinteresse" dos portugueses pelos assuntos europeus, dos quais, antidemocraticamente, há 20 anos os vão mantendo simultaneamente desinformados e incapacitados de exprimir a sua vontade, seja ela qual for.”
Não gostando da Constituição Europeia, apenas em parte por razões coincidentes com as do BE, acresce que também subscrevo a suspeita de que essa mistura entre referendos e eleições se arrisca a dar lugar a uma confusão de temas, descer o nível do debate e obscurecer o significado dos resultados que venham a ter.
Enfim, é isto que dá “graça e colorido” à vida e à política: a possibilidade de um encontro insuspeito entre adversários e barricadas! :-)
segunda-feira, março 14, 2005
"Million Dollar Baby" e a Eutanásia (do Pedro Afonso)
O meu amigo Pedro Afonso, sobre o assunto em referência, escreveu este artigo que eu subscrevo!:
«O Filme Million Dollar Baby e a Eutanásia»
Vi recentemente o filme de Clint Eastwood «Million Dollar Baby» galardoado com quatro Óscares de Hollywood. Independentemente da qualidade da obra, o seu argumento aborda o tema da eutanásia de uma forma que me parece digna de reflexão.
A eutanásia ou, em sentido lato, o suicídio-assistido, apresenta-se neste filme como um acto de misericórdia e de compaixão perante o sofrimento de uma doente vítima de uma doença grave e incurável (eutanásia piedosa).
Um dos argumentos mais usados em defesa da eutanásia corresponde: «ao sofrimento da pessoa». O sofrimento é muitas vezes visto como algo indigno, desumano, motivo de vergonha e que por isso deve ser banido a qualquer preço! Neste contexto, a eutanásia passa ser a interpretada como um gesto de misericórdia. Esta «piedade hipócrita» esconde, por vezes, um sentimento egoísta e injusto, já que considera que os mais fracos, as vítimas do infortúnio e aqueles que simplesmente envelhecem já não têm lugar nesta sociedade. Ou seja, no caso de surgirem ideias de suicídio nestes indivíduos não se procura demovê-los, nem auxiliá-los. Nestas situações prevalece um espírito de condescendência e compreensão, já que o sofrimento e desespero em que se encontram conduzem automaticamente a um estatuto de «suicidas justificados».
Então, mas não serão também estes os motivos (sofrimento e desespero) que levam a maioria dos indivíduos a cometerem o suicídio?
Actualmente, temos um exemplo extraordinário de resistência e de coragem face ao sofrimento: «O Papa João Paulo II». Estou convicto que, a sua atitude de entrega, generosidade, determinação e abnegação, servirá de alento e de esperança para muitos doentes que se encontram numa situação idêntica de incapacidade e sofrimento. Esta é sem dúvida uma postura que vai contra a corrente actual, de que a vida só merece ser vivida enquanto existir juventude, beleza e saúde.
É interessante observar que, é quase consensual que o suicídio não deve ser encorajado e que se deve proteger o indivíduo de causar a morte a si próprio. E, por que é que não existe consenso à volta da eutanásia? Desde Robbins (1959) que se verificou que cerca de 94% das pessoas que se suicidam apresentavam alterações psicopatológicas. Deste modo, estariam privadas da capacidade necessária (em termos mentais) para avaliar em consciência e em liberdade, a decisão de se suicidarem. Sabemos ainda que subsistem várias doenças mentais tratáveis – como é o caso da depressão – por detrás do desejo de morrer. Desta forma, a existência de um «suicídio racional» é algo controverso. Curiosamente, a história dá-nos um exemplo extraordinário a este respeito. Durante a segunda guerra mundial, a esmagadora maioria dos prisioneiros dos campos de concentração, mesmo sendo submetidos a um sofrimento atroz e às mais diversas torturas raramente se suicidavam.
Para a personagem do filme Maggie Fitzgerald (Hilary Swank) só valeu a pena lutar pela vida – suportar o sofrimento e todos os sacrifícios – enquanto teve oportunidade de sucesso, protagonismo, reconhecimento público e riqueza. Infelizmente, ao desistir de viver acabou por desperdiçar a sua maior vitória: a conquista do amor puro, genuíno e verdadeiro de Frankie Dunn (Clint Eastwood).
Por isso, neste filme, a eutanásia não é uma prova de amor, mas antes a sua recusa!
Pedro Afonso
«O Filme Million Dollar Baby e a Eutanásia»
Vi recentemente o filme de Clint Eastwood «Million Dollar Baby» galardoado com quatro Óscares de Hollywood. Independentemente da qualidade da obra, o seu argumento aborda o tema da eutanásia de uma forma que me parece digna de reflexão.
A eutanásia ou, em sentido lato, o suicídio-assistido, apresenta-se neste filme como um acto de misericórdia e de compaixão perante o sofrimento de uma doente vítima de uma doença grave e incurável (eutanásia piedosa).
Um dos argumentos mais usados em defesa da eutanásia corresponde: «ao sofrimento da pessoa». O sofrimento é muitas vezes visto como algo indigno, desumano, motivo de vergonha e que por isso deve ser banido a qualquer preço! Neste contexto, a eutanásia passa ser a interpretada como um gesto de misericórdia. Esta «piedade hipócrita» esconde, por vezes, um sentimento egoísta e injusto, já que considera que os mais fracos, as vítimas do infortúnio e aqueles que simplesmente envelhecem já não têm lugar nesta sociedade. Ou seja, no caso de surgirem ideias de suicídio nestes indivíduos não se procura demovê-los, nem auxiliá-los. Nestas situações prevalece um espírito de condescendência e compreensão, já que o sofrimento e desespero em que se encontram conduzem automaticamente a um estatuto de «suicidas justificados».
Então, mas não serão também estes os motivos (sofrimento e desespero) que levam a maioria dos indivíduos a cometerem o suicídio?
Actualmente, temos um exemplo extraordinário de resistência e de coragem face ao sofrimento: «O Papa João Paulo II». Estou convicto que, a sua atitude de entrega, generosidade, determinação e abnegação, servirá de alento e de esperança para muitos doentes que se encontram numa situação idêntica de incapacidade e sofrimento. Esta é sem dúvida uma postura que vai contra a corrente actual, de que a vida só merece ser vivida enquanto existir juventude, beleza e saúde.
É interessante observar que, é quase consensual que o suicídio não deve ser encorajado e que se deve proteger o indivíduo de causar a morte a si próprio. E, por que é que não existe consenso à volta da eutanásia? Desde Robbins (1959) que se verificou que cerca de 94% das pessoas que se suicidam apresentavam alterações psicopatológicas. Deste modo, estariam privadas da capacidade necessária (em termos mentais) para avaliar em consciência e em liberdade, a decisão de se suicidarem. Sabemos ainda que subsistem várias doenças mentais tratáveis – como é o caso da depressão – por detrás do desejo de morrer. Desta forma, a existência de um «suicídio racional» é algo controverso. Curiosamente, a história dá-nos um exemplo extraordinário a este respeito. Durante a segunda guerra mundial, a esmagadora maioria dos prisioneiros dos campos de concentração, mesmo sendo submetidos a um sofrimento atroz e às mais diversas torturas raramente se suicidavam.
Para a personagem do filme Maggie Fitzgerald (Hilary Swank) só valeu a pena lutar pela vida – suportar o sofrimento e todos os sacrifícios – enquanto teve oportunidade de sucesso, protagonismo, reconhecimento público e riqueza. Infelizmente, ao desistir de viver acabou por desperdiçar a sua maior vitória: a conquista do amor puro, genuíno e verdadeiro de Frankie Dunn (Clint Eastwood).
Por isso, neste filme, a eutanásia não é uma prova de amor, mas antes a sua recusa!
Pedro Afonso
sexta-feira, março 11, 2005
Ontem em Abrantes, sobre Blogs
Ontem, na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, estive num debate sobre Blogs. Interessantissimo!
Os palestrantes eram: Luís Santos da Universidade do Minho (pelo que percebi um antigo jornalista e hoje professor de comunicação social), Rui Baptista do jornal "O Público", Ana Anes, também jornalista e autora de um livro com um título engraçadissimo ("estou á espera que me venham buscar", creio) e João Pedro Dias, professor do instituto. A assistência era constituída pelos alunos da casa.
Não só me fartei de aprender (o que valem e porque valem os blogs, quantos e de que género há, regras de conduta, casos e episódios) como me diverti pois o sentido de humor era comum aos quatro indicados. Todos bloguistas nos seguintes endereços: Atrium (http://atrium.weblog.com.pt), Amor e Ócio (http://amor-e-ocio.blogspot.com), a Ana com um já desactivado, mas que deu origem ao livro (http://www.aanes.blogspot.com/) e o do João Pedro Dias: (http://joaopedrodias.weblog.com.pt).
Era das coisas boas da vida de deputado, esta possibilidade de conhecer gente diversa, dar a conhecer porque se está na política e para quê e constatar com os próprios olhos a capacidade de construtividade social que existe por esse país fora...!
Nota: a visitar também o blog de um dos alunos da escola que entretanto me escreveu (com posts sobre tunning imaginem!): http://mdt.blogs.sapo.pt/
Os palestrantes eram: Luís Santos da Universidade do Minho (pelo que percebi um antigo jornalista e hoje professor de comunicação social), Rui Baptista do jornal "O Público", Ana Anes, também jornalista e autora de um livro com um título engraçadissimo ("estou á espera que me venham buscar", creio) e João Pedro Dias, professor do instituto. A assistência era constituída pelos alunos da casa.
Não só me fartei de aprender (o que valem e porque valem os blogs, quantos e de que género há, regras de conduta, casos e episódios) como me diverti pois o sentido de humor era comum aos quatro indicados. Todos bloguistas nos seguintes endereços: Atrium (http://atrium.weblog.com.pt), Amor e Ócio (http://amor-e-ocio.blogspot.com), a Ana com um já desactivado, mas que deu origem ao livro (http://www.aanes.blogspot.com/) e o do João Pedro Dias: (http://joaopedrodias.weblog.com.pt).
Era das coisas boas da vida de deputado, esta possibilidade de conhecer gente diversa, dar a conhecer porque se está na política e para quê e constatar com os próprios olhos a capacidade de construtividade social que existe por esse país fora...!
Nota: a visitar também o blog de um dos alunos da escola que entretanto me escreveu (com posts sobre tunning imaginem!): http://mdt.blogs.sapo.pt/
quarta-feira, março 09, 2005
Regresso hoje aqui, vindo do Parlamento
Mas como pode ser interessante (está lá muita documentação) coloco aqui o endereço do meu Blog de igual nome no sistema de blogs da Assembleia da República, do qual fui um dos pioneiros: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/.
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