domingo, maio 29, 2011

O voto católico que não existe mas do qual se fala...

O Público retoma hoje numa sondagem (da qual não divulga os dados técnicos mas que no texto refere ter "uma amostra reduzida e com pouco tempo de máquina, por dificuldades de financiamentos") num artigo que intitula "o voto católico não existe" da autoria de António Marujo.
O artigo é interessante de ler e desperta o apetite pela questão (nomeadamente para umas jornadas "Catolicismo e fronteiras políticas" dias 30 e 31 de Maio em Lisboa e em que tenho uma pena gigante de não poder assistir...).
Particularmente curioso (e desmentindo um pouco o tom geral do artigo) o quadro de relação entre a frequência de actos de culto por voto nos partidos políticos nas eleições para a AR em 2009, que coincide com a observação empirica de quem tem estado envolvido nas movimentações civicas da Vida e Família e na sua envolvente geral politica e partidária...
Num artigo meu que saiu no Público em 21 de Janeiro deste ano e a esse propósito escrevi:
"Conforme muitas e credenciadas vozes vêm afirmando, não se pode dizer que exista um eleitorado, ou um voto, católico, nem sequer simplesmente cristão, se por essa designação entendermos uma expressão eleitoral unitária de quem se afirma como sendo parte dessa confissão religiosa: ao longo dos anos e em Portugal ,os católicos exprimem-se em diferentes partidos e votam por diversas opções. Se atendermos aos resultados eleitorais, pode mesmo duvidar-se se muitos dos cristãos se darão ao trabalho de confrontar a sua escolha política com os princípios da sua fé (conforme a hierarquia da Igreja católica e algumas iniciativas de leigos sempre convidam nas vésperas de qualquer acto eleitoral) ...
Este facto, porém, não contradiz que dentro desse eleitorado que professa o cristianismo, ou no quadro mais amplo, e abrangendo quem não partilha essa fé, do centro-direita, não se venha afirmando ao longo dos anos um corpo eleitoral com um volume de voto estável (vejam-se o milhão e meio de votos "não" nos referendos do aborto). Com manifestações cívicas quantitativamente impressivas (petições populares a um ritmo médio de dois em dois anos que reúnem entre 80 e 200 mil assinaturas) e até, em alguns actos eleitorais, esporádicos movimentos uniformes (como a transferência de voto para o PP nas últimas Europeias)."
Ora, deste último ponto de vista, "eppure si muove"...;-)

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