domingo, fevereiro 17, 2008

Pela moratória universal do aborto: grande Berlusconi!

Para quem nunca percebeu porque tantos empenhados católicos têm estado com Berlusconi, eis aqui uma "explicação". Não se trata, para nós católicos, de que os políticos sejam perfeitos, moralmente intocáveis ou ideológicamente identificados a 100%. Uma intuição de verdade, mesmo se com limites, e tanto basta! ;-) Que pena não me poder fazer cidadão italiano e votar nele nas próximas eleições! lol.


Itália: Berlusconi começa campanha eleitoral contra o aborto
In http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=318345

O chefe da direita italiana Silvio Berlusconi introduziu terça-feira o tema ultra-sensível do aborto logo no início da campanha eleitoral, apoiando uma moratória universal e defendendo a ideia do reconhecimento do direito à vida «desde a sua concepção».
Berlusconi disse ao semanário Tempi que as Nações Unidas deviam reconhecer como direito humano o direito à vida desde a «concepção até à morte natural», usando a mesma terminologia que o Vaticano para expressar a sua oposição ao aborto.
Algumas horas depois Berlusconi suavizou as suas declarações defendendo que este assunto devia «ficar fora» da campanha eleitoral».
«Penso que o reconhecimento do direito à vida desde a sua concepção até à morte natural poderia ser um princípio da ONU, como para a moratória sobre a pena de morte adoptada depois de um longo e difícil debate», declarara Berlusconi citado hoje de manhã pelos jornais que retomavam uma breve declaração feita pelo candidato a um suplemento cultural do Tempi.
Nessa declaração afirmava: «Sobre este assunto, a regra da nossa coligação política é a liberdade de consciência».
Os media deram uma ampla cobertura a esta declaração vendo nela o começo da caça aos votos dos católicos para as eleições legislativas antecipadas de 13 e 14 de Abril.
A ideia de uma moratória sobre o aborto, a exemplo da que existe para a pena de morte apoiada por uma resolução recente da ONU, foi lançada em Itália pelo jornalista de direita Giuliano Ferrara e bem recebida pelo episcopado.
Todavia, hoje, durante a gravação da emissão televisiva «Porta a porta», Silvio Berlusconi relativizou as suas declarações afirmando que o aborto era um tema que «devia ficar fora desta campanha eleitoral» e que esta questão «não devia regressar à arena política».
O aborto é autorizado em Itália desde 1978 mas a Igreja católica continua a usar a sua influência na classe política e nos meios médicos para relançar o debate sobre as condições de aplicação da lei.
A senadora Paola Binetti, que pertence ao partido democrata de Walter Veltroni (esquerda) e membro da Opus Dei, saudou hoje no Corriere della Sera a tomada de posição de Silvio Berlusconi. «Ele disse ao mundo católico que não deve ter medo dele e que a vida não sofrerá agressões por parte do seu partido».
Em contrapartida, uma outra personalidade de esquerda, a dirigente radical Emma Bonino, qualificara sexta-feira no semanário Espresso a campanha para uma moratória sobre o aborto «como um circo político» cujo «único objectivo é fazer uma cruzada ideológica para impor a divisão, particularmente no centro-esquerda».
Diário Digital / Lusa
13-02-2008 0:25:00

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Aborto: legal, seguro e raro?

O nosso objectivo é manter o aborto legal, seguro e por isso raro” (Paula Teixeira da Cruz no JN de 1 de Fevereiro de 2007).
Legal ?: o aborto começou a ser realizado em estabelecimentos públicos antes da regulamentação (vide em 2007: DN de 22/6, 10 ou 11/7 e 18/10 e Sábado de 12/7), o aborto clandestino continua (“Clinica Porto faz aborto apos 10 semanas”, DN 1/12, continuação da clandestinidade referida no DN 28/11 e até por um dos porta-vozes do Sim, Duarte Vilar, “Recurso a aborto ilegal continua”, DN 22/10, etc.), o “legal” é feito fora da lei (“Sofia fez um aborto sem os 3 dias de reflexão”, Público de 4/11), etc.
A lei continua além disso pendente de apreciação da constitucionalidade desde os primeiros dias de Julho (há 7 meses…!?).
Seguro ?: no consentimento informado a informação em posse dos profissionais de saúde está ultrapassada e desactualizada (vide post anterior)
Raro ?: há 1.000 por mês, 33 por dia, mais de 1 por hora. 12% dos nascimentos! Imaginem que ouviam ou liam isto sobre um qualquer país do terceiro mundo: que escândalo, que mortandade!
Então, senhores e senhoras do Sim?

Notas sobre números aborto e consentimento informado

1. Números oficiais da Direcção Geral de Saúde entregues em mão pela mesma ao grupo dos Juntos pela Vida no decurso de uma reunião na passada Sexta. Notas: a apreciação da DGS sobre os números é positiva porque comparam os 6 mil abortos legais de 6 meses com as expectativas que tinham seja em quantidade seja em quem o iria fazer (descobriram agora que os números estavam inflacionados pela propaganda do SIM e surpresa! que só ½ % são de adolescentes…)
Outras: 1/3 dos abortos é no privado e enquanto no público predomina o medicamentoso, no privado impera (90 e tal %) o cirúrgico (mais rendoso…).

2. Resultado prático da reunião da Associação Juntos pela Vida com a DGS: tornou-se patente ao país e eles não conseguiram responder nem mais tarde na TSF que o consentimento informado proposto às mulheres que vão abortar se baseia em literatura cientifica velha de 10 a 20 anos e que posteriormente já foram editados à volta de 500 estudos sobre os riscos para a saúde física e psíquica da mulher do aborto legal (não apenas do ilegal ao qual não me refiro aqui)! Mais informações sobre isto: no You Tube, o histórico em http://www.lisbonmedicalconference.net/PT/contacto.htm e, sobretudo, no site das Mulheres em Acção.

No aniversário do referendo do aborto: um balanço e uma convicção

Dias cheios estes de assinalar o 11 de Fevereiro! Reunião dos Juntos pela Vida com a Direcção Geral da Saúde na passada sexta, sessão muito concorrida na Associação Comercial de Lisboa no Sábado de manhã (100 pessoas!) e acção "gráfica" dos Juntos pela Vida no Marquês de Pombal (colocação de 1.500 cruzes nos jardins e uma faixa a dizer "Resultado do Sim no referendo: o Crime está na lei!" ;-)
Impressionante o silêncio que a comunicação social fez sobre as nossas acções...! Uma ditadura do pensamento único com a cumplicidade dos media sob os mais variados pretextos (desta vez que "o Sim não fez nada, não podemos mostrar o Não..."!). Mas connosco é sempre assim e já estamos habituados. A nossa rede continua a crescer, está sólida e quando "eles" menos esperam caímos-lhe em cima como aconteceu com os 14 grupos cívicos no referendo. lol!
Um balanço pessoal (o político vai em post seguinte)? Este diálogo retoma-o muito expressivamente:

“Sam: “As personagens dessas histórias…tinham uma série de hipóteses de voltar para trás, mas não o faziam. Eles continuavam…porque estavam agarrados a uma coisa.”
Frodo: “A que é que eles se agarravam, Sam?”
Sam: “A que existe algum bem e muito de bom neste mundo, Senhor Frodo. E que vale a pena lutar por isso”

(do guião do filme “O Senhor dos Anéis”)