sábado, dezembro 26, 2009

O Natal por Sartre: uma percepção aguda!

Há muito tempo que não me dava assim uns dias de praticamente não fazer nada: dormir, ler (um óptimo livro sobre a Cosa Nostra), estar com a familia descansado, saborear (isso já é mais frequente ;-), etc.
E despachar agora algum correio electrónico. No meio deste a preciosidade abaixo: a percepção da encarnação por alguém "de fora" da Igreja (o que me lembra o "ralhete" que uma vez me fez o Patriarca de Lisboa quando eu usando essa expressão, me perguntou: "fora? onde está a porta?" ;-)
O texto é este e atribuido por um amigo meu editor (logo, uma autoridade literaria ;-) a Sartre:
«A Virgem está pálida e olha para o Menino. Seria preciso pintar no seu rosto aquela admiração ansiosa que se viu apenas uma vez num rosto humano.
Porque Cristo é o seu filho, a carne da sua carne e fruto do seu ventre. Ela teve-O em si própria durante nove meses e dar-Lhe-á o seio e o seu leite tornar-se-á sangue de Deus.
Nalguns momentos a tentação é tão forte que esquece que Ele é Filho de Deus.
Aperta-O nos braços e sussurra-lhe: “Meu pequerrucho”.
Mas noutros momentos fica perplexa e pensa: “Deus está ali” e é invadida por um religioso temor por este Deus mudo, por esta criança que num certo sentido incute medo.
Todas as mães ficam perplexas, por um momento, diante daquele fragmento da sua carne que é a sua criança, e sentem-se exiladas perante esta nova vida feita da sua vida, habitada por pensamentos alheios. Mas nenhum filho foi arrancado à sua mãe de forma tão cruel e radical, porque Ele é Deus e ultrapassa completamente tudo o que ela poderia imaginar… Mas penso que houve também outros momentos, rápidos e fugazes em que ela sente que Cristo é o seu Filho, o seu menino, e que é Deus.
Olha-O e pensa: “Este Deus é meu menino. Esta carne é a minha carne, é feito de mim, tem os meus olhos e a forma da sua boca é semelhante à minha, assemelha-Se a mim. É Deus e assemelha-Se também a mim”.
E nenhum homem recebeu da sorte o seu Deus só para si, um Deus tão pequenino para apertar nos braços e cobrir de beijos, um Deus quentinho que sorri e respira, um Deus que se pode tocar e que ri.
E é nesses momentos que eu, se fosse pintor, pintaria Maria».

Jean-Paul Sartre
(Trecho teatral escrito por ocasião do Natal, enquanto prisioneiro)

Um Santo Natal! (atrazado mas para a quadra ;-)

Completamente absorvido pela campanha do referendo ao casamento o que ocasiona divertidas ocasiões de ver como desde há dois meses uma campanha organizada tenta pôr a Igreja católica fora do debate, confundir os católicos (tarefa debalde: o nosso povo reconhece-se e reconhece o que é seu e o que importa mesmo) e no fundo ocultar o que teme,ignorando até que a mobilização está muito mais ampla do que apenas a estes, nem tempo tenho tido para escrever aqui e ontem passou o dia sem os tradicionais votos da época. Mas estamos sempre a tempo. Como ensina este email recebido do meu amigo Vasco Mina:

"Há muitos anos, ainda solteiro e de férias em Cem Soldos, encontrei a Trindade à porta da Igreja. Estava uma linda manhã de Sol primaveril a puxar à conversa. A Trindade tinha trabalhado durante largos anos em casa dos meus futuros sogros e era uma típica aldeã sempre vestida de preto e cheia de afecto para aqueles a quem via como protectores (no caso, a Rosarinho e a sua família). Ao ver-nos, perguntou quase de imediato: “Então quando casam?”

Eu dei a resposta típica do rapazinho de cidade que se acha culto e cheio de explicação para tudo: “Oh Trindade! É uma questão de tempo!”. A Trindade, com aquele ar que parecia básico aos olhos de quem vinha da cidade, era de resposta rápida: “ Mas o tempo está bom! É de aproveitar!”

Foi para mim uma lição de humildade e também me serviu para estar mais atento ao que é óbvio, sem complicações e outras coisas afins.

Tenho andado, desde o início do Advento, com uma preocupação em preparar bem o Natal, em viver adequadamente este tempo, tratando dos presentes a tempo e horas, procurando textos cheios de “significado”, etc., etc. Como que “ desta vez é que é!”

Só que, mais uma vez, não foi como deveria ter sido. “ Mas o tempo está bom! É de aproveitar!” Esta resposta da Trindade, com a sua genuína sabedoria, vem a propósito. O tempo até está chuvoso e com algum frio, mas o Menino vai Nascer e, assim, muito simplesmente, celebremos este acontecimento. Haja festa e alegria!

Um Santo Natal para todos!"

sábado, dezembro 05, 2009

Pai Natal: um pedido simples

Do Luis Cirilo meu colega deputado por Braga na 9ª Legislatura de boa memória (e que tem este blog)recebi este email que no meio de uma campanha que absorve todo o tempo (incluindo o que gostaria de dedicar a escrever aqui) foi motivo de uma saudável gargalhada:

Meu querido PAI NATAL,

Este ano levaste [deve-se estar a referir a Deus e não ao Pai Natal que está às ordens Dele, mas passa...] o meu cantor e dançarino preferido, o MICHAEL JACKSON, o meu actor preferido PATRICK SWAYZE, a minha actriz preferida FARRAH FAWCETT... só te quero recordar que o meu político preferido é o JOSÉ SÓCRATES!