segunda-feira, novembro 28, 2005

Sobre os crucifixos nas escolas

Acabo de escrever um artigo de opinião, sobre o assunto em referência, que espero seja publicado poralgum dos grandes diários...?
Mas a questão também me suscita esta reflexão mais dirigida aos abismos da alma humana: como pode a existência, numa sala de aula, da figura de um homem crucificado, ser tão insuportável, que leva meia dúzia de pessoas a dar-se ao trabalho de elaborar um inventário “policial” das salas onde existe uma cruz e das escolas onde houve alguma manifestação religiosa? Como pode incomodá-las tanto uma imagem que, ao longo da história, representa não apenas o Deus que alguns adoram, mas também toda a excelência da humanidade: amor ao próximo, sabedoria, bondade, solidariedade, igualdade. Ou seja aqueles valores em que se fundamentam os direitos fundamentais, objecto de uma declaração universal e consagrados na constituição portuguesa. Que raiva e intolerância os move? Que lhes faz aquela figura de um crucificado?
Adorava perceber esta parte...!?

quarta-feira, novembro 23, 2005

Crescimento da SIDA em Portugal

As notícias desenvolvidas, ontem publicadas no Diário de Notícias ( www.dn.pt ), sobre o crecimento da infecção no mundo e em especial, em Portugal só surpreenderão quem persiste em reduzir a questão ao uso ou não de preservativo nas relações sexuais...
Como me dizia um Padre amigo, já há alguns anos, a política única de combate à doença (baseada na disseminação do conceito de sexo seguro e na distribuição de preservativos como a excelência da educação para a prevenção) consiste em termos práticos, em "soprar para a fogueira"...
E para que não se pense que me preocupa um mero objecto de borracha declaro desde já que sempre achei que, citando São Paulo, "senão podeis ser castos, ao menos sede cautos"...o problema está noutro lado:
- em não se educar para a sexualidade no âmbito do amor;
- em apresentar todos os comportamentos como moralmente equivalentes (a promiscuidade como a fidelidade, a heterosexualidade, como a homossexualidade, o sexo conforme está pensado na natureza e aquele que atenta contra esta, etc.);
- em não se informar cabalmente sobre as reais possibilidades do preservativo em prevenir essa específica doença sexualmente transmíssivel (no que estamos consideravelmente atrasados: nos Estados Unidos qualquer folheto da FDA diz, preto no branco, "o preservativo é o mais efectivo meio de protecção contra a transmissão do virus da SIDA mas não protege a 100%. A única protecção 100% eficaz é a abstinência");
- em não perceber que para tudo há um tempo próprio e que o início prematuro da vida sexual activa pode ser fatal e que a única coisa que a torna inevitável (a prematuridade) é a mentalidade dos educadores e de uma sociedade hipersexualizada onde a pornografia é uma forma habitual de comunicação que ganhou foros de cidadania, contra as evidências da experiência humana.
- em esta questão, em Portugal, ser tratada a nível do aparelho de Estado por pessoas irresponsáveis (que aliviam os próprios e pessoais traumas propondo uma vida que em muitos casos nem tem a coragem e quase sempre, nem a possibilidade, de viver) ou preconceituosas ao ponto de nem sequer repararem que a própria OMS tem um modelo chamado ABC, que recomenda como o adequado para fazer face a esta questão (e que no Uganda fez recuar as taxas de infecção): "Abstinence, Be faithfull e [só depois e se não for possível o anterior] Condom"...
Enquanto assim continuarmos a infecção continuará a progredir. Não será tempo de pararmos e pensarmos um pouco?

terça-feira, novembro 22, 2005

Juntos pela Vida, APF e Padre Serras Pereira

Parece que querem mandar os Padres para a prisão!
Sob a situação do título deste post os Juntos pela Vida emitiram o comunicado que abaixo reproduzo.
A quem me pedir para pinheirotorres@hotmail.com enviarei o artigo "Os abortófilos" que está na origem desta polémica e desta vergonha.
Nota: de acordo com as nossas informações, a APF prepara-se agora para desencadear processos contra outras pessoas e associações do Não. Vai ser uma festa...! :-)
O comunicado, diz assim:

A propósito de Padres no banco dos réus

Foi com grande consternação que os Juntos Pela Vida souberam da condenação do Pe. Nuno Serras Pereira no âmbito de um processo-crime no qual este sacerdote vinha acusado da prática do crime de difamação, em resultado de uma queixa apresentada pela APF (Associação para o Planeamento da Família), alegadamente ofendida pelo artigo “Os Abortófilos”, publicado no jornal do Entroncamento dirigido pelo Padre José Luís Borga.

Queremos por isso publicamente:

1. Manifestar a nossa solidariedade e total apoio ao Padre Nuno Serras Pereira. Sabíamos que em alguns países que vivem em democracia (EUA, Canadá e outros) a manifestação de uma opinião contrária à mentalidade dominante nos “media” pode provocar processos semelhantes e às vezes resultar em prisão. Verificamos agora que tal também pode suceder em Portugal.

2. Testemunhar, em virtude de termos assistido à audiência de julgamento, que no processo ficou demonstrado que:

a) A APF não se socorreu, junto do jornal do Entroncamento, do “direito de resposta” como legalmente lhe era garantido, reagindo assim em termos normais a um artigo de opinião com que pretensamente se terá “ofendido”;

b) A APF não pediu no processo qualquer indemnização cível;

c) A APF usou o processo apenas para exercer uma inaceitável pressão sobre o Padre Nuno Serras Pereira e outras pessoas que sobre a APF e quem defende o aborto, fazem o mesmo juízo ou avaliação.

d) Correspondiam à verdade não apenas as citações incluídas no artigo em causa, como as situações descritas no mesmo. Isto mesmo foi confirmado pela testemunha Maria José Alves (membro destacado da Associação).

3. Reafirmar que a APF é hoje, como o é desde longa data, uma organização cuja grande preocupação política é a obtenção do aborto livre em Portugal, conforme nomeadamente se pode verificar de qualquer abaixo-assinado movido pelo mesmo propósito, da presença sistemática dos seus membros nos debates sobre o aborto, em posição favorável ao mesmo, ou até de declarações de Duarte Vilar quando descreve em relatórios internacionais da IPPF a actuação da sua organização e a caracteriza como desempenhando um papel determinante nessa batalha política. Nenhum problema existe nesse facto se simultaneamente a APF não fosse a organização tentacularmente mais instalada a nível de aparelho de Estado, nas questões da educação sexual e planeamento familiar, e através dessa posição desenvolva uma actividade persistente de formação das mentalidades no mesmo sentido dos seus objectivos políticos.

4. Acusar a APF de falta de cultura cívica e democrática. Ficou assim patente aos olhos de todos a intolerância que se esconde na posição de tantos tolerantes…

5. Lembrar que no debate político e naquele que versa sobre o aborto em especial, a temperatura da expressão sobe com frequência e que quem não é capaz de aguentar essas oscilações não deve frequentar essas paragens… Não é por acaso a palavra hipocrisia (que acreditamos é universalmente entendida como insultuosa) aquela que mais frequentemente é chamada à colação para descrever a atitude daqueles que se opõem ao aborto livre? E, apesar disso, há memória de algum processo judicial mandado instaurar por alguma dessas pessoas ou associações? Haja pois uma tolerância real, porque aquela da APF, já o sabíamos, passa sempre pela exclusão de alguém…

6. Informar a APF e todas as pessoas e organizações que defendem o aborto livre que manobras de pressão como esta não nos atemorizam. Apesar de, aqui sim, parecer que há quem queira mandar os outros para a prisão, fiquem sabendo que, como dizia o poeta, haverá sempre alguém que resiste, haverá sempre alguém que diga Não!

7. Declarar o dia de hoje como um dia negro para a liberdade de expressão em Portugal. 30 anos depois do 25 de Abril há por aí uns senhores que se dão mal com a democracia e querem repôr o “lápis azul”.

Lisboa, 21 de Novembro de 2005

A Direcção dos Juntos pela Vida