As notícias desenvolvidas, ontem publicadas no Diário de Notícias ( www.dn.pt ), sobre o crecimento da infecção no mundo e em especial, em Portugal só surpreenderão quem persiste em reduzir a questão ao uso ou não de preservativo nas relações sexuais...
Como me dizia um Padre amigo, já há alguns anos, a política única de combate à doença (baseada na disseminação do conceito de sexo seguro e na distribuição de preservativos como a excelência da educação para a prevenção) consiste em termos práticos, em "soprar para a fogueira"...
E para que não se pense que me preocupa um mero objecto de borracha declaro desde já que sempre achei que, citando São Paulo, "senão podeis ser castos, ao menos sede cautos"...o problema está noutro lado:
- em não se educar para a sexualidade no âmbito do amor;
- em apresentar todos os comportamentos como moralmente equivalentes (a promiscuidade como a fidelidade, a heterosexualidade, como a homossexualidade, o sexo conforme está pensado na natureza e aquele que atenta contra esta, etc.);
- em não se informar cabalmente sobre as reais possibilidades do preservativo em prevenir essa específica doença sexualmente transmíssivel (no que estamos consideravelmente atrasados: nos Estados Unidos qualquer folheto da FDA diz, preto no branco, "o preservativo é o mais efectivo meio de protecção contra a transmissão do virus da SIDA mas não protege a 100%. A única protecção 100% eficaz é a abstinência");
- em não perceber que para tudo há um tempo próprio e que o início prematuro da vida sexual activa pode ser fatal e que a única coisa que a torna inevitável (a prematuridade) é a mentalidade dos educadores e de uma sociedade hipersexualizada onde a pornografia é uma forma habitual de comunicação que ganhou foros de cidadania, contra as evidências da experiência humana.
- em esta questão, em Portugal, ser tratada a nível do aparelho de Estado por pessoas irresponsáveis (que aliviam os próprios e pessoais traumas propondo uma vida que em muitos casos nem tem a coragem e quase sempre, nem a possibilidade, de viver) ou preconceituosas ao ponto de nem sequer repararem que a própria OMS tem um modelo chamado ABC, que recomenda como o adequado para fazer face a esta questão (e que no Uganda fez recuar as taxas de infecção): "Abstinence, Be faithfull e [só depois e se não for possível o anterior] Condom"...
Enquanto assim continuarmos a infecção continuará a progredir. Não será tempo de pararmos e pensarmos um pouco?
1 comentário:
Mas será que o senhor é assim tão quadrado?!?!? Vê-se mesmo que desconhece completamente a realidade da maioria da população portuguesa... Esse tipo de mentalidade não leva a lado nenhum. Há jovens que, por falta de informação e de acesso a métodos contraceptivos, continuam a enfrentar gravidezes precoces. Acha que as pessoas são assim tão inocentes e puras para se dedicarem à abstinência e ao sexo para procriação? Só pode estar a brincar! Não acredito que seja assim tão ingénuo. Além do mais, deixe-me relembrar-lhe que a maior fatia de infectados com HIV continua a ser a dos toxicodependentes, a seguir os heterossexuais. Está visto que não é por se ser gay que se é contaminado! Bem, o que é importante reter é que o preconceito existe e que enquanto assim for estamos literalmente lixados. Já dizia Jesus, "amai-vos uns aos outro como eu vos amei". Não estará na hora de praticar um bocadinho?
Enviar um comentário