domingo, setembro 25, 2005

A Televisão e os pirómanos (artigo de Pedro Afonso)

O meu amigo Pedro Afonso, Psiquiatra, enviou-me este artigo de sua autoria que penso, atenta a sua condição profissional, deve ser levado em conta:

A televisão e os pirómanos

Neste verão arderam mais de 180 000 hectares de terreno por todo o país. As várias televisões noticiaram a tragédia em longas horas de emissões. Para além dos excepcionais factores climatéricos, a falta de limpeza das matas, etc., parece existir um certo consenso que muitos dos incêndios tiveram “mão criminosa”.

Constata-se que tem havido frequentemente uma abordagem sensacionalista deste fenómeno por parte de alguma comunicação social, por exemplo, com jornalistas a colocarem em risco (a meu ver desnecessariamente) a sua própria vida ─ com fagulhas acesas por todo o lado, a tossirem em directo para os microfones intoxicados pelo fumo ─ , ou apresentando com dramatismo algumas vítimas desta calamidade.

É sabido que actualmente a luta pelas audiências conduz a um tipo de jornalismo que não relata somente a tragédia, como também procura expor (muitas vezes até à “náusea”) as reacções emocionais das vítimas dessa mesma fatalidade, criando deste modo uma espécie de “dupla notícia”.

Não pretendo defender qualquer tipo de censura, mas antes reflectir sobre a forma como a cobertura jornalística desta catástrofe, poderá ela própria estar a contribuir (involuntariamente) para aumentá-la.

Certamente, que para além de alguns interesses económicos que estarão por detrás de alguns fogos, e de outras motivações psicopáticas, muitos deles serão obra de pirómanos.

Sabemos que há situações especiais cujo tratamento jornalístico deverá obedecer a determinados critérios. Um dos exemplos clássicos é o suicídio. Após a notícia de um suicídio, surgem frequentemente fenómenos de imitação, com a ocorrência de vários suicídios em cadeia. Por isso, este é um assunto que deve ser tratado com a maior delicadeza e ponderação uma vez que pode colocar em risco pessoas que se encontram numa situação de grande fragilidade, necessitando apenas de um pretexto para porem termo à vida. Um dos famosos exemplos foi dado por Goethe, através da publicação do seu livro Os sofrimentos do jovem Werther (1774). O sucesso deste romance trouxe consigo uma série de graves problemas, já que influenciados pelo seu romantismo, jovens leitores por toda a Europa, lançaram-se nas suas paixões e tomados por um sentimento de liberdade acabaram por se suicidar em larga escala.

Um pirómano tem um comportamento incendiário deliberado, repetitivo e que não visa o lucro, sabotagem, retaliação ou qualquer forma de expressão política. O acto incendiário é normalmente precedido de um aumento de tensão ou activação afectiva. Estes indivíduos experimentam um prazer intenso, uma gratificação e alívio da tensão quando ateiam incêndios. Podem ser indiferentes às consequências dos fogos ou sentirem mesmo uma satisfação pela perda de bens e haveres. São frequentemente espectadores do incêndio, mostrando interesse nos vários aspectos relacionados com o fogo, podendo inclusivamente participarem na sua extinção. Deste modo, existe por parte do indivíduo, uma fascinação, atracção e curiosidade pelo incêndio e seu contexto situacional.

Em suma, o pirómano não pode ter maior prazer do que assistir a uma reportagem televisiva pormenorizada da sua “obra”: o fogo.

Estou convicto que este verão assistimos pela televisão a um concurso nacional de pirómanos! Imagino-os colados ao ecrã do televisor tentando perceber qual deles é que conseguiu atear o maior incêndio! Por isso, há que repensar no futuro sobre a forma como deve ser feita a reportagem jornalística deste tipo de catástrofe, de modo a não amplificar o próprio fenómeno piromaníaco.

Ao contrário do que acontece com as bruxas, no caso dos pirómanos é preciso acreditar neles, porque existem de facto!

Pedro Afonso

pedromafonso@netcabo.pt

Sobre a Ota: história de dois aeroportos

De um bom amigo, meu colega na legislatura anterior, recebi este texto que a ser verdadeiro (não o pude confirmar e não é de sua autoria), seria trágico. Publico-o porque não tendo mais do que o bom senso para me orientar e fiando-me no que fui lendo, considero esta história da Ota, um verdadeiro disparate. Estando porém com muito gosto disposto a ser convencido do contrário (porque este tipo de projectos arrastam sempre muitos sectores económicos e, nesse sentido, são bons) até porque muito aliviado ficaria se não fosse um novo elefante branco...
Mas o texto diz isto:
"Uma história de 2 aeroportos:
Áreas: - Aeroporto de Málaga: 320 hectares;
- Aeroporto de Lisboa: 520 hectares.
Pistas: - Aeroporto de Málaga: 1 pista;
- Aeroporto de Lisboa: 2 pistas.
Tráfego (2004): - Aeroporto de Málaga: 12 milhões de passageiros, taxa de crescimento, 7% a 8%ao ano.
- Aeroporto de Lisboa: 10,7 milhões de passageiros, taxa de crescimento4,5% ao ano.
Soluções para o aumento de capacidade:
Málaga: - 1 novo terminal, investimento de 191 milhões de euros, capacidade 20milhões de passageiros/ano. O aeroporto continua a 8 Km da cidade e continua a ter uma só pista.
Lisboa: - 1 novo aeroporto, 3.000 a 5.000 milhões de euros, solução faraónica a40Km da cidade."
É de causar calafrios, não é?

sábado, setembro 24, 2005

Candidatura à Presidência da República de Luís Botelho Ribeiro

Luís Botelho Ribeiro, Professor na Universidade do Minho, decidiu candidatar-se à Presidência da República. Conheço-o de há uns anos para cá no âmbito da movimentação civica de defesa da Vida. Estivemos já juntos numa "operação" recente e conheço-lhe a generosidade e o empenho que põe nas coisas em que acredita.
O que me parece mover esta candidatura é sobretudo um desejo de participação civica, de que Portugal não desista de si próprio e que os políticos e os partidos que nos goveram não detenham o monopólio da possibilidade de expressão pública e exercício do poder. Depois existem algumas ideias mais originais (tipo a deslocação da Presidência da República para Guimarães) que tem sobretudo a movê-las o desejo de chamar a atenção para problemas reais do país (no exemplo, a excessiva concentração de poder em Lisboa).
Comprometido como estou desde há muito com uma outra (e ainda não anunciada ;-) candidatura presidencial não o poderei apoiar. No entanto desejo-lhe as maiores felicidades, sobretudo nesta fase de angariação das indispensáveis 7.500 assinaturas!
Para quem quiser saber mais: http://www.botelhoribeiro.org/

quarta-feira, setembro 14, 2005

Por uma política autárquica de família!

A Associação Famílias emitiu ontem esta carta aberta que aqui reproduzo por nela estarem incluídos os prinicpais pontos de uma política como a reivindicada no título deste post.
Parabéns ao Dr. Carlos Gomes (o presidente da Associação) pela iniciativa!

Carta Aberta a todos os Candidatos Autárquicos

Associação Famílias Setembro de 2005

Caro Candidato:

Aproxima-se o período de campanha eleitoral que culmina em 9 de Outubro com a (re)eleição de (novas) equipas de gestão das autarquias. Por isso, e na sequência daquela, ultimam-se os programas eleitorais que, espera-se, irão merecer a leitura atenta por parte de todos os eleitores. Espera-se, consequentemente, que os projectos sejam claros e os compromissos neles contidos sejam cumpridos. Por outro lado, o exercício consciente da cidadania pressupõe que os eleitores se informem e esclareçam antes do acto eleitoral. São estas duas condições essenciais da liberdade.

Como instituição voltada para a Família, sociedade anterior ao Estado e seu fundamento, queremos interpelar todos os interessados (Partidos, Coligações ou Independentes), a questionarem-se sobre qual o papel e importância que desejam atribuir às famílias, todas as famílias. Numa perspectiva convergente dos princípios da subsidiariedade, da solidariedade e complementaridade queremos propor, sugerir, algumas medidas que poderiam e deveriam estar incluídas em todos os projectos eleitorais preocupadas com o bem comum, com o bem de cada individuo e com o das famílias.

Assim, propomos que a nível autárquico, as preocupações acima sugeridas, possam revestir, entre outras, as seguintes sugestões:

- apoiar e incentivar a promoção de medidas de preparação para a conjugalidade e parentalidade;

- criar ou apoiar a criação de gabinetes de aconselhamento, orientação e mediação familiares;

- promover medidas que favoreçam a conciliação entre o trabalho e a vida familiar (p.ex. encerramento das actividades comerciais ao Domingo);

- apoiar a criação de uma rede de serviços de proximidade de apoio à maternidade (creches, apoio domiciliário, lavandarias sociais, etc);

- divulgar, de forma sistemática, os direitos/deveres da Família;

- fomentar e apoiar medidas para as crianças e jovens de famílias mais carenciadas, em áreas de formação pedagógica e social;

- desenvolver e apoiar medidas que beneficiam cidadãos em risco de exclusão social (idosos, deficientes, etc);

- criar dinâmicas de promoção da cultura, do desporto e de lazer para serem vividas e participadas em Família (acesso facilitado a actividades culturais, desportivas ou de lazer a Famílias, de acordo com o agregado familiar);

- melhorar as acessibilidades de todos os locais dependentes das autarquias, sobretudo para os deficientes;

- inscrever, como obrigatório, nos procedimentos de aprovação de novos equipamentos sociais, culturais, desportivos, de lazer ou familiares, a garantia efectiva da acessibilidade a todos os cidadãos de forma autónoma;

- dinamizar e/ou apoiar planos municipais de prevenção das toxicodependências e de violência familiar em articulação com outras entidades públicas ou privadas;

- celebrar e/ou apoiar a celebração das grandes datas relacionadas com as Famílias: DIA DO PAI, DIA DA MÃE, DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA e DIA NACIONAL DOS AVÓS;

- desenvolver projectos para a erradicação da pobreza;

- dar particular atenção para os gravíssimos problemas da habitação e desemprego;

- incentivar a igualdade de oportunidades para mulheres e homens.


Estas são algumas medidas que nos permitimos sugerir aos Candidatos Autárquicos. Esperamos que o nosso contributo, livre e espontâneo, mereça a atenção daqueles e que a Família ocupe nos seus programas a centralidade fundamental desta comunidade, tal como refere a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS e a nossa CONSTITUIÇÃO.


Braga, 2005 / Setembro/ 13

segunda-feira, setembro 12, 2005

30 dias sobre a morte de um santo (Padre Gomes do Algarve)

Faz hoje 30 dias que morreu um santo. O Padre Jerónimo Gomes, fundador do SOS Vida, do Algarve. Um homem que levando a sério o empenho no Não ao aborto de 1997 e 1998, se muniu de um telemóvel disponível 24 sobre 24 horas, e se dedicou a ajudar as grávidas em dificuldades que o procuravam. Resultado? Cerca de três centena e meia de bébés salvos do aborto, uma equipe de profissionais em seu torno, alguns (pouco) meios, entre os quais uma carrinha equipada de aparelho de ecografia.
Como quase todos os santos não tinha um feitio fácil...e não ficou isento de alguns erros (como aquele de publicar uns folhetos com aquelas imagens falsas de taiwan em que se viam alguns asiáticos a comer fetos, pretensamente abortados). Mas essa era também a sua grandeza e a raiz da sua santidade: uma entrega total à Igreja, presença de Deus no mundo, à causa da defesa da vida, que arrastou a sua vontade e a sua capacidade de risco. Só quem fica quieto em sua casa é que não comete erros!
Santo? Sim. Pela obra e também porque santo não é o homem que peca, mas o que, mais rapidamente, depois do pecado, se dá conta do mesmo, se arrepende e diz: "Mas Tu, ó Cristo, és tudo!".
Agora no céu, junto do Senhor da Vida, pode o Padre Gomes continuar empenhado nesta nossa comum batalha, olhando por nós. Essa será a intenção da Missa que o Padre Duarte celebrará, na sua Paróquia do Alto do Luniar, hoje (12 de Setembro, segunda-feira) às 18h15.
Nota: não é preciso ser católico para defender a Vida, mas num país como Portugal, constata-se que a os católicos constituem a maioria das fileiras pró-vida. Se formos a um país protestante, a maioria do pró-vida, também o será. E por aí adiante quanto a países muçulmanos, ateus, budistas, etc. O pró-vida é sempre um retrato do país.

domingo, setembro 11, 2005

Hoje, 12 de Setembro, filme "A Vida no Ventre" no National Geographic

Da Associação das Famílias Numerosas recebi esta notícia.
Num momento em que a sanha abortista está particularmente empenhada na realização de um referendo e em que provavelmente serão incapazes de dedicar uma palavra ao grande interessado nesta discussão (o bébé, maior ou mais pequeno, que está na barriga da sua mãe), filmes como estes (que resultam da colocação de uma câmara de filmar no interior de uma mulher grávida) tornam evidente que a grande questão do referendo será: "que protecção acha deve ter a vida humana em Portugal?".

Exmos Senhores

É com grande alegria que se avisa que o extraordinário documentário "Vida no Ventre", produzido pela National Geographic, com imagens espectaculares da vida intra-uterina, desde a concepção até ao nascimento, vai ser de novo apresentado no canal National Geographic, na TV Cabo, na próxima segunda-feira, 12 de Setembro, às 20:00 (http://www.tvcabo.pt/TV/ProgramacaoTv.aspx?programId=1542303&channelSigla=NG ).

É uma excelente oportunidade para se gravar e divulgar essa gravação, sobretudo a quantos continuam a afirmar que a vida humana começa mais tarde, pelo que deve ser permitido matar-se essa vida, contra toda a evidência científica que salta aos olhos de todos neste documentário!

Recomenda-se, ainda, que mostrem aos vossos filhos e outras crianças, para que vejam como eram "dentro da barriga da Mãe".

A versão em qualidade internet pode ser vista no nosso site em http://http://www.apfn.com.pt/documentario/index.htm .

DIVULGUEM!

Cumprimentos

Artigo sobre Pedro Santana Lopes

No "Correio da Manhã" de 11 de Agosto passado, Luís Filipe Menezes escreveu um artigo genial, intitulado "Sonho de noite de Verão". O link para esse artigo é: http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=169940&idselect=109&idCanal=109&p=0 . A ideia é simples, brilhante: descrever tudo o que se está a passar no país, mas como protagonistas, não os actuais membros do Governo, mas os do XVIº Governo Constitucional (chefiado por Santana Lopes). Tipo: "o PM Santana Lopes foi de férias para o Quénia e o Ministro Bagão Félix demitiu-se três semanas depois de apresentar as contas portuguesas em Bruxelas"... :-)
O efeito é imediato: se factos actuais tivessem tido por protagonistas os membros do Governo Santana Lopes, o que não teria sido!!! "PM mata gazela rara no Quénia e assunto será debatido na ONU"... ou "Se nem o Ministro das Finanças está com ele mais do que umas poucas semanas, e em desacordo com o plano de investimentos, como podem os portugueses dormirem sossegados?"... etc., etc.
A conclusão não pode ser outra senão a de que o Governo Santana Lopes foi alvo da maior barragem de fogo dos media, de que há memória na história da democracia portuguesa. E por isso não me desaparece esta sensação de que do ponto de vista político, a dissolução da Assembleia da República, foi um golpe de estado constitucional. E que, do ponto de vista humano, Santana Lopes foi vitima de uma injustiça desproporcionada a qualquer fraqueza de que possa ser acusado.