sábado, março 30, 2013

Sábado Santo e Eutanásia

Em bom rigor como publicou hoje o Pedro Aguiar Pinto nós os cristãos devíamos viver este dia (o Sábado Santo) como que suspensos, tentando pôr-nos na pele da tristeza imensa em que estavam hoje os díscipulos de Jesus, em silêncio, sentados ao lado de Nossa Senhora, procurando fazer-lhe companhia na Sua imensa dor, a deitar contas à vida (ao desfazer da companhia humana em torno de Jesus), sem esperança no amanhã e só saudade do passado...mas não somos capazes...

Na verdade vivemos já na doce antecipação da visita amanhã ao túmulo que sabemos vamos encontrar vazio, estamos já na alegria da Vígilia de hoje e no contente fim das penitências quaresmais...Deus nos perdoe por este baixar de braços nos últimos metros, neste decair da tensão da espera, nesta falta de amor...!

E nos perdoe também de publicar esta gracinha sobre a Eutanásia, recebida em email de amigo, e a cujo humor não resisti...;-)

Texto da agência Deustsche Welle:

"Rolando na internet: A eutanásia aplicada aos jovens 'Esse texto é muito criativo, trata de um assunto preocupante, porém, com bom humor!' João-Francisco Rogowski

Ontem à noite, minha mãe e eu estávamos sentados na sala falando de coisas da vida.... e do tema da eutanásia (desligar as máquinas, morrer logo, sem sofrer, quando se está desenganado)....

Disse: - "Mamãe, nunca me deixe viver em estado vegetativo, dependendo de máquinas e líquidos de uma garrafa de hospital. Se me vir nesse estado, desligue logo os aparelhos que me mantêm artificialmente com vida. "PREFIRO MORRER".

Então, minha mãe se levantou, olhou para mim com cara de admiração e desligou :
a TV,
o DVD,
o CABO DE INTERNET,
o PC,
o MP3/4,
o PLAY-STATION 2,
o PSP,
a WIRELESS,
o TELEFONE FIXO,
ME TIROU
o CELULAR,
o IPOD,
o BLACKBERRY
e RETIROU DA GELADEIRA
toda as COCA-COLAS e as CERVEJAS!!!

(...) !!!
QUASE MORRI !!!"


Da Dívida, do Memorando, da Alemanha e da Troika

Não faças aos outros o que não querias te fizessem a ti...!?



Esta fotografia está aqui no Facebook.

23 de Fevereiro de 1953 - 60 anos !!!!
Faz hoje 60 anos - Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs | Entre os países que perdoaram 50% da dívida alemã estão a Espanha, Grécia e Irlanda.

O Acordo de Londres de 1953 sobre a divida alemã foi assinado em 27 de Fevereiro, depois de duras negociações com representantes de 26 países, com especial relevância para os EUA, Holanda, Reino Unido e Suíça, onde estava concentrada a parte essêncial da dívida.

A dívida total foi avaliada em 32 biliões de marcos, repartindo-se em partes iguais em dívida originada antes e após a II Guerra.Os EUA começaram por propor o perdão da dívida contraída após a II Guerra. Mas, perante a recusa dos outros credores, chegou-se a um compromisso. Foi perdoada cerca de 50% (Entre os paises que perdoaram a dívida estão a Espanha, Grécia e Irlanda) da dívida e feito o reescalonamento da dívida restante para um período de 30 anos. Para uma parte da dívida este período foi ainda mais alongado. E só em Outubro de 1990, dois dias depois da reunificação, o Governo emitiu obrigações para pagar a dívida contraída nos anos 1920.

O acordo de pagamento visou, não o curto prazo, mas antes procurou assegurar o crescimento económico do devedor e a sua capacidade efectiva de pagamento.

O acordo adoptou três princípios fundamentais:
1. Perdão/redução substantial da dívida;
2. Reescalonamento do prazo da divída para um prazo longo;
3. Condicionamento das prestações à capacidade de pagamento do devedor.

O pagamento devido em cada ano não pode exceder a capacidade da economia. Em caso de dificuldades, foi prevista a possibilidade de suspensão e de renegociação dos pagamentos. O valor dos montantes afectos ao serviço da dívida nao poderia ser superior a 5% do valor das exportações. As taxas de juro foram moderadas, variando entre 0 e 5 %.

A grande preocupação foi gerar excedentes para possibilitar os pagamentos sem reduzir o consumo. Como ponto de partida, foi considerado inaceitável reduzir o consumo para pagar a dívida.

O pagamento foi escalonado entre 1953 e 1983. Entre 1953 e 1958 foi concedida a situacao de carência durante a qual só se pagaram juros.

Outra característica especial do acordo de Londres de 1953, que não encontramos nos acordos de hoje, é que no acordo de Londres eram impostas também condições aos credores - e não só aos paises endividados. Os países credores, obrigavam-se, na época, a garantir de forma duradoura, a capacidade negociadora e a fluidez económica da Alemanha.

Uma parte fundamental deste acordo foi que o pagamento da dívida deveria ser feito somente com o superavit da balança comercial. 0 que, "trocando por miúdos", significava que a RFA só era obrigada a pagar o serviço da dívida quando conseguisse um saldo de dívisas através de um excedente na exportação, pelo que o Governo alemão não precisava de utilizar as suas reservas cambiais.

EM CONTRAPARTIDA, os credores obrigavam-se também a permitir um superavit na balança comercial com a RFA - concedendo à Alemanha o direito de, segundo as suas necessidades, levantar barreiras unilaterais às importações que a prejudicassem.

Hoje, pelo contrário, os países do Sul são obrigados a pagar o serviço da dívida sem que seja levado em conta o défice crónico das suas balanças comerciais

Marcos Romão, jornalista e sociólogo. 27 de Fevereiro de 2013.

José Sócrates, a Comunicação Social e as off-shores




Ao contrário de muitos amigos meus não assinei a petição Recusamos a presença de José Sócrates como comentador da RTP. Por princípio sou contra cortar o pio seja a quem for. E até estou convencido que a coisa acabará por funcionar contra ele, tal a falta de fundamento das posições que assumiu na entrevista que deu esta semana à RTP.

Mas já estranho profundamente que não lhe tenha sido feita nenhuma pergunta sobre as célebres off-shores e os documentos supostamente referentes à sua família e património que circulam abundantemente na Internet. Não faço a minima ideia se os ditos documentos são verdadeiros ou não, e/ou se de de facto há alguma coisa suspeita no seu património pessoal ou familiar. Mas alguém acredita que se a mesma situação tivesse ocorrido com Passos Coelho, Paulo Portas ou Miguel Relvas, os mesmos não teriam sido massacrados com perguntas sobre o assunto...!?

De facto esta é a comunicação social que temos: subserviente à esquerda, calando todos os movimentos cívicos que contrariam as próprias convicções pessoais dos jornalistas, a assobiar para o lado quando as questões não lhes interessam...que tristeza!


A premonição do filme As Sandálias do Pescador e a guerra na Coreia





Ontem em família estivemos a ver o filme "As Sandálias do Pescador". Muito bom! E impressionante (o filme foi rodado em 1968, 10 anos antes da eleição de João Paulo II) a "premonição" do filme! Premonição de um Papa vindo de Leste (no filme, da Rússia, na realidade, da Polónia) e premonição de um Papa que haveria de apelar à simplicidade: o Papa Francisco...

Curiosa a mensagem deixada por alguém na página do You Tube onde está o trailer acima chamando a atenção para o paralelismo com a actual crise e guerra eminente entre as duas Coreias devido à situação de fome generalizada em que se encontra a do Norte...!?

Recomendo vivamente o vejam! Além de que o Anthony Quinn era de facto um actor de mão cheia.

O Papa Francisco na Via Sacra e a defesa da Vida




Da reportagem que está no site da Renascença sobre a Via Sacra de ontem, em Roma, retirei isto:

21h09 - Começa a 12ª Estação da Via Sacra: Jesus morre na Cruz. Meditação faz um apelo: "Hoje rezamos para que todos aqueles que promovem o aborto tomem consciência de que o amor só pode ser fonte da vida. Pensamos também nos defensores da eutanásia e naqueles que incentivam técnicas e procedimentos que colocam em perigo a vida humana. Abri os seus corações, para que Vos conheçam de verdade, para que se comprometam na construção da civilização da vida e do amor".

Mais clarinho não há...!

Nota: a fotografia acima é do Papa ontem no fim da Via Sacra e retirada do site da Renascença.

sexta-feira, março 29, 2013

Páscoa: o Papa Francisco e a Homília do Bispo do Porto





Neste tempo de oração próxima e espera ansiosa da Ressurreição impressionou-me ler este trecho da Homília ontem do Senhor D. Manuel Clemente na Sé do Porto:

Como disse o Papa Francisco, dirijamo-nos aos pobres, numa Igreja pobre e para os pobres. Sucessor de Pedro, repetiu a seu modo o que o apóstolo respondeu ao mendigo de Jerusalém: «Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isto te dou: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!» (Act 3, 6).

Não me parece haja melhor definição do actual Papa que esta: um homem que é simples porque tudo o que tem para propor é o que vive: Cristo.



quarta-feira, março 27, 2013

Deixem que os bancos sofram e poupem os contribuintes!




Foi com profunda alegria que hoje no Público em artigos dedicados à crise no Chipre, encontrei esta pérola:

"Na terça-feira, o primeiro-ministro da Finlândia, Jyrki Katainen, defendeu que “os proprietários e os investidores têm de sofrer perdas em caso de falência de um banco”. "

Até que enfim! De facto ao contrário do que se tem vindo a dizer a crise geral, fundada na crise financeira, não é uma consequência do capitalismo, mas precisamente da falta do mesmo. Na verdade quando se impede, por pânico injustificado ou interesses mal disfarçados, a falência de bancos, está-se a ir contra uma das regras básicas do capitalismo: que cada empresa é livre de usufruir todos os lucros que consiga gerar, mas totalmente responsável por todas as perdas que venha a suportar. E isso é extensivo aos depositantes que devem assumir as responsabilidades das suas escolhas livres.

Que finalmente na União Europeia haja (é o que se conclui da leitura desses diversos artigos) um clima favorável a que não sejam os contribuintes, mas sim, os accionistas, investidores e depositantes, a pagar os prejuízos, é do que mais saudável há e moral também (porque no fundo, repare-se os bancos apoiados até agora, nem por isso melhoraram a sua prestação de crédito à economia, e antes pelo contrário, reduzem-na, para restituir-se a um balanço saudável...).

Vá lá, sirva para alguma coisa a União Europeia...! Porque farto de liberais estatistas, estou eu.

quinta-feira, março 21, 2013

O caso Fernando Seara, a limitação de mandatos e a cobardia política



O chumbo antecipado, pelo Tribunal Cível de Lisboa, da candidatura de Fernando Seara à Câmara Municipal de Lisboa por entendimento que se encontra na situação de limitação de mandatos oferece-me os seguintes comentários:

- é saudável a acção popular tenha existido porque expressão de uma movimentação cívica que não se ficou pelo resmungo mas foi capaz de agir e pelos vistos com sucesso. Desse ponto de vista está de parabéns o Movimento Revolução Branca (ao qual acrescento, não o conhecendo bem, suspeito não tenho qualquer afinidade, mas é a vida...)

- a causa é de legalidade duvidosa quanto ao objecto uma vez que se chumbou uma simples intenção em marcha e no fim, como bem observou Luís Filipe Menezes, quem decidirá é o Tribunal Constitucional

- mas sobretudo o que se passou vem demonstrar uma vez mais ao centro-direita ("especialista" na matéria) o preço da cobardia política...na verdade existindo toda esta polémica sobre a lei de limitação dos mandatos e até uma grande corrente favorável ao entendimento de que essa não impossibilita a candidatura em outros munícipios que não aqueles onde foram exercidos três mandatos pela mesma pessoa, porque não tomaram os partidos a iniciativa de o tentar esclarecer no parlamento de uma vez por todas, procurando mudar a lei...? Pois é...cá se fazem, cá se pagam...

Enfim, uma "novela" a seguir na esperança no fim a candidatura de Fernando Seara e de outros na mesma situação possa concretizar-se. E isto por estas razões:

- é detestável por princípio qualquer judicialização da política. Noutros países tem ocorrido e os resultados são lamentáveis e um atentado à democracia (veja-se o exemplo de Itália que aqui tantas vezes tenho referido a propósito de Berlusconi, entre outros)

- era só o que faltava (refiro-me à Constituição) que exista qualquer limitação dos direitos políticos, seja de quem for (de quem gostamos e de quem não gostamos)

- a ideia subjacente à limitação de mandatos é uma violação da realidade: se uma pessoa for boa a governar e por isso estimada por quem o elege, porque cortar essa relação e oportunidade?

- a ideia subjacente à limitação de mandatos é uma preversão: "já se sabe que eles são uns corruptos, melhor impedi-los de o ser ou por muito tempo"...recuso categoricamente esse preconceito contra os políticos em quem reconheço isso sim, pessoas interessadas no serviço do bem comum, de acordo com as respectivas convicções, sendo que no meio haverá bandidos, como em todas as actividades, e nesse caso e sem problema, "cadeia com eles!"


quarta-feira, março 20, 2013

Homília do Papa Francisco ontem



(escolhi esta imagem porque me pareceu mostrar a força e entusiasmo do Papa Francisco com Jesus e como ele nos convida a segui-Lo sem medo)


HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Praça de São Pedro
Terça-feira, 19 de março de 2013
Solenidade de São José


Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço ao Senhor por poder celebrar esta Santa Missa de início do ministério petrino na solenidade de São José, esposo da Virgem Maria e patrono da Igreja universal: é uma coincidência densa de significado e é também o onomástico do meu venerado Predecessor: acompanhamo-lo com a oração, cheia de estima e gratidão.

Saúdo, com afecto, os Irmãos Cardeais e Bispos, os sacerdotes, os diáconos, os religiosos e as religiosas e todos os fiéis leigos. Agradeço, pela sua presença, aos Representantes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, bem como aos representantes da comunidade judaica e de outras comunidades religiosas. Dirijo a minha cordial saudação aos Chefes de Estado e de Governo, às Delegações oficiais de tantos países do mundo e ao Corpo Diplomático.

Ouvimos ler, no Evangelho, que «José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor e recebeu sua esposa» (Mt 1, 24). Nestas palavras, encerra-se já a missão que Deus confia a José: ser custos, guardião. Guardião de quem? De Maria e de Jesus, mas é uma guarda que depois se alarga à Igreja, como sublinhou o Beato João Paulo II: «São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu Corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo» (Exort. ap. Redemptoris Custos, 1).

Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender. Desde o casamento com Maria até ao episódio de Jesus, aos doze anos, no templo de Jerusalém, acompanha com solicitude e amor cada momento. Permanece ao lado de Maria, sua esposa, tanto nos momentos serenos como nos momentos difíceis da vida, na ida a Belém para o recenseamento e nas horas ansiosas e felizes do parto; no momento dramático da fuga para o Egipto e na busca preocupada do filho no templo; e depois na vida quotidiana da casa de Nazaré, na carpintaria onde ensinou o ofício a Jesus.

Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projecto d’Ele que ao seu. E isto mesmo é o que Deus pede a David, como ouvimos na primeira Leitura: Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu Espírito. E José é «guardião», porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!

Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Génesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus!

E quando o homem falha nesta responsabilidade, quando não cuidamos da criação e dos irmãos, então encontra lugar a destruição e o coração fica ressequido. Infelizmente, em cada época da história, existem «Herodes» que tramam desígnios de morte, destroem e deturpam o rosto do homem e da mulher.

Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura.

A propósito, deixai-me acrescentar mais uma observação: cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura. Nos Evangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, no seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura!

Hoje, juntamente com a festa de São José, celebramos o início do ministério do novo Bispo de Roma, Sucessor de Pedro, que inclui também um poder. É certo que Jesus Cristo deu um poder a Pedro, mas de que poder se trata? À tríplice pergunta de Jesus a Pedro sobre o amor, segue-se o tríplice convite: apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas. Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afecto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos, aqueles que Mateus descreve no Juízo final sobre a caridade: quem tem fome, sede, é estrangeiro, está nu, doente, na prisão (cf. Mt 25, 31-46). Apenas aqueles que servem com amor capaz de proteger.

Na segunda Leitura, São Paulo fala de Abraão, que acreditou «com uma esperança, para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18). Com uma esperança, para além do que se podia esperar! Também hoje, perante tantos pedaços de céu cinzento, há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança. Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! E, para o crente, para nós cristãos, como Abraão, como São José, a esperança que levamos tem o horizonte de Deus que nos foi aberto em Cristo, está fundada sobre a rocha que é Deus.

Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!

Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim! Amen.

© Copyright 2013 - Libreria Editrice Vaticana

terça-feira, março 19, 2013

Dia do Pai: como São José e Cinderella Man



Conforme avanço na idade, mas também pelas dificuldades da vida, mais me dou conta da nobreza da vocação de Pai e da responsabilidade consequente. E também como nós pais, homens, muito lucraríamos em ser o mais possível seguidores de São José, pai de Jesus: dóceis ás circunstâncias, capazes de dar tudo pela nossa família (pela mulher e filhos que nos foram confiados, no meu caso apenas quatro), amando e protegendo as nossas mulheres sem esperar a troca, servidores fieis, atentos e santos...

Sobre este assunto o Pedro Aguiar Pinto, hoje, na lista Povo, publicou este texto:

Hoje, comemoramos o grande patrono da Igreja Universal, São José. Ninguém ignora que São José é o esposo de Nossa Senhora e pai adoptivo de Jesus. A Bíblia não fala muito dele. No entanto, o amor cristão faz de cada palavra do Evangelho de São Mateus um ensinamento novo para a vida. Eis alguns factos que sempre recordamos: A ordem dada a São José, de receber Maria como esposa. É o fim do Antigo Testamento e o começo do Novo. Ele é o patriarca, o grande pai. A fuga para o Egipto e a volta lembram a história de todo o povo de Israel - o Êxodo. Portanto, São José é o amigo do povo, dos pobres, dos pequeninos, dos perseguidos e dos sofredores. Da Bíblia, recebeu ele o título maior que ela costuma dar a alguém: Justo. São José era um homem "justo". Tanto a Idade Média quanto os tempos modernos lembraram muito São José como modelo para o lar e, também, para o operário. A simplicidade e a fidelidade fizeram de São José o protector escolhido para Maria e para o próprio Jesus, bem como para todos nós.

É que de facto é heróica esta nossa condição de pais, homens, de família! E sabe Deus como precisamos ás vezes que nos mostrem a beleza que vivemos e nos seja devolvido um orgulho masculino da nossa condição. O que é saudavelmente feito neste filme Cinderela Man:




segunda-feira, março 18, 2013

Entrevista do Papa Francisco sobre o Ano da Fé




 
 
Belíssima esta entrevista do então Cardeal Bergoglio sobre o Ano da Fé na EWTN!
 
Também a propósito do Papa Francisco, Julian Cárron, responsável de Comunhão e Libertação, publicou no Avvenire (jornal da Conferência Episcopal de Itália) esta carta:
  

Carrón: Chiamandosi Francesco il Papa ha indicato dove fissare lo sguardo

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marzo 16, 2013Julián Carrón
Come il poverello di Assisi, il Pontefice dichiara di non avere altra ricchezza che Cristo, e non conosce altro modo di comunicarla che la semplice testimonianza della propria vita
Il nuovo Papa Jorge Mario Bergoglio con il nome di Francesco ISul quotidiano Avvenire di oggi, a pagina 36, è pubblicato un editoriale di Julián Carrón, presidente della Fraternità di Comunione e liberazione, intitolato “Francesco ci indica dove occorre fissare lo sguardo”. Pubblichiamo di seguito il testo.
Nel mondo dell’informazione è un luogo comune che una notizia si consumi, che non possa tener desta l’attenzione oltre un certo limite. E già il gesto imponente della rinuncia di Benedetto XVI sembrava aver “consumato” buona parte di quella attenzione, centrata sul cuore del mistero di Cristo e della sua Chiesa. Malgrado ciò, subito dopo aver visto Ratzinger scomparire con un sorriso, l’attenzione dei media si è concentrata su Roma, intorno ai cardinali elettori.
È difficile sottrarsi alla domanda di che cosa nasconda la figura del successore di Pietro, tale da generare un’attenzione e un’attrattiva che vanno molto al di là delle “misure” normali degli eventi mediatici. Durante le quasi due settimane di durata della sede vacante, si sono fatte, esplicitamente o implicitamente, molte ipotesi sulla natura del fenomeno chiamato Chiesa cattolica. Sono stati giorni in cui abbiamo rivissuto la domanda che lo stesso Gesù indirizzò ai suoi discepoli: «Chi dice la gente che io sia?», (Mc 8,27). E gli uomini hanno cercato di rispondere anche oggi, quasi con fretta, come di fronte a un fatto che esigeva una spiegazione. E hanno risposto applicando le categorie consuete delle quali ognuno dispone.
Le categorie “politiche” che si sono applicate al Conclave nascondevano un’ultima incapacità di stare davanti a un fenomeno che, ieri come oggi, sorprende. Non basta che queste categorie siano state smentite diverse volte (con Giovanni Paolo II, con Benedetto XVI…) perché si cessi di applicarle: è necessaria una spiegazione esauriente del fenomeno che i nostri occhi vedono. Più propriamente, bisogna che questa spiegazione accada.
IL DIALOGO TRA FRANCESCO E LA FOLLA. Ebbene, la Chiesa cattolica è accaduta davanti ai nostri occhi, nell’intenso dialogo fra papa Francesco e la folla in piazza San Pietro. L’attesa della gente, mentre i cardinali votavano in Conclave, rivelava un popolo fiducioso e nello stesso tempo bisognoso di un pastore, intorno al quale si produce una unità sempre sorprendente in un mondo come il nostro, abituato alla divisione. La fumata bianca ha ceduto il posto a una gioia debordante, che in più d’uno deve aver suscitato la domanda: «Come è possibile che si rallegrino, se non sanno ancora chi è stato eletto?». Con l’ondeggiare delle tende l’attesa cresceva, rivelando il desiderio di conoscere, vedere e ascoltare il pastore, come quasi duemila anni fa Aquila e Priscilla, oriundi di Roma, convertiti da san Paolo a Corinto, volevano conoscere Pietro, l’amico di Gesù, il primo Vescovo di Roma. Il primo gesto del Papa ha preceduto il suo volto: ha deciso di chiamarsi Francesco, indicando sin dall’inizio dove occorre fissare lo sguardo.
Come il poverello di Assisi, il Pontefice dichiara di non avere altra ricchezza che Cristo, e non conosce altro modo di comunicarla che la semplice testimonianza della propria vita. E subito, davanti ai fedeli, con le telecamere di tutto il mondo puntate su di sé, il Papa ha mostrato, in atto, qual è il fattore che sta all’origine della Chiesa: ha invitato la folla a raccogliersi in preghiera davanti a Dio Padre attraverso Gesù Cristo. In quel momento la Chiesa è accaduta davanti a tutti noi. Come il suo predecessore, l’impetuoso Pietro, Francesco ha confessato: «Tu sei il Cristo, il Figlio del Dio vivente», (Mt, 16,16). Come al primo Vescovo di Roma, anche a lui Cristo consegna, davanti al suo gregge, le chiavi della Chiesa.
La fede che si manifesta nel gesto di Francesco, nella richiesta al suo popolo che chieda mendicando per lui la benedizione di Dio, è in modo commovente la stessa che abbiamo colto in Benedetto XVI allorché ricordava al mondo intero che la Chiesa è di Cristo. Lasciando i cardinali, Ratzinger ricordava, citando Guardini, che la Chiesa «non è un’istituzione escogitata e costruita a tavolino…, ma una realtà vivente… Essa vive lungo il corso del tempo, in divenire, come ogni essere vivente, trasformandosi… Eppure nella sua natura rimane sempre la stessa, e il suo cuore è Cristo». Ricordando l’Udienza del giorno precedente in piazza San Pietro, concludeva: questa «è stata la nostra esperienza, ieri, in Piazza: vedere che la Chiesa è un corpo vivo, animato dallo Spirito Santo e vive realmente dalla forza di Dio», (28 febbraio 2013). Anche noi possiamo dire: «Lo abbiamo visto ieri». E adesso lo diciamo con Pietro, di cui conosciamo il volto, che ci invita, come ognuno dei Papi ha fatto con il suo popolo dell’Urbe e dell’Orbe, a incominciare un cammino insieme.
 
 

sábado, março 16, 2013

Ainda o Santo Padre Francisco: Viva o Papa!

Tenho devorado tudo o que encontro sobre o actual Papa (hoje de manhã passei bem um tempo a ler o que está no Il Sussidiário e na Tempi) e percebo que neste momento não há assunto que me interesse tanto como este...! Daí os posts todos sobre o assunto, na esperança que lendo os jornais de hoje, amanhã já possa escrever qualquer coisa sobre o momento que o país atravessa.
Mas ainda sobre este Papa que me fascina vale a pena ler o que disse hoje de manhã aos jornalistas, o que dele conta o Padre Lombardi e este elenco de 10 gestos inesperados do Santo Padre que a Renascença publicou.

Mas entretanto fica este vídeo comovente sobre o encontro do Santo Padre ontem com os Cardeais:


sexta-feira, março 15, 2013

Primeira Homília do Papa Francisco e outros textos a ler




A sua primeira Homília como Papa está aqui.
E hoje aos Cardeais disse isto (vídeo).
Sobre este novo e grande Papa, Julian Carrón, responsável do movimento Comunhão e Libertação, emitiu este comunicado.
Mais notícias neste Blog (do Filipe Avilez) e neste do Pedro Aguiar Pinto.

Mas também a não perder esta entrevista do Padre Duarte da Cunha que se encontra aqui sobre o estado da Igreja na Europa hoje em dia.

quinta-feira, março 14, 2013

Papa Francisco



Ou de como Jesus só consegue chegar a quem Dele precisa através dos que Lhe pertencem!

Papa: a razão do Francisco



A notícia retirei-a aqui do Blog do Padre Nuno Serras Pereira. O Francisco honrado no nome do novo Papa é o de Assis, conforme assim explica o Cardeal Dolan numa entrevista ontem. E é comovente o facto de ontem ter tomado o autocarro dos restantes Cardeais para voltar à Casa de Santa Marta onde passaria a noite...! Como "one of the guys"...;-)

(ou o momento acima retratado em que pede lhe dêem de novo o microfone ;-)

“Ele nos disse imediatamente que escolhia o nome de Francisco, em honra a São Francisco de Assis.- Cardeal Timothy Dolan

In Aleteia


“Ele nos disse imediatamente que escolhia o nome de Francisco, em honra a São Francisco de Assis. Talvez porque pensasse que poderia sugerir São Francisco Xavier, por isso rapidamente esclareceu.”
 
O cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova York e um dos “papáveis” favoritos, falou ontem à noite, recém-terminado o Conclave, com os jornalistas, sobre o novo pontífice. Suas declarações foram recolhidas pela rede CBS.
A eleição “não nos surpreendeu, porque todos sabem o quão dedicado, amoroso e cuidadoso ele é com seus pobres em Buenos Aires. Lá ele pega ônibus todo dia para ir trabalhar. E foi do mesmo jeito esta noite, entenderam o que aconteceu?”, disse Dolan.
 
“Estávamos todos reunidos enquanto ele estava no balcão, saudando o povo. Descemos, como em outras ocasiões, e há ônibus, 5 ou 6, para levar os cardeais de volta à Casa Santa Marta. Via ali o carro do Santo Padre e a escolta, a segurança, as motocicletas. Pensei que tudo tinha voltado à normalidade, que o carro do Papa teria voltado ao serviço. Nós tomamos o ônibus. Outros cardeais esperam para saudar o Papa em seu retorno à casa Santa Marta. Quando chega o último ônibus, adivinha quem desce? O Papa Francisco! Imagino ele dizendo ao motorista: “Sem problemas, eu vou com os rapazes de ônibus”.
 
Segundo o cardeal Dolan, o novo Papa “é um homem maravilhoso, de grande simplicidade. Ele nos disse que tinha a intenção de visitar a Basílica de Santa Maria Maior para saudar Maria. Disse que irá saudar Bento XVI, e depois teria de ir à Casa do Clero, para pegar suas coisas e pagar a conta, pois é onde ele estava hospedado antes”.

Os três últimos Papas numa mesma fotografia!

Acabadinha de receber de uma rede europeia de providas. Olhando para o Papa João Paulo II (ainda tão novo) e lembrando as imagens ontem do Beato João Paulo II a elevar ao Cardinalato o actual Papa Francisco, este, nesta fotografia ainda seria "apenas" Bispo.

Habemus Papam!




Que alegria! Que beleza de dias estes de espera confiada em Deus e também presenciar a humanidade inteira de olhos postos em São Pedro, em Roma, na Igreja, em Jesus!

Um bom amigo de Coimbra fez-me já chegar o texto abaixo e este e este links onde já é possível ir lendo algumas coisas da autoria e sobre o novo Papa. Viva o Papa Francisco Iº!

Nota: sendo a minha avó materna argentina (de Buenos Aires) e portanto 1/4 do meu sangue argentino também, tenho pois motivos redobrados para celebrar...;-) E daí ainda maior interesse pelas notícias que sairam nestes dois jornais daquele país e que me foram também enviadas pelo mesmo amigo. São do La Prensa e do Clarin.



A los sacerdotes, consagrados y laicos de la Arquidiócesis.

 Rasguen su corazón y no sus vestidos;

vuelvan ahora al Señor su Dios,

porque Él es compasivo y clemente,

lento para la ira, rico en misericordia…

 

Poco a poco nos acostumbramos a oír y  a ver, a través de los medios de comunicación, la crónica negra de la sociedad contemporánea, presentada casi con un perverso regocijo, y también nos acostumbramos a tocarla y a sentirla a nuestro alrededor y en nuestra propia carne. El drama está en la calle, en el barrio, en nuestra casa y, por qué no, en nuestro corazón. Convivimos con la violencia que mata, que destruye familias, aviva guerras y conflictos en tantos países del  mundo. Convivimos con la envidia, el odio, la calumnia, la mundanidad en nuestro corazón. El sufrimiento de inocentes y pacíficos no deja de abofetearnos; el desprecio a los derechos de las  personas y de los pueblos más frágiles no nos son tan lejanos; el imperio del dinero con sus demoníacos efectos como la droga, la corrupción, la trata de personas - incluso de niños - junto con la miseria material y moral son moneda corriente. La destrucción del trabajo digno, las emigraciones dolorosas y la falta de futuro se unen también a esta sinfonía. Nuestros errores y pecados como Iglesia tampoco quedan fuera de este gran panorama. Los egoísmos más personales justificados, y no por ello más pequeños, la falta de valores éticos dentro de una sociedad que hace metástasis en las familias, en la  convivencia de los barrios, pueblos y ciudades, nos hablan de nuestra limitación, de nuestra debilidad y de nuestra incapacidad para poder transformar esta lista innumerable de realidades destructoras.

La trampa de la impotencia nos lleva a pensar: ¿Tiene sentido tratar de cambiar todo esto? ¿Podemos hacer algo frente a esta situación? ¿Vale la pena intentarlo si el mundo sigue su danza carnavalesca disfrazando todo por un rato? Sin embargo, cuando se cae la máscara, aparece la verdad y, aunque para muchos suene anacrónico decirlo, vuelve a aparecer el pecado, que hiere nuestra carne con toda su fuerza destructora torciendo los destinos del mundo y de la historia.

La Cuaresma se nos presenta como grito de verdad y de esperanza cierta que nos viene a responder que sí, que es posible no maquillarnos y dibujar sonrisas de plástico como si nada pasara. Sí, es posible que todo sea nuevo y distinto porque Dios sigue siendo “rico en bondad y misericordia, siempre dispuesto a perdonar” y nos anima a empezar una y otra vez. Hoy nuevamente somos invitados a emprender un camino pascual hacia la Vida, camino que incluye la cruz y la renuncia; que será incómodo pero no estéril. Somos invitados a reconocer que algo no va bien en nosotros mismos, en la sociedad o en la Iglesia, a cambiar, a dar un viraje, a convertirnos.

En este día, son fuertes y desafiantes las palabras del profeta Joel: Rasguen el corazón, no los vestidos: conviértanse al Señor su Dios.  Son una invitación a todo pueblo, nadie está excluido.

Rasguen el corazón y no los vestidos de una penitencia artificial sin garantías de futuro.

Rasguen el corazón y no los vestidos de un ayuno formal y de cumpli-miento que nos sigue manteniendo satisfechos.

Rasguen el corazón y no los vestidos de una oración superficial y egoísta que no llega a las entrañas de la propia vida para dejarla tocar por Dios.

Rasguen los corazones para decir con el salmista: “hemos pecado”. “La herida del alma es el pecado: ¡Oh pobre herido, reconoce a tu Médico! Muéstrale las llagas de tus culpas. Y puesto que a Él no se le esconden nuestros secretos pensamientos, hazle sentir el gemido de tu corazón. Muévele a compasión con tus lágrimas, con tu insistencia, ¡importúnale! Que oiga tus suspiros, que tu dolor llegue hasta Él de modo que, al fin, pueda decirte: El Señor ha perdonado tu pecado.” (San Gregorio Magno) Ésta es la realidad de nuestra condición humana. Ésta es la verdad que puede acercarnos a la auténtica reconciliación… con Dios y con los hombres. No se trata de desacreditar la autoestima sino de penetrar en lo más hondo de nuestro corazón y hacernos cargo del misterio del sufrimiento y el dolor que nos ata desde hace siglos, miles de años… desde siempre.

Rasguen los corazones para que por esa hendidura podamos mirarnos de verdad.

Rasguen los corazones, abran sus corazones, porque sólo en un corazón rasgado y abierto puede entrar el amor misericordioso del Padre que nos ama y nos sana.

Rasguen los corazones dice el profeta, y Pablo nos pide casi de rodillas “déjense reconciliar con Dios”. Cambiar el modo de vivir es el signo y fruto de este corazón desgarrado y reconciliado por un amor que nos sobrepasa.

Ésta es la invitación, frente a tantas heridas que nos dañan y que nos pueden llevar a la tentación de endurecernos: Rasguen los corazones para experimentar en la oración silenciosa y serena la suavidad de la ternura de Dios.

Rasguen los corazones para sentir ese eco de tantas vidas desgarradas y que la indiferencia no nos deje inertes.

Rasguen los corazones para poder amar con el amor con que somos amados, consolar con el consuelo que somos consolados y compartir lo que hemos recibido.

 Este tiempo litúrgico que inicia hoy la Iglesia no es sólo para nosotros, sino también para la transformación de nuestra familia, de nuestra comunidad, de nuestra Iglesia, de nuestra Patria, del mundo entero.  Son cuarenta días para que nos convirtamos hacia la santidad misma de Dios; nos convirtamos en colaboradores que recibimos la gracia y la posibilidad de reconstruir la vida humana para que todo hombre experimente la salvación que Cristo nos ganó con su muerte y resurrección.

Junto a la oración y a la penitencia, como signo de nuestra fe en la fuerza de la Pascua que todo lo transforma, también nos disponemos a iniciar igual que otros años nuestro “Gesto cuaresmal solidario”. Como Iglesia en Buenos Aires que marcha hacia la Pascua y que cree que el Reino de Dios es posible necesitamos que, de nuestros corazones desgarrados por el deseo de conversión y por el amor, brote la gracia y el gesto eficaz que alivie el dolor de tantos hermanos que caminan junto a nosotros. «Ningún acto de virtud puede ser grande si de él no se sigue también provecho para los otros... Así pues, por más que te pases el día en ayunas, por más que duermas sobre el duro suelo, y comas ceniza, y suspires continuamente, si no haces bien a otros, no haces nada grande». (San Juan Crisóstomo)

Este año de la fe que transitamos es también la oportunidad que Dios nos regala para crecer y madurar en el encuentro con el Señor que se hace visible en el rostro sufriente de tantos chicos sin futuro, en la manos temblorosas de los ancianos olvidados y en las rodillas vacilantes de tantas familias que siguen poniéndole el pecho a la vida sin encontrar quien los sostenga.

Les deseo una santa Cuaresma, penitencial y fecunda Cuaresma y, por favor, les pido que recen por mí. Que Jesús los bendiga y la Virgen Santa los cuide.

Paternalmente

Card. Jorge Mario Bergoglio s.j.

 

Buenos Aires, 13 de febrero de 2013, Miércoles de Ceniza





terça-feira, março 12, 2013

A Eleição do Papa: os olhos do mundo postos em Deus




Fora de Portugal, em trabalho, tive ocasião de verificar agora que todos os canais de informação estavam ligados em directo a São Pedro (no sentido geográfico e literal do termo) enquanto as imagens fixavam a chaminé de onde acabou por sair o fumo negro, significando assim que os Cardeais nesta primeira votação, como era prevísivel, ainda não elegeram o novo Papa.

Independentemente da natural curiosidade e expectativa o que mais me impressiona é o significado profundo desta cobertura jornalista: o mundo está com os olhos postos na eleição do Papa, isto é, na Igreja Católica, isto é em Deus. Como é poderosa a Sua presença e como é grande a Sua atractividade!

Isso deixa-me de facto de coração cheio. E também contente de mediante a iniciativa de "Adopção de um Cardeal" ter-me sido dada uma forma, simples mas de grande significado, de participar no Conclave rezando por um Cardeal (que me foi atribuído aleatóriamente, no caso um Emérito do Chile) para que seja dócil ao Espírito Santo e vote naquele que Deus deseja colocar à frente da Sua Igreja, do Seu povo.

segunda-feira, março 11, 2013

Berlusconi ou do desprezo da esquerda pelo povo



Hoje Berlusconi tinha uma nova audiência em tribunal, uma das muitas da ofensiva contra ele da magistratura italiana. Um grupo numeroso de deputados e senadores, recém-eleitos pelo Popolo della Libertá, manifestou-se em solidariedade com ele, como mostra a fotografia acima.

A polémica, as reacções e o escândalo disto tudo estão a ser bem cobertos pelo Corriere dela Sera como se pode ver aqui.

A mim o que me escandaliza é além do moralismo contraditório da esquerda (estou farto de ver os próceres da liberdade sexual a perseguir a vida privada de Sílvio Berlusconi), a constatação de que esta de facto se está nas tintas para o povo e manifesta pelo seu voto (um terço dos eleitores, 10 milhões, votaram no seu partido, o PdL) um desprezo que não apenas é incompreensível (para quem ainda tiver ilusões sobre as convicções democráticas desse lado do sistema político...) como se arrisca a virar-se contra a própria...

Na verdade...e se não for mesmo possível encontrar uma solução para a actual crise italiana e tiver de haver novas eleições gerais e nestas o PdL superar os 0,4% que o afastam do PD e vencer inequivocamente as eleições? Vão continuar a chamar a Berlusconi e aos que se reconhecem no seu partido (o que não equivale dizer que se reconhecem na sua vida privada ou empresarial) "palhaços"? Muito me ria se fosse isso que acontecesse, que o PdL ganhasse as novas eleições...!

Troika: mais um ano mas não chegou a tempo




Parece certo que a Troika terá dado mais um ano ao programa de ajustamento para se chegar ao défice desejado. E também que pouco a pouco as condições do empréstimo (que é bom recordá-lo foi a única forma de Portugal não ter caído na bancarrota, o que teria sido incomparávelmente mais trágico...) se vão moderando entre a constatação de que somos um bom e cumpridor devedor e também que havia muitas condicionantes não previstas e efeitos indesejados nas medidas de austeridade. Tudo somado parece estar de parabéns este Governo e como um todo, o país e as suas gentes, as famílias e cada um de nós. Deus nos ajude daqui para a frente a sairmos do buraco em que nos precipitámos...

Mas um facto hoje tornado público no jornal Correio da Manhã (o de um pai desesperado, desempregado, que se suicidou ontem juntamente com o seu filho de tenra idade), um facto terrível, um drama sem nome, veio também mostrar o lado não-estatístico, puramente humano, da crise, da austeridade e das suas consequências. Ou seja, a distância que vai dos progressos que acima se constatam, à vida real das pessoas. Dos sucessos macro-económicos às vidas nossas, quotidianas, micro-económicas. E enquanto uma prece se eleva aos Céus por este pai e por este filho, pela mulher e mãe, pelas suas famílias e comunidades, junta-se uma outra por aqueles que nos conduzem, pela sua clareza e inteligência de juízo, pela sua capacidade de atender às vidas reais, a que nenhum manual de economia ou declaração política pode socorrer, para que sob a sua pesada missão (de nos conduzir seguros fora desta tempestade) possam também encontrar as formas de que o desespero não atinja as franjas mais frágeis e desprotegidas. Uma missão que não é só deles, mas nossa também, que àquela angústia (a pior que um homem pode sofrer, a de não ver como sustentar a sua família) não fomos também capazes de chegar e atender e pela amizade, companhia operativa e solidariedade activa, ocorrer...




sábado, março 09, 2013

Greve na TAP: a caminho do crash...




Lê-se hoje no Público que a "paralisação anunciada para 21, 22 e 23 de Março está a causar o cancelamento de cinco mil reservas por dia." E que a "Companhia transporta 25 a 30 mil passageiros diários nesta época do ano"...
É completamente incompreensível esta greve! Aliás como todas as outras das empresas de transportes…será que não percebem que quantas mais greves fizerem, mais prejuízos dão ás respectivas empresas e por isso com mais probabilidade levarão as mesmas à falência e por isso os seus postos de trabalho serão destruídos?

Como é possível que quem tem a graça de ter um emprego (ou um trabalho, porque são coisas diferentes…) insulte assim quem está desempregado? Se estão tão insatisfeitos com a vida que levam, os salários que ganham, as regalias de que usufruem, dêem a possibilidade a outros de gozarem essa situação que pelos vistos para os grevistas não chega, como nunca chegou nada e nada lhes chegará…
Concluindo: a TAP (os seus trabalhadores que fazem estas greves) se tem os braços abertos é para depois fechá-los sobre os clientes e estrafegá-los…e enquanto o fizerem (estiverem a maltratar os seus clientes) não vão poder conduzir a própria empresa de aviação que assim irá direitinha (qual avião desgovernado) ao crash…!

Nota: eu percebo que é muito e muito desagradável perder regalias (tem-me acontecido e continua a acontecer, infelizmente) mas o problema é que não há guito…não há mesmo…acabou-se…foi bom enquanto durou, mas foi-se…

sexta-feira, março 08, 2013

8 de Março: Dia Internacional da Mulher



No dia em que tantas e tão desvairadas coisas são ditas a propósito do Dia Internacional da Mulher além da calorosa saudação ás minhas (mãe, mulher, filhas, e um largo etc de todas as idades, feitios, origens, âmbitos e proveniências, desde as amigas àquelas com quem estou nas obras de caridade ou na política, colegas de profissão ou companheiras de caminho em diversas circunstâncias) uma observação e uma constatação.

Conforme avançam os tempos e as laudas ao dia internacional da Mulher mais cresce aquela mentalidade que as oprime e esmaga: pela prostituição, no aborto, pela pornografia, etc. Na Igualdade de Género e na ideologia que esta expressa se radica e origina essas e outras opressões. E só sairemos desta situação quando olhando para o quadro acima pudermos reconhecer, nas relações também neste retratadas, a Mulher como resposta de Deus às necessidades da humanidade, como manifestação da Sua imensa ternura por cada um de nós: homens e filhos.


quinta-feira, março 07, 2013

Lincoln: também assim um dia o aborto acabará...!




Vi ontem o "Lincoln". Grande filme!

Para alguns será apenas um (óptimo) filme histórico. Mas para quem desde há uns anos está empenhado na abolição da escravatura do aborto é muito mais do que isso: um filme sobre as nossas lutas, sobre as nossas vidas, sobre as nossas aspirações. Um filme sobre o valor incomparável da dignidade humana e também um filme muito interessante sobre o realismo em política.

E se isto não fosse já suficiente para recomendar o mesmo, é também um filme impressionante para ver como desde sempre foi igual a vida de um representante eleito, seja nos Estados Unidos ou em Portugal. As cenas sobre a angariação de votos parlamentares e as pressões das direcções de bancada, reproduzem fielmente o que eu já testemunhei quando passei pelo parlamento e no acompanhamento que desde então fiz de diversos grupos parlamentares aquando da discussão das chamadas leis fracturantes. Com uma diferença: é que o deputado português é tão pouco livre, que nem ao menos a liberdade de se deixar "vender"* tem..."problema" que não resulta da sua integridade moral mas de que depende totalmente do chefe do partido e de quem o rodeia, e não, como nos Estados Unidos, de quem o elege directamente...

* "Vender" no sentido de poder mudar de posição, contrariando a linha dominante da sua bancada, em resultado de uma negociação política que pode passar pelo apoio cruzado em propostas legislativas ou concessão de benefícios à sua região, apoio na sua reeleição, etc.

domingo, março 03, 2013

Manifestações Que se Lixe a Troika



Tenho a maior das simpatias pelas iniciativas cívicas e fico contente haja ainda no meu país quem não adormeça na modorra e seja capaz de reagir, sair à rua e protestar. É bom ver que por todas as razões há quem esteja acordado e decidido a acordar os outros. Ou seja, parabéns aos organizadores da manifestação, mesmo se estes embalados reivindicam aqui multidões maiores do que as que tiveram de facto como se pode concluir lendo este artigo do Público. Mas o entusiasmo é compreensível e a tendência promissora.

Dito isto suscitam-se-me as seguintes dúvidas:

1. Quem se manifestou está consciente de que o país esteve à beira da bancarrota e que tivemos de pedir dinheiro emprestado e que, como é natural, não só não podíamos continuar a gastar o que gastávamos, como temos de pagar o que devemos, juro e capital?
2. Quem se manifestou faz a menor das ideias de que solução alternativa eventualmente existe? E existe de facto alternativa?
3. Quem se manifestou ao longo dos anos tem votado? E em quem? Que políticas tem sufragado ou abstido de de sufragar ou propor?
4. Quem se manifestou pensa no seu perfeito juízo que o Governo devia cair só porque se manifestou? Isto é, que os Governos devem aceder ao poder ou de lá sair, porque há maiores ou menores manifestações?
5. Quem se manifestou está disponível para se empenhar quotidianamente na vida política e dar o litro pela sua indignação e pela sua revolta e por aquilo em que acredita?
6. Quem se manifestou se pensa sinceramente (e sobretudo se tem evidência penal relevante) que os políticos são todos uns gatunos e uma cambada a correr do poder rapidamente, porque não acciona os meios judiciais adequados, apresentando queixas e provas?
7. Quem se manifestou está também por seu lado à espera que alguém, outros políticos, lhe resolva os problemas, ou está disposto (conforme muitos exemplos de subsidariedade que aqui dei) a tomar nas próprias mãos a solução de muitos desses problemas?

Muito gostava eu de ter resposta a estas perguntas...!

Nota: juro que não me move nas perguntas acima nenhuma inveja pela cobertura mediática que tem qualquer iniciativa destes movimentos e que é sistematicamente negada a qualquer iniciativa civica a favor da Vida e da Família, mesmo quando estas muito numerosas percorreram a Avenida da Liberdade (no exemplo a manifestação a favor de um referendo ao casamento gay)...;-)