sexta-feira, setembro 09, 2011

Comparticipação na Pílula: a gravidez não é uma doença!

A anunciada supressão da comparticipação na pílula (que de facto não impede o acesso à mesma já que continuará a ser distribuida gratuitamente nos centros de saúde) veio provocar um escândalo e muita confusão.
O escândalo é sobretudo ideológico e há que ter paciência. Já a confusão propositada é a da relação (inexistente ou quanto muito em sentido inverso) entre as práticas da contracepção e a do aborto. Ora, quanto a esta última (confusão) é necessário ter muito claro que não há evidência empirica de que a generalização da contracepção faça diminuir as taxas de aborto e antes pelo contrário em países de grande consumo de contracepção o drama do aborto é em termos quantitativos muito impressivo.
Mas entretanto parece que a industria da contracepção (como as do aborto ou os lobbies que trabalham na área do HIV-SIDA) é muito forte e já apareceu um desmentido do Ministério da Saúde...se de facto a medida não for para a frente é muito mau sinal quanto à fortaleza e independência do Governo em relação a estes e outros interesses...
De qualquer das formas esta polémica fez-me pensar o seguinte: se a gravidez não é uma doença porque é distribuida gratuitamente a pílula...!? Então porque acontece isso com a pílula e não com, por exemplo, os remédios para a diabetes, ou o cancro, ou etc...!?
Alguém me explica? Por mim só vejo ideologia nisto tudo...
Que defendo eu sobre este assunto? Que:
- não há razão e é objectivamente injusto (por ofensa do principio da igualdade) que a pílula seja distribuida gratuitamente
- que sempre que receitada como um medicamento (isto é, por razões médicas) deve ser comparticipada
- que a medida a ir para a frente pode ser uma oportunidade de ouro para as mulheres portuguesas conhecerem outros métodos de regulação da fertilidade que não são prejudiciais à sua saúde e ao contrário do que a douta ignorância da mentalidade comum afirma tem uma taxa de sucesso superior à da contracepção quimica
Mais informações sobre esse método aqui.

1 comentário:

João Miranda Santos disse...

Sem dúvida que esta é uma discussão muito interessante porque ainda não estou completamente convencido que esses métodos alternativos sejam mais vantajosos.
1º em termos morais coloco-os exactamente no mesmo pé que os artificias, uma vez que em ambos há uma clara intenção de impedir a consequência natural do acto sexual. (Também assim o entenda a enciclica Humanae Vitae ao dizer "É, ainda, de excluir toda a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação")
2º Em termos de prejuízo para a saúde, é claro que o método "natural" é mais inofensivo, mas falta conhecer sem polarizações ideológicas se o método artifical é prejudicial, neutro ou até benéfico.
3º Em termos de eficácia prática os métodos naturais podem tornar-se menos eficazes por se tornarem menos simples de utilizar.
4º Finalmente no que realmente me interessa, que é saber qual dos métodos se revela mais saudável para a vivência do amor conjugal de uma forma mais Humana, por um lado não entendo que os métodos artificias possam ser impeditivo disso. Por outro lado, os métodos naturais, sendo menos simples de usar acabam por polarizar mais a atenção no objectivo de evitar a procriação e consequentemente descentrar a atenção da vivência do acto sexual como objecto do amor conjugal.