A discussão em torno da proposta de limitação de mandatos dos políticos, mostra bem o ponto as que chegamos e a falta de respeito por si próprios que os políticos têm. A ideia peregrina que a corrupção e outros fenómenos menos recomendáveis se combatem limitando o tempo do mandato dos políticos, diz pelo menos duas coisas: para quem nos governa, a possibilidade de corrupção tem a sua variável dominante no tempo (e não no carácter de quem corrompe e é corrompido, nem no sistema legal e administrativo que facilita essas ocorrências) e os políticos, pelo menos pelo decorrer do tempo, são todos corruptos...!
Isto para já não falar na liberdade que é retirada ás pessoas de elegerem quem muito bem entendem e pelo tempo que o entenderem!
Enquanto formos por este caminho, não vamos a lado nenhum...!
Foi o diário da acção política de um deputado do PSD, eleito por Braga, e agora é-o de um cidadão que desejando contribuir activamente para a organização do bem comum, procura invadir esse âmbito (da política) com aquele gosto de vida nova que caracteriza a experiência cristã. O título "POR CAUSA DELE" faz referência ao manifesto com o mesmo título, de Comunhão e Libertação, publicado em Janeiro de 2003 (e incluído no Blog).
domingo, abril 17, 2005
A limitação de mandatos políticos
Na véspera do Conclave: "Experimentar e sentir a Igreja"
Na véspera do Conclave percebo como se torna importante rezar por cada um dos Cardeais que dele fazem parte. Dessa mesma responsabilidade também nos fala o nosso Patriarca de Lisboa nesta mensagem extraordinária que nos enviou de Roma e que eu aqui transcrevo:
Experimentar e sentir a Igreja
Estes dias em Roma têm sido de uma beleza e profundidade envolventes. Não têm sido um discurso; temos sentido e experimentado o mistério da Igreja, na sua profunda humanidade, embrenhada na história humana, mas ao mesmo tempo movida por aquela força do Espírito que a define como peregrina da eternidade. Estamos todos envolvidos numa experiência comovente: quanto mais profundas e misteriosas as coisas são, mais simples se tornam. E essa simplicidade, própria de quem acredita e de quem confia, revela-se como uma espécie de inocência recuperada.
Experimentámos e sentimos a Igreja como um povo que caminha, no meio dessa multidão imensa, que é a humanidade: um povo que, quando uma força misteriosa o atrai e o dinamiza, avança, sem nada o fazer parar. João Paulo II teve esse dom e essa força, de pôr a Igreja a caminho. Aquelas multidões que, em filas imensas, vindas de toda a parte, atravessaram a cidade durante dias seguidos, movidas apenas pelo desejo de contemplarem, pela última vez, o rosto daquele Papa que um dia, sabe-se lá quando, tinha tocado o seu coração e mudado as suas vidas, eram um símbolo vivo do destino da Igreja no mundo contemporâneo. A Igreja pode ser essa avalanche imparável de multidões tocadas por Jesus Cristo, que se põem a caminhar, desejosas de contemplar o seu rosto e que atravessam a humanidade, gritando a esperança. Deixou de haver lugar para um cristianismo acomodado e passivo. Quem acredita no Senhor ressuscitado, põe-se a caminho, torna-se multidão, traça sulcos de esperança na humanidade e na história, grita com o testemunho silencioso desse caminhar, que o homem é peregrino da eternidade e que Cristo ressuscitado é o termo do homem e da história.
Experimentámos a Igreja na sua humanidade, na qual age e se exprime a força de Deus. O divino no humano! Eis o mistério de Cristo, Filho de Deus feito homem, exprimindo na sua humanidade toda a força criadora e transformadora da divindade; eis o mistério da Igreja, que continua a exprimir, no realismo da sua humanidade, na sua maneira humana de ser e de fazer, a força transformadora do Espírito de Cristo ressuscitado. A “paixão” e a morte de Karol Wojtyla, o Pastor e profeta que muitos olhavam como o “anjo de Deus”, fizeram-nos sentir essa profunda humanidade da Igreja. Não há excepções para o drama humano da vida e da redenção. É preciso atravessar a fronteira da morte, dignificada pela esperança, como expressão de vida oferecida, grão de trigo lançado à terra, na esperança da fecundidade misteriosa da própria morte.
Mas também na densidade destes dias que antecedem a escolha do futuro Papa, se experimenta essa humanidade da Igreja, através da qual Deus continua a agir na história.
Aqui estamos nós, 115 homens que Deus há muito chamou e consagrou para o serviço do seu Povo, a preparar na simplicidade da fé, um acto profundamente humano: votar para escolher aquele que, certamente, Deus já escolheu. Mas não estamos à espera que Deus nos mande um anjo a anunciar a sua escolha. Ele quer que a sua escolha se exprima na nossa. É tudo tão simples e tão sereno. Temos apenas de fazer o que nos é pedido, na simplicidade da nossa consciência, acreditando profundamente que é o Senhor quem conduz o seu Povo.
Este sentir da humanidade da Igreja é um desafio para todo o Povo de Deus, neste início do terceiro milénio e tem a ver com a nova evangelização. A Igreja toda é chamada a acreditar que, pela sua maneira de agir e de estar no mundo, Deus passa ou não passa, porque a acção da Igreja é a única maneira de o Espírito de Deus agir na história dos homens. O Reino de Deus é anunciado e cresce, na medida da nossa determinação em seguirmos, em tudo, o Senhor que nos chamou. A fidelidade dos cristãos é o sal que tempera e a luz que ilumina os novos caminhos da esperança e da salvação.
E, finalmente, sentimos a Igreja na beleza da santidade. Todos tivemos a sensação de que, naquelas exéquias, estávamos a venerar um santo. Os cartazes que, no meio daquela multidão, pediam a beatificação imediata de João Paulo II, não eram episódicos; eram, antes, expressão de uma vaga de fundo, a que os meios de comunicação têm dado voz e que não deixa ninguém indiferente. O Papa que tantas vezes falou da vocação da Igreja à santidade, é um santo. Há já notícias de milagres. Independentemente do ritmo do processo de beatificação, que só o próximo Papa poderá decidir, a vida e a morte de João Paulo II foram um forte apelo à santidade.
Na vigília dos jovens, em S. João de Latrão, na véspera do funeral, um jovem, com a ousadia a que lhe dão direito a idade e a emoção própria do momento, pediu aos cardeais, aos bispos, aos padres, que sejam santos, que lhes dêem o exemplo da santidade. Certamente, sem pensar nisso, aquele jovem compreendeu, à luz do testemunho de João Paulo II, a coordenada principal da evangelização dos jovens: entusiasmá-los a percorrer o caminho da santidade, pois só por aí vale verdadeiramente a pena ser cristão, ser diferente, viver a vida com todas as promessas que ela encerra. Dizemos todos os domingos: creio na Igreja santa. Essa Igreja é a nossa, aquele povo onde entrámos quando nos decidimos a seguir Jesus. Caminhar para a santidade, não exclui, nem dificuldades, nem fragilidades. Basta acreditar e confiar, para aprender a amar “a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”.
Nestes dias estamos todos a sentir e experimentar a Igreja. É ela que vai continuar; só a ela pertence verdadeiramente o futuro.
Roma, 11 de Abril 2005
† José, Cardeal Patriarca
Experimentar e sentir a Igreja
Estes dias em Roma têm sido de uma beleza e profundidade envolventes. Não têm sido um discurso; temos sentido e experimentado o mistério da Igreja, na sua profunda humanidade, embrenhada na história humana, mas ao mesmo tempo movida por aquela força do Espírito que a define como peregrina da eternidade. Estamos todos envolvidos numa experiência comovente: quanto mais profundas e misteriosas as coisas são, mais simples se tornam. E essa simplicidade, própria de quem acredita e de quem confia, revela-se como uma espécie de inocência recuperada.
Experimentámos e sentimos a Igreja como um povo que caminha, no meio dessa multidão imensa, que é a humanidade: um povo que, quando uma força misteriosa o atrai e o dinamiza, avança, sem nada o fazer parar. João Paulo II teve esse dom e essa força, de pôr a Igreja a caminho. Aquelas multidões que, em filas imensas, vindas de toda a parte, atravessaram a cidade durante dias seguidos, movidas apenas pelo desejo de contemplarem, pela última vez, o rosto daquele Papa que um dia, sabe-se lá quando, tinha tocado o seu coração e mudado as suas vidas, eram um símbolo vivo do destino da Igreja no mundo contemporâneo. A Igreja pode ser essa avalanche imparável de multidões tocadas por Jesus Cristo, que se põem a caminhar, desejosas de contemplar o seu rosto e que atravessam a humanidade, gritando a esperança. Deixou de haver lugar para um cristianismo acomodado e passivo. Quem acredita no Senhor ressuscitado, põe-se a caminho, torna-se multidão, traça sulcos de esperança na humanidade e na história, grita com o testemunho silencioso desse caminhar, que o homem é peregrino da eternidade e que Cristo ressuscitado é o termo do homem e da história.
Experimentámos a Igreja na sua humanidade, na qual age e se exprime a força de Deus. O divino no humano! Eis o mistério de Cristo, Filho de Deus feito homem, exprimindo na sua humanidade toda a força criadora e transformadora da divindade; eis o mistério da Igreja, que continua a exprimir, no realismo da sua humanidade, na sua maneira humana de ser e de fazer, a força transformadora do Espírito de Cristo ressuscitado. A “paixão” e a morte de Karol Wojtyla, o Pastor e profeta que muitos olhavam como o “anjo de Deus”, fizeram-nos sentir essa profunda humanidade da Igreja. Não há excepções para o drama humano da vida e da redenção. É preciso atravessar a fronteira da morte, dignificada pela esperança, como expressão de vida oferecida, grão de trigo lançado à terra, na esperança da fecundidade misteriosa da própria morte.
Mas também na densidade destes dias que antecedem a escolha do futuro Papa, se experimenta essa humanidade da Igreja, através da qual Deus continua a agir na história.
Aqui estamos nós, 115 homens que Deus há muito chamou e consagrou para o serviço do seu Povo, a preparar na simplicidade da fé, um acto profundamente humano: votar para escolher aquele que, certamente, Deus já escolheu. Mas não estamos à espera que Deus nos mande um anjo a anunciar a sua escolha. Ele quer que a sua escolha se exprima na nossa. É tudo tão simples e tão sereno. Temos apenas de fazer o que nos é pedido, na simplicidade da nossa consciência, acreditando profundamente que é o Senhor quem conduz o seu Povo.
Este sentir da humanidade da Igreja é um desafio para todo o Povo de Deus, neste início do terceiro milénio e tem a ver com a nova evangelização. A Igreja toda é chamada a acreditar que, pela sua maneira de agir e de estar no mundo, Deus passa ou não passa, porque a acção da Igreja é a única maneira de o Espírito de Deus agir na história dos homens. O Reino de Deus é anunciado e cresce, na medida da nossa determinação em seguirmos, em tudo, o Senhor que nos chamou. A fidelidade dos cristãos é o sal que tempera e a luz que ilumina os novos caminhos da esperança e da salvação.
E, finalmente, sentimos a Igreja na beleza da santidade. Todos tivemos a sensação de que, naquelas exéquias, estávamos a venerar um santo. Os cartazes que, no meio daquela multidão, pediam a beatificação imediata de João Paulo II, não eram episódicos; eram, antes, expressão de uma vaga de fundo, a que os meios de comunicação têm dado voz e que não deixa ninguém indiferente. O Papa que tantas vezes falou da vocação da Igreja à santidade, é um santo. Há já notícias de milagres. Independentemente do ritmo do processo de beatificação, que só o próximo Papa poderá decidir, a vida e a morte de João Paulo II foram um forte apelo à santidade.
Na vigília dos jovens, em S. João de Latrão, na véspera do funeral, um jovem, com a ousadia a que lhe dão direito a idade e a emoção própria do momento, pediu aos cardeais, aos bispos, aos padres, que sejam santos, que lhes dêem o exemplo da santidade. Certamente, sem pensar nisso, aquele jovem compreendeu, à luz do testemunho de João Paulo II, a coordenada principal da evangelização dos jovens: entusiasmá-los a percorrer o caminho da santidade, pois só por aí vale verdadeiramente a pena ser cristão, ser diferente, viver a vida com todas as promessas que ela encerra. Dizemos todos os domingos: creio na Igreja santa. Essa Igreja é a nossa, aquele povo onde entrámos quando nos decidimos a seguir Jesus. Caminhar para a santidade, não exclui, nem dificuldades, nem fragilidades. Basta acreditar e confiar, para aprender a amar “a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”.
Nestes dias estamos todos a sentir e experimentar a Igreja. É ela que vai continuar; só a ela pertence verdadeiramente o futuro.
Roma, 11 de Abril 2005
† José, Cardeal Patriarca
terça-feira, abril 12, 2005
Celebridades e VIP's (um artigo de Pedro Afonso)
Os VIP's Light
Podemos considerar um VIP (very important person) aquele que se eleva acima da medida humana comum pelas suas qualidades e características. Estas pessoas acabam por ser dignas de admiração e são elevadas à condição de heróis, tal como acontecia na Grécia antiga. Todas as culturas tiveram os seus heróis e, as suas façanhas simbolizam passagens da vida terrena, quer sejam vividas por todos ou apenas por alguns indivíduos.
Estamos habituados a associar ao estatuto de VIP, pessoas que se distinguem no campo das artes, desporto, política, cultura, medicina, etc. Embora os critérios para aquisição desta distinção sejam subjectivos, há pelo menos dois aspectos fundamentais: o seu carácter excepcional e invulgar e o seu esforço e trabalho.
Curiosamente, assistimos à criação (invenção) de um novo tipo "de pessoa muito importante": o VIP Light. Estes VIP's ligeiros, superficiais, suaves, descafeinados e com poucas calorias estão a invadir diariamente as nossas televisões, jornais e revistas. Na maioria dos casos não se lhe conhece obra, para além de terem surgido nalgum programa de televisão tipo reality show. A sua ascensão é meteórica e adquirem rapidamente - sem se saber muito bem porquê - o estrelato.
Este fenómeno dá-nos a ilusão que não já não é preciso ser herói, basta ter um pouco de sorte e aparecer num local que promova a sua imagem. Os antigos VIP's que simbolizavam algo de inatingível, e que ficavam a meio caminho entre os homens e os deuses, estão fora de moda! Ou seja, qualquer um de nós mesmo que não tenha feito nada de extraordinário pode ser um VIP; o acesso foi democratizado! De uma forma muito fácil o personagem fabrica-se através da comunicação social.
Estes "heróis de plástico" reflectem a criação de uma pseudocultura, acompanhada com interesse, por exemplo, por algumas revistas (daquelas que têm pouco texto para não cansar a cabeça!). As suas vidas, mesmo por vezes violando alguns princípios de dignidade humana, tornam-se públicas. Seguem-se os vários episódios da sua existência: viagens, festas, dramas sentimentais, intrigas, escândalos, etc. Lamentavelmente, é isto que vende numa sociedade cada vez mais materialista, consumista e vazia do ponto de vista moral.
No fundo, estes VIP's Light são como os Kleenex: usam-se e deitam-se fora. Quando o publico se cansa de uns, logo se arranja outros para os substituírem e o espectáculo continua!
Esta ideia colectiva obsessiva de acompanhar com superficialidade a vida dos VIP's Light não é edificante. Este hábito perturbador (quase voyeurista) que se tem enraizado na nossa sociedade, não nos leva a lado nenhum. Em lugar de nos centramos mais na nossa vida interna e privada, perdemo-nos nesta viagem estéril que serve apenas para passar o tempo.
Torna-se importante reencontrar-mos os nossos verdadeiros heróis, que sirvam de modelos de referência e que mereçam de facto ser perpetuados na nossa memória. Na verdade, muitos deles vivem vidas simples (mas nobres) e nunca irão aparecer nos programas de televisão, nem nas revistas ou jornais. Se calhar, nós até conhecemos pessoalmente alguns.
Pedro Afonso
Podemos considerar um VIP (very important person) aquele que se eleva acima da medida humana comum pelas suas qualidades e características. Estas pessoas acabam por ser dignas de admiração e são elevadas à condição de heróis, tal como acontecia na Grécia antiga. Todas as culturas tiveram os seus heróis e, as suas façanhas simbolizam passagens da vida terrena, quer sejam vividas por todos ou apenas por alguns indivíduos.
Estamos habituados a associar ao estatuto de VIP, pessoas que se distinguem no campo das artes, desporto, política, cultura, medicina, etc. Embora os critérios para aquisição desta distinção sejam subjectivos, há pelo menos dois aspectos fundamentais: o seu carácter excepcional e invulgar e o seu esforço e trabalho.
Curiosamente, assistimos à criação (invenção) de um novo tipo "de pessoa muito importante": o VIP Light. Estes VIP's ligeiros, superficiais, suaves, descafeinados e com poucas calorias estão a invadir diariamente as nossas televisões, jornais e revistas. Na maioria dos casos não se lhe conhece obra, para além de terem surgido nalgum programa de televisão tipo reality show. A sua ascensão é meteórica e adquirem rapidamente - sem se saber muito bem porquê - o estrelato.
Este fenómeno dá-nos a ilusão que não já não é preciso ser herói, basta ter um pouco de sorte e aparecer num local que promova a sua imagem. Os antigos VIP's que simbolizavam algo de inatingível, e que ficavam a meio caminho entre os homens e os deuses, estão fora de moda! Ou seja, qualquer um de nós mesmo que não tenha feito nada de extraordinário pode ser um VIP; o acesso foi democratizado! De uma forma muito fácil o personagem fabrica-se através da comunicação social.
Estes "heróis de plástico" reflectem a criação de uma pseudocultura, acompanhada com interesse, por exemplo, por algumas revistas (daquelas que têm pouco texto para não cansar a cabeça!). As suas vidas, mesmo por vezes violando alguns princípios de dignidade humana, tornam-se públicas. Seguem-se os vários episódios da sua existência: viagens, festas, dramas sentimentais, intrigas, escândalos, etc. Lamentavelmente, é isto que vende numa sociedade cada vez mais materialista, consumista e vazia do ponto de vista moral.
No fundo, estes VIP's Light são como os Kleenex: usam-se e deitam-se fora. Quando o publico se cansa de uns, logo se arranja outros para os substituírem e o espectáculo continua!
Esta ideia colectiva obsessiva de acompanhar com superficialidade a vida dos VIP's Light não é edificante. Este hábito perturbador (quase voyeurista) que se tem enraizado na nossa sociedade, não nos leva a lado nenhum. Em lugar de nos centramos mais na nossa vida interna e privada, perdemo-nos nesta viagem estéril que serve apenas para passar o tempo.
Torna-se importante reencontrar-mos os nossos verdadeiros heróis, que sirvam de modelos de referência e que mereçam de facto ser perpetuados na nossa memória. Na verdade, muitos deles vivem vidas simples (mas nobres) e nunca irão aparecer nos programas de televisão, nem nas revistas ou jornais. Se calhar, nós até conhecemos pessoalmente alguns.
Pedro Afonso
quarta-feira, abril 06, 2005
Conselho
Enviado pelo João Muñoz: "Vive cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta.".
Blog dos Uzabuzo
Trata-se do Blog de uma banda formada por colegas da minha filha mais velha. Um dos membros é filho de um dos meus grandes amigos do São João de Brito.
A parte das fotografias tem mais graça para quem os conhece (embora seja sempre giro ver o ambiente) mas as letras essas merecem leitura atenta: cenas do quotidiano ou sentimentos, em rima simples mas musical. Impecável!
O endereço é: http://www.uzabuzo.blogspot.com/
A parte das fotografias tem mais graça para quem os conhece (embora seja sempre giro ver o ambiente) mas as letras essas merecem leitura atenta: cenas do quotidiano ou sentimentos, em rima simples mas musical. Impecável!
O endereço é: http://www.uzabuzo.blogspot.com/
terça-feira, abril 05, 2005
Patriarca de Lisboa: Aborto será imoral mesmo com referendo
Aborto será imoral mesmo com referendo
in: Jornal de Notícias, 05-04-2005
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, afirmou ontem que o aborto permanecerá uma imoralidade mesmo se for legalizado através de um referendo. "Qualquer lei que permita o aborto cria uma separação entre a legalidade e a moralidade, pois o aborto voluntariamente procurado, mesmo que legal, continua a ferir a moralidade natural e as exigências da consciência", disse D. José Policarpo na abertura da Assembleia Plenária da CEP, que começou ontem em Fátima. Rejeitando as críticas de insensibilidade face ao aborto clandestino, D. José Policarpo reclama que este seja "tipificado através do estudo já anunciado" no passado. Para a Igreja, o problema do aborto clandestino não é uma "questão que possa resolver-se pela cedência e pela tolerância, mas sim pela coragem partilhada".D. José Policarpo mostrou-se disponível para o diálogo sobre o aborto, mas sem pôr em causa a sua posição inicial. "Creio poder afirmar que, tanto pessoalmente, como o conjunto do Episcopado, já demos provas suficientes de abertura dialogante", mas "a nossa firmeza nesta matéria é apenas motivada pela nossa convicção de que na procriação humana existe uma vida humana desde o primeiro momento", afirmou.Interromper essa vida "violentamente é a expressão mais grave do desrespeito que a vida humana merece e exige de nós", concluiu.
in: Jornal de Notícias, 05-04-2005
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, afirmou ontem que o aborto permanecerá uma imoralidade mesmo se for legalizado através de um referendo. "Qualquer lei que permita o aborto cria uma separação entre a legalidade e a moralidade, pois o aborto voluntariamente procurado, mesmo que legal, continua a ferir a moralidade natural e as exigências da consciência", disse D. José Policarpo na abertura da Assembleia Plenária da CEP, que começou ontem em Fátima. Rejeitando as críticas de insensibilidade face ao aborto clandestino, D. José Policarpo reclama que este seja "tipificado através do estudo já anunciado" no passado. Para a Igreja, o problema do aborto clandestino não é uma "questão que possa resolver-se pela cedência e pela tolerância, mas sim pela coragem partilhada".D. José Policarpo mostrou-se disponível para o diálogo sobre o aborto, mas sem pôr em causa a sua posição inicial. "Creio poder afirmar que, tanto pessoalmente, como o conjunto do Episcopado, já demos provas suficientes de abertura dialogante", mas "a nossa firmeza nesta matéria é apenas motivada pela nossa convicção de que na procriação humana existe uma vida humana desde o primeiro momento", afirmou.Interromper essa vida "violentamente é a expressão mais grave do desrespeito que a vida humana merece e exige de nós", concluiu.
segunda-feira, abril 04, 2005
Oração permanente pelo Santo Padre na Igreja de S. Nicolau, Lisboa - Horário das celebrações
O Senhor Patriarca, após a morte do Santo Padre, convidou a Igreja de Lisboa à oração: “Devemos agradecer a Deus o pontificado de João Paulo II”. A Igreja de São Nicolau continuará aberta, nos dias de luto pelo Santo Padre, até Domingo dia 10 de Abril das 8h às 2h da manhã com Exposição Solene do Santíssimo Sacramento para adoração dos fiéis. Além das celebrações nos horários habituais, informamos os horários de outros tempos específicos de oração comunitária:
Segunda-feira, 4 de Abril, os consagrados rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Terça-feira, 5 de Abril, os movimentos e obras rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 - Missa
Quarta-feira, 6 de Abril, as famílias rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Quinta-feira, 7 de Abril, os jovens rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Sexta-feira, 8 de Abril, os sacerdotes rezam pelo Papa
21h30 – Ofício de Defuntos
22h30 – Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Manuel Clemente
Sábado, 9 de Abril
21h30 – Terço meditado
21h30 - Celebração Ecuménica
Domingo, 10 de Abril
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Tomás Silva Nunes
No vínculo da fé e da esperança, convido todos a participar nestas celebrações unindo-nos na certeza da Ressurreição.
Na alegria do Senhor Ressuscitado, aceite saudações fraternas,
Padre Mário Rui Leal Pedras(Pároco de São Nicolau)
Segunda-feira, 4 de Abril, os consagrados rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Terça-feira, 5 de Abril, os movimentos e obras rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 - Missa
Quarta-feira, 6 de Abril, as famílias rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Quinta-feira, 7 de Abril, os jovens rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Sexta-feira, 8 de Abril, os sacerdotes rezam pelo Papa
21h30 – Ofício de Defuntos
22h30 – Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Manuel Clemente
Sábado, 9 de Abril
21h30 – Terço meditado
21h30 - Celebração Ecuménica
Domingo, 10 de Abril
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Tomás Silva Nunes
No vínculo da fé e da esperança, convido todos a participar nestas celebrações unindo-nos na certeza da Ressurreição.
Na alegria do Senhor Ressuscitado, aceite saudações fraternas,
Padre Mário Rui Leal Pedras(Pároco de São Nicolau)
Nota de Comunhão e Libertação pela morte de João Paulo II
“A glória de Deus é o homem vivo”
«Amigos meus, sirvamos este homem, sirvamos Cristo neste grande homem com toda a nossa existência». Assim nos disse don Giussani à saída da sua primeira audiência com João Paulo II no início de 1979. Temos procurado realizar estas palavras em todos estes anos de vida do movimento de Comunhão e Libertação, segundo o objectivo que o próprio Papa nos confiou por ocasião de uma audiência em 1984: «”Ide por todo o mundo” (Mt. 28,19) é o que Cristo disse aos seus discípulos. E eu repito-vos “Ide por todo o mundo e levai a verdade, a beleza e a paz que se encontram em Cristo Redentor”. Este é o conselho que hoje vos deixo» (No 30º aniversário do nascimento de CL, Roma, 29 de Setembro de 1984).
Gratos, inclinamo-nos perante o cumprimento da vida do Papa, que exerceu a sua autoridade, antes de tudo, como testemunho pessoal de Cristo - «centro do cosmos e da história» (Redemptor hominis) -, perante o mundo com infatigável dedicação e sacrifício de si.
Na festa dos vinte e cinco anos do seu pontificado, don Giussani disse de João Paulo II: «Seguindo a vida do Papa nestes 25 anos, aquilo de que nos damos mais conta é que o cristianismo tende a ser verdadeiramente a realização do humano. Todas as suas viagens, como longa marcha para a morte, tiveram as suas razões na evidente unidade que corresponde ao génio do cristianismo: Gloria Dei vivens homo (a glória de Deus é o homem vivo)».
O Papa deixa o mundo mais cheio da humanidade de Cristo e a Igreja mais consciente de ser ela mesmo “movimento”.
«Amigos meus, sirvamos este homem, sirvamos Cristo neste grande homem com toda a nossa existência». Assim nos disse don Giussani à saída da sua primeira audiência com João Paulo II no início de 1979. Temos procurado realizar estas palavras em todos estes anos de vida do movimento de Comunhão e Libertação, segundo o objectivo que o próprio Papa nos confiou por ocasião de uma audiência em 1984: «”Ide por todo o mundo” (Mt. 28,19) é o que Cristo disse aos seus discípulos. E eu repito-vos “Ide por todo o mundo e levai a verdade, a beleza e a paz que se encontram em Cristo Redentor”. Este é o conselho que hoje vos deixo» (No 30º aniversário do nascimento de CL, Roma, 29 de Setembro de 1984).
Gratos, inclinamo-nos perante o cumprimento da vida do Papa, que exerceu a sua autoridade, antes de tudo, como testemunho pessoal de Cristo - «centro do cosmos e da história» (Redemptor hominis) -, perante o mundo com infatigável dedicação e sacrifício de si.
Na festa dos vinte e cinco anos do seu pontificado, don Giussani disse de João Paulo II: «Seguindo a vida do Papa nestes 25 anos, aquilo de que nos damos mais conta é que o cristianismo tende a ser verdadeiramente a realização do humano. Todas as suas viagens, como longa marcha para a morte, tiveram as suas razões na evidente unidade que corresponde ao génio do cristianismo: Gloria Dei vivens homo (a glória de Deus é o homem vivo)».
O Papa deixa o mundo mais cheio da humanidade de Cristo e a Igreja mais consciente de ser ela mesmo “movimento”.
Artigo de um amigo Padre (Duarte da Cunha), em missão em Timor, sobre o Papa João Paulo II
Um grande Papa...
Eis-me em Timor procurando acompanhar a Igreja toda que chora pelo Papa. As notícias vão chegando pela Antena 1, pela RTP i ou pela Rai Internacional. E vemos partir para junto dAquele a quem já há muito tinha dado a vida, um Papa que nos ensinou a tantos de nós, que só dando a vida a Cristo ela tem sentido.
Vão surgindo muitos comentários sobre o pontificado. Os primeiros vão ser muito elogiosos, depois virão os mais críticos. Provavelmente vamos ser bombardeados com tantos, que até pode acontecer que nos esqueçamos de procurar ter um olhar de fé, tal como o Papa sempre nos ensinou a ter. Ouviremos políticos, homens e mulheres de cultura, pessoas de várias religiões, alguns não crentes, e, claro, alguns católicos, bispos, padres, leigos...
Já se ouvem muito daqueles que elogiam o Papa por ter lutado contra a morte (quando o que vimos foi um homem a aceitar a morte à medida que ela se aproximava nos últimos anos, sem esconder, sem achar que só a vida activíssima pode ter lugar na sociedade)! O Papa lutou contra a morte, ou melhor, contra a cultura da morte, mas acolheu muito claramente a sua morte. Virão, sem dúvida, as análises sócio-políticas que não podem deixar de vincar a importância do Papa para as mudanças políticas que o final do segundo milénio viu acontecerem. O fim do comunismo, não há dúvida, muito lhe deve. Mas que ninguém se esqueça que a sua força estava no facto dessas e outras ideologias serem verdadeiramente contra o homem. Aquele Papa que acredita em Deus não podia deixar de denunciar como anti-humana as ideologias (socialistas ou liberais) que neguem a importância de Deus. O Papa foi, como tantos têm estado a dizer, um Papa dos Direitos do Homem, mas não se esqueçam esses e nós todos que de todos os Direitos o que ele melhor nos mostrou ser necessário defender é o Direito à vida, esse direito que pertence a cada ser humano desde o primeiro instante da sua existência como ser unicelular até à morte natural!
Outros falam do Papa do diálogo, que é sem dúvida uma das suas grandes características, mas alguns falam desta sua capacidade de dialogar à maneira do mundo, ou seja, um diálogo em que cada um diz o que tem a dizer e todos ficam na mesma! É verdade que João Paulo II reconheceu o valor de tantos que são diferentes, de pessoas doutras religiões, de gente com outras ideias políticas ou com diferentes perspectivas da sociedade, e todos se sentiram acolhidos. O Papa mostrou muito bem que não é a violência mas o amor que pode construir o futuro. Mas nunca o ouvimos dizer que as religiões ou as opiniões se equivalem, nem o vimos com medo de chamar as coisas pelo seu nome diante de quem quer que fosse. Nunca o vimos com respeitos humanos a calar a verdade. Para o Papa não havia fórum humano que estivesse fora da sua missão, ele ouvia, aprendia com todos, com cientistas e políticos, homens religiosos ou pessoas sem fé, mas também a todos dirigia a palavra. Nunca foi uma palavra de conveniência. Quando o Vigário de Cristo falava não perdia tempo em inutilidades, Cristo tem algo a dizer, o Papa punha ao Serviço do Senhor o seu ministério. Ele foi, por tudo isto e sem dúvida um homem de diálogo, mas porque vivia a experiência da certeza. Que certeza? Talvez seja isso que poucos jornalistas ou comentaristas (salvo a Aura Miguel) vão saber dizer. A certeza de que Cristo é o Senhor, está vivo, ama-nos e chama todos à conversão. O Papa é, de facto, um grande testemunho de Cristo, foi e sê-lo-á sempre. Ele mostrou-nos Cristo sem disfarces, sem adocicar a sua cruz, sem tentar adaptar. Por isso, o Papa mostrou-nos Cristo em todo o Seu esplendor, em toda a Sua atractividade. É isso que os jovens lhe agradecem. Com este Papa tantos descobriram Cristo e decidiram consagrar a sua vida e tantos outros acolheram o Evangelho da Família e da Vida nas suas vidas. É Cristo que este Papa nos tem dado. É Cristo que nós todos continuamos a querer e a amar.
O Papa tornou claro a quantos de coração iluminado pela fé o ouviram que Cristo está aqui e agora. Desde o início, Cristo Redentor do Homem, Cristo centro do cosmos e da história, foi o centro de toda a sua mensagem e de toda a sua vida. Cristo, com a força e o amor deste Papa, não foi relegado para uma esfera do religioso ou para um qualquer passado, não foi reduzido a um profeta ou a um revolucionário marxista. Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, entrou na vida de todos nós, neste quotidiano capilar das nossas vidas de trabalho, família, sofrimento e alegrias, e está mesmo presente. É de ontem, de hoje e de sempre. O Papa, até ao fim, disse-nos, muitas vezes mostrando com a sua própria vida, que Cristo está vivo. Como era claro quando este homem, que todos eram capazes de dizer que era um santo, denunciava os piores crimes, esses que até já há quem queira tornar um direito, como o aborto, a eutanásia, a guerra, não deixando nenhuma dúvida sobre o terrível que é a cultura da morte e sobre o importante que é construir uma cultura da vida e do amor. Donde lhe vinha essa coragem? D’Aquele que tudo pode, do Senhor da vida. Talvez seja essa a razão pela qual até aqueles que mais o criticavam não podiam deixar de o respeitar. O mundo tem muito poucos homens que experimentam e testemunham esta intimidade com Deus. Quem o quer seguir sabe muito bem que nestas coisas que tocam no essencial da vida humana não pode haver brechas, mas também pode contar com a mesma força de Cristo que vence todos os medos.
E no entanto, este homem consciente e sofredor pelo mal todo que o mundo insiste em gerar, era um homem alegre, alguém que ria e fazia rir, um homem que brincava e fazia as pessoas à sua volta estarem bem dispostas. Nunca o vimos com a alegria própria do distraído, sempre o vimos com a alegria do santo que, vivendo conscientemente da fé, tem esperança e por isso sabe que a ressurreição é um facto. A esperança que nos ensinou não foi a utopia de que o mundo será o paraíso, mas também nunca foi uma coisa que nos dispensasse do empenho dramático na construção dum mundo mais conforme ao plano de Deus. Ele deu-nos a esperança em Cristo: mostrou que não somos deste mundo e deu-nos força para fazer deste mundo uma casa onde Cristo reine mesmo. Falava da importância de construir um mundo melhor, e muitos se comprometeram a partir da sua palavra, mas nunca deixou de lembrar que esse mundo só é melhor se Deus estiver presente, se o coração de cada homem e cada mulher abrir as portas a Cristo. A frase mais vezes repetida em tantas e tão variadas ocasiões o Papa pegou-a do Concílio: “Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente” (GS 22).
O Papa da certeza sobre Cristo é, por isso, o Papa que não deixou que o fim do segundo milénio e o início do terceiro tivesse declarado que Deus não existia, ou que relegasse Deus para um longínquo céu. O Papa tornou claro que Deus está presente e que precisamos dele. O Papa foi, de facto, um homem de fé, alguém para quem acreditar não era uma coisa marginal aos problemas sociais, ou algo que passava ao lado da vida. Este é o Papa que nos libertou das filosofias racionalistas ou idealista para afirmar que existe uma autêntica relação entre a fé e a razão. Culturalmente, até entre teólogos, havia quem julgasse que a fé e a razão nada tinham que ver uma com a outra, e, a partir desta separação tornavam a religião uma coisa à margem da vida, o Papa disse, mas mais do que só falar, mostrou na sua vida e morte, que só em Deus e com Deus o homem se realiza verdadeiramente, só na fé a razão alcança o seu cume, mas fé sem razão não é cristã.
O Papa que nos anunciou Cristo e que nos mostrou a sua presença na vida só podia ser um Papa de Nossa Senhora. Um Papa filósofo, teólogo, professor... mas nem por isso menos simples na devoção. A devoção a Nossa Senhora com a oração do Terço é uma marca evidente da fé cristã, algo que todos sentiam ser profundamente autêntico no Papa e algo que fazia os mais simples sentirem o Papa como um dos seus. O Papa reza a Nossa Senhora porque acredita mesmo na Encarnação de Deus. O Papa de Nossa Senhora é o Papa que não nos deixou com uma simples experiência religiosa, não falou só na importância de procurar Deus mas mostrou-nos uma presença real e encarnada, a presença de Cristo, do Verbo eterno do Pai que se fez homem no seio daquela jovem de Nazaré. O Papa de Nossa Senhora é, além disso, o Papa que sabe que Nossa Senhora, por ser mãe de Deus, por ser a Mãe do Redentor, é, de facto, alguém excepcional e não seria inteligente quem sabendo disto não se socorresse dela. O Papa totus tuus mostrou como a humanidade redimida, a começar por Maria, está chamada a viver uma vida completamente nova e, por isso, confiou nela, confiou a ela o mundo, consagrou ao seu Imaculado Coração o mundo inteiro, sabendo que a Mãe do Céu a todos protege, ele sabe bem que pode confiar porque ele mesmo experimentou essa protecção e desde 13 de Maio 1981 considerava-se um miraculado de Nossa Senhora.
O Papa de Nossa Senhora é o Papa da Eucaristia. Termina a vida na Páscoa do Ano da Eucaristia, mas ao longo destes 26 anos quantas vezes não nos comovemos ao vê-lo celebrar a Missa. Talvez agora alguns venham falar das suas homilias, que nos arrastavam a todos, mas não podemos esquecer, como se fosse secundária, a força interior com que as palavras e o silêncio da Missa eram vividos. Fosse na pequena capela privada ou fosse diante de uma multidão de jovens, o Papa quando celebrava a Missa colocava toda a sua pessoa nesse acto. E isto porquê? Porque na Missa é Cristo que está presente. O mesmo que Maria concebeu, na Sua verdadeira humanidade e divindade, está presente no altar! O Papa da Missa é, ainda, o Papa da Adoração, daqueles longos e sempre profundos olhares para Cristo na custódia, no sacrário, nas mãos do sacerdote, nas suas próprias mãos. É o Papa que pede ao Senhor que fique connosco, que permaneça presente no nosso mundo.
O Papa da Adoração é o Papa que pôs o mundo inteiro a rezar. Para ele não havia ninguém para quem Cristo não fosse tudo. Convocou os jovens, as famílias, os idosos e as crianças, os trabalhadores, os pobres e os políticos, os deficientes e os atletas, os artistas e os consagrados, a todos convidou a adorarem Deus presente com a oração e com uma vida que tivesse a ousadia da santidade. O Papa insistiu para que não tivéssemos medo de ser santos. Porque acreditou mesmo na presença e na força de Cristo, ele sabia que nos podia pedir para ser santos. Ele sabia que a santidade, embora conte com todo o nosso empenho, é sobretudo uma graça, um dom que Deus quer dar a todos. O Papa ajudou-nos a não ter vergonha da santidade, ajudou-nos a perceber que vale a pena o nosso pouco esforço, porque Deus o abençoa infinitamente. O Papa da santidade é o Papa dos grandes desafios morais. O Papa que não se contentou com o pouco mas nos propôs o máximo. O Papa que se arriscou a este desafio é aquele que mostrou como nada disto é abstracto ou impossível e, por isso, nunca até ele alguém tinha dado à Igreja tantos modelos de santidade empenhando a sua autoridade nas beatificações e nas canonizações.
Este é o Papa da Igreja. O Papa que deu a verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II, o Papa da Lumen Gentium e da Gaudium et Spes foi o Papa que deu força à Igreja. Essa Igreja que se sentia velha rejuvenesceu, encheu-se de jovens, viveu a primavera com o Jubileu, está comprometida com o mundo para anunciar a todos Jesus Cristo, para que cada homem encontre Cristo no seu caminho e com ele percorra a sua vida. O Papa da Igreja que nasce da Eucaristia, da Igreja católica e universal, é também o Papa que procurou a comunhão com os outros cristãos. Com que força ele experimentava o desejo do próprio Jesus quando pedia ao Pai para que todos fossem um! Mas sabia e mostrou bem que esse caminho da unidade não é o do relativismo, é o caminho da conversão e da verdade, por isso um caminho que compromete estruturas e doutrinas, mas sobretudo os corações, por aí devemos começar o ecumenismo. E o Papa deu provas evidentes de que é possível avançar.
O Papa que fez todos estes desafios rompeu também com os ideais dos que se deixam convencer pelas delícias mundanas, que agradam à superfície mas esvaziam o coração, é o Papa que nos disse com todas as letras que há pecados que não têm razão de ser, que há mal objectivo, que a consciência é sagrada, mas não pode decidir tudo sozinha, tem de aprender, tem de conhecer a Lei de Deus. É, por isso, o Papa do Evangelho da Vida, o Papa da centesimus annus, que denunciou os males sociais, que fez frente aos grandes do mundo quando estes se lançavam na aventura da guerra, que não se deixou convencer pela normalização da contracepção, o Papa que não cedeu à superficialidade. Este é o Papa da moral cristã, não do moralismo que se reduz a regras, mas da moral que vai buscar os seus fundamentos à verdade do homem, é o Papa que insiste para que vejamos o esplendor da Verdade e coloquemos a nossa vida no seu caminho. O Papa que uns chamavam conservador e outros reformador, era o Papa que não se deixa definir por critério humanos mas defende a verdade do homem em todas as questões. O Papa que apela ao respeito humano é o mesmo que ensina que há maneiras humanas e grandiosas de viver a sexualidade. O Papa da moral sexual exigente é, por isso, o Papa da teologia do corpo. O Papa que mostrou a grandeza do amor humano e da sexualidade não podia deixar de ser o Papa que denunciaria as reduções que a cultura erótica, dominante e facilitista, insiste em propor.
Este é, por outro lado e ao mesmo tempo, o Papa da misericórdia. Só quem não teme a verdade revelada por Deus sobre o homem tem coragem para dizer, mesmo que seja contra corrente, que há bem e mal. Quem diz o que o homem é pode dizer como o homem deve agir. Mas o Papa quando diz o que deve ser a humanidade sabe, porque a fé cristã sempre assim ensinou, que o homem está marcado pelo pecado original, tem em si uma ferida que o torna estranhamente propenso para o pecado. Porém, a fé também ensina que já aconteceu a vitória do perdão. Quem conhece esta verdade, quem vive a Páscoa de Cristo, também sabe que a última palavra não é o nosso pecado, mas a misericórdia de Deus. Só alguém que não esquece as fragilidades humanas nem se esquece que mesmo assim o homem nunca deixou de ser imagem de Deus, pode falar de misericórdia. Este Papa não fingiu que não havia pecado nem contou só com as forças do homem, ele acredita em Cristo que é mesmo o Redentor do Homem, ele acredita que o Pai é mesmo Rico em Misericórdia, e, por isso, não se limita a dizer que Deus nos desculpa, mas mostra que Deus nos quer salvar, ele sabe que o Pai ao dar-nos o Espírito que vivifica quer que descubramos e vivamos a verdade plena das nossas vidas, colocando realmente a nossa liberdade em jogo, deixando o pecado e abraçando o caminho da santidade.
O Papa que anunciou a Redenção e a Misericórdia é o Papa do Jubileu. Tudo preparou para que celebração dos 2000 anos de Cristo não fosse apenas uma comemoração mas se tornasse a experiência viva nos corações e na sociedade da presença de Jesus Cristo, nascido há dois mil anos mas verdadeiramente ressuscitado e vivo. O Papa deu-nos um Jubileu que foi uma autêntica experiência da presença de Cristo, uma porta aberta para passarmos e entrarmos na comunhão da Igreja e com a Santíssima Trindade.
Mas, de novo, como no tempo dos Apóstolos, houve quem o ouvisse e houve quem se fechasse. O mundo depois do Jubileu não se tornou um paraíso, o mundo, porém tem agora de maneira mais viva, gente que sabe que Jesus é o Redentor do homem, que experimenta a alegria da comunhão com Deus, que não teme a santidade. Por isso o Papa não deixou que o Jubileu fosse um tempo fechado em si.
O Papa do Jubileu é, então, o Papa da Igreja que se põe em marcha. Se Cristo é tudo, como calar o encontro que tivemos? O Jubileu fez-nos pôr ao largo e lançar as redes. Não se seguem tempos de descanso mas tempos para gastar as forças na missão. O Papa da missão é ele mesmo o Papa missionário, das viagens e dos grandes embates culturais. Por todo o mundo é preciso ir, por todo o mundo o Papa foi e mostrou que não há cultura, não há povo, não há país onde a Missão do Redentor não deva ou não possa chegar. Com o seu exemplo muitos se lançaram nas missões, muitos novos movimentos se espalharam pelo mundo, por esse mundo pobre ou rico que não conhecia Cristo ou se tinha esquecido dele mas continuava à espera da salvação. O Papa de Cristo é o Papa que, até ao fim, não deixou de levar a Igreja a dizer a todos os homens: “abri as portas do vosso coração a Cristo”.
Agora parte, mas não deixa a Igreja na mesma, virá outro e Cristo continuará a ser para o novo Papa e para toda a Igreja aquilo que João Paulo II nos ensinou. Nós somos a sua geração, um povo que está pronto. Contamos com a intercessão de Karol Wojtyla, comprometemo-nos com a sua herança: amar a Cristo, amar a Igreja, anunciar a todos os povos que Cristo está vivo e salva-nos do mal e da morte.
P. Duarte da Cunha
(3 de Abril de 2005)
Eis-me em Timor procurando acompanhar a Igreja toda que chora pelo Papa. As notícias vão chegando pela Antena 1, pela RTP i ou pela Rai Internacional. E vemos partir para junto dAquele a quem já há muito tinha dado a vida, um Papa que nos ensinou a tantos de nós, que só dando a vida a Cristo ela tem sentido.
Vão surgindo muitos comentários sobre o pontificado. Os primeiros vão ser muito elogiosos, depois virão os mais críticos. Provavelmente vamos ser bombardeados com tantos, que até pode acontecer que nos esqueçamos de procurar ter um olhar de fé, tal como o Papa sempre nos ensinou a ter. Ouviremos políticos, homens e mulheres de cultura, pessoas de várias religiões, alguns não crentes, e, claro, alguns católicos, bispos, padres, leigos...
Já se ouvem muito daqueles que elogiam o Papa por ter lutado contra a morte (quando o que vimos foi um homem a aceitar a morte à medida que ela se aproximava nos últimos anos, sem esconder, sem achar que só a vida activíssima pode ter lugar na sociedade)! O Papa lutou contra a morte, ou melhor, contra a cultura da morte, mas acolheu muito claramente a sua morte. Virão, sem dúvida, as análises sócio-políticas que não podem deixar de vincar a importância do Papa para as mudanças políticas que o final do segundo milénio viu acontecerem. O fim do comunismo, não há dúvida, muito lhe deve. Mas que ninguém se esqueça que a sua força estava no facto dessas e outras ideologias serem verdadeiramente contra o homem. Aquele Papa que acredita em Deus não podia deixar de denunciar como anti-humana as ideologias (socialistas ou liberais) que neguem a importância de Deus. O Papa foi, como tantos têm estado a dizer, um Papa dos Direitos do Homem, mas não se esqueçam esses e nós todos que de todos os Direitos o que ele melhor nos mostrou ser necessário defender é o Direito à vida, esse direito que pertence a cada ser humano desde o primeiro instante da sua existência como ser unicelular até à morte natural!
Outros falam do Papa do diálogo, que é sem dúvida uma das suas grandes características, mas alguns falam desta sua capacidade de dialogar à maneira do mundo, ou seja, um diálogo em que cada um diz o que tem a dizer e todos ficam na mesma! É verdade que João Paulo II reconheceu o valor de tantos que são diferentes, de pessoas doutras religiões, de gente com outras ideias políticas ou com diferentes perspectivas da sociedade, e todos se sentiram acolhidos. O Papa mostrou muito bem que não é a violência mas o amor que pode construir o futuro. Mas nunca o ouvimos dizer que as religiões ou as opiniões se equivalem, nem o vimos com medo de chamar as coisas pelo seu nome diante de quem quer que fosse. Nunca o vimos com respeitos humanos a calar a verdade. Para o Papa não havia fórum humano que estivesse fora da sua missão, ele ouvia, aprendia com todos, com cientistas e políticos, homens religiosos ou pessoas sem fé, mas também a todos dirigia a palavra. Nunca foi uma palavra de conveniência. Quando o Vigário de Cristo falava não perdia tempo em inutilidades, Cristo tem algo a dizer, o Papa punha ao Serviço do Senhor o seu ministério. Ele foi, por tudo isto e sem dúvida um homem de diálogo, mas porque vivia a experiência da certeza. Que certeza? Talvez seja isso que poucos jornalistas ou comentaristas (salvo a Aura Miguel) vão saber dizer. A certeza de que Cristo é o Senhor, está vivo, ama-nos e chama todos à conversão. O Papa é, de facto, um grande testemunho de Cristo, foi e sê-lo-á sempre. Ele mostrou-nos Cristo sem disfarces, sem adocicar a sua cruz, sem tentar adaptar. Por isso, o Papa mostrou-nos Cristo em todo o Seu esplendor, em toda a Sua atractividade. É isso que os jovens lhe agradecem. Com este Papa tantos descobriram Cristo e decidiram consagrar a sua vida e tantos outros acolheram o Evangelho da Família e da Vida nas suas vidas. É Cristo que este Papa nos tem dado. É Cristo que nós todos continuamos a querer e a amar.
O Papa tornou claro a quantos de coração iluminado pela fé o ouviram que Cristo está aqui e agora. Desde o início, Cristo Redentor do Homem, Cristo centro do cosmos e da história, foi o centro de toda a sua mensagem e de toda a sua vida. Cristo, com a força e o amor deste Papa, não foi relegado para uma esfera do religioso ou para um qualquer passado, não foi reduzido a um profeta ou a um revolucionário marxista. Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, entrou na vida de todos nós, neste quotidiano capilar das nossas vidas de trabalho, família, sofrimento e alegrias, e está mesmo presente. É de ontem, de hoje e de sempre. O Papa, até ao fim, disse-nos, muitas vezes mostrando com a sua própria vida, que Cristo está vivo. Como era claro quando este homem, que todos eram capazes de dizer que era um santo, denunciava os piores crimes, esses que até já há quem queira tornar um direito, como o aborto, a eutanásia, a guerra, não deixando nenhuma dúvida sobre o terrível que é a cultura da morte e sobre o importante que é construir uma cultura da vida e do amor. Donde lhe vinha essa coragem? D’Aquele que tudo pode, do Senhor da vida. Talvez seja essa a razão pela qual até aqueles que mais o criticavam não podiam deixar de o respeitar. O mundo tem muito poucos homens que experimentam e testemunham esta intimidade com Deus. Quem o quer seguir sabe muito bem que nestas coisas que tocam no essencial da vida humana não pode haver brechas, mas também pode contar com a mesma força de Cristo que vence todos os medos.
E no entanto, este homem consciente e sofredor pelo mal todo que o mundo insiste em gerar, era um homem alegre, alguém que ria e fazia rir, um homem que brincava e fazia as pessoas à sua volta estarem bem dispostas. Nunca o vimos com a alegria própria do distraído, sempre o vimos com a alegria do santo que, vivendo conscientemente da fé, tem esperança e por isso sabe que a ressurreição é um facto. A esperança que nos ensinou não foi a utopia de que o mundo será o paraíso, mas também nunca foi uma coisa que nos dispensasse do empenho dramático na construção dum mundo mais conforme ao plano de Deus. Ele deu-nos a esperança em Cristo: mostrou que não somos deste mundo e deu-nos força para fazer deste mundo uma casa onde Cristo reine mesmo. Falava da importância de construir um mundo melhor, e muitos se comprometeram a partir da sua palavra, mas nunca deixou de lembrar que esse mundo só é melhor se Deus estiver presente, se o coração de cada homem e cada mulher abrir as portas a Cristo. A frase mais vezes repetida em tantas e tão variadas ocasiões o Papa pegou-a do Concílio: “Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente” (GS 22).
O Papa da certeza sobre Cristo é, por isso, o Papa que não deixou que o fim do segundo milénio e o início do terceiro tivesse declarado que Deus não existia, ou que relegasse Deus para um longínquo céu. O Papa tornou claro que Deus está presente e que precisamos dele. O Papa foi, de facto, um homem de fé, alguém para quem acreditar não era uma coisa marginal aos problemas sociais, ou algo que passava ao lado da vida. Este é o Papa que nos libertou das filosofias racionalistas ou idealista para afirmar que existe uma autêntica relação entre a fé e a razão. Culturalmente, até entre teólogos, havia quem julgasse que a fé e a razão nada tinham que ver uma com a outra, e, a partir desta separação tornavam a religião uma coisa à margem da vida, o Papa disse, mas mais do que só falar, mostrou na sua vida e morte, que só em Deus e com Deus o homem se realiza verdadeiramente, só na fé a razão alcança o seu cume, mas fé sem razão não é cristã.
O Papa que nos anunciou Cristo e que nos mostrou a sua presença na vida só podia ser um Papa de Nossa Senhora. Um Papa filósofo, teólogo, professor... mas nem por isso menos simples na devoção. A devoção a Nossa Senhora com a oração do Terço é uma marca evidente da fé cristã, algo que todos sentiam ser profundamente autêntico no Papa e algo que fazia os mais simples sentirem o Papa como um dos seus. O Papa reza a Nossa Senhora porque acredita mesmo na Encarnação de Deus. O Papa de Nossa Senhora é o Papa que não nos deixou com uma simples experiência religiosa, não falou só na importância de procurar Deus mas mostrou-nos uma presença real e encarnada, a presença de Cristo, do Verbo eterno do Pai que se fez homem no seio daquela jovem de Nazaré. O Papa de Nossa Senhora é, além disso, o Papa que sabe que Nossa Senhora, por ser mãe de Deus, por ser a Mãe do Redentor, é, de facto, alguém excepcional e não seria inteligente quem sabendo disto não se socorresse dela. O Papa totus tuus mostrou como a humanidade redimida, a começar por Maria, está chamada a viver uma vida completamente nova e, por isso, confiou nela, confiou a ela o mundo, consagrou ao seu Imaculado Coração o mundo inteiro, sabendo que a Mãe do Céu a todos protege, ele sabe bem que pode confiar porque ele mesmo experimentou essa protecção e desde 13 de Maio 1981 considerava-se um miraculado de Nossa Senhora.
O Papa de Nossa Senhora é o Papa da Eucaristia. Termina a vida na Páscoa do Ano da Eucaristia, mas ao longo destes 26 anos quantas vezes não nos comovemos ao vê-lo celebrar a Missa. Talvez agora alguns venham falar das suas homilias, que nos arrastavam a todos, mas não podemos esquecer, como se fosse secundária, a força interior com que as palavras e o silêncio da Missa eram vividos. Fosse na pequena capela privada ou fosse diante de uma multidão de jovens, o Papa quando celebrava a Missa colocava toda a sua pessoa nesse acto. E isto porquê? Porque na Missa é Cristo que está presente. O mesmo que Maria concebeu, na Sua verdadeira humanidade e divindade, está presente no altar! O Papa da Missa é, ainda, o Papa da Adoração, daqueles longos e sempre profundos olhares para Cristo na custódia, no sacrário, nas mãos do sacerdote, nas suas próprias mãos. É o Papa que pede ao Senhor que fique connosco, que permaneça presente no nosso mundo.
O Papa da Adoração é o Papa que pôs o mundo inteiro a rezar. Para ele não havia ninguém para quem Cristo não fosse tudo. Convocou os jovens, as famílias, os idosos e as crianças, os trabalhadores, os pobres e os políticos, os deficientes e os atletas, os artistas e os consagrados, a todos convidou a adorarem Deus presente com a oração e com uma vida que tivesse a ousadia da santidade. O Papa insistiu para que não tivéssemos medo de ser santos. Porque acreditou mesmo na presença e na força de Cristo, ele sabia que nos podia pedir para ser santos. Ele sabia que a santidade, embora conte com todo o nosso empenho, é sobretudo uma graça, um dom que Deus quer dar a todos. O Papa ajudou-nos a não ter vergonha da santidade, ajudou-nos a perceber que vale a pena o nosso pouco esforço, porque Deus o abençoa infinitamente. O Papa da santidade é o Papa dos grandes desafios morais. O Papa que não se contentou com o pouco mas nos propôs o máximo. O Papa que se arriscou a este desafio é aquele que mostrou como nada disto é abstracto ou impossível e, por isso, nunca até ele alguém tinha dado à Igreja tantos modelos de santidade empenhando a sua autoridade nas beatificações e nas canonizações.
Este é o Papa da Igreja. O Papa que deu a verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II, o Papa da Lumen Gentium e da Gaudium et Spes foi o Papa que deu força à Igreja. Essa Igreja que se sentia velha rejuvenesceu, encheu-se de jovens, viveu a primavera com o Jubileu, está comprometida com o mundo para anunciar a todos Jesus Cristo, para que cada homem encontre Cristo no seu caminho e com ele percorra a sua vida. O Papa da Igreja que nasce da Eucaristia, da Igreja católica e universal, é também o Papa que procurou a comunhão com os outros cristãos. Com que força ele experimentava o desejo do próprio Jesus quando pedia ao Pai para que todos fossem um! Mas sabia e mostrou bem que esse caminho da unidade não é o do relativismo, é o caminho da conversão e da verdade, por isso um caminho que compromete estruturas e doutrinas, mas sobretudo os corações, por aí devemos começar o ecumenismo. E o Papa deu provas evidentes de que é possível avançar.
O Papa que fez todos estes desafios rompeu também com os ideais dos que se deixam convencer pelas delícias mundanas, que agradam à superfície mas esvaziam o coração, é o Papa que nos disse com todas as letras que há pecados que não têm razão de ser, que há mal objectivo, que a consciência é sagrada, mas não pode decidir tudo sozinha, tem de aprender, tem de conhecer a Lei de Deus. É, por isso, o Papa do Evangelho da Vida, o Papa da centesimus annus, que denunciou os males sociais, que fez frente aos grandes do mundo quando estes se lançavam na aventura da guerra, que não se deixou convencer pela normalização da contracepção, o Papa que não cedeu à superficialidade. Este é o Papa da moral cristã, não do moralismo que se reduz a regras, mas da moral que vai buscar os seus fundamentos à verdade do homem, é o Papa que insiste para que vejamos o esplendor da Verdade e coloquemos a nossa vida no seu caminho. O Papa que uns chamavam conservador e outros reformador, era o Papa que não se deixa definir por critério humanos mas defende a verdade do homem em todas as questões. O Papa que apela ao respeito humano é o mesmo que ensina que há maneiras humanas e grandiosas de viver a sexualidade. O Papa da moral sexual exigente é, por isso, o Papa da teologia do corpo. O Papa que mostrou a grandeza do amor humano e da sexualidade não podia deixar de ser o Papa que denunciaria as reduções que a cultura erótica, dominante e facilitista, insiste em propor.
Este é, por outro lado e ao mesmo tempo, o Papa da misericórdia. Só quem não teme a verdade revelada por Deus sobre o homem tem coragem para dizer, mesmo que seja contra corrente, que há bem e mal. Quem diz o que o homem é pode dizer como o homem deve agir. Mas o Papa quando diz o que deve ser a humanidade sabe, porque a fé cristã sempre assim ensinou, que o homem está marcado pelo pecado original, tem em si uma ferida que o torna estranhamente propenso para o pecado. Porém, a fé também ensina que já aconteceu a vitória do perdão. Quem conhece esta verdade, quem vive a Páscoa de Cristo, também sabe que a última palavra não é o nosso pecado, mas a misericórdia de Deus. Só alguém que não esquece as fragilidades humanas nem se esquece que mesmo assim o homem nunca deixou de ser imagem de Deus, pode falar de misericórdia. Este Papa não fingiu que não havia pecado nem contou só com as forças do homem, ele acredita em Cristo que é mesmo o Redentor do Homem, ele acredita que o Pai é mesmo Rico em Misericórdia, e, por isso, não se limita a dizer que Deus nos desculpa, mas mostra que Deus nos quer salvar, ele sabe que o Pai ao dar-nos o Espírito que vivifica quer que descubramos e vivamos a verdade plena das nossas vidas, colocando realmente a nossa liberdade em jogo, deixando o pecado e abraçando o caminho da santidade.
O Papa que anunciou a Redenção e a Misericórdia é o Papa do Jubileu. Tudo preparou para que celebração dos 2000 anos de Cristo não fosse apenas uma comemoração mas se tornasse a experiência viva nos corações e na sociedade da presença de Jesus Cristo, nascido há dois mil anos mas verdadeiramente ressuscitado e vivo. O Papa deu-nos um Jubileu que foi uma autêntica experiência da presença de Cristo, uma porta aberta para passarmos e entrarmos na comunhão da Igreja e com a Santíssima Trindade.
Mas, de novo, como no tempo dos Apóstolos, houve quem o ouvisse e houve quem se fechasse. O mundo depois do Jubileu não se tornou um paraíso, o mundo, porém tem agora de maneira mais viva, gente que sabe que Jesus é o Redentor do homem, que experimenta a alegria da comunhão com Deus, que não teme a santidade. Por isso o Papa não deixou que o Jubileu fosse um tempo fechado em si.
O Papa do Jubileu é, então, o Papa da Igreja que se põe em marcha. Se Cristo é tudo, como calar o encontro que tivemos? O Jubileu fez-nos pôr ao largo e lançar as redes. Não se seguem tempos de descanso mas tempos para gastar as forças na missão. O Papa da missão é ele mesmo o Papa missionário, das viagens e dos grandes embates culturais. Por todo o mundo é preciso ir, por todo o mundo o Papa foi e mostrou que não há cultura, não há povo, não há país onde a Missão do Redentor não deva ou não possa chegar. Com o seu exemplo muitos se lançaram nas missões, muitos novos movimentos se espalharam pelo mundo, por esse mundo pobre ou rico que não conhecia Cristo ou se tinha esquecido dele mas continuava à espera da salvação. O Papa de Cristo é o Papa que, até ao fim, não deixou de levar a Igreja a dizer a todos os homens: “abri as portas do vosso coração a Cristo”.
Agora parte, mas não deixa a Igreja na mesma, virá outro e Cristo continuará a ser para o novo Papa e para toda a Igreja aquilo que João Paulo II nos ensinou. Nós somos a sua geração, um povo que está pronto. Contamos com a intercessão de Karol Wojtyla, comprometemo-nos com a sua herança: amar a Cristo, amar a Igreja, anunciar a todos os povos que Cristo está vivo e salva-nos do mal e da morte.
P. Duarte da Cunha
(3 de Abril de 2005)
Sobre o Papa João Paulo II- "Porque", de Paulo Geraldo
Porque
Já tinhas dito que sentias a morte perto. Tremia-te a voz e tremiam-te as mãos e tinhas o corpo cheio de dores. Depois, enquanto a tua imagem diminuíae se apagava diante do nosso olhar, crescias ainda mais nos nossos corações.
Em ires até ao fim houve uma forma de nos gritares aquilo que a tua voz já não era capaz de dizer.
Já de muitas maneiras te tínhamos agradecido, mas é conveniente dizer-te de novo um obrigado imenso.
Porque só tu nos disseste a verdade.
Os outros disseram-nos aquilo que queríamos ouvir e aquilo que nos agradava - pois queriam ganhar adeptos e lucrar com isso - mas tu, como amigo sincero, não tiveste receio de usar as palavras verdadeiras. Ainda que fossem duras, ainda que corresses o risco de ficar sozinho.
Porque, se o caminho real era empinado e agreste, não nos indicaste outro mais à medida da nossa preguiça, da nossa avareza, da nossa luxúria. Nãoquiseste enganar-nos. Disseste-nos como podíamos encontrar-nos connosco mesmos e confiaste em que seríamos capazes de ser fortes.
Porque os outros quiseram enriquecer à custa de ficarmos desnorteados, e tu quiseste tornar-nos ricos gastando o teu sangue e a tua vida.
Porque o teu dia começava cedo e acabava tarde. Porque tinhas, com tanta idade, a agenda tão cheia. Rezavas e trabalhavas, mas ao rezares trabalhavas e ao trabalhares rezavas. Ninguém sabe dizer quando é que descansavas.
Porque foi sempre para ti que olhámos em primeiro lugar, quando os poderosos preparavam novas guerras nos lugares onde há petróleo, quando o ódio derrubava edifícios, quando chegavam notícias de novos "avanços"científicos que pareciam fantásticos, mas nos cheiravam a esturro.
Porque os teus olhos eram limpos e o teu sorriso era bom e o teu coração bateu sempre ao lado do nosso.
Porque eras um dos nossos nas tuas vestes brancas. Porque envelheceste cuidando de nós. Porque foste baleado por dizeres a verdade. Porque não andavas mascarado, como os outros.
Porque não ficaste no teu palácio de Roma, mas vieste ter connosco até aos cantos mais pequenos do mundo e quiseste aprender connosco e sentir os nossos entusiasmos nobres. Porque quiseste falar-nos nas nossas línguas.
Porque quando te apresentámos as nossas crianças tu as beijaste e abençoaste sem fingimento, como quem faz uma coisa muito, muito importante.
Porque quando olhavas para nós vias uma bondade e uma força e uma beleza em que já não acreditávamos.
Porque o pequeno e o grande tinham um lugar do mesmo tamanho no teu coração. Porque não te preocupaste apenas com os que te eram próximos no pensamento, mas resolveste carregar sobre os teus ombros as dores, as preocupações, os lutos e as lágrimas de todos os homens de todas as religiões.
Porque guardavas no teu coração as nossas dores e sofrias com elas e nós somos muitos. Porque de tanto te abraçares ao teu Cristo crucificado te tornaste tão humano. Porque também escreveste as tuas poesias.
Porque salvaste tantas vidas. Porque trabalhaste pela paz. Porque chegasteao fim de um caminho tão longo cheio da juventude do amor. Porque morreste repleto de obras e de sonhos, olhando para as tuas mãos, tão cheias, com a impressão de as veres vazias.
Paulo Geraldo
Professor de Língua Portuguesa
http://aldeia.no.sapo.pt/
Já tinhas dito que sentias a morte perto. Tremia-te a voz e tremiam-te as mãos e tinhas o corpo cheio de dores. Depois, enquanto a tua imagem diminuíae se apagava diante do nosso olhar, crescias ainda mais nos nossos corações.
Em ires até ao fim houve uma forma de nos gritares aquilo que a tua voz já não era capaz de dizer.
Já de muitas maneiras te tínhamos agradecido, mas é conveniente dizer-te de novo um obrigado imenso.
Porque só tu nos disseste a verdade.
Os outros disseram-nos aquilo que queríamos ouvir e aquilo que nos agradava - pois queriam ganhar adeptos e lucrar com isso - mas tu, como amigo sincero, não tiveste receio de usar as palavras verdadeiras. Ainda que fossem duras, ainda que corresses o risco de ficar sozinho.
Porque, se o caminho real era empinado e agreste, não nos indicaste outro mais à medida da nossa preguiça, da nossa avareza, da nossa luxúria. Nãoquiseste enganar-nos. Disseste-nos como podíamos encontrar-nos connosco mesmos e confiaste em que seríamos capazes de ser fortes.
Porque os outros quiseram enriquecer à custa de ficarmos desnorteados, e tu quiseste tornar-nos ricos gastando o teu sangue e a tua vida.
Porque o teu dia começava cedo e acabava tarde. Porque tinhas, com tanta idade, a agenda tão cheia. Rezavas e trabalhavas, mas ao rezares trabalhavas e ao trabalhares rezavas. Ninguém sabe dizer quando é que descansavas.
Porque foi sempre para ti que olhámos em primeiro lugar, quando os poderosos preparavam novas guerras nos lugares onde há petróleo, quando o ódio derrubava edifícios, quando chegavam notícias de novos "avanços"científicos que pareciam fantásticos, mas nos cheiravam a esturro.
Porque os teus olhos eram limpos e o teu sorriso era bom e o teu coração bateu sempre ao lado do nosso.
Porque eras um dos nossos nas tuas vestes brancas. Porque envelheceste cuidando de nós. Porque foste baleado por dizeres a verdade. Porque não andavas mascarado, como os outros.
Porque não ficaste no teu palácio de Roma, mas vieste ter connosco até aos cantos mais pequenos do mundo e quiseste aprender connosco e sentir os nossos entusiasmos nobres. Porque quiseste falar-nos nas nossas línguas.
Porque quando te apresentámos as nossas crianças tu as beijaste e abençoaste sem fingimento, como quem faz uma coisa muito, muito importante.
Porque quando olhavas para nós vias uma bondade e uma força e uma beleza em que já não acreditávamos.
Porque o pequeno e o grande tinham um lugar do mesmo tamanho no teu coração. Porque não te preocupaste apenas com os que te eram próximos no pensamento, mas resolveste carregar sobre os teus ombros as dores, as preocupações, os lutos e as lágrimas de todos os homens de todas as religiões.
Porque guardavas no teu coração as nossas dores e sofrias com elas e nós somos muitos. Porque de tanto te abraçares ao teu Cristo crucificado te tornaste tão humano. Porque também escreveste as tuas poesias.
Porque salvaste tantas vidas. Porque trabalhaste pela paz. Porque chegasteao fim de um caminho tão longo cheio da juventude do amor. Porque morreste repleto de obras e de sonhos, olhando para as tuas mãos, tão cheias, com a impressão de as veres vazias.
Paulo Geraldo
Professor de Língua Portuguesa
http://aldeia.no.sapo.pt/
Anúncio morte do Papa pelo site Paróquias de Portugal
Paróquias de Portugal
Papa João Paulo II
Karol Jozef Wojtyla
18.05.1920 - 02.04.2005 †
Oração
Deus Nosso Pai,
Nesta hora tão marcante da História da Igreja
Nós Vos agradecemos a vida do Papa João Paulo II,
O seu exemplo de Pastor incansável e generoso,
O seu testemunho de Profeta da Paz e da Justiça,
Os seus esforços pela unidade da Igreja e da humanidade.
Graças, Senhor, Pelas maravilhas que operastes na sua vida,
E por ele, também em cada um de nós.
Recebei-o agora amorosamente na vossa morada;
Possa ele alegrar-se eternamente na vossa presença,
Com Maria, Mãe de Jesus,
E com todos os Santos.
E a nós, que continuamos o nosso peregrinar,
Enviai-nos a força do vosso Espírito Santo.
Renovai, Senhor, o Pentecostes na vossa Igreja,
A vossa Igreja, que somos todos nós,
Para que seja sempre testemunha fiel
E sinal do vosso amor para todos os povos
Do mundo de hoje.
Fazei crescer a planta que a vossa mão plantou,
Confirmai, Senhor, a obra das vossas mãos.
Amen.
Pai Nosso, que estais nos céus santificado seja o Vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,como era no princípio, agora e sempre. Amen.
Papa João Paulo II
Karol Jozef Wojtyla
18.05.1920 - 02.04.2005 †
Oração
Deus Nosso Pai,
Nesta hora tão marcante da História da Igreja
Nós Vos agradecemos a vida do Papa João Paulo II,
O seu exemplo de Pastor incansável e generoso,
O seu testemunho de Profeta da Paz e da Justiça,
Os seus esforços pela unidade da Igreja e da humanidade.
Graças, Senhor, Pelas maravilhas que operastes na sua vida,
E por ele, também em cada um de nós.
Recebei-o agora amorosamente na vossa morada;
Possa ele alegrar-se eternamente na vossa presença,
Com Maria, Mãe de Jesus,
E com todos os Santos.
E a nós, que continuamos o nosso peregrinar,
Enviai-nos a força do vosso Espírito Santo.
Renovai, Senhor, o Pentecostes na vossa Igreja,
A vossa Igreja, que somos todos nós,
Para que seja sempre testemunha fiel
E sinal do vosso amor para todos os povos
Do mundo de hoje.
Fazei crescer a planta que a vossa mão plantou,
Confirmai, Senhor, a obra das vossas mãos.
Amen.
Pai Nosso, que estais nos céus santificado seja o Vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,como era no princípio, agora e sempre. Amen.
Artigo do Padre Serras Pereira sobre o Papa
João Paulo II – Um Milagre Prodigioso
Nuno Serras Pereira
02. 04. 2005
Soube há poucos minutos que a Divina Misericórdia - Jesus Cristo - veio com Nossa Senhora, Sua Mãe (1º sábado), buscar o Papa João Paulo II para lhe dar a recompensa eterna.
Não posso deixar de sentir uma saudade imensa deste vigário de Cristo que, como o Seu Mestre, nos amou até ao fim, e, ao mesmo tempo de experimentar uma gratidão infinita para com Deus que concedeu à Igreja e à humanidade este dom prodigioso, este milagre, que foi o Papa João Paulo II.
S. João Paulo II foi uma presença visível e sensível da misericórdia divina. O seu pontificado foi marcado por uma perseverança tenaz no amor a cada pessoa humana. Nunca desistiu ou sequer desfaleceu em amar cada um dos seres humanos. Daí a sua oração, as suas viagens pelo mundo, a sua clareza e desassombro no anúncio da Evangelho - da Verdade, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, a defesa dos trabalhadores e dos pobres, dos e/imigrantes, dos refugiados, da liberdade, da dignidade de toda a pessoa, da inviolabilidade e sacralidade da vida humana, desde a concepção até à morte natural, do amor conjugal, da verdade da doação íntima dos esposos (Humanae Vitae), da família, da paz, etc. E todo este amor que nos tinha era a expressão acabada da prioridade absoluta, sobre tudo e sobre todos, que dava a Deus. De facto, nele se tornava patente a todos, o 1º Mandamento – “O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma com todas as tuas forças”.
Parece-me uma “injustiça” manifesta dar a este Papa o cognome de grande ou de magno porque isso o apouca, pois ele foi enorme, imenso, um milagre prodigioso! A verdade é que ainda não nos apercebemos, por estarmos demasiado perto, da dimensão gigantesca deste Papa. Mas a história da Igreja far-lhe-á justiça e então se verá, entre outras coisas, o dislate absurdo que é catalogá-lo de avançado nas questões sociais e de retrógrado nas morais, não só porque não são categorias adequadas para formular um juízo, mas porque há uma coerência absoluta na verdade que anunciou, sendo que tudo o que nele é considerado progressista depende, está essencialmente ligado ao que é considerado conservador:
na verdade que a Humanae Vitae anuncia joga-se o “combate pelo valor e pelo sentido da própria humanidade … é manifesto que a encíclica Humanae Vitae não é somente um documento, mas um acontecimento … parece que como estrato mais profundo deste acontecimento se deva considerar a controvérsia e o combate pelo próprio homem …” (Karol Cardeal Wojtyla [poucos meses antes de ser eleito Papa], La visione antropológica della Humanae Vitae, p. 129, VV. AA., Lateranum- a cura della facoltà di teologia della pontifícia università lateranense, N. S. – Anno XLIV, 1978, n. 1, pp. 372).
"I am the Pope of life and of responsible parents, and everyone must know of this … Yes, I have come here (i. e. to the chair of St. Peter) from Humanae Vitae and for human life". João Paulo II, Citado in Pontificia Academia Pro Vita, AA. VV., Evangelium Vitae - five years of confrontation with the society - proceedings of the sixth assembly of the pontifical academy for life (vatican city, 11-14 february 2000), p. 398, Libreria Editrice Vaticana, pp 548, 2001
Não tenho dúvidas que João Paulo II - como disse sta. Teresinha de Lisieux - “passará o Céu a fazer o bem sobre a terra”. Por isso, mais do que rezar por ele rezo-lhe a ele. Peço a sua intercessão para que nos guie no anúncio da Evangelho da Vida e que proteja Portugal da “cultura da morte”.
Nuno Serras Pereira
02. 04. 2005
Soube há poucos minutos que a Divina Misericórdia - Jesus Cristo - veio com Nossa Senhora, Sua Mãe (1º sábado), buscar o Papa João Paulo II para lhe dar a recompensa eterna.
Não posso deixar de sentir uma saudade imensa deste vigário de Cristo que, como o Seu Mestre, nos amou até ao fim, e, ao mesmo tempo de experimentar uma gratidão infinita para com Deus que concedeu à Igreja e à humanidade este dom prodigioso, este milagre, que foi o Papa João Paulo II.
S. João Paulo II foi uma presença visível e sensível da misericórdia divina. O seu pontificado foi marcado por uma perseverança tenaz no amor a cada pessoa humana. Nunca desistiu ou sequer desfaleceu em amar cada um dos seres humanos. Daí a sua oração, as suas viagens pelo mundo, a sua clareza e desassombro no anúncio da Evangelho - da Verdade, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, a defesa dos trabalhadores e dos pobres, dos e/imigrantes, dos refugiados, da liberdade, da dignidade de toda a pessoa, da inviolabilidade e sacralidade da vida humana, desde a concepção até à morte natural, do amor conjugal, da verdade da doação íntima dos esposos (Humanae Vitae), da família, da paz, etc. E todo este amor que nos tinha era a expressão acabada da prioridade absoluta, sobre tudo e sobre todos, que dava a Deus. De facto, nele se tornava patente a todos, o 1º Mandamento – “O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma com todas as tuas forças”.
Parece-me uma “injustiça” manifesta dar a este Papa o cognome de grande ou de magno porque isso o apouca, pois ele foi enorme, imenso, um milagre prodigioso! A verdade é que ainda não nos apercebemos, por estarmos demasiado perto, da dimensão gigantesca deste Papa. Mas a história da Igreja far-lhe-á justiça e então se verá, entre outras coisas, o dislate absurdo que é catalogá-lo de avançado nas questões sociais e de retrógrado nas morais, não só porque não são categorias adequadas para formular um juízo, mas porque há uma coerência absoluta na verdade que anunciou, sendo que tudo o que nele é considerado progressista depende, está essencialmente ligado ao que é considerado conservador:
na verdade que a Humanae Vitae anuncia joga-se o “combate pelo valor e pelo sentido da própria humanidade … é manifesto que a encíclica Humanae Vitae não é somente um documento, mas um acontecimento … parece que como estrato mais profundo deste acontecimento se deva considerar a controvérsia e o combate pelo próprio homem …” (Karol Cardeal Wojtyla [poucos meses antes de ser eleito Papa], La visione antropológica della Humanae Vitae, p. 129, VV. AA., Lateranum- a cura della facoltà di teologia della pontifícia università lateranense, N. S. – Anno XLIV, 1978, n. 1, pp. 372).
"I am the Pope of life and of responsible parents, and everyone must know of this … Yes, I have come here (i. e. to the chair of St. Peter) from Humanae Vitae and for human life". João Paulo II, Citado in Pontificia Academia Pro Vita, AA. VV., Evangelium Vitae - five years of confrontation with the society - proceedings of the sixth assembly of the pontifical academy for life (vatican city, 11-14 february 2000), p. 398, Libreria Editrice Vaticana, pp 548, 2001
Não tenho dúvidas que João Paulo II - como disse sta. Teresinha de Lisieux - “passará o Céu a fazer o bem sobre a terra”. Por isso, mais do que rezar por ele rezo-lhe a ele. Peço a sua intercessão para que nos guie no anúncio da Evangelho da Vida e que proteja Portugal da “cultura da morte”.
O Padre Zézinho e "O Papa que não desceu da cruz"
O PAPA QUE NÃO DESCEU DA CRUZ
(este artigo foi-me enviado por Maria das Dores Folque)
Escrevo enquanto João Paulo II está vivo. Se alguém me ler no futuro, depois que Wojtila tiver ido ver o Senhor, talvez concorde comigo que ele passará à História como o papa que não quis descer da cruz. Acabo de ler que sofreu mais uma grave intervenção e que respira com a ajuda de aparelhos. Sua fragilidade física é visível. Faz anos.Não há como não refletir sobre a dor do papa. O nosso primeiro e rápido raciocínio seria: "Se está doente, e já não consegue mais superar os limites do seu corpo e, se papas podem renunciar, porque não renuncia? Faria um bem à Igreja e a si mesmo! É visível que o papa não está dando conta nem se de si mesmo. Como pode querer liderar uma Igreja com milhões de fiéis?"Erraríamos. Karol Wojtila, o papa João Paulo II, simplesmente decidiu ir até o fim. Estão querendo desligar os tubos do seu papado, achando que ele é uma espécie de Terri Schiavo espiritual. Ouve-se até religiosos que pleiteiam para ele o que fizeram os juizes americanos. Que deixem o papa morrer porque, de certa forma Wojtila doente incomoda. Porque ele quer sofrer desse jeito aos olhos de todos? Papas precisam ter saúde e lucidez... Ousam dizer que ele está apenas sobrevivendo e que já não atua mais. Respeitemos quem assim raciocina. Deve saber o que diz e porque o diz.Sou dos que pensam que Wojtila é mais do que um sobrevivente. Está vivendo até ás ultimas conseqüências. Mais do que nós ele sabe do seu sofrimento, leu, meditou e escreveu sobre o Cristo que não desceu da cruz quando desafiado. E faz o mesmo. Jesus disse que tinha poder para fugir daquela cruz e não o usou (Mt 26,53). Muitos dos seus discípulos não sabiam porque, nem os espectadores do seu martírio, mas Jesus sabia. Dias antes chamara Pedro de satanás porque, levado pelo seu afeto tentara dissuadi-lo daquele risco (Mt 16,22-23).Somos uma sociedade que baniu a morte pessoal, mas gostamos de ver o espetáculo da dor alheia, na televisão e em filmes recheados de violência, que mostram cabeças e corpos queimando e explodindo, enquanto o herói mata centenas de sujeitos maus e escapa ileso. Compramos jornais que sensacionalizam assassinatos e mortes. Corremos para a telinha para saber daquele bombardeio que matou centenas. A morte existe, a dor existe e gostamos de vê-la. Não gostamos é de ver a dor de nossos parentes e amigos, nem de imaginar a nossa. A cruz do outro vira espetáculo. Quando nos atinge, vira tragédia.João Paulo II não faz nem uma coisa nem outra. Não a encara a dor como espetáculo nem como tragédia pessoal. Também não pretende provocar a pena do mundo. A sua cruz é o que é e ele é quem é: o mesmo Wojtila que enfrentou com coragem tudo o que vinha pela frente. O bispo de Roma e líder dos católicos, a quem chamamos carinhosamente de papa (papai), está definhando e seus dedos nos apontam a cruz do Cristo.Ele que anunciou tantas vezes o Cristo atlético, sorridente e brilhante, mostra agora o Cristo esmagado e crucificado (1Cor 1,23) que, no dizer de Paulo, era uma pedra de tropeço para os judeus do seu tempo e loucura para os pagãos. Depois do longo martírio de Dachau e Treblinka tenho ouvido rabinos judeus dizer que entendem a postura de João Paulo II e a pregação de Paulo. Há um sentido na dor pessoal, por mais absurda que ela seja. Jesus foi um judeu que morreu na cruz e lhe deu um sentido redentor. Milhões de judeus morreram massacrados e também eles deram um sentido à própria dor e, nela á dor do seu povo. João Paulo II está dando sentido à sua dor e à dor das Igrejas - porque não sofre apenas como católico - e não desce daquela cruz pela mesma razão que o Cristo não desceu.Talvez nunca entendamos porque este papa aceitou sofrer tanto. Mas isso é problema nosso, não de João Paulo II. Ele sabe! Talvez esteja editando a sua mais profunda encíclica. Se ele mesmo não lhe der nenhum título, nós daremos: "Como o Cristo na cruz" E não terá que escrever nenhuma linha. Basta rever os seus últimos anos de dor e de martírio!
Padre Zézinho, SCJ
(este artigo foi-me enviado por Maria das Dores Folque)
Escrevo enquanto João Paulo II está vivo. Se alguém me ler no futuro, depois que Wojtila tiver ido ver o Senhor, talvez concorde comigo que ele passará à História como o papa que não quis descer da cruz. Acabo de ler que sofreu mais uma grave intervenção e que respira com a ajuda de aparelhos. Sua fragilidade física é visível. Faz anos.Não há como não refletir sobre a dor do papa. O nosso primeiro e rápido raciocínio seria: "Se está doente, e já não consegue mais superar os limites do seu corpo e, se papas podem renunciar, porque não renuncia? Faria um bem à Igreja e a si mesmo! É visível que o papa não está dando conta nem se de si mesmo. Como pode querer liderar uma Igreja com milhões de fiéis?"Erraríamos. Karol Wojtila, o papa João Paulo II, simplesmente decidiu ir até o fim. Estão querendo desligar os tubos do seu papado, achando que ele é uma espécie de Terri Schiavo espiritual. Ouve-se até religiosos que pleiteiam para ele o que fizeram os juizes americanos. Que deixem o papa morrer porque, de certa forma Wojtila doente incomoda. Porque ele quer sofrer desse jeito aos olhos de todos? Papas precisam ter saúde e lucidez... Ousam dizer que ele está apenas sobrevivendo e que já não atua mais. Respeitemos quem assim raciocina. Deve saber o que diz e porque o diz.Sou dos que pensam que Wojtila é mais do que um sobrevivente. Está vivendo até ás ultimas conseqüências. Mais do que nós ele sabe do seu sofrimento, leu, meditou e escreveu sobre o Cristo que não desceu da cruz quando desafiado. E faz o mesmo. Jesus disse que tinha poder para fugir daquela cruz e não o usou (Mt 26,53). Muitos dos seus discípulos não sabiam porque, nem os espectadores do seu martírio, mas Jesus sabia. Dias antes chamara Pedro de satanás porque, levado pelo seu afeto tentara dissuadi-lo daquele risco (Mt 16,22-23).Somos uma sociedade que baniu a morte pessoal, mas gostamos de ver o espetáculo da dor alheia, na televisão e em filmes recheados de violência, que mostram cabeças e corpos queimando e explodindo, enquanto o herói mata centenas de sujeitos maus e escapa ileso. Compramos jornais que sensacionalizam assassinatos e mortes. Corremos para a telinha para saber daquele bombardeio que matou centenas. A morte existe, a dor existe e gostamos de vê-la. Não gostamos é de ver a dor de nossos parentes e amigos, nem de imaginar a nossa. A cruz do outro vira espetáculo. Quando nos atinge, vira tragédia.João Paulo II não faz nem uma coisa nem outra. Não a encara a dor como espetáculo nem como tragédia pessoal. Também não pretende provocar a pena do mundo. A sua cruz é o que é e ele é quem é: o mesmo Wojtila que enfrentou com coragem tudo o que vinha pela frente. O bispo de Roma e líder dos católicos, a quem chamamos carinhosamente de papa (papai), está definhando e seus dedos nos apontam a cruz do Cristo.Ele que anunciou tantas vezes o Cristo atlético, sorridente e brilhante, mostra agora o Cristo esmagado e crucificado (1Cor 1,23) que, no dizer de Paulo, era uma pedra de tropeço para os judeus do seu tempo e loucura para os pagãos. Depois do longo martírio de Dachau e Treblinka tenho ouvido rabinos judeus dizer que entendem a postura de João Paulo II e a pregação de Paulo. Há um sentido na dor pessoal, por mais absurda que ela seja. Jesus foi um judeu que morreu na cruz e lhe deu um sentido redentor. Milhões de judeus morreram massacrados e também eles deram um sentido à própria dor e, nela á dor do seu povo. João Paulo II está dando sentido à sua dor e à dor das Igrejas - porque não sofre apenas como católico - e não desce daquela cruz pela mesma razão que o Cristo não desceu.Talvez nunca entendamos porque este papa aceitou sofrer tanto. Mas isso é problema nosso, não de João Paulo II. Ele sabe! Talvez esteja editando a sua mais profunda encíclica. Se ele mesmo não lhe der nenhum título, nós daremos: "Como o Cristo na cruz" E não terá que escrever nenhuma linha. Basta rever os seus últimos anos de dor e de martírio!
Padre Zézinho, SCJ
sexta-feira, abril 01, 2005
Julgamento por aborto em Setúbal e defesa da Vida
Os meus amigos da Associação Missão Vida emitiram ontem este comunicado que subscrevo inteiramente:
ASSOCIAÇÃO MISSÃO: VIDA
NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL
Na sequência das notícias saídas hoje a público sobre o julgamento de três mulheres no Tribunal de Setúbal pela prática de aborto, a Associação Missão: Vida comunica o seguinte:
1. A Associação Missão: Vida repudia veementemente o aproveitamento político – partidário das desgraças e dos dramas humanos das mulheres acusadas da prática dos crimes de aborto por parte do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda.
2. As manifestações hoje ocorridas à porta do Tribunal por parte de alguns dirigentes e militantes daqueles dois partidos representam uma inaceitável pressão do poder político sobre os tribunais e os magistrados que têm a obrigação constitucional de julgar, de uma forma imparcial, as violações da lei penal, nomeadamente os crimes cometidos contra a vida intra-uterina.
3. O aborto é um crime cometido contra pessoas já concebidas mas ainda não nascidas, porque o ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde o instante da sua concepção e, por isso, a partir desse mesmo instante devem–lhe ser reconhecidos todos os direitos próprios da pessoa, principalmente o direito inviolável à vida.
4. A Associação Missão: Vida lamenta, por fim, que nenhum dos partidos atrás referidos se empenhe no apoio e auxílio das mulheres grávidas em dificuldades, limitando a sua actuação à tentativa de legalização de práticas que atentam contra a vida das pessoas e que são indignas de um Estado de Direito e de uma sociedade verdadeiramente moderna, civilizada e respeitadora da dignidade de cada ser humano, principalmente dos mais desprotegidos.
31 de Março de 2005
A Direcção da Associação
E-mail – missão_vida@yahoo.com
ASSOCIAÇÃO MISSÃO: VIDA
NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL
Na sequência das notícias saídas hoje a público sobre o julgamento de três mulheres no Tribunal de Setúbal pela prática de aborto, a Associação Missão: Vida comunica o seguinte:
1. A Associação Missão: Vida repudia veementemente o aproveitamento político – partidário das desgraças e dos dramas humanos das mulheres acusadas da prática dos crimes de aborto por parte do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda.
2. As manifestações hoje ocorridas à porta do Tribunal por parte de alguns dirigentes e militantes daqueles dois partidos representam uma inaceitável pressão do poder político sobre os tribunais e os magistrados que têm a obrigação constitucional de julgar, de uma forma imparcial, as violações da lei penal, nomeadamente os crimes cometidos contra a vida intra-uterina.
3. O aborto é um crime cometido contra pessoas já concebidas mas ainda não nascidas, porque o ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde o instante da sua concepção e, por isso, a partir desse mesmo instante devem–lhe ser reconhecidos todos os direitos próprios da pessoa, principalmente o direito inviolável à vida.
4. A Associação Missão: Vida lamenta, por fim, que nenhum dos partidos atrás referidos se empenhe no apoio e auxílio das mulheres grávidas em dificuldades, limitando a sua actuação à tentativa de legalização de práticas que atentam contra a vida das pessoas e que são indignas de um Estado de Direito e de uma sociedade verdadeiramente moderna, civilizada e respeitadora da dignidade de cada ser humano, principalmente dos mais desprotegidos.
31 de Março de 2005
A Direcção da Associação
E-mail – missão_vida@yahoo.com
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