segunda-feira, dezembro 03, 2007

Começou o Advento: está a chegar o Natal!

Da Escola de Direcção e Negócios AESE (onde entre 1999 e 2000 fiz o Programa de Alta Direcção de Empresas) acabo de receber o boletim da respectiva Capelania onde encontrei este artigo do Padre Hugo de Azevedo (um amigo do meu pai ;-)
Parece-me uma boa forma de iniciar o Advento, este tempo de espera e tensão, num pedido que também neste lugar de escombros e desarrumado, que tantas vezes caracteriza o nosso coração, nas palhinhas que são os nossos gestos de fé, esperança e caridade, possa nascer Aquele sem o qual a nossa vida se reduzia a um elenco absurdo de circunstâncias e sentimentos.

O NATAL

«No meu tempo», como dizem os velhos, o Natal era em casa e na igreja. Os presépios, raros. Umas breves figurinhas sobre a cómoda. Quase ninguém enviava postais natalícios a ninguém. Nem quase os havia. As ruas, silenciosas e escuras à noite. Prendas, uma para cada criança, no sapatinho: a sonhada surpresa! E os doces da festa, é claro: a mesa encantada de sorrisos, risos, sabores e cores diferentes... E a Missa «do galo». O Natal era Deus em família.
Agora (exageremos, como fazem os velhos) é nas ruas e praças iluminadas; nas lojas cintilantes; nos supermercados cheios de movimento, carrinhos e sacos; nas montras repletas de mecanismos electrónicos; e música, muita música, a mesma, por toda a parte; e varandas escaladas por palhaços coca-cola; e o lauto jantar, bem regado, entre pessoas mais ou menos amigas... E as crianças a verificarem se a «play-station» é realmente a que pretendiam. Porque a vida é outra, subiu de nível, a família é o que se sabe, e o comércio precisa de tudo. Hoje o nosso Natal é chinês.
A verdade é que a imagem de um jovem casal e um menino encantador se fixa na retina dos fregueses e munícipes, aureolada de estrelas e figuras angélicas, e os jornalistas não deixam de referir, embora displicentes, o velho «mito do Natal»... Alguns até se lembram da história e do seu significado.
E assim o comércio vai transmitindo a mensagem natalícia de geração em geração. Muito vaga e confusamente, é certo, com uma animação mais parecida ao bulício da estalagem, onde «não havia lugar para eles», do que ao recolhimento da gruta de Belém, mas sempre nos avisa de que por cá passou a Sagrada Família, e está presente em qualquer lar que a convide a abençoá-lo.
É altura de exclamar com o poeta: «Como a família é verdade!» Não há felicidade comparável neste mundo. Nem «melhor negócio», como lembrava S. Josemaria aos empresários...
- Ah, mas tão difícil!... - Sem dúvida: quando o nosso principal negócio é outro. - Mas «hoje em dia», com o custo de vida, «nestes tempos de stress», é impossível recortar o trabalho!
Talvez organizando melhor o dia... como quando joga Portugal. Talvez conversando menos e «produzindo» mais... Talvez não sabendo tanto do que dizem que se diz que se suspeita haver sido dito... Talvez seguindo o velho princípio da «subsidiariedade», que consiste em não querer fazer tudo por nós, e respeitando os diversos âmbitos de competência - incluindo o dos superiores... Talvez confiando parte das tarefas a quem precisa e pode fazer esse trabalho... Talvez sendo menos individualistas, menos invejosos, menos carreiristas, mais ordenados... Enfim, talvez trabalhando mais e melhor.
Pe. Hugo de Azevedo

Sem comentários: