domingo, março 29, 2009

Palavras sábias de António Barreto na apresentação livro D. Manuel Clemente

Estão sublinhadas na noticia abaixo da Ecclesia:

Textos de D. Manuel Clemente são exemplo de «tolerância e abertura ao diálogo»

António Barreto apresentou o livro «Um só propósito – Homilias e Escritos Pastorais em tempos de Nova Evangelização» de D. Manuel Clemente
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Foi lançado na passada Quarta-feira o livro “Um só propósito – Homilias e Escritos Pastorais em tempos de Nova Evangelização”, textos do magistério episcopal de D. Manuel Clemente que, nesse dia, completou dois anos à frente da diocese do Porto.

A apresentação esteve a cargo de António Barreto, sociólogo, que apontou a publicação como um exemplo salutar de diálogo, “de quem quer dialogar e debater”.

Afirmou o sociólogo que, tradicionalmente, as homilias, referentes ao actual, são efémeras. “A maior parte das homilias de cada sacerdote e da maioria dos sacerdotes nunca vê a forma impressa, nunca têm uma segunda vida de leitura e meditação”.

D. Manuel Clemente “fala para todos, espera debate e diálogo, assume as suas responsabilidades pelo que pensa e diz, sujeita-se ao contraditório e sente que é seu dever ocupar-se da vida dos homens e das mulheres na Terra e em sociedade”.

A publicação dos textos do Bispo do Porto indicam “uma maneira diferente de exercer as suas funções. Quem publica, quer ser lido. Quem lê, reflecte e pensa. Quem pensa, verifica o pensamento dos outros, dos autores. Quem comenta, acrescenta qualquer coisa”, aponta António Barreto sublinhando a abertura “ao julgamento dos leitores, à exposição e escrutínio”.

“Não se satisfaz com a palavra catedrática, não pretende que acreditem apenas na autoridade do magistério”, aponta.

O livro com a publicação das homilias e escritos do Bispo do Porto que serve todos os públicos. Para os crentes, “pode ser uma recordação, uma sugestão para voltar à matéria”. Para os não crentes, reconhece António Barreto, “é a possibilidade de entrar em conversa, em diálogo”.

“Um sacerdote que publica as suas homilias quer falar com os outros, os que não pertencem ou não comparecem à congregação, os que não são do rebanho ou os que não são religiosos. É um sinal de vontade de diálogo. E um sinal de predisposição para a tolerância”.

O sociólogo considera que sendo consensual a ideia de separação da Igreja e do Estado e da não intervenção da Igreja em questões puramente partidárias. Nesse sentido, é de opinião que “a Igreja deve intervir publicamente em tudo o que à condição humana diz respeito”. Se assim for, afirma, “a Igreja exige para si a liberdade que reconhece aos outros. Os cidadãos ficam a ganhar com isso”.

“É absurdo pensar que a Igreja apenas se ocupa de religião. Qualquer que seja o seu Deus ou a sua concepção da vida eterna, é sempre na Terra, em sociedade, na República, na cidade, que os homens vivem as suas vidas. É na cidade que as Igrejas vivem ao lado dos homens”, sendo um erro pensar que a Igreja se limita aos sacerdotes ou à hierarquia. “A Igreja é composta por todos os crentes, os fiéis, a congregação ou a comunidade”.

António Barreto aponta ainda que nos tempos actuais “faltam palavras de contenção e serenidade”.

“A doutrina cristã e a sua tradição moral estão bem colocados para contribuir. Numa altura em que a ganância, a desumanidade, a exploração da boa fé de outros e a venalidade se transformaram quase em valores universais, precisamos de vozes serenas e de contenção, de correcção moral de paixões destruidoras do respeito de uns pelos outros”.


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Nacional | Agência Ecclesia| 27/03/2009 | 12:02 | 3323 Caracteres

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