quinta-feira, março 13, 2014

Na morte do Senhor D. José Policarpo, Patriarca Emérito de Lisboa




Nunca conheci pessoalmente o Senhor D. António Ribeiro, o primeiro Patriarca de Lisboa da minha vida, (no sentido de que de cuja existência me dei conta...). Com ele só recordo ter vivido duas coisas: uma que já aqui contei no Blog (num post na morte do Senhor D. António Reis Rodrigues) e outra que muito me impressionou e que foi ter visto o senhor ás portas de Roma (nas últimas portagens) a receber as dezenas e dezenas de camionetes que transportavam os peregrinos (que em 1983 fomos agradecer ao Papa João Paulo II a sua primeira visita a Portugal) numa espera que lhe custou uma boa quantidade de horas entre a primeira que chegou e a última. Foi para mim um exemplo impressionante do que era um Pastor.

Com o Senhor D. José a primeira recordação que tenho foi o anúncio de que havia sido nomeado Arcebispo-coadjutor do Senhor D. António Ribeiro (o que queria dizer lhe sucederia). A notícia chegou-me pelo Padre que mais estimo e impressionou-me o brilho e entusiasmo do seu olhar quando nos contou, estávamos, um grupo de amigos, reunidos na sua Paróquia a fazer Escola de Comunidade.

E depois veio o primeiro encontro pessoal com ele. Ainda o Patriarcado era no Campo Santana. Fins de 1997. O assunto era o aborto. Daí em diante, quando nos encontrámos o assunto foi sempre a nossa intervenção de católicos na cidade . Contávamos o que andávamos a fazer, respondíamos ás suas perguntas e escutávamos o seu juízo. Escrevo no plural porque creio rara vez terá sido a que não estive acompanhado nesses encontros por outros com quem partilho a condução dos movimentos cívicos pela Vida e pela Família e a intervenção na política.

Que recordações guardo? A primeira e mais forte a de um Homem de Deus e um Pastor consciente da sua missão. Muito inteligente e com uma grande preocupação cultural. Com um sentido do relativismo da época histórica (que aos tempos se sucedem outros tempos) e também em relação com isso um homem "de Estado" mas em relação à instituição Igreja portuguesa. Muito prático e realista (tinha presente as condicionantes operacionais e logísticas de qualquer iniciativa). Um empreendedor que sabia reconhecer os seus sucessos e insucessos. Um homem da sua época em termos de geração, amizades e preocupações. Agudo no juízo sobre as questões que nos preocupavam. De trato simples e franco nos comentários que fazia sobre situações ou pessoas.

Estou-lhe por isso muito grato. Pelo privilégio desses encontros. Pelo que nessa relação, com tudo o que uma relação implica,  aprendi sobre a Igreja. E me fez desejar a unidade com os pastores a quem Deus confia a sua Igreja, estimar a missão que lhes está confiada e também perceber que o que se nos pede, a nós fieis católicos, é uma amizade empenhada e verdadeira com os senhores, para ajudar a que seja visível no mundo o que nós encontrámos e  todo o coração humano anseia: Jesus Cristo, Redentor do Homem.

Senhor D. José: rezarei por si. Reze por nós também. Por aqueles que estamos a procurar servir o Bem Comum na cidade dos homens. Pelas nossas famílias e pelas iniciativas em que estamos empenhados. Obrigado!

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