Vencidos mas não convencidos e ainda mais determinados
Com uma velocidade impressionante a vida normal reocupou o seu espaço: 2ª de manhã, levantar “o circo” deixado na Associação Comercial de Lisboa, à tarde regresso à advocacia. 3ª de manhã tratar do visto para viagem profissional e depois escritório. 3ª à noite embarquei para o Sal e depois para Santiago (Cabo Verde) de onde regressei sexta de madrugada. Ao fim da tarde e finalmente partida com a família para uns dias no Minho!
Na minha ausência um jantar ontem com 150 pessoas envolvidas na campanha e uma denúncia de que (como prevíramos) afinal não queriam aconselhamento nenhum…alguém tinha dúvidas? Que dizem agora todas aquelas almas "bem-intencionadas"?
Um destes dias, na RTP África, apareceu a Clínica de Oiã a reconhecer que faz 600 abortos por ano. Adivinhem como votaram os que o fazem? Cá por mim estou disponível para subscrever uma participação criminal…
Mas uma palavra sobre o que se passou em 11 de Fevereiro:
Não há como negar que aconteceu uma coisa que é muito má. Não negá-lo e ir até ao fundo deste sentimento é uma responsabilidade a que não podemos escapar. Mas o surpreendente é que quem o faz experimenta uma grande paz. Uma paz que nasce da serenidade de quem deu o seu melhor (andámos 10 anos a empatá-los, queridos amigos, e vendemos cara a nossa pele!) e também de quem sabe que tudo o que acontece, não nos pertence: vitória e derrota, conquista e perda, tristeza e alegria.
Desse balanço nasce também outra responsabilidade: que me chama esta circunstância a cumprir? Quais as novas exigências que me são feitas? Do que faço, o que é que acrescenta valor e constrói? Que vou e onde fazer a partir de agora?
Uma coisa que me impressionou foi a pergunta de um jornalista, no fim da noite de 11 de Fevereiro: “como é que perderam e o ambiente aqui (na Associação Comercial de Lisboa) parecia ser de quem ganha?”. A mesma constatação repetiu-se aliás em todos os jornais do dia seguinte. Não falam apenas da nossa serenidade, mas também da nossa alegria. Na resposta que lhe dei falei só dos elementos objectivos: a paz de quem deu tudo, o facto de ter crescido o campo do Não (temos mais votos, sabemos mais do assunto, estamos mais presentes no país inteiro), a continuidade que está sempre assegurada desta movimentação, porque tem origem em pessoas e realidades, que já cá estavam antes do referendo e vão continuar. Um exemplo: só durante a campanha nasceram duas novas associações.
Um outro perguntava: sente-se humilhado? Respondi que não: estava antes honrado de me ter sido dada a possibilidade de me ter batido por aquilo em que acreditava.
Conforme os dias passam, e depois de ter acordado meio estremunhado, com a sensação de um estranho em terra estranha, vai crescendo em mim um desejo de andar para a frente que já tem contornos precisos: arrumar os dossiers da campanha (apresentar contas, guardar as bases de dados, arrumar o material), encontrar uma sede permanente maior para a Federação e rapidamente reunir “as tropas”: para estar juntos, fazer o balanço e abraçar novas tarefas.
E recordo-me do que uma vez li num livro. É a fala do Barão, um dos personagens principais, a quem estavam a propor uma iniciativa ousada e difícil: “Impossível? Alguém disse impossível? Então temos de reunir já os mapas e preparar as nossas próximas campanhas!”.
É assim que me sinto meus caros leitores. Era só o que faltava se um referendo me tirava a vontade de lutar e servir!
Nota final: é mais fácil daqui a uns anos mostrar que o aborto legal é um disparate do que agora. O pessoal é assim: só vendo…
Junto o texto do Evangelho de dia 12 de Fevereiro como foi difundido pelo “Evangelho Quotidiano”. Impressionante.
2ª feira da VI semana comumHoje a Igreja celebra : Santa Eulália de Barcelona, virgem e mártir, +304 Santo : “Porque é que esta geração exige um sinal?” Evangelho segundo S. Marcos 8,11-13.Apareceram os fariseus e começaram a discutir com Ele, pedindo-lhe um sinal do céu para o pôr à prova. Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: sinal algum será concedido a esta geração.» E, deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem. Da Bíblia Sagrada Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santo (Padre) Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho CE,57 ; Ep 3,400s (Um Pensamento)
“Porque é que esta geração exige um sinal?”
O mais belo acto de fé é o que sai dos teus lábios em plena obscuridade, no meio dos sacrifícios, dos sofrimentos, o esforço supremo de uma vontade firme em fazer o bem. Como um raio, este acto de fé dissipa as trevas da tua alma; no meio dos relâmpagos da tempestade, ela eleva-te e conduz-te a Deus.A fé viva, a certeza inquebrantável e a adesão incondicional à vontade do Senhor, eis a luz que alumia os passos do povo de Deus no deserto. É esta mesma luz que resplandece a cada instante em todo o espírito agradável ao Pai. Foi também esta luz que conduziu os magos e os fez adorar o Messias recém-nascido. É a estrela profetizada por Balaão (Nm 24,17), o archote que guia os passos de todo o homem que procura Deus.Ora esta luz, esta estrela, este archote, são igualmente o que ilumina a tua alma, o que dirige os teus passos para te impedir de vacilar, o que fortifica o teu espírito no amor de Deus. Tu não a vês, tu não a compreendes, mas isso não é necessário. Tu só verás trevas, certamente não as dos filhos da perdição, mas sim as que rodeiam o Sol eterno. Tem por certo que esse Sol resplandece na tua alma; o profeta do Senhor cantou a seu respeito: “na tua luz é que vemos a luz” (SL 36,10).
Impressionante, não é?
Foi o diário da acção política de um deputado do PSD, eleito por Braga, e agora é-o de um cidadão que desejando contribuir activamente para a organização do bem comum, procura invadir esse âmbito (da política) com aquele gosto de vida nova que caracteriza a experiência cristã. O título "POR CAUSA DELE" faz referência ao manifesto com o mesmo título, de Comunhão e Libertação, publicado em Janeiro de 2003 (e incluído no Blog).
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Notas pessoais sobre o resultado do Referendo
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Balanço de uma campanha: vale a pena dizer Não!
Vale a pena dizer Não
Debates e sessões de esclarecimento, encontros com a comunicação social e eventos de carácter científico, grandes encontros populares de encerramento no Porto e Lisboa, Évora e Braga. As grandes manifestações dos dois últimos fins-de-semana: milhares de pessoas na Fonte Luminosa, e, depois em Vila Real e Viseu, Faro, Porto e Setúbal. Apetece antecipar o balanço, tirar conclusões.
Revejo as sessões públicas em que me foi possível compreender pelo menos uma coisa: podemos paradoxalmente ser todos contra o aborto, mas há quem só o queira tornar legal. Preferimos que não haja nem legal nem clandestino. Não se percebe porque haja de ser tolerada uma realidade ilegal e branqueados os que vivem da exploração da fragilidade do outro. Dotados de inteligência e razão, somos convidados a encontrar outras soluções e não ceder ao conformismo e à resignação.
Recordámos sem cessar a humanidade do embrião ou feto a que todos, quando acontece em nossas casas, chamamos filho. Ninguém se pode sentir autorizado a dispor sobre a vida, parafraseando Lídia Jorge, “dessa coisa humana”… Quando aborta, uma mulher vê destruída não apenas essa “coisa”, mas também, com uma assustadora probabilidade, a própria vida. E, revendo o “Happy Birthday” de um rapper norte-americano (disponível no You Tube), também a vida do seu pai e de todos à roda. Mesmo que seja legal (como o é nos Estados Unidos e, em alguns estados, até aos 9 meses). Repetimos à saciedade as palavras de Clara Pinto Correia: o aborto não resolve problema nenhum e “apenas torna a vida pior do que, para alguns, ela já é”.
Procurámos explicar porque é que o juízo sobre um facto (o aborto), não é um juízo sobre a mulher que aborta. Que a lei penal não usa a qualificação do sujeito (criminoso ou criminosa) mas palavras objectivas: facto, acto, conduta, ilícito. Que a lei protege a vida do bebé e da mãe quando é a sua última defesa contra a pressão de quem a quer fazer abortar. Que a lei aponta uma estrada e a sua validade não se mede pela verificação de infracções. Que a lei que protege a vida humana, com as excepções das normas introduzidas em 1984, não é mais severa do que a que protege a propriedade informática, o ambiente ou o bom-nome de cada um. Denunciámos por isso a incoerência daqueles que não evitaram quando podiam o que qualificam como o “escândalo dos julgamentos” (nascido da forma como os usam). E que se a resposta no referendo fosse sim o “escândalo dos julgamentos” prosseguiria para toda a mulher que abortasse fora de estabelecimento oficial ou autorizado até às 10 semanas e para toda a que abortasse depois dessa aleatória data. Dúvidas houvessem e o Eng.º Sócrates se encarregou, nos últimos dias, de nos confirmar que a pergunta é sobre a liberalização…
Vimos juntarem-se a nós amigos novos. Muita gente de muitos lados. Verificámos como é possível a coexistência de perspectivas diferentes, ângulos diversos, histórias separadas, axiologias variadas. Em comum: dizer Não à liberalização.
Verificámos estupefactos como se vende uma proposta coxa como se fosse o melhor dos mundos. Limitámo-nos a testemunhar o que nos tem acontecido ver ao longo destes últimos anos: milhares de mulheres e crianças salvas. Aqui reclamámos: se umas dezenas de associações fizeram o que fizeram, o que não faria um Governo que estivesse disposto a aplicar em politicas adequadas, o que está disponível para gastar, por uma cegueira ideológica muito datada, no aborto livre e legal!
Aceitámos discutir tudo e suportámos pacientemente todos os insultos. Fomos moderados escutando as objecções de quem as quis formular. Demos as nossas razões em todo o lado e perante todas as audiências. Á nossa volta vimos crescer um povo e uma cultura da Vida. Independentemente do resultado (o beco fechado da vitória do Sim ou o caminho aberto a todas as possibilidades da vitória do Não), depois de uma mobilização cívica sem precedentes, a Vida cresceu em Portugal. Razões de sobra para dizer que valeu a pena.
António Pinheiro Torres
Mandatário dos Juntos pela Vida
Debates e sessões de esclarecimento, encontros com a comunicação social e eventos de carácter científico, grandes encontros populares de encerramento no Porto e Lisboa, Évora e Braga. As grandes manifestações dos dois últimos fins-de-semana: milhares de pessoas na Fonte Luminosa, e, depois em Vila Real e Viseu, Faro, Porto e Setúbal. Apetece antecipar o balanço, tirar conclusões.
Revejo as sessões públicas em que me foi possível compreender pelo menos uma coisa: podemos paradoxalmente ser todos contra o aborto, mas há quem só o queira tornar legal. Preferimos que não haja nem legal nem clandestino. Não se percebe porque haja de ser tolerada uma realidade ilegal e branqueados os que vivem da exploração da fragilidade do outro. Dotados de inteligência e razão, somos convidados a encontrar outras soluções e não ceder ao conformismo e à resignação.
Recordámos sem cessar a humanidade do embrião ou feto a que todos, quando acontece em nossas casas, chamamos filho. Ninguém se pode sentir autorizado a dispor sobre a vida, parafraseando Lídia Jorge, “dessa coisa humana”… Quando aborta, uma mulher vê destruída não apenas essa “coisa”, mas também, com uma assustadora probabilidade, a própria vida. E, revendo o “Happy Birthday” de um rapper norte-americano (disponível no You Tube), também a vida do seu pai e de todos à roda. Mesmo que seja legal (como o é nos Estados Unidos e, em alguns estados, até aos 9 meses). Repetimos à saciedade as palavras de Clara Pinto Correia: o aborto não resolve problema nenhum e “apenas torna a vida pior do que, para alguns, ela já é”.
Procurámos explicar porque é que o juízo sobre um facto (o aborto), não é um juízo sobre a mulher que aborta. Que a lei penal não usa a qualificação do sujeito (criminoso ou criminosa) mas palavras objectivas: facto, acto, conduta, ilícito. Que a lei protege a vida do bebé e da mãe quando é a sua última defesa contra a pressão de quem a quer fazer abortar. Que a lei aponta uma estrada e a sua validade não se mede pela verificação de infracções. Que a lei que protege a vida humana, com as excepções das normas introduzidas em 1984, não é mais severa do que a que protege a propriedade informática, o ambiente ou o bom-nome de cada um. Denunciámos por isso a incoerência daqueles que não evitaram quando podiam o que qualificam como o “escândalo dos julgamentos” (nascido da forma como os usam). E que se a resposta no referendo fosse sim o “escândalo dos julgamentos” prosseguiria para toda a mulher que abortasse fora de estabelecimento oficial ou autorizado até às 10 semanas e para toda a que abortasse depois dessa aleatória data. Dúvidas houvessem e o Eng.º Sócrates se encarregou, nos últimos dias, de nos confirmar que a pergunta é sobre a liberalização…
Vimos juntarem-se a nós amigos novos. Muita gente de muitos lados. Verificámos como é possível a coexistência de perspectivas diferentes, ângulos diversos, histórias separadas, axiologias variadas. Em comum: dizer Não à liberalização.
Verificámos estupefactos como se vende uma proposta coxa como se fosse o melhor dos mundos. Limitámo-nos a testemunhar o que nos tem acontecido ver ao longo destes últimos anos: milhares de mulheres e crianças salvas. Aqui reclamámos: se umas dezenas de associações fizeram o que fizeram, o que não faria um Governo que estivesse disposto a aplicar em politicas adequadas, o que está disponível para gastar, por uma cegueira ideológica muito datada, no aborto livre e legal!
Aceitámos discutir tudo e suportámos pacientemente todos os insultos. Fomos moderados escutando as objecções de quem as quis formular. Demos as nossas razões em todo o lado e perante todas as audiências. Á nossa volta vimos crescer um povo e uma cultura da Vida. Independentemente do resultado (o beco fechado da vitória do Sim ou o caminho aberto a todas as possibilidades da vitória do Não), depois de uma mobilização cívica sem precedentes, a Vida cresceu em Portugal. Razões de sobra para dizer que valeu a pena.
António Pinheiro Torres
Mandatário dos Juntos pela Vida
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
De como se ameaça o povo se ele não votar "bem"...
Assisto incrédulo a como o Primeiro-Ministro e os partidários do Sim se permitem ameaçar o povo se ele não votar "bem"...
1. Se o povo não ocorrer ao referendo (uma das poucas hipóteses que têm de expressão política fora do sistema dos partidos), não há mais referendos para ninguém...! Isto é: quem muito legitimamente desejar abster-se porque não quer mudar a lei actual, mas não se sente confortável a votar Não, fica a saber: o Eng. Sócrates tira-lhe (a ele e a nós todos) o referendo! "Bem feita que devias votar Sim"...
2. Se o povo votar Não também fica a saber que o Eng. Sócrates quer tudo ou nada: aborto livre ou nada. Isto é: afinal o que o Sim quer, não é o fim dos julgamentos e da ameaça da prisão (a que a proposta ontem dos independentes do Não, acolhida pelo PSD e pelo PP, já dá resposta). O que quer mesmo é o aborto livre. Se o povo não lhes dá? Afinal dizem: "estamos nas tintas para os julgamentos e a ameaça da prisão".
É bonito de se ver este apego à democracia. Que só serve se coincidir com a vontade deles, está visto...!
1. Se o povo não ocorrer ao referendo (uma das poucas hipóteses que têm de expressão política fora do sistema dos partidos), não há mais referendos para ninguém...! Isto é: quem muito legitimamente desejar abster-se porque não quer mudar a lei actual, mas não se sente confortável a votar Não, fica a saber: o Eng. Sócrates tira-lhe (a ele e a nós todos) o referendo! "Bem feita que devias votar Sim"...
2. Se o povo votar Não também fica a saber que o Eng. Sócrates quer tudo ou nada: aborto livre ou nada. Isto é: afinal o que o Sim quer, não é o fim dos julgamentos e da ameaça da prisão (a que a proposta ontem dos independentes do Não, acolhida pelo PSD e pelo PP, já dá resposta). O que quer mesmo é o aborto livre. Se o povo não lhes dá? Afinal dizem: "estamos nas tintas para os julgamentos e a ameaça da prisão".
É bonito de se ver este apego à democracia. Que só serve se coincidir com a vontade deles, está visto...!
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Às vezes o coração não bate nunca...
A afirmação espantosa e contra toda a evidência de Mário de Sousa no Público de hoje de que "às dez semanas não bate um coração", só tem uma explicação: passou-se de vez (veja-se algumas das coisas espantosas que este costuma afirmar em diversas secções do www.referendo-pma.org ) ou então falava de coração no sentido de Giussani: como aquele complexo de anseios profundos de cada homem (beleza, felicidade, paz, bondade, etc.) e nesse caso reconhecia que às vezes, parece, este não bate nunca...!?
Será o caso? ;-)
Será o caso? ;-)
Da vantagem do aborto não ser liberalizado e da vergonha do clandestino
Os meus apontamentos de campanha estão completamente anárquicos, mas é o preço que paga quem está no centro da campanha (não se chega a "gozá-la" e tem-se pouco tempo para escrever), mas de vez em quando lá vai um copy paste, como este de um mail de uma amiga:
Num estudo realizado nos EUA, 72% das mulheres interrogadas afirmaram
categoricamente que se o aborto fosse ilegal nunca o teriam feito; 24%
exprimiram dúvidas sobre se o teriam feito ou não; Somente 4% das
interrogadas afirmaram que teriam feito o aborto ainda que ele fosse ilegal.
(Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University
Press, 1987)".
Já agora, um comentário adicional: o aborto clandestino, na dimensão que se diz ter em Portugal, só é possível porque o Governo não se empenha decididamente contra ele. Não havia necessidade (como dizia o outro) de ser tão acessível e, nessa medida, quem o tolera, divulga e, desta maneira, o promove, é objectivamente responsável (ainda que subjectivamente não o deseje) pelas histórias dramáticas que as páginas de campanha do Sim (no "Diário de Notícias") vem contando. Como também, acrescente-se, da difusão de todas as formas quimicas de o praticar.
Por último: nunca vi campanha de publicidade tão barata como a da clínica dos Arcos. O que aquela mulher se deve rir, à custa do provincianismo de quem a erigiu em "opinion maker"...!
Num estudo realizado nos EUA, 72% das mulheres interrogadas afirmaram
categoricamente que se o aborto fosse ilegal nunca o teriam feito; 24%
exprimiram dúvidas sobre se o teriam feito ou não; Somente 4% das
interrogadas afirmaram que teriam feito o aborto ainda que ele fosse ilegal.
(Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University
Press, 1987)".
Já agora, um comentário adicional: o aborto clandestino, na dimensão que se diz ter em Portugal, só é possível porque o Governo não se empenha decididamente contra ele. Não havia necessidade (como dizia o outro) de ser tão acessível e, nessa medida, quem o tolera, divulga e, desta maneira, o promove, é objectivamente responsável (ainda que subjectivamente não o deseje) pelas histórias dramáticas que as páginas de campanha do Sim (no "Diário de Notícias") vem contando. Como também, acrescente-se, da difusão de todas as formas quimicas de o praticar.
Por último: nunca vi campanha de publicidade tão barata como a da clínica dos Arcos. O que aquela mulher se deve rir, à custa do provincianismo de quem a erigiu em "opinion maker"...!
Crianças maltratadas e aborto (na Rússia)
Um dos "argumentos" dos abortistas é que as desgraças que acontecem infelizmente com tantas crianças, não teriam lugar com o aborto livre até às 10 semanas (isto é, se as suas vidas fossem suprimidas, não viriam a sofrer o que sofrem...!).
este artigo de hoje no Correio da Manhã, referente à Rússia (um país onde os abortos pela primeira vez na história dos países com aborto livre SUPLANTARAM o número de nascimentos, já colo aqui essa notícia!) vem demonstrar que os maus tratos infantis não se evitam com o aborto livre. leiam só:
2007-02-02 - 00:00:00Rússia - Hospital investigadoBebés amordaçados por causa do choroÉ um caso que está a chocar a Rússia. A Procuradoria russa está a investigar acusações segundo as quais o pessoal de um hospital da localidade de Yekaterinburg amordaçava bebés. O motivo era simples: evitar ouvir as crianças a chorar.
d.r.O ‘crime’ dos bebés foi chorar
De acordo com a BBC, o caso só veio a público depois de um paciente ter escutado os choros ‘atenuados’ dos bebés, todos eles órfãos. A testemunha ocular recorreu ao seu telemóvel e gravou tudo, sendo visível nas imagens uma série de bebés, em fila, com as bocas tapadas, ao que parece com fita adesiva. Refira-se que o paciente chegou a aproximar--se de uma enfermeira para lhe pedir explicações, sendo que esta o aconselhou a meter-se na sua vida. No entanto, o paciente conseguiu comprovar, posteriormente, que as fitas haviam sido retiradas das bocas das crianças. A referida funcionária já não trabalha no hospital, tendo sido já aberta uma investigação criminal. A unidade hospitalar alega que os bebés foram silenciados da referida forma por dispor de muito pouco pessoal para cuidar das crianças. Saliente-se que este caso está a merecer uma ampla cobertura por parte dos meios de Comunicação Social russos e internacionais.MILHÕES DE CRIANÇAS NA RUAO caso envolvendo estes bebés sem pais ocorre numa altura em que é cada vez mais preocupante o drama dos chamados ‘órfãos sociais’ existentes na Rússia. Apesar de ninguém saber ao certo o seu número, são em elevado número os que vivem nas ruas, longe dos pais, alcoólicos, a cumprirem penas de prisão ou sem condições económicas. Segundo números oficiais, há entre 100 mil e cinco milhões de crianças abandonadas na Rússia.
Paulo Madeira com agências
este artigo de hoje no Correio da Manhã, referente à Rússia (um país onde os abortos pela primeira vez na história dos países com aborto livre SUPLANTARAM o número de nascimentos, já colo aqui essa notícia!) vem demonstrar que os maus tratos infantis não se evitam com o aborto livre. leiam só:
2007-02-02 - 00:00:00Rússia - Hospital investigadoBebés amordaçados por causa do choroÉ um caso que está a chocar a Rússia. A Procuradoria russa está a investigar acusações segundo as quais o pessoal de um hospital da localidade de Yekaterinburg amordaçava bebés. O motivo era simples: evitar ouvir as crianças a chorar.
d.r.O ‘crime’ dos bebés foi chorar
De acordo com a BBC, o caso só veio a público depois de um paciente ter escutado os choros ‘atenuados’ dos bebés, todos eles órfãos. A testemunha ocular recorreu ao seu telemóvel e gravou tudo, sendo visível nas imagens uma série de bebés, em fila, com as bocas tapadas, ao que parece com fita adesiva. Refira-se que o paciente chegou a aproximar--se de uma enfermeira para lhe pedir explicações, sendo que esta o aconselhou a meter-se na sua vida. No entanto, o paciente conseguiu comprovar, posteriormente, que as fitas haviam sido retiradas das bocas das crianças. A referida funcionária já não trabalha no hospital, tendo sido já aberta uma investigação criminal. A unidade hospitalar alega que os bebés foram silenciados da referida forma por dispor de muito pouco pessoal para cuidar das crianças. Saliente-se que este caso está a merecer uma ampla cobertura por parte dos meios de Comunicação Social russos e internacionais.MILHÕES DE CRIANÇAS NA RUAO caso envolvendo estes bebés sem pais ocorre numa altura em que é cada vez mais preocupante o drama dos chamados ‘órfãos sociais’ existentes na Rússia. Apesar de ninguém saber ao certo o seu número, são em elevado número os que vivem nas ruas, longe dos pais, alcoólicos, a cumprirem penas de prisão ou sem condições económicas. Segundo números oficiais, há entre 100 mil e cinco milhões de crianças abandonadas na Rússia.
Paulo Madeira com agências
Justiça Popular: um artigo de Paulo Geraldo
Justiça popular
Nos casos em que crianças pequenas foram maltratadas e assassinadas, foi muito difícil impedir que multidões iradas exercessem a chamada "justiça popular" sobre os presumíveis culpados, frequentemente familiares, e conseguir que fossem julgados pelas autoridades. Ainda bem que se conseguiu impedi-lo, porque também uma pessoa carregada de culpas é uma vida, e tem sucedido muitas vezes que os anos passados na prisão purificam essas vidas e as nobilitam.
Mas essa reacção popular, instintiva e pouco pensada, mostra bem como trazemos dentro de nós uma aversão natural a actos desse género.
Sempre que uma pessoa adulta faz consciente e voluntariamente um mal a uma criança, manifesta que não é senão lixo humano. Independentemente de esse adulto ser homem ou mulher, rico ou pobre, famoso ou desconhecido, poderoso ou não. Independentemente do que diga qualquer lei que os homens façam.
A gravidade de um mal que se faça será maior sempre que a vítima for mais inocente e mais indefesa. E matar é o pior de todos os males, porque ao tirar a vida a alguém se lhe tira, com ela, todos os outros bens.
O início da vida humana é uma questão pacífica. Na comunidade científica não existe nenhuma polémica sobre este assunto. A vida começa no momento da concepção, conforme se aprende em todos os livros de medicina de todas as universidades do mundo. Qualquer mulher grávida sabe que tem dentro de si o seu filho, que é habitada pela presença de um outro ser. Nenhum saber humano, da biologia à filosofia, passando pela experiência, chega a uma conclusão diferente.
O aborto é bastante mais grave do que o que se fez nesses casos infelizes que referi no início. O feto nem sequer pode gritar ou tentar fugir. É mais indefeso. E é mais inocente: não teve nem mesmo tempo para dizer uma pequena mentira, para partir um copo, para uma birra, para tentar escapar-se a lavar os dentes antes de dormir.
É bom que nos sintamos tocados pelo sofrimento de outras pessoas. Pelo das mulheres que têm dentro de si um filho que não desejam, evidentemente. Tal como pelo dos que estão doentes, dos que perderam um filho, dos que não podem ter filhos, dos que perderam a mãe, dos que não vêem, dos que não andam, dos que não se mexem...
Mas não é admissível permitir que os sofrimentos de alguém, ou outros interesses seus, se resolvam com a morte de uma pessoa inocente. A civilização cresceu sobre o fundamento de que isso não deve nunca ser feito. Só assim os homens se juntaram e fizeram aldeias e cidades e países. Só assim se associaram a outros homens em vez de se juntarem a lobos.
A humanidade uniu-se para se libertar de Hitler. E condenou o seu pensamento de suprimir os seres humanos "inconvenientes", que incluía o aborto. E declarou solenemente: "A criança, dada a sua imaturidade física e mental, precisa de protecção e cuidados especiais, incluindo protecção legal apropriada, tanto antes como depois do nascimento". (Declaração dos Direitos da Criança - aprovada em Assembleia Geral da ONU em 20.11.1959, sublinhado meu).
Agora sabemos que Hitler não morreu: que procura dominar, desta vez sem espingardas, as leis e as mentalidades; que se infiltra nos lugares de onde se pode governar e influenciar os homens.
Há uma coisa em que nunca se deve tocar: a vida do inocente. Os problemas devem resolver-se sem tocar no intocável, para que a civilização continue.
Certamente, assim dará mais trabalho; mas para isso temos a inteligência e a capacidade de amar. Possuímos capacidades maravilhosas: somos capazes de minorar sofrimentos, de fazer nascer sorrisos, de tornar becos sem saída em alamedas floridas. Basta que não nos contentemos com andar pelo mundo olhando apenas para nós mesmos, dirigindo todos os nossos gestos para o nosso umbigo.
(Paulo Geraldo)
Nos casos em que crianças pequenas foram maltratadas e assassinadas, foi muito difícil impedir que multidões iradas exercessem a chamada "justiça popular" sobre os presumíveis culpados, frequentemente familiares, e conseguir que fossem julgados pelas autoridades. Ainda bem que se conseguiu impedi-lo, porque também uma pessoa carregada de culpas é uma vida, e tem sucedido muitas vezes que os anos passados na prisão purificam essas vidas e as nobilitam.
Mas essa reacção popular, instintiva e pouco pensada, mostra bem como trazemos dentro de nós uma aversão natural a actos desse género.
Sempre que uma pessoa adulta faz consciente e voluntariamente um mal a uma criança, manifesta que não é senão lixo humano. Independentemente de esse adulto ser homem ou mulher, rico ou pobre, famoso ou desconhecido, poderoso ou não. Independentemente do que diga qualquer lei que os homens façam.
A gravidade de um mal que se faça será maior sempre que a vítima for mais inocente e mais indefesa. E matar é o pior de todos os males, porque ao tirar a vida a alguém se lhe tira, com ela, todos os outros bens.
O início da vida humana é uma questão pacífica. Na comunidade científica não existe nenhuma polémica sobre este assunto. A vida começa no momento da concepção, conforme se aprende em todos os livros de medicina de todas as universidades do mundo. Qualquer mulher grávida sabe que tem dentro de si o seu filho, que é habitada pela presença de um outro ser. Nenhum saber humano, da biologia à filosofia, passando pela experiência, chega a uma conclusão diferente.
O aborto é bastante mais grave do que o que se fez nesses casos infelizes que referi no início. O feto nem sequer pode gritar ou tentar fugir. É mais indefeso. E é mais inocente: não teve nem mesmo tempo para dizer uma pequena mentira, para partir um copo, para uma birra, para tentar escapar-se a lavar os dentes antes de dormir.
É bom que nos sintamos tocados pelo sofrimento de outras pessoas. Pelo das mulheres que têm dentro de si um filho que não desejam, evidentemente. Tal como pelo dos que estão doentes, dos que perderam um filho, dos que não podem ter filhos, dos que perderam a mãe, dos que não vêem, dos que não andam, dos que não se mexem...
Mas não é admissível permitir que os sofrimentos de alguém, ou outros interesses seus, se resolvam com a morte de uma pessoa inocente. A civilização cresceu sobre o fundamento de que isso não deve nunca ser feito. Só assim os homens se juntaram e fizeram aldeias e cidades e países. Só assim se associaram a outros homens em vez de se juntarem a lobos.
A humanidade uniu-se para se libertar de Hitler. E condenou o seu pensamento de suprimir os seres humanos "inconvenientes", que incluía o aborto. E declarou solenemente: "A criança, dada a sua imaturidade física e mental, precisa de protecção e cuidados especiais, incluindo protecção legal apropriada, tanto antes como depois do nascimento". (Declaração dos Direitos da Criança - aprovada em Assembleia Geral da ONU em 20.11.1959, sublinhado meu).
Agora sabemos que Hitler não morreu: que procura dominar, desta vez sem espingardas, as leis e as mentalidades; que se infiltra nos lugares de onde se pode governar e influenciar os homens.
Há uma coisa em que nunca se deve tocar: a vida do inocente. Os problemas devem resolver-se sem tocar no intocável, para que a civilização continue.
Certamente, assim dará mais trabalho; mas para isso temos a inteligência e a capacidade de amar. Possuímos capacidades maravilhosas: somos capazes de minorar sofrimentos, de fazer nascer sorrisos, de tornar becos sem saída em alamedas floridas. Basta que não nos contentemos com andar pelo mundo olhando apenas para nós mesmos, dirigindo todos os nossos gestos para o nosso umbigo.
(Paulo Geraldo)
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