Vencidos mas não convencidos e ainda mais determinados
Com uma velocidade impressionante a vida normal reocupou o seu espaço: 2ª de manhã, levantar “o circo” deixado na Associação Comercial de Lisboa, à tarde regresso à advocacia. 3ª de manhã tratar do visto para viagem profissional e depois escritório. 3ª à noite embarquei para o Sal e depois para Santiago (Cabo Verde) de onde regressei sexta de madrugada. Ao fim da tarde e finalmente partida com a família para uns dias no Minho!
Na minha ausência um jantar ontem com 150 pessoas envolvidas na campanha e uma denúncia de que (como prevíramos) afinal não queriam aconselhamento nenhum…alguém tinha dúvidas? Que dizem agora todas aquelas almas "bem-intencionadas"?
Um destes dias, na RTP África, apareceu a Clínica de Oiã a reconhecer que faz 600 abortos por ano. Adivinhem como votaram os que o fazem? Cá por mim estou disponível para subscrever uma participação criminal…
Mas uma palavra sobre o que se passou em 11 de Fevereiro:
Não há como negar que aconteceu uma coisa que é muito má. Não negá-lo e ir até ao fundo deste sentimento é uma responsabilidade a que não podemos escapar. Mas o surpreendente é que quem o faz experimenta uma grande paz. Uma paz que nasce da serenidade de quem deu o seu melhor (andámos 10 anos a empatá-los, queridos amigos, e vendemos cara a nossa pele!) e também de quem sabe que tudo o que acontece, não nos pertence: vitória e derrota, conquista e perda, tristeza e alegria.
Desse balanço nasce também outra responsabilidade: que me chama esta circunstância a cumprir? Quais as novas exigências que me são feitas? Do que faço, o que é que acrescenta valor e constrói? Que vou e onde fazer a partir de agora?
Uma coisa que me impressionou foi a pergunta de um jornalista, no fim da noite de 11 de Fevereiro: “como é que perderam e o ambiente aqui (na Associação Comercial de Lisboa) parecia ser de quem ganha?”. A mesma constatação repetiu-se aliás em todos os jornais do dia seguinte. Não falam apenas da nossa serenidade, mas também da nossa alegria. Na resposta que lhe dei falei só dos elementos objectivos: a paz de quem deu tudo, o facto de ter crescido o campo do Não (temos mais votos, sabemos mais do assunto, estamos mais presentes no país inteiro), a continuidade que está sempre assegurada desta movimentação, porque tem origem em pessoas e realidades, que já cá estavam antes do referendo e vão continuar. Um exemplo: só durante a campanha nasceram duas novas associações.
Um outro perguntava: sente-se humilhado? Respondi que não: estava antes honrado de me ter sido dada a possibilidade de me ter batido por aquilo em que acreditava.
Conforme os dias passam, e depois de ter acordado meio estremunhado, com a sensação de um estranho em terra estranha, vai crescendo em mim um desejo de andar para a frente que já tem contornos precisos: arrumar os dossiers da campanha (apresentar contas, guardar as bases de dados, arrumar o material), encontrar uma sede permanente maior para a Federação e rapidamente reunir “as tropas”: para estar juntos, fazer o balanço e abraçar novas tarefas.
E recordo-me do que uma vez li num livro. É a fala do Barão, um dos personagens principais, a quem estavam a propor uma iniciativa ousada e difícil: “Impossível? Alguém disse impossível? Então temos de reunir já os mapas e preparar as nossas próximas campanhas!”.
É assim que me sinto meus caros leitores. Era só o que faltava se um referendo me tirava a vontade de lutar e servir!
Nota final: é mais fácil daqui a uns anos mostrar que o aborto legal é um disparate do que agora. O pessoal é assim: só vendo…
Junto o texto do Evangelho de dia 12 de Fevereiro como foi difundido pelo “Evangelho Quotidiano”. Impressionante.
2ª feira da VI semana comumHoje a Igreja celebra : Santa Eulália de Barcelona, virgem e mártir, +304 Santo : “Porque é que esta geração exige um sinal?” Evangelho segundo S. Marcos 8,11-13.Apareceram os fariseus e começaram a discutir com Ele, pedindo-lhe um sinal do céu para o pôr à prova. Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: sinal algum será concedido a esta geração.» E, deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem. Da Bíblia Sagrada Comentário ao Evangelho do dia feito por : Santo (Padre) Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho CE,57 ; Ep 3,400s (Um Pensamento)
“Porque é que esta geração exige um sinal?”
O mais belo acto de fé é o que sai dos teus lábios em plena obscuridade, no meio dos sacrifícios, dos sofrimentos, o esforço supremo de uma vontade firme em fazer o bem. Como um raio, este acto de fé dissipa as trevas da tua alma; no meio dos relâmpagos da tempestade, ela eleva-te e conduz-te a Deus.A fé viva, a certeza inquebrantável e a adesão incondicional à vontade do Senhor, eis a luz que alumia os passos do povo de Deus no deserto. É esta mesma luz que resplandece a cada instante em todo o espírito agradável ao Pai. Foi também esta luz que conduziu os magos e os fez adorar o Messias recém-nascido. É a estrela profetizada por Balaão (Nm 24,17), o archote que guia os passos de todo o homem que procura Deus.Ora esta luz, esta estrela, este archote, são igualmente o que ilumina a tua alma, o que dirige os teus passos para te impedir de vacilar, o que fortifica o teu espírito no amor de Deus. Tu não a vês, tu não a compreendes, mas isso não é necessário. Tu só verás trevas, certamente não as dos filhos da perdição, mas sim as que rodeiam o Sol eterno. Tem por certo que esse Sol resplandece na tua alma; o profeta do Senhor cantou a seu respeito: “na tua luz é que vemos a luz” (SL 36,10).
Impressionante, não é?
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