segunda-feira, setembro 24, 2012

O recuo na TSU: o povo tem poder!



Independentemente de eu apoiar o Governo e confiar em Passos Coelho foi com agrado que assisti a este recuo na questão da TSU, sobretudo na parte em que os trabalhadores por conta de outrem (público ou privado) iam sofrer no salário um corte directo de 7%. Estou convencido um corte de proporções semelhantes vai existir na mesma (alteração de escalões do IRS, retirada de um dos 14 salários, aumento de outros impostos, etc.) porque a dívida está aí e a Troika (sem cujo dinheiro já tinhamos ido pela pia abaixo, é devido recordá-lo a todo o instante) também. Mas assim passará melhor (esse e outros esforços que ainda teremos de fazer) e ainda bem que assim é.

Mas o meu contentamento com esse recuo não tem nada, para efeitos deste post, a ver com as opções acima assumidas nem pelas razões elencadas, mas sim com o facto de ter sido uma demonstração em acto de que o povo tem muita força, as pessoas podem desde que se mobilizem, mudar o estado de coisas, e provaram-no no sentido de demonstração, mas também de experimentar. E isso, esse sobressalto cívico e a experiência do poder que lhe pode estar associado, ensinaram todos, e em especial os políticos que muito necessitados estavam desta demonstração, sobre esse poder que todos temos e que parecia tão dificil de exercer.

Tenho passado toda a minha vida política (16 anos desde 1996 a dirigir movimentos cívicos e em conjugação com estes e nestes incluídos, três anos no parlamento e mais três na Assembleia Municipal de Lisboa) a dizer isso sempre que sou convidado a falar sobre política e/ou a minha experiência pessoal. Que as pessoas têm poder e podem exercê-lo. Que vale a pena implicar-nos na política e "terçar armas" pelos nossos ideais. Que a História são os Homens que a fazem. E que isso é entusiasmante, empenhativo e, até, divertido. Por isso estou tão contente com este recuo na TSU. Sem as grandes movimentações populares que o precederam, o recuo não tinha ocorrido. Agora as pessoas puderam verificar que, como num slogan maoísta do tempo do PREC, "vale a pena lutar, vale a pena vencer!"...;-)

Nota: ilustra este post a fotografia da Caminhada pela Vida de Fevereiro de 2007. Milhares de pessoas percorreram as ruas entre a Maternidade Alfredo da Costa e a Alameda D. Afonso Henriques em defesa do Não no referendo do aborto que então se aproximava. Já o tinham feito em 1998 e repetiram-no este ano também em Fevereiro. Encheram os Restauradores. Como a comunicação social o ocultou, praticamente ninguém soube disso. Mas é a partir dessas e outras mobilizações que, seguindo o exemplo acima, esses movimentos e essas pessoas serão capazes de atingir objectivos políticos tão dificieis como também o era o recuo do Governo na TSU.

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