segunda-feira, janeiro 08, 2007

Convenção do Não: contentamento e um presente

Passei hoje o dia caído para o lado...na ressaca da Convenção Nacional dos Grupos do Não...
Foi um momento emocionante de encontro, de constatação de que partimos para esta campanha com uma rede operacional que cobre o país inteiro e que a vitória no dia 11 de Fevereiro só depende do trabalho de esclarecimento que estamos dispostos a realizar.
Mas uma passagem pelo correio electrónico, antes de me deitar, impunha-se e encontro este poema que me foi enviado por uma amiga do Diz que Não. Deixo-o pelo que representa como gesto de amizade e por aquilo que diz: assim somos nós com este País!

«Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar. »

Sophia Mello Breyner

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