quinta-feira, maio 22, 2008

Cónego Melo: a minha homenagem e a nossa saudade!

Com muita pena não consegui participar em nenhum dos ofícios fúnebres pelo Cónego Melo e também ainda não lhe tinha feito aqui referência (a ele ou à sua morte). O artigo que reproduzo abaixo do João Mendia diz melhor do que eu sou capaz da grandeza da vida e santidade de uma enorme figura da Igreja de Braga e portuguesa. Ter-me-ei encontrado com ele não mais de meia dúzia de vezes e falámos por telefone outras tantas sobretudo quando fui deputado por Braga. Guardo dele a imagem de um gigante. Uma pessoa muito prática e direita ao assunto, mas também muito aberta e de espírito largo. Impressionou-me particularmente a sensibilidade política porque e posta ao serviço do povo que à Igreja está confiado. Um pormenor pitoresco: o nosso último encontro foi já noite longa, debaixo de uns arcos, em plena cidade de Braga, junto do Governo Civil, uma breve troca de papeis e poucas impressões. Foi um encontro como ele era: discreto, eficaz, conciso, com noção de que tudo servia um Bem maior.
Um grande abraço Senhor Cónego Melo e aí do Céu vele por nós católicos na política, uma terra de perigos e adversidades, onde procuraremos honrar a sua tradição de coragem e ousadia! E agora mergulhado na bondade divina reze por aqueles desgraçados daqueles deputados que não foram capazes na AR de respeitar um Voto de homenagem na sua morte ou o minuto de silêncio que se lhe seguiu...quando (e eu fui testemunha disso na 9ª legislatura) esses mesmos desgraçados subscreveram todos os Votos por todos os "bichos-careta" e sabe Deus a desgraça que alguns deles foram na própria vida...!
O artigo a que faço referência acima é este:

Cónego Melo no esplendor da luz
João de Mendia

Expresso, 080517
(Conde de Resende e lugar-tenente em Portugal da Ordem de Cavalaria de Santo Sepulcro salienta o papel de Eduardo Melo Peixoto durante o PREC)

Morreu um homem bom. Morreu um homem caridoso. Morreu um homem independente. Morreu um homem de fé. Morreu um patriota. Morreu o senhor ‘cónego Melo’, monsenhor Eduardo Melo Peixoto.
Quem não tiver Cristo no coração, como dizia o filósofo, é inevitavelmente pertença de outros homens. O cónego Melo teve, e terá sempre, Cristo no coração. E se isso se passava por força das velhinhas e fortes tradições da sua Braga natal, fortificou-se pela vida fora pela inteligência, pela investigação e pela inestimável vocação de servir a Igreja, e através dela todos nós.
As suas fortes e firmes convicções foram dos principais alentos para aqueles que viam na condução da vida pública, nos tempos do PREC, o advento de um perigoso fim anunciado, quando eram poucas as hipóteses de grande resistência, resistia ele, e muito bem, por todos nós. A pessoa deste homem caridoso e justo, motivador e transmissor de confiança, foi uma das principais razões de se resistir e de se não desistir de ter razão. Que quase todos tínhamos, mas que poucos a defendiam. O senhor cónego Melo foi, assim, um dos patriotas a quem a história vai ficar a dever que o descalabro se não tenha verificado.
É óbvio que não era inocente a circunstância deste homem ter tirado partido da feliz realidade de fazer parte da hierarquia da Igreja, pela simples razão de que é exactamente sob a protecção dessa mesma Igreja de Roma que todos nos colocamos quando nos atacam. E a defesa que sentimos vinda do sr. cónego Melo não foi senão, igualmente, o renovar e o reviver da convicção segundo a qual a tenebrosa ditadura comunista que se instalava em Portugal nos primeiros anos do PREC iria ter tempos difíceis. ‘Milagre’ que todos esperávamos, mas que poucos colaboraram para que ele acontecesse.
Dadas a coragem e a inteligência deste cavaleiro da Ordem do Santo Sepulcro e Deão da Sé Primacial de Braga, o combate ao comunismo instalado em Lisboa era por ele feito de forma eficiente e, sobretudo, onde lhes doía. Razão pela qual acabaram por se desenfrear os ataques sem qualquer limite tanto à instituição da Igreja como à pessoa do monsenhor. Mente-se, deturpa-se, altera-se, inventam-se as situações mais graves e insultuosas usando para isso as armas a que os comunismos e outras coribecas nos habituaram de há muito. Mas a serenidade daquela rocha portuguesa tudo tolera e absolve, não perdendo nunca de vista o sacerdote que nunca deixou de ser. É que, à semelhança de outro, ele tinha razão.
Faz falta, o senhor cónego Melo. Muita falta. E vai fazer ainda mais falta para combater não os velhos inimigos contra quem ele nos ensinou a lutar mas os novos. Aqueles que nos enfraquecem a única arma com que o cónego Melo os venceu em toda a linha: as convicções.

Sem comentários: