quinta-feira, setembro 12, 2013

Mais uma vez da desnecessidade do uso de células embrionárias humanas

A notícia do Público de hoje, que reproduzo aqui em baixo vem uma vez mais confirmar que a via da utilização das chamadas células adultas é um caminho mais promissor do que aquele da utilização de células embrionárias, para o fim da reprogramação de células estaminais, pluripotentes. Quanto tempo a cegueira ideológica vai imperar sobre a evidência científica é a grande questão. Daí também a importância de iniciativas como a da Petição Europeia Um de Nós para impor aos órgãos decisores da União Europeia o respeito pelo embrião humano e o fim das experiências científicas que implicam a destruição de seres humanos na sua fase embrionária...

Senão, vejam:

Cientistas reprogramam pela primeira vez células estaminais em ratinhos



Técnica poderá servir para a regeneração de tecidos.
A investigação das células estaminais pluripotentes induzidas acaba de dar mais um passo. Uma equipa de cientistas reprogramou células adultas que se tornaram pluripotentes, ou seja, com a capacidade de gerar todo o tipo de células do corpo. Mas, em vez de conduzir esta reprogramação in vitro, como é costume, fê-lo pela primeira vez directamente nos ratinhos. O conjunto de experiências foi ontem publicado num artigo da revista Nature. A longo prazo, a equipa espera que esta novidade permita o desenvolvimento de um método eficaz para a utilização de células estaminais pluripotentes induzidas na regeneração de tecidos ou no tratamento de doenças.
O ponto de partida desta experiência situa-se em 2006, quando Shinya Yamanaka conseguiu produzir pela primeira vez células estaminais pluripotentes induzidas. Para isso, o cientista retirou fibroblastos de um ratinho e colocou-os numa cultura in vitro. De seguida, introduziu quatro genes nas células. Quando estes genes foram activados, começou a tocar uma nova canção no piano genético das células. Esta canção obrigou-as a tornarem-se cada vez menos especializadas na sua forma e função e a transformarem-se assim em células estaminais pluripotentes.
No fundo, os fibroblastos foram reprogramados para um estado mais precoce e passaram a ter a forma e as propriedades das células que fazem parte das primeiras fases do embrião. Estas células são pluripotentes, têm o potencial de se diferenciar em todos os tipos de células que compõem os tecidos - não só os fibroblastos, mas também as células do fígado, do coração ou da pele, entre outras.
Agora, a equipa de Manuel Serrano, do Centro Nacional Espanhol de Investigação do Cancro, aplicou a mesma técnica aos próprios ratinhos. Os cientistas serviram-se dos mesmos quatro genes, que são factores de transcrição naturalmente activos durante a primeira fase do desenvolvimento do embrião e regulam os outros genes das células.
Através da engenharia genética, os cientistas conseguiram criar linhagens de ratinhos com uma "cassete" desses quatro genes que ficou incluída no ADN de todas as células dos roedores. Esta "cassete" tem um truque: só é tocada - ou seja, os quatro genes só se tornam activos - quando os ratinhos tomam uma substância chamada doxiciclina.
A equipa deu a estes ratinhos uma dose controlada de doxiciclina e verificou que os ratinhos começaram a produzir teratomas em vários tecidos diferentes: no pâncreas, no intestino, no estômago ou nos rins. Um teratoma é um tumor que se pode desenvolver no ovário, a partir de células não diferenciadas, e que gera uma massa onde se encontram tecidos diferentes e até pêlos ou dentes.
Nos ratinhos, os teratomas indicaram à equipa o sucesso da doxiciclina: os quatro genes foram activados em células de vários tecidos e estas transformaram-se em células estaminais pluripotentes induzidas que, depois, multiplicaram-se, formando os teratomas. "Esta mudança no desenvolvimento nunca tinha sido observada na natureza", diz em comunicado María Abad, uma das autoras do artigo.
A equipa descobriu ainda que estas células tinham uma maior capacidade de diferenciação do que as células estaminais pluripotentes induzidas in vitro. Quando um espermatozóide fecunda o óvulo, o ovo - a nova célula formada - não vai dar só uma nova pessoa, nos mamíferos vai também originar a placenta e outras estruturas que suportam o desenvolvimento destes animais no útero. As células estaminais pluripotentes induzidas in vitro só são capazes de se diferenciar nos tecidos dos animais, já as novas células originaram estruturas parecidas com embriões que tinham alguns destes tecidos de suporte. A causa desta capacidade superior de diferenciação é desconhecida.
Agora, a equipa quer testar se estas novas células podem gerar tecidos in vitro. Numa conferência de imprensa da Nature, Manuel Serrano especula ainda a aplicação desta técnica na medicina regenerativa, através da reprogramação local de células no órgão que se quer tratar. "Temos de descobrir quais as condições insuficientes para uma reprogramação total [evitando o desenvolvimento de teratomas], mas suficientes para a regeneração." É um esforço para os próximos anos.
 

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