segunda-feira, setembro 30, 2013

O resultado das eleições autárquicas 2013


Análises mais gerais e também mais detalhadas dos resultados das eleições autárquicas são um trabalho indispensável para os próximos tempos, a desenvolver por quem, protagonistas e movimentos, pretenda alargar e consolidar a sua presença na política portuguesa. Mas entretanto algumas notas se podem desde já alinhavar:

1. O sucesso das candidaturas independentes ou quando tal ocorreu os efeitos que tiveram nas candidaturas concorrentes, impedindo umas de ganhar e outras de perder, vem chamar a atenção para o erro fatal os principais partidos cometeram, ao ignorar a vontade do seu eleitorado e impor candidatos a partir das estruturas dirigentes. Neste ponto se comprovou que as primárias nos partidos (eleições internas de escolha de candidatos) são não apenas uma ideia boa, teoricamente correspondente a um sistema político mais democrático, mas uma necessidade premente se os partidos querem apresentar soluções que correspondam aos anseios do seu eleitorado.

2. Se somarmos os votos em candidaturas próprias do PPD/PSD e do CDS-PP, ás das coligações que fizeram (geralmente com o MPT e/ou o PPM), aos votos muito marginais de outros pequenos partidos (como o PPV ou o PND) e ainda os votos nas candidaturas independentes saídas da área política respectiva, constatamos que o centro-direita teve mais votos do que o Partido Socialista. Isto é, está por provar que não exista a adesão do eleitorado deste bloco político, ao Governo e aos partidos que o apoiam...!

3. A fidelidade do núcleo duro dos votantes do centro-direita ás candidaturas dos partidos da coligação de Governo, deve ser estimada e correspondida por quem tem a responsabilidade da governação. Isto é, não se distinguindo os votantes do PS dos do centro-direita, no descontentamento com os efeitos das políticas de austeridade, o que pode continuar a agarrar esse eleitorado fiel é a assunção serena e inteligente pelos partidos do Governo daquela identidade em torno da valorização da dignidade humana, da subsidiariedade, e da estima pela liberdade, que é o "osso" da presença social da maioria sociológica "de direita".

4. No poder local é local o critério predominante de escolha do voto. São ás centenas os exemplos da mais humilde freguesia ao mais espampanante município. O critério proposto pelos Bispos portugueses (o discernimento de qual na convicção de cada um é o mais apto a governar a circunscrição) é de facto o critério do bem comum e do eleitorado em geral.

5. Com a derrota em termos estritamente autárquicos (mandatos, governos municipais ou de freguesia) do PSD há um efeito colateral positivo de um facto indesejado. Muita gente que está no PPD/PSD por virtude da "alimentação" recebida da detenção e uso do poder, perdeu a sua base de apoio e vai fatalmente afastar-se da vida partidária quotidiana (voltando inevitavelmente á tona, quando o poder regressar, já se sabe...). Mas, por ora, vai haver mais tempo e espaço para fazer política, estimar o bem comum, dar protagonismo aos que na política estão de uma forma autêntica. E isso é bom.

6. Se o centro-direita for capaz nas Europeias já para o ano de se apresentar com um programa coerente e que diga respeito á vida real das pessoas, que nas suas listas retome e proponha o país real que se revê no espaço do centro-direita, pode ser se vejam já os bons efeitos da depuração que os resultados das autárquicas trouxeram ás suas fileiras. A ver, vamos...

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