segunda-feira, setembro 16, 2013

O Mordomo: é longa a estrada para a liberdade e o respeito da dignidade humana...!





Fui ver este filme na sexta-feira passada. Se o filme é curioso pela sua vertente de mostrar a Casa Branca vista do lado do serviço que implica, o seu valor maior e grande tema é a luta prolongada, corajosa, heroica, sofrida, da população afro-americana pela sua liberdade, o reconhecimento da sua dignidade e o direito á igualdade com a população branca. Em frente dos nossos olhos desfilam datas dos anos cinquenta e sessenta (!) e não se acredita que ainda então fosse tal a brutalidade, a desigualdade, a opressão, a humilhação (desde o não ser atendido por igual numa loja, a não se poder sentar no mesmo autocarro escolar ou andar nas mesmas escolas, ser agredido quando se reivindicava a liberdade ou tratado abaixo de cão por iguais em idade, profissão ou condição). Impressionante!

Além disso há outros pontos relevantes no filme e na história: dos movimentos civis, da passagem de alguns do pacifismo á violência (com os Panteras Negras), os diferentes presidentes americanos e como reagiam á questão racial (e não é que quem mais passos deu no bom sentido foi um que era católico, John Kennedy, e outro republicano e conservador, sim, Ronald Reagan*...? Bem feito para todos esses historiadores esquerdistas incapazes de reconhecer grandeza moral e política no outro lado das suas convicções!) e por fim um tema completamente humano, verdadeiro, doloroso mas passível de redenção, qual seja o da relação atribulada de um pai com um filho. Grande filme!

Pensando em tudo isto e em quão é longa e sofrida a estrada para a liberdade e o respeito da dignidade humana no fim do filme não pude deixar de pensar no empenho de alguns na defesa da Vida humana desde a concepção até á morte natural. Como hoje defrontamos por vezes a mesma hostilidade ou a mesma incompreensão, mas também ao mesmo tempo vivemos a mesma convicção e crença na humanidade que tiveram aqueles lutadores pelos direitos cívicos. E em relação ás crianças mortas pelo aborto ou os velhinhos e os doentes massacrados pela eutanásia também o nosso grito é o mesmo: porque não reconheces a sua humanidade...!?

Duas notas finais: o filme tem música do Rodrigo Leão (ver aqui) e pode-se ler sobre o Mordomo real: Eugene Allen.

* Apesar das críticas de que o Público se fez eco.

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