quinta-feira, dezembro 27, 2012

O vestuário e a violência sobre as mulheres




A história mais elucidativa e para mim educativa que li na minha vida e relacionada com a violação (no caso) e com a violência sobre as mulheres, foi numa revista Marie Claire (na edição francesa), teria eu uns 16 ou 17 anos, há 33 anos portanto. Nessa revista contava-se de uma senhora (uma rapariga escreveria eu hoje...;-) que tinha saído à noite, conhecido um homem, envolveram-se ambos, foram para casa dela, beijos para aqui e para lá, de seguida foram tomar banho juntos e aí e perante os maiores avanços dele ela ter-se-ia oposto aos mesmos e na sequência da história sido violada. O caso foi presente a um Juiz (não me lembro se homem ou mulher mas para o caso pouco importa) e este condenou o homem porque "um Não é um Não"...impressionou-me muito esta história mas acho que a percebi bem e ficou-me isto bem encasquetado esse "um Não é um Não". Apesar de tudo: a intimidade concedida e havida, todo o presumivel "ambientilho", "um Não é um Não", ponto final.

Vem isto a propósito de um caso que tem agitado a Itália, ou seja, de um Pároco (fotografia acima) que terá afixado na sua igreja um aviso-pedido de modéstia às suas paroquianas no que toca ao vestir e alertando para os perigos em que estas incorrem (suponho que não apenas as fisicas mas também as morais) tendo menos cuidado no traje. Ao que parece caiu o Carmo e a Trindade e até o próprio Bispo lhe terá ordenado que retirasse tal escrito. E a este propósito há também este artigo no Il Sussidiário (tanto quanto percebi a partir do meu dominio imperfeito do italiano, implacável com o sacerdote e a partir de uma posição católica à séria).

Seja pelo respeito que é devido à autoridade de um sucessor dos Apóstolos (o Bispo daquela Diocese) seja pela credibilidade dos artigos que saem no Il Sussidiário, seja porque de facto não conheço nem o texto nem as declarações posteriores deste sacerdote, não vou mais além do que reportar o facto (de que tomei conhecimento aqui no Diário de Notícias).

No entanto, confesso, a este propósito, desta história, surgiram-me estas interrogações:

- Sendo verdade que um Não é um Não e que nada "on earth" justifica uma agressão sexual ou o mais minimo acto de violência sobre uma mulher, não é, pelo menos algumas vezes, recomendável alguma prudência no trajar (conforme as circunstâncias, ambiente, etc.)? Não é desejável reservar poses e vestuários mais intimos para ambientes e relações, também mais intímos ou de maior intimidade? Ou esta pergunta é completamente troglodita...?

E...oh questão ainda mais politicamente incorrecta!...

- Não tem a pornografia contribuído para o aumento da violência sobre as mulheres, para a crescente falta de respeito para com elas, pela sua redução a mero objecto sexual? E muita da publicidade fazendo uso crescente da sexualização não ajuda e muito à lamentável e condenável confusão entre um vestuário mais "livre" e  o "direito" à posse da mulher que o usa, que motiva os agressores? Sendo mais claro: a invasão pela pornografia dos meios de comunicação, da mentalidade e da cultura, não contribui para um "caldinho" onde aumentam os transtornos psiquicos com estas questões que depois conduzem às agressões?






1 comentário:

Sara disse...

que as coisas ficam um realmente interessante pensar espero que eu possa escrever coisas interessantes, como eu não tenho muito tempo agora, porque eu vou comprar aroupas para cães