sábado, setembro 23, 2006

Clonagem, "doacção" de óvulos e esperma: em direcção a um horrível mundo novo!

Como era fatal, à aprovação da lei da PMA (procriação artificial), seguiu-se um "fartar vilanagem" com os anúncios de bancos de esperma e óvulos, extraordinárias investigações com células estaminais e um interesse renovado na clonagem...
Será que esta gente não percebe para onde está a andar? E é-lhes assim tão indiferente saber o que pensará o povo sobre a questão (a nossa petição de referendo, post seguinte, vai esta semana à AR)?
Daqui a muitos, muitos anos, falar-se-á, com espanto e comiseração, desta gente inebriada pela mentalidade comum e que nutre um supremo desprezo pela vida e dignidade humanas...
A este propósito, enviou-me a Isilda Pegado (presidente da Federação Portuguesa pela Vida e iminente membro desta nossa companhia do anel :-) a citação que reproduzo abaixo e descreve um horrível mundo novo onde a liberdade é uma memória (e será certamente o ideal de um grupo de resistentes, lembram-se do Robert de Niro no "Brazil"? :-)

Golpe de Estado na republica da Clonia.
Saído vitorioso das eleições políticas, o Grande Engenheiro dissolveu o parlamento e instaurou a ditadura. O seu programa de governo resume-se num slogan: A Nação e a Estirpe acima de tudo. E em dois imperativos: Eliminar as raças impuras e os elementos hostis ao regime e formar um exército de Super homens. Os soldados de Clonia devem ser altos, loiros, musculosos, resistentes às fadigas físicas, às adversidades climáticas, ao jejum e às privações, capazes de sobreviver às radiações de uma guerra nuclear e prontos a seguir cegamente qualquer ordem.
Os mais ilustres biólogos são convocados para o Palácio. “Já sabeis tudo sobre os genes humanos”, disse o Engenheiro. “Agora deveis ajudar-me a seleccionar o povo eleito”…
… Os cidadãos são registados pelo método das marcas genéticas, e esterilizam-se em massa as minorias raciais, os contestadores, os delinquentes e os doentes mentais. Quem deseja ter filhos só pode fazê-lo artificialmente, na proveta …
… Na sua opinião as mulheres não são mais do que ventres dos quais se tiram óvulos para as experiências genéticas ou para onde se transplantam os zigotos da Raça Perfeita e que devem obrigatoriamente libertar-se dos fetos não programados …
… Mas o Engenheiro é impaciente quer ganhar tempo. E os geneticistas, que estão sempre prontos a realizar os seus desejos, criam métodos cada vez mais sofisticados para aumentar a produção. Um é a clonagem dos embriões: quando atingem um certo estado de desenvolvimento, separam-se as células, de modo que cada uma dê origem a um feto completo.
O outro método, ainda mais revolucionário consiste no desenvolvimento in vitro dos órgãos reprodutivos. Extraem-se do embrião os esboços das gónadas e metem-se em provetas especiais para os transformar em ovários ou testículos capazes de procriar. Deste modo, os cientistas de Clonia pensam em cortar a duração das gerações reduzindo-as dos normais doze a quinze anos para apenas poucos meses. Por outro lado, poder-se-ia restringir pouco a pouco a gama dos genes, até que os filhos dos filhos destes pais de proveta sejam réplicas, indivíduos perfeitamente idênticos: Os gémeos do regime, a elite da Nação…
… Talvez tenhamos já sido empurrados muito para a frente, sem termos consciência disso, e, convencidos em boa fé de que estamos a trabalhar para o progresso da humanidade, tenhamos construído na proveta as cadeias que nos tornarão escravos”.
In RENATO DULBECCO e RICARDO CHIABERGE, Engenheiros da vida, Editorial Presença, Lisboa, págs. 7 a 9.

Sem comentários: