quarta-feira, setembro 27, 2006

Referendo PMA: a audição de ontem na AR

Ausente de Lisboa por três dias num óptimo retiro que me deu muita consolação, não pude estar presente na audição que teve lugar ontem na AR e que é assim noticiada pela RR (ver abaixo). Do que me contaram, três notas apenas:
1- os promotores desta lei da PMA mentem com um descaramento quase assinalável. Quando se lhe são postas objecções à lei (deficiente previsão do consentimento informado, existência da barriga de aluguer, porta de saída para a clonagem reprodutiva, etc.) respondem com o ar mais cândido do mundo: "não, veja bem, isso não está [ou está, conforme a objecção] na lei! Mas então, acha que não pensámos nisso...não somos inconscientes...as pessoas são boas e honestas(principalmente se forem médicos da moda e cientistas de papel passado [e por isso isentos do "pecado original"...])!". MAS A VERDADE É QUE MENTEM! AS OBJECÇÕES COLOCADAS NA AUDIÇÃO NÃO PARTEM DA IMAGINAÇÃO DE NINGUÉM, MAS DA LETRA DA LEI APROVADA! Mas como esta gente é perita na manipulação da comunicação social, que, também, por defeito ou feitio desconfia de quem está contra a mentalidade dominante e sobretudo é demasiado preguiçosa para ir verificar o texto da lei, passam sempre incólumes...é impressionante!
2- na agenda "moral" pelo menos temos uma direita (PP e PSD) que é de fazer chorar as pedras... tal a pobreza franciscana...onde havia oportunidade de fazer oposição à maioria socialista, não o fazem, acreditam piamente no que a esquerda lhes diz de nós ou do que fazemos [ainda não percebeu que sobre esses assuntos em concreto sabemos mais do que ninguém (peço desculpa pela sinceridade mas é assim mesmo)] e, às vezes, parecem uns bonecos manipulados pelo BE...se o regresso do poder depender de capacidades cuja performance seja a manifestada em assuntos destes, bem podem esperar uns bons anos...! :-)
3- que força tem um genuíno movimento popular, feito por gente desconhecida, mas bem e tranquila na sua pele! :-) E como se pode ir longe assim...!
A notícia é esta:
A lei, a denúncia e o referendo
Afinal, a lei sobre Procriação Medicamente Assistida (PMA) prevê a clonagem. A denúncia partiu do movimento pró-referendo que invoca normas imperativas que impedem a clonagem reprodutiva.
26-09-2006/21:15
O movimento mostra-se contra o diploma promulgado este Verão pelo Presidente Cavaco Silva.
"A lei portuguesa, ao contrário do que diz a declaração sobre o genoma humano das Nações Unidas, que proíbe, de facto, a reprodução clonada, esta nossa lei vem abrir uma porta, em termos civilizacionais, gravíssima", disse Isilda Pegado.
O artigo em causa é - diz - ambíguo, tal como outros relativos ao recurso a dadores externos ao casal e à chamada barriga de aluguer.
A petição, com mais de 80 mil assinaturas, deverá ser agendada para debate em plenário, onde a maioria de esquerda deverá, em princípio, travar o referendo sobre a PMA.
Para João Semedo, do Bloco de Esquerda, o tema já foi suficientemente debatido, é tempo de seguir em frente.
"Há momentos para fechar determinadas legislações, achamos este o momento adequado. Achamos que o pior seria manter e fazer perdurar o vazio legal existente no tempo anterior à aprovação desta lei", disse.
De novo o pedido para a viabilização de um referendo à procriação medicamente assistida. Ainda em aberto a possibilidade de solicitar a fiscalização sucessiva do diploma por alegadas inconstitucionalidades.

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