Ausente de Lisboa por três dias num óptimo retiro que me deu muita consolação, não pude estar presente na audição que teve lugar ontem na AR e que é assim noticiada pela RR (ver abaixo). Do que me contaram, três notas apenas:
1- os promotores desta lei da PMA mentem com um descaramento quase assinalável. Quando se lhe são postas objecções à lei (deficiente previsão do consentimento informado, existência da barriga de aluguer, porta de saída para a clonagem reprodutiva, etc.) respondem com o ar mais cândido do mundo: "não, veja bem, isso não está [ou está, conforme a objecção] na lei! Mas então, acha que não pensámos nisso...não somos inconscientes...as pessoas são boas e honestas(principalmente se forem médicos da moda e cientistas de papel passado [e por isso isentos do "pecado original"...])!". MAS A VERDADE É QUE MENTEM! AS OBJECÇÕES COLOCADAS NA AUDIÇÃO NÃO PARTEM DA IMAGINAÇÃO DE NINGUÉM, MAS DA LETRA DA LEI APROVADA! Mas como esta gente é perita na manipulação da comunicação social, que, também, por defeito ou feitio desconfia de quem está contra a mentalidade dominante e sobretudo é demasiado preguiçosa para ir verificar o texto da lei, passam sempre incólumes...é impressionante!
2- na agenda "moral" pelo menos temos uma direita (PP e PSD) que é de fazer chorar as pedras... tal a pobreza franciscana...onde havia oportunidade de fazer oposição à maioria socialista, não o fazem, acreditam piamente no que a esquerda lhes diz de nós ou do que fazemos [ainda não percebeu que sobre esses assuntos em concreto sabemos mais do que ninguém (peço desculpa pela sinceridade mas é assim mesmo)] e, às vezes, parecem uns bonecos manipulados pelo BE...se o regresso do poder depender de capacidades cuja performance seja a manifestada em assuntos destes, bem podem esperar uns bons anos...! :-)
3- que força tem um genuíno movimento popular, feito por gente desconhecida, mas bem e tranquila na sua pele! :-) E como se pode ir longe assim...!
A notícia é esta:
A lei, a denúncia e o referendo
Afinal, a lei sobre Procriação Medicamente Assistida (PMA) prevê a clonagem. A denúncia partiu do movimento pró-referendo que invoca normas imperativas que impedem a clonagem reprodutiva.
26-09-2006/21:15
O movimento mostra-se contra o diploma promulgado este Verão pelo Presidente Cavaco Silva.
"A lei portuguesa, ao contrário do que diz a declaração sobre o genoma humano das Nações Unidas, que proíbe, de facto, a reprodução clonada, esta nossa lei vem abrir uma porta, em termos civilizacionais, gravíssima", disse Isilda Pegado.
O artigo em causa é - diz - ambíguo, tal como outros relativos ao recurso a dadores externos ao casal e à chamada barriga de aluguer.
A petição, com mais de 80 mil assinaturas, deverá ser agendada para debate em plenário, onde a maioria de esquerda deverá, em princípio, travar o referendo sobre a PMA.
Para João Semedo, do Bloco de Esquerda, o tema já foi suficientemente debatido, é tempo de seguir em frente.
"Há momentos para fechar determinadas legislações, achamos este o momento adequado. Achamos que o pior seria manter e fazer perdurar o vazio legal existente no tempo anterior à aprovação desta lei", disse.
De novo o pedido para a viabilização de um referendo à procriação medicamente assistida. Ainda em aberto a possibilidade de solicitar a fiscalização sucessiva do diploma por alegadas inconstitucionalidades.
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