segunda-feira, novembro 24, 2008

Um post de Pedro Afonso: Censura Científica na Imprensa Portuguesa?

Censura Científica na Imprensa Portuguesa?

Pedro Afonso
In http://oinimputavel.blogspot.com/

Um estudo recentemente publicado no BMC Public Health, englobando 1341 jovens de ambos os sexos frequentadores de locais de diversão nocturna, com idades entre os 18 e os 35 anos, realizado em nove cidades europeias (entre as quais se encontra Lisboa), revela que o álcool e drogas como a cocaína, o ecstasy e a cannabis, estão as ser usadas como facilitadores e intensificadores da actividade sexual.

Apesar de ter lido a notícia num jornal português, resolvi aceder ao artigo original, lendo-o na íntegra. Qual é o meu espanto quando verifico que um dos resultados deste trabalho não é referido em nenhuma notícia (pelo menos que tivesse conseguido aceder) publicada em português. Censura?
Senão, veja-se o exemplo da notícia publicada no Expresso sobre o referido estudo:
«Uma das conclusões que salta à vista é a de que os consumidores de alguns tipos de droga são também mais promíscuos. Quem, por exemplo, snifa regularmente uma linha de cocaína tem maior probabilidade de ter tido mais de cinco parceiros sexuais no último ano. E, por associação, de ter praticado sexo desprotegido».

Mas, para além da cocaína, o artigo original acrescenta que os participantes que eram homossexuais ou bissexuais eram mais promíscuos sexualmente; ou seja, tinham 4 a 5 vezes mais probabilidade de terem 5 ou mais parceiros nos 12 últimos meses.
Agora veja-se a parte omitida do artigo original:

«Of these, regular cocaine use and being gay/ bisexual were the strongest predictors of multiple sexual partners. Gay/bisexual participants were four times more likely to have had five or more partners in the previous 12 months, and at similar increased odds of exchanging sex for drugs, compared with heterosexuals».

Independentemente da posição ideológica que se tenha sobre a homossexualidade, a ciência não deve ser instrumentalizada, nem escamoteada para se ser politicamente correcto. Por outras palavras, a ciência não é homofóbica. É de lamentar que em pleno século XXI se adoptem atitudes como esta numa imprensa que se pretende livre, rigorosa e sem preconceitos.

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