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A mala da Pepa e os hipócritas do costume
O país, 'tipo', parou: a Pepa quer uma mala. E agora, meu Deus nosso senhor, o que vais ser de nós? Será que vamos conseguir ultrapassar este drama social? Mas, calma, ainda não acabou. A Pepa quer uma mala mas não é uma mala qualquer. Não, a Pepa quer uma mala daquelas 'tipo' pequenas, 'tipo' clássicas, sei lá, 'tipo' pretas da Chanel. Que Nossa Senhora dos estilistas nos ajude.
Primeiro: quem é a Pepa? Segundo: ela fala mesmo assim? Terceiro: é suposto um país normal, que ainda não tenha sido declarado oficialmente doente mental e com necessidade de internamento compulsivo, parar porque uma marca de gadgets decide suspender (através de uma medida de fiscalização sucessiva que deixaria corados alguns juízes do tribunal constitucional) uma campanha publicitária com meia dúzia de bloggers, por mais ridículo que fosse o formato, mais patético o conteúdo e tonta a mensagem transmitida? A Samsung esqueceu-se da fiscalização preventiva? A culpa agora é dos mensageiros?
Se a Pepa quer comprar uma carteira com o dinheiro que juntar, se for esse o seu desejo mais íntimo para este ano, e por mais egoísta e fútil que seja, tem o país de discutir o assunto e condenar a miúda? Se ela quiser gastar o dinheiro todo em sessões de terapia da fala o que temos a ver com isso? Temos de opinar? O Carmo e a Trindade têm de cair? Tem a Pepa de ir para o convento das Carmelitas e jurar que só compra na Parfois todo o ano para se redimir dos pecados da futilidade e sinceridade? E se deixássemos de ser hipócritas? Aposto que os desgraçados que andam a pagar a prestações o plasma maior que a parede da sala foram os primeiros a atirar pedras à rapariga.
O problema da Pepa é o problema de Portugal. Enquanto andamos todos entretidos a discutir a mala da Pepa (espero sinceramente que a consiga comprar) gastam 8 mil milhões de euros do nosso dinheiro na nacionalização de um banco para o venderem por 50 milhões a seguir a privados. E 'pia tudo fininho'. Pergunto: quantas carteiras Chanel, daquelas 'tipo' pequeninas e pretas, comprava o Estado português com este dinheiro?
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