sexta-feira, março 02, 2012

PPD/PSD: eleições de delegados ao Congresso




Ontem numa roda de amigos falavamos do envolvimento na política e de como existiam alguns jovens com curiosidade pela coisa pública mas a quem a vida das jotas acabava por afastar das lides partidárias...a questão não me pareceu bem colocada.

E recordei a propósito a frase que ouvi algumas vezes a Nuno Abecasis e que dizia "Não é possível trabalhar na lama, sem mexer na lama" e dizia-o não como quem classificava a política como sendo uma coisa suja ou feia, mas como uma tarefa à qual só se fazia face, pondo a mão nela.

Vem isto porque amanhã a par das Directas para eleição do presidente do meu partido (Passos Coelho é o único candidato) realizam-se amanhã, por todo o país, a eleição dos delegados ao Congresso que terá lugar em Lisboa nos dias 23 a 25 de Março. É completamente uma questão processual e não lhe subjaz nenhum debate político ou de ideias, mas pura e simplesmente uma questão de relações e jogo de poder (pelo menos em Lisboa), embora aqui ou ali com algumas curtas declarações políticas. E, salvo no caso dos oportunistas, quem age neste plano, fá-lo porque pretende levar à prática uma ideia política concreta.

Apesar disso esta pura mecânica partidária é simultâneamente completamente política: não apenas porque a questão é a de que "em quem confio para me representar" mas também porque depois em Congresso daí resultará, em virtude dos militantes eleitos, uma ou outra decisão sobre os estatutos, as propostas políticas das moções, o debate do novo programa do partido, a possibilidade de intervenção perante o conjunto dos militantes, a definição de quem dirijirá o partido nos próximos tempos.

Concluindo: num sistema como o nosso há duas hipóteses de intervenção política. Na movimentação civica e no sistema partidário (que no fim acaba por ser o lugar em que todas as questões são de facto decididas). E neste último não é possivel fazer política se não se estiver disposto a "jogar" nos dois planos: o das ideias e o da mecânica electiva. O resto é lirismo e no fim a desilusão que acaba por afastar tantos...

Note-se para os que se possam escandalizar com estas linhas: a preversão que todos receamos (e essa sim nociva) será a que resulta para quem a mecânica fica a ser tudo porque não há ideia nenhuma que a motive. Mas desses não rezará a história política do país...

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