No Diário de Notícias, no destaque do correio dos leitores, no dia 30 de Novembro, e no Público de 2 de Dezembro (e neste caso com a nota final incluída...), apareceu o meu artigo em referência e que aqui transcrevo:
Crucifixos e Liberdade
A anunciada retirada de crucifixos das escolas públicas, por ordem do Ministério da Educação, tem pelo menos, em virtude da sua visibilidade, o mérito de tirar as dúvidas, a quem ainda as tivesse, de que existe uma ofensiva organizada, na linha da “melhor” tradição maçónica da 1ª República, da cultura fundamentalista do laicismo. Tem também o mérito de tornar claras e transparentes, duas situações: o domínio do Ministério da Educação por parte de grupos que comungam desse mesmo ideal (e por isso tão dedicados à criação de dificuldades ao ensino não estatal, em grande parte de origem religiosa) e também o que pode esperar a ingenuidade de alguns quando procuram dialogar ou esperam abertura de correntes de pensamento, para as quais a influência social e a presença pública da Igreja Católica são causa de enorme incómodo.
Tudo isto se agrava quando, em vez da simples inimizade, quem assim procede invoca valores que revela claramente não respeitar. Em concreto, a laicidade do estado e a liberdade religiosa. Por laicidade entende-se que as esferas política e religiosa, são autónomas. A esfera política não precisa de uma religião para se legitimar, justificar ou funcionar. Em contrapartida o estado é incompetente em matéria religiosa, não podendo imiscuir-se na fé individual nem na vida das igrejas. Quanto à liberdade religiosa entende-se como o direito de todos os homens a professarem a religião que entenderem ou a não professar nenhuma. Inclui também o direito ao exercício individual e comunitário da fé de cada um.
Ora, na retirada dos crucifixos, aquilo a que assistimos é contrário. Ou seja, a adopção do laicismo (aquela atitude que consiste em afastar a religião do espaço público) como religião do Estado. A violação da liberdade religiosa através da prática política da intolerância. Ao impedir as comunidades locais e escolares, que o desejem, de viverem as suas identidade, tradição e convicções, é vedado a milhares de portugueses fazer uma experiência pessoal, social e cultural que tem a sua origem numa realidade (o povo que se reconhece na igreja católica) que é mais antiga, neste território, que a nação portuguesa.
Para nós católicos, o ponto fundamental é este: o da liberdade. A liberdade de educarmos os nossos filhos como entendemos. A liberdade de termos connosco nos momentos decisivos da nossa vida colectiva aqueles que queremos como companhia. A liberdade de vivermos a nossa fé nas ruas e nas praças. A liberdade de criar e desenvolver as nossas instituições sociais. A liberdade de expressão para nós e para os nossos sacerdotes (ver nota). A liberdade de constituir e viver em família. Estamos convictos que defendendo a nossa liberdade, defendemos a liberdade de todos.
António Pinheiro Torres
Ex. deputado do PSD
Nota: em Portugal, este ano, em virtude seja de homílias seja de artigos na imprensa, houve já três sacerdotes a contas com a justiça penal ou com o “tribunal” dos media…
Foi o diário da acção política de um deputado do PSD, eleito por Braga, e agora é-o de um cidadão que desejando contribuir activamente para a organização do bem comum, procura invadir esse âmbito (da política) com aquele gosto de vida nova que caracteriza a experiência cristã. O título "POR CAUSA DELE" faz referência ao manifesto com o mesmo título, de Comunhão e Libertação, publicado em Janeiro de 2003 (e incluído no Blog).
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Querem mandar os Padres para a prisão?
Na passada 3ª feira, no jornal "O Diabo", publiquei este artigo (o assunto, o julgamento do Padre Nuno Serras Pereira, já consta de post anterior):
Querem mandar os Padres para a prisão?
Na semana passada, num dos juízos criminais de Lisboa, foi condenado a 130 dias de multa a um euro por dia (a pena prevista no Código Penal é de dois anos de prisão) o Padre Nuno Serras Pereira e absolvido o Padre José Luís Borga. Ambos eram acusados de crime de difamação pela Associação para o Planeamento da Família (que se reconhece em relatórios internacionais como uma das principais associações promotoras das campanhas em favor do aborto livre) na sequência da publicação do artigo (da autoria do primeiro) “Os Abortófilos”, no jornal do Entroncamento (dirigido pelo segundo). A todos os títulos o que se passou é grave.
Primeiro que tudo, porque constatou-se no decorrer do julgamento que a pretensa ofendida (a APF) não havia usado do direito de resposta que legalmente lhe assistia (e através do qual pela publicação de um esclarecimento poderia ter remediado o eventual dano junto dos menos de dois mil eventuais leitores do jornal). Antes deixava supor que usava o processo como meio de pressão sobre quem pensava de forma diferente. Por outro lado impressionou também que nas declarações das suas testemunhas, a APF não foi capaz de negar nem a exactidão das citações que o Padre Serras Pereira tinha transcrito, nem alguns dos factos constantes do artigo. Apesar disso a juíza do processo revelou com a sua decisão que não foi sensível a este aspecto do julgamento.
Ora, este desenrolar do processo veio revelar que também em Portugal poderá vir a suceder aquilo que já é prática em alguns países democráticos. Ou seja, a manifestação de uma opinião contrária à mentalidade dominante nos “media” pode dar origem a processos judiciais e por vezes, resultar mesmo em prisão. Nessa medida tem razão quem declara que esse dia foi um dia negro para a liberdade de expressão em Portugal. Trinta anos depois do 25 de Abril ainda há quem pretenda exercer o exame prévio e a censura, quando for contrariado…
Nesse sentido impressiona muito a falta de cultura democrática da APF quando vem instaurar um processo por difamação alegando a falsidade (que não conseguiu demonstrar) dos factos invocados no artigo em causa. Ou quando se queixa da linguagem empregue que não só corresponde à tradição literária portuguesa da polémica, como não excede o tom habitual no debate político mais fervoroso. Perguntamo-nos pelo escândalo que causaria a instauração de processos por parte dos que defendem o Não ao aborto livre, sempre que as nossas posições são classificadas, na melhor das hipóteses, como hipócritas…
Mas engana-se quem pensar que assim nos atemoriza. Processos como estes vem mostrar a intolerância que se esconde por trás da apregoada tolerância daqueles que são favoráveis ao aborto livre: essa passa sempre pela exclusão de alguém. Mas, como dizia o poeta, haverá sempre alguém que resiste, haverá sempre alguém para dizer Não!
António Pinheiro Torres
Juntos pela Vida
Nota: a pergunta que intitula este artigo, faz referência ao estafado slogan de “eles querem mandar as mulheres para a prisão”…o seu a seu dono.
Querem mandar os Padres para a prisão?
Na semana passada, num dos juízos criminais de Lisboa, foi condenado a 130 dias de multa a um euro por dia (a pena prevista no Código Penal é de dois anos de prisão) o Padre Nuno Serras Pereira e absolvido o Padre José Luís Borga. Ambos eram acusados de crime de difamação pela Associação para o Planeamento da Família (que se reconhece em relatórios internacionais como uma das principais associações promotoras das campanhas em favor do aborto livre) na sequência da publicação do artigo (da autoria do primeiro) “Os Abortófilos”, no jornal do Entroncamento (dirigido pelo segundo). A todos os títulos o que se passou é grave.
Primeiro que tudo, porque constatou-se no decorrer do julgamento que a pretensa ofendida (a APF) não havia usado do direito de resposta que legalmente lhe assistia (e através do qual pela publicação de um esclarecimento poderia ter remediado o eventual dano junto dos menos de dois mil eventuais leitores do jornal). Antes deixava supor que usava o processo como meio de pressão sobre quem pensava de forma diferente. Por outro lado impressionou também que nas declarações das suas testemunhas, a APF não foi capaz de negar nem a exactidão das citações que o Padre Serras Pereira tinha transcrito, nem alguns dos factos constantes do artigo. Apesar disso a juíza do processo revelou com a sua decisão que não foi sensível a este aspecto do julgamento.
Ora, este desenrolar do processo veio revelar que também em Portugal poderá vir a suceder aquilo que já é prática em alguns países democráticos. Ou seja, a manifestação de uma opinião contrária à mentalidade dominante nos “media” pode dar origem a processos judiciais e por vezes, resultar mesmo em prisão. Nessa medida tem razão quem declara que esse dia foi um dia negro para a liberdade de expressão em Portugal. Trinta anos depois do 25 de Abril ainda há quem pretenda exercer o exame prévio e a censura, quando for contrariado…
Nesse sentido impressiona muito a falta de cultura democrática da APF quando vem instaurar um processo por difamação alegando a falsidade (que não conseguiu demonstrar) dos factos invocados no artigo em causa. Ou quando se queixa da linguagem empregue que não só corresponde à tradição literária portuguesa da polémica, como não excede o tom habitual no debate político mais fervoroso. Perguntamo-nos pelo escândalo que causaria a instauração de processos por parte dos que defendem o Não ao aborto livre, sempre que as nossas posições são classificadas, na melhor das hipóteses, como hipócritas…
Mas engana-se quem pensar que assim nos atemoriza. Processos como estes vem mostrar a intolerância que se esconde por trás da apregoada tolerância daqueles que são favoráveis ao aborto livre: essa passa sempre pela exclusão de alguém. Mas, como dizia o poeta, haverá sempre alguém que resiste, haverá sempre alguém para dizer Não!
António Pinheiro Torres
Juntos pela Vida
Nota: a pergunta que intitula este artigo, faz referência ao estafado slogan de “eles querem mandar as mulheres para a prisão”…o seu a seu dono.
domingo, dezembro 04, 2005
Gays e artigo 13º da Constituição
Se não fosse uma desgraça, a repetida (e inevitável e fatal) invocação da actual redacção do artigo 13º da Constituição Portuguesa (refere-se ao príncipio da igualdade e prevê a "orientação sexual" como uma das razões em virtude da qual não se pode ser discriminado) deixar-me-ia "alegre e vingado" cada vez que recordo as vozes moderadas/razoáveis/modernas/consensuais que no grupo parlamentar do PSD acharam um exagero a oposição que eu e quase metade do mesmo grupo manifestámos à modificação do dito artigo, aquando da última revisão constitucional...
Como diz um amigo meu, doutorado e matemático, "quando um radical diz que 2+2=4, e outro diz que 2+2=10, há sempre um moderado que, perante o aplauso geral, diz que 2+2=7...!" :-)
Como diz um amigo meu, doutorado e matemático, "quando um radical diz que 2+2=4, e outro diz que 2+2=10, há sempre um moderado que, perante o aplauso geral, diz que 2+2=7...!" :-)
Crucifixos e escolas: liberdade de educação!!!
Para perceber melhor o post anterior, e o título deste: http://www.liberdade-educacao.org (site do Fórum para a Liberdade de Educação, de que sou um dos fundadores).
Esta é a batalha sem a qual nunca haverá um sistema de educação decente e que funcione em Portugal!
Esta é a batalha sem a qual nunca haverá um sistema de educação decente e que funcione em Portugal!
Ainda os crucifixos e as escolas
Observa-me um leitor do Blog e também o Daniel Oliveira do BE que nós os católicos se quisermos, que ponhamos os nossos filhos em escolas católicas...ora aí está o problema real com que nos deparamos nós e qualquer português que tenha um propósito determinado quanto à educação dos seus filhos!! Ou nos sujeitamos ao ensino "oficial", "gratuito" (ou seja, pago com os nossos impostos porque "there is no a such thing as free lunches!"...) ou somos "ricos" e , do nosso bolso, pagamos os colégios católicos...! Ou seja, pagamos duas vezes a educação dos nossos! O problema real é esse! Em vez de um sistema normal e justo que seria o Estado dizer (e é isso o cheque ensino): "tome lá x contos por mês e inscreva o seu filho na escola que entender, estatal ou não, mas que tenha um projecto educativo com que o senhor concorde", o Estado português diz: "não me interessa o que queres para o teu filho, tens aqui a escola "pública", com o ensino que eu defino como o adequado para o teu filho, e que agora até exclui o crucifixo na sala de aula, e se não quiseres, tanto me faz, pagas os impostos e se tiveres dinheiro mete o teu filho na escola católica que entenderes...Ah, é verdade, vou continuar a tentar asfixiar essa escola, com regulamentos estupidos e exigências estapafúrdias, para ver se percebes que deves pôr o teu filho na escola estatal...maçónica e republicana que é o que convém ao teu filho, porque eu sei melhor do que tu o que é bom para ele..."
Enquanto as coisas estiverem assim, crucifixos nas escolas estatais é um minimo ético...! :-)
Enquanto as coisas estiverem assim, crucifixos nas escolas estatais é um minimo ético...! :-)
segunda-feira, novembro 28, 2005
Sobre os crucifixos nas escolas
Acabo de escrever um artigo de opinião, sobre o assunto em referência, que espero seja publicado poralgum dos grandes diários...?
Mas a questão também me suscita esta reflexão mais dirigida aos abismos da alma humana: como pode a existência, numa sala de aula, da figura de um homem crucificado, ser tão insuportável, que leva meia dúzia de pessoas a dar-se ao trabalho de elaborar um inventário “policial” das salas onde existe uma cruz e das escolas onde houve alguma manifestação religiosa? Como pode incomodá-las tanto uma imagem que, ao longo da história, representa não apenas o Deus que alguns adoram, mas também toda a excelência da humanidade: amor ao próximo, sabedoria, bondade, solidariedade, igualdade. Ou seja aqueles valores em que se fundamentam os direitos fundamentais, objecto de uma declaração universal e consagrados na constituição portuguesa. Que raiva e intolerância os move? Que lhes faz aquela figura de um crucificado?
Adorava perceber esta parte...!?
Mas a questão também me suscita esta reflexão mais dirigida aos abismos da alma humana: como pode a existência, numa sala de aula, da figura de um homem crucificado, ser tão insuportável, que leva meia dúzia de pessoas a dar-se ao trabalho de elaborar um inventário “policial” das salas onde existe uma cruz e das escolas onde houve alguma manifestação religiosa? Como pode incomodá-las tanto uma imagem que, ao longo da história, representa não apenas o Deus que alguns adoram, mas também toda a excelência da humanidade: amor ao próximo, sabedoria, bondade, solidariedade, igualdade. Ou seja aqueles valores em que se fundamentam os direitos fundamentais, objecto de uma declaração universal e consagrados na constituição portuguesa. Que raiva e intolerância os move? Que lhes faz aquela figura de um crucificado?
Adorava perceber esta parte...!?
quarta-feira, novembro 23, 2005
Crescimento da SIDA em Portugal
As notícias desenvolvidas, ontem publicadas no Diário de Notícias ( www.dn.pt ), sobre o crecimento da infecção no mundo e em especial, em Portugal só surpreenderão quem persiste em reduzir a questão ao uso ou não de preservativo nas relações sexuais...
Como me dizia um Padre amigo, já há alguns anos, a política única de combate à doença (baseada na disseminação do conceito de sexo seguro e na distribuição de preservativos como a excelência da educação para a prevenção) consiste em termos práticos, em "soprar para a fogueira"...
E para que não se pense que me preocupa um mero objecto de borracha declaro desde já que sempre achei que, citando São Paulo, "senão podeis ser castos, ao menos sede cautos"...o problema está noutro lado:
- em não se educar para a sexualidade no âmbito do amor;
- em apresentar todos os comportamentos como moralmente equivalentes (a promiscuidade como a fidelidade, a heterosexualidade, como a homossexualidade, o sexo conforme está pensado na natureza e aquele que atenta contra esta, etc.);
- em não se informar cabalmente sobre as reais possibilidades do preservativo em prevenir essa específica doença sexualmente transmíssivel (no que estamos consideravelmente atrasados: nos Estados Unidos qualquer folheto da FDA diz, preto no branco, "o preservativo é o mais efectivo meio de protecção contra a transmissão do virus da SIDA mas não protege a 100%. A única protecção 100% eficaz é a abstinência");
- em não perceber que para tudo há um tempo próprio e que o início prematuro da vida sexual activa pode ser fatal e que a única coisa que a torna inevitável (a prematuridade) é a mentalidade dos educadores e de uma sociedade hipersexualizada onde a pornografia é uma forma habitual de comunicação que ganhou foros de cidadania, contra as evidências da experiência humana.
- em esta questão, em Portugal, ser tratada a nível do aparelho de Estado por pessoas irresponsáveis (que aliviam os próprios e pessoais traumas propondo uma vida que em muitos casos nem tem a coragem e quase sempre, nem a possibilidade, de viver) ou preconceituosas ao ponto de nem sequer repararem que a própria OMS tem um modelo chamado ABC, que recomenda como o adequado para fazer face a esta questão (e que no Uganda fez recuar as taxas de infecção): "Abstinence, Be faithfull e [só depois e se não for possível o anterior] Condom"...
Enquanto assim continuarmos a infecção continuará a progredir. Não será tempo de pararmos e pensarmos um pouco?
Como me dizia um Padre amigo, já há alguns anos, a política única de combate à doença (baseada na disseminação do conceito de sexo seguro e na distribuição de preservativos como a excelência da educação para a prevenção) consiste em termos práticos, em "soprar para a fogueira"...
E para que não se pense que me preocupa um mero objecto de borracha declaro desde já que sempre achei que, citando São Paulo, "senão podeis ser castos, ao menos sede cautos"...o problema está noutro lado:
- em não se educar para a sexualidade no âmbito do amor;
- em apresentar todos os comportamentos como moralmente equivalentes (a promiscuidade como a fidelidade, a heterosexualidade, como a homossexualidade, o sexo conforme está pensado na natureza e aquele que atenta contra esta, etc.);
- em não se informar cabalmente sobre as reais possibilidades do preservativo em prevenir essa específica doença sexualmente transmíssivel (no que estamos consideravelmente atrasados: nos Estados Unidos qualquer folheto da FDA diz, preto no branco, "o preservativo é o mais efectivo meio de protecção contra a transmissão do virus da SIDA mas não protege a 100%. A única protecção 100% eficaz é a abstinência");
- em não perceber que para tudo há um tempo próprio e que o início prematuro da vida sexual activa pode ser fatal e que a única coisa que a torna inevitável (a prematuridade) é a mentalidade dos educadores e de uma sociedade hipersexualizada onde a pornografia é uma forma habitual de comunicação que ganhou foros de cidadania, contra as evidências da experiência humana.
- em esta questão, em Portugal, ser tratada a nível do aparelho de Estado por pessoas irresponsáveis (que aliviam os próprios e pessoais traumas propondo uma vida que em muitos casos nem tem a coragem e quase sempre, nem a possibilidade, de viver) ou preconceituosas ao ponto de nem sequer repararem que a própria OMS tem um modelo chamado ABC, que recomenda como o adequado para fazer face a esta questão (e que no Uganda fez recuar as taxas de infecção): "Abstinence, Be faithfull e [só depois e se não for possível o anterior] Condom"...
Enquanto assim continuarmos a infecção continuará a progredir. Não será tempo de pararmos e pensarmos um pouco?
terça-feira, novembro 22, 2005
Juntos pela Vida, APF e Padre Serras Pereira
Parece que querem mandar os Padres para a prisão!
Sob a situação do título deste post os Juntos pela Vida emitiram o comunicado que abaixo reproduzo.
A quem me pedir para pinheirotorres@hotmail.com enviarei o artigo "Os abortófilos" que está na origem desta polémica e desta vergonha.
Nota: de acordo com as nossas informações, a APF prepara-se agora para desencadear processos contra outras pessoas e associações do Não. Vai ser uma festa...! :-)
O comunicado, diz assim:
A propósito de Padres no banco dos réus
Foi com grande consternação que os Juntos Pela Vida souberam da condenação do Pe. Nuno Serras Pereira no âmbito de um processo-crime no qual este sacerdote vinha acusado da prática do crime de difamação, em resultado de uma queixa apresentada pela APF (Associação para o Planeamento da Família), alegadamente ofendida pelo artigo “Os Abortófilos”, publicado no jornal do Entroncamento dirigido pelo Padre José Luís Borga.
Queremos por isso publicamente:
1. Manifestar a nossa solidariedade e total apoio ao Padre Nuno Serras Pereira. Sabíamos que em alguns países que vivem em democracia (EUA, Canadá e outros) a manifestação de uma opinião contrária à mentalidade dominante nos “media” pode provocar processos semelhantes e às vezes resultar em prisão. Verificamos agora que tal também pode suceder em Portugal.
2. Testemunhar, em virtude de termos assistido à audiência de julgamento, que no processo ficou demonstrado que:
a) A APF não se socorreu, junto do jornal do Entroncamento, do “direito de resposta” como legalmente lhe era garantido, reagindo assim em termos normais a um artigo de opinião com que pretensamente se terá “ofendido”;
b) A APF não pediu no processo qualquer indemnização cível;
c) A APF usou o processo apenas para exercer uma inaceitável pressão sobre o Padre Nuno Serras Pereira e outras pessoas que sobre a APF e quem defende o aborto, fazem o mesmo juízo ou avaliação.
d) Correspondiam à verdade não apenas as citações incluídas no artigo em causa, como as situações descritas no mesmo. Isto mesmo foi confirmado pela testemunha Maria José Alves (membro destacado da Associação).
3. Reafirmar que a APF é hoje, como o é desde longa data, uma organização cuja grande preocupação política é a obtenção do aborto livre em Portugal, conforme nomeadamente se pode verificar de qualquer abaixo-assinado movido pelo mesmo propósito, da presença sistemática dos seus membros nos debates sobre o aborto, em posição favorável ao mesmo, ou até de declarações de Duarte Vilar quando descreve em relatórios internacionais da IPPF a actuação da sua organização e a caracteriza como desempenhando um papel determinante nessa batalha política. Nenhum problema existe nesse facto se simultaneamente a APF não fosse a organização tentacularmente mais instalada a nível de aparelho de Estado, nas questões da educação sexual e planeamento familiar, e através dessa posição desenvolva uma actividade persistente de formação das mentalidades no mesmo sentido dos seus objectivos políticos.
4. Acusar a APF de falta de cultura cívica e democrática. Ficou assim patente aos olhos de todos a intolerância que se esconde na posição de tantos tolerantes…
5. Lembrar que no debate político e naquele que versa sobre o aborto em especial, a temperatura da expressão sobe com frequência e que quem não é capaz de aguentar essas oscilações não deve frequentar essas paragens… Não é por acaso a palavra hipocrisia (que acreditamos é universalmente entendida como insultuosa) aquela que mais frequentemente é chamada à colação para descrever a atitude daqueles que se opõem ao aborto livre? E, apesar disso, há memória de algum processo judicial mandado instaurar por alguma dessas pessoas ou associações? Haja pois uma tolerância real, porque aquela da APF, já o sabíamos, passa sempre pela exclusão de alguém…
6. Informar a APF e todas as pessoas e organizações que defendem o aborto livre que manobras de pressão como esta não nos atemorizam. Apesar de, aqui sim, parecer que há quem queira mandar os outros para a prisão, fiquem sabendo que, como dizia o poeta, haverá sempre alguém que resiste, haverá sempre alguém que diga Não!
7. Declarar o dia de hoje como um dia negro para a liberdade de expressão em Portugal. 30 anos depois do 25 de Abril há por aí uns senhores que se dão mal com a democracia e querem repôr o “lápis azul”.
Lisboa, 21 de Novembro de 2005
A Direcção dos Juntos pela Vida
Sob a situação do título deste post os Juntos pela Vida emitiram o comunicado que abaixo reproduzo.
A quem me pedir para pinheirotorres@hotmail.com enviarei o artigo "Os abortófilos" que está na origem desta polémica e desta vergonha.
Nota: de acordo com as nossas informações, a APF prepara-se agora para desencadear processos contra outras pessoas e associações do Não. Vai ser uma festa...! :-)
O comunicado, diz assim:
A propósito de Padres no banco dos réus
Foi com grande consternação que os Juntos Pela Vida souberam da condenação do Pe. Nuno Serras Pereira no âmbito de um processo-crime no qual este sacerdote vinha acusado da prática do crime de difamação, em resultado de uma queixa apresentada pela APF (Associação para o Planeamento da Família), alegadamente ofendida pelo artigo “Os Abortófilos”, publicado no jornal do Entroncamento dirigido pelo Padre José Luís Borga.
Queremos por isso publicamente:
1. Manifestar a nossa solidariedade e total apoio ao Padre Nuno Serras Pereira. Sabíamos que em alguns países que vivem em democracia (EUA, Canadá e outros) a manifestação de uma opinião contrária à mentalidade dominante nos “media” pode provocar processos semelhantes e às vezes resultar em prisão. Verificamos agora que tal também pode suceder em Portugal.
2. Testemunhar, em virtude de termos assistido à audiência de julgamento, que no processo ficou demonstrado que:
a) A APF não se socorreu, junto do jornal do Entroncamento, do “direito de resposta” como legalmente lhe era garantido, reagindo assim em termos normais a um artigo de opinião com que pretensamente se terá “ofendido”;
b) A APF não pediu no processo qualquer indemnização cível;
c) A APF usou o processo apenas para exercer uma inaceitável pressão sobre o Padre Nuno Serras Pereira e outras pessoas que sobre a APF e quem defende o aborto, fazem o mesmo juízo ou avaliação.
d) Correspondiam à verdade não apenas as citações incluídas no artigo em causa, como as situações descritas no mesmo. Isto mesmo foi confirmado pela testemunha Maria José Alves (membro destacado da Associação).
3. Reafirmar que a APF é hoje, como o é desde longa data, uma organização cuja grande preocupação política é a obtenção do aborto livre em Portugal, conforme nomeadamente se pode verificar de qualquer abaixo-assinado movido pelo mesmo propósito, da presença sistemática dos seus membros nos debates sobre o aborto, em posição favorável ao mesmo, ou até de declarações de Duarte Vilar quando descreve em relatórios internacionais da IPPF a actuação da sua organização e a caracteriza como desempenhando um papel determinante nessa batalha política. Nenhum problema existe nesse facto se simultaneamente a APF não fosse a organização tentacularmente mais instalada a nível de aparelho de Estado, nas questões da educação sexual e planeamento familiar, e através dessa posição desenvolva uma actividade persistente de formação das mentalidades no mesmo sentido dos seus objectivos políticos.
4. Acusar a APF de falta de cultura cívica e democrática. Ficou assim patente aos olhos de todos a intolerância que se esconde na posição de tantos tolerantes…
5. Lembrar que no debate político e naquele que versa sobre o aborto em especial, a temperatura da expressão sobe com frequência e que quem não é capaz de aguentar essas oscilações não deve frequentar essas paragens… Não é por acaso a palavra hipocrisia (que acreditamos é universalmente entendida como insultuosa) aquela que mais frequentemente é chamada à colação para descrever a atitude daqueles que se opõem ao aborto livre? E, apesar disso, há memória de algum processo judicial mandado instaurar por alguma dessas pessoas ou associações? Haja pois uma tolerância real, porque aquela da APF, já o sabíamos, passa sempre pela exclusão de alguém…
6. Informar a APF e todas as pessoas e organizações que defendem o aborto livre que manobras de pressão como esta não nos atemorizam. Apesar de, aqui sim, parecer que há quem queira mandar os outros para a prisão, fiquem sabendo que, como dizia o poeta, haverá sempre alguém que resiste, haverá sempre alguém que diga Não!
7. Declarar o dia de hoje como um dia negro para a liberdade de expressão em Portugal. 30 anos depois do 25 de Abril há por aí uns senhores que se dão mal com a democracia e querem repôr o “lápis azul”.
Lisboa, 21 de Novembro de 2005
A Direcção dos Juntos pela Vida
domingo, outubro 30, 2005
Aborto: referendo chumbado e Juntos pela Vida
A trapalhada e a precipitação parlamentar do Partido Socialista (muito empurrada pelo BE) terminaram como era fatal: num estouro! A direcção de grupo parlamentar mais inepta de sempre (e totalmente nas mãos do Dr. Louçã) provocou o Presidente da República e entalou o Primeiro-Ministro...o que valeu ao país foram o sentido de responsabilidade do Presidente, a coragem do Primeiro-Ministro e a cultura democrática de ambos. Bem como a independência do Tribunal Constitucional. O futuro se verá...
Entretanto a Associação Juntos pela Vida, publicou o seguinte
COMUNICADO
1. A Associação Juntos pela Vida
· Saúda o Primeiro Ministro, Eng. José Sócrates e o PS pela decisão de não retirar aos portugueses a possibilidade de decidirem em referendo sobre a liberalização do aborto em Portugal.
· Saúda o Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio pela decisão de remeter ao Tribunal Constitucional a questão.
· Denuncia as posições totalitárias e anti-democráticas do PCP e do BE de forçarem a alteração da lei do aborto na Assembleia da República. Em especial o BE que em menos de dois meses defendeu uma posição e a sua contrária sem se aperceber do ridículo espectáculo que deu aos portugueses.
2. A Associação Juntos pela Vida continua empenhada em discutir soluções sociais para esta questão social e por isso desafia os deputados na AR a
· Adjudicarem o estudo sobre a realidade do aborto em Portugal conforme a resolução aprovada há mais de dois anos e que continua a sofrer um incomprensível “veto de gaveta” da AR;
· Debaterem em plenário a petição que mais de 217 mil portuguesas e portugueses dirigiram aos Senhores deputados solicitando mais e melhores políticas de apoio à família e à maternidade;
· Denuciarem as intenções poucos claras e nada fundamentadas do Ministério da Saúde em promover o negócio do aborto à custa dos impostos dos portugueses.
3. A Associação Juntos pela Vida opõe-se inteiramente à liberalização do aborto, violação directa do direito à vida da criança não nascida. Mais, opõe-se ao aborto enquanto agressão à mãe que o realiza, dado os laços inquebráveis que unem sempre e em qualquer circunstância família, mãe e filho.
4. A Associação Juntos pela Vida declara mais uma vez o seu compromisso em dar todo o apoio às mulheres, mães e famílias que dele precisem, para que em Portugal não se possa dizer “eu abortei pois não tinha outra solução”.
Lisboa, 28 de Outubro de 2005
Entretanto a Associação Juntos pela Vida, publicou o seguinte
COMUNICADO
1. A Associação Juntos pela Vida
· Saúda o Primeiro Ministro, Eng. José Sócrates e o PS pela decisão de não retirar aos portugueses a possibilidade de decidirem em referendo sobre a liberalização do aborto em Portugal.
· Saúda o Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio pela decisão de remeter ao Tribunal Constitucional a questão.
· Denuncia as posições totalitárias e anti-democráticas do PCP e do BE de forçarem a alteração da lei do aborto na Assembleia da República. Em especial o BE que em menos de dois meses defendeu uma posição e a sua contrária sem se aperceber do ridículo espectáculo que deu aos portugueses.
2. A Associação Juntos pela Vida continua empenhada em discutir soluções sociais para esta questão social e por isso desafia os deputados na AR a
· Adjudicarem o estudo sobre a realidade do aborto em Portugal conforme a resolução aprovada há mais de dois anos e que continua a sofrer um incomprensível “veto de gaveta” da AR;
· Debaterem em plenário a petição que mais de 217 mil portuguesas e portugueses dirigiram aos Senhores deputados solicitando mais e melhores políticas de apoio à família e à maternidade;
· Denuciarem as intenções poucos claras e nada fundamentadas do Ministério da Saúde em promover o negócio do aborto à custa dos impostos dos portugueses.
3. A Associação Juntos pela Vida opõe-se inteiramente à liberalização do aborto, violação directa do direito à vida da criança não nascida. Mais, opõe-se ao aborto enquanto agressão à mãe que o realiza, dado os laços inquebráveis que unem sempre e em qualquer circunstância família, mãe e filho.
4. A Associação Juntos pela Vida declara mais uma vez o seu compromisso em dar todo o apoio às mulheres, mães e famílias que dele precisem, para que em Portugal não se possa dizer “eu abortei pois não tinha outra solução”.
Lisboa, 28 de Outubro de 2005
terça-feira, outubro 25, 2005
Portugal e a depressão nacional
Recebido de um amigo, há já alguns dias:
"Vivemos, num país mesmo triste...até o Furacão Vince, quando se apercebeu que vinha para Portugal, passou rapidamente a Depressão."... :-)
"Vivemos, num país mesmo triste...até o Furacão Vince, quando se apercebeu que vinha para Portugal, passou rapidamente a Depressão."... :-)
segunda-feira, outubro 24, 2005
Aborto, referendo e Presidente da República
De um amigo, recebi este comentário, que subscrevo integralmente:
"Sampaio há três dias: “não cabe ao presidente pronunciar-se sobre rumores.”
Sampaio vária vezes: “quando no estrangeiro o presidente não comenta assuntos de política interna”
Nunca mais chegam as eleições?"... :-)
"Sampaio há três dias: “não cabe ao presidente pronunciar-se sobre rumores.”
Sampaio vária vezes: “quando no estrangeiro o presidente não comenta assuntos de política interna”
Nunca mais chegam as eleições?"... :-)
Aborto, Referendo e Presidente da República
Recebi este comentário, de um amigo, que subscrevo completamente:
"Sampaio há três dias: “não cabe ao presidente pronunciar-se sobre rumores.”
Sampaio vária vezes: “quando no estrangeiro o presidente não comenta assuntos de política interna”
Nunca mais chegam as eleições?"
"Sampaio há três dias: “não cabe ao presidente pronunciar-se sobre rumores.”
Sampaio vária vezes: “quando no estrangeiro o presidente não comenta assuntos de política interna”
Nunca mais chegam as eleições?"
domingo, setembro 25, 2005
A Televisão e os pirómanos (artigo de Pedro Afonso)
O meu amigo Pedro Afonso, Psiquiatra, enviou-me este artigo de sua autoria que penso, atenta a sua condição profissional, deve ser levado em conta:
A televisão e os pirómanos
Neste verão arderam mais de 180 000 hectares de terreno por todo o país. As várias televisões noticiaram a tragédia em longas horas de emissões. Para além dos excepcionais factores climatéricos, a falta de limpeza das matas, etc., parece existir um certo consenso que muitos dos incêndios tiveram “mão criminosa”.
Constata-se que tem havido frequentemente uma abordagem sensacionalista deste fenómeno por parte de alguma comunicação social, por exemplo, com jornalistas a colocarem em risco (a meu ver desnecessariamente) a sua própria vida ─ com fagulhas acesas por todo o lado, a tossirem em directo para os microfones intoxicados pelo fumo ─ , ou apresentando com dramatismo algumas vítimas desta calamidade.
É sabido que actualmente a luta pelas audiências conduz a um tipo de jornalismo que não relata somente a tragédia, como também procura expor (muitas vezes até à “náusea”) as reacções emocionais das vítimas dessa mesma fatalidade, criando deste modo uma espécie de “dupla notícia”.
Não pretendo defender qualquer tipo de censura, mas antes reflectir sobre a forma como a cobertura jornalística desta catástrofe, poderá ela própria estar a contribuir (involuntariamente) para aumentá-la.
Certamente, que para além de alguns interesses económicos que estarão por detrás de alguns fogos, e de outras motivações psicopáticas, muitos deles serão obra de pirómanos.
Sabemos que há situações especiais cujo tratamento jornalístico deverá obedecer a determinados critérios. Um dos exemplos clássicos é o suicídio. Após a notícia de um suicídio, surgem frequentemente fenómenos de imitação, com a ocorrência de vários suicídios em cadeia. Por isso, este é um assunto que deve ser tratado com a maior delicadeza e ponderação uma vez que pode colocar em risco pessoas que se encontram numa situação de grande fragilidade, necessitando apenas de um pretexto para porem termo à vida. Um dos famosos exemplos foi dado por Goethe, através da publicação do seu livro Os sofrimentos do jovem Werther (1774). O sucesso deste romance trouxe consigo uma série de graves problemas, já que influenciados pelo seu romantismo, jovens leitores por toda a Europa, lançaram-se nas suas paixões e tomados por um sentimento de liberdade acabaram por se suicidar em larga escala.
Um pirómano tem um comportamento incendiário deliberado, repetitivo e que não visa o lucro, sabotagem, retaliação ou qualquer forma de expressão política. O acto incendiário é normalmente precedido de um aumento de tensão ou activação afectiva. Estes indivíduos experimentam um prazer intenso, uma gratificação e alívio da tensão quando ateiam incêndios. Podem ser indiferentes às consequências dos fogos ou sentirem mesmo uma satisfação pela perda de bens e haveres. São frequentemente espectadores do incêndio, mostrando interesse nos vários aspectos relacionados com o fogo, podendo inclusivamente participarem na sua extinção. Deste modo, existe por parte do indivíduo, uma fascinação, atracção e curiosidade pelo incêndio e seu contexto situacional.
Em suma, o pirómano não pode ter maior prazer do que assistir a uma reportagem televisiva pormenorizada da sua “obra”: o fogo.
Estou convicto que este verão assistimos pela televisão a um concurso nacional de pirómanos! Imagino-os colados ao ecrã do televisor tentando perceber qual deles é que conseguiu atear o maior incêndio! Por isso, há que repensar no futuro sobre a forma como deve ser feita a reportagem jornalística deste tipo de catástrofe, de modo a não amplificar o próprio fenómeno piromaníaco.
Ao contrário do que acontece com as bruxas, no caso dos pirómanos é preciso acreditar neles, porque existem de facto!
Pedro Afonso
pedromafonso@netcabo.pt
A televisão e os pirómanos
Neste verão arderam mais de 180 000 hectares de terreno por todo o país. As várias televisões noticiaram a tragédia em longas horas de emissões. Para além dos excepcionais factores climatéricos, a falta de limpeza das matas, etc., parece existir um certo consenso que muitos dos incêndios tiveram “mão criminosa”.
Constata-se que tem havido frequentemente uma abordagem sensacionalista deste fenómeno por parte de alguma comunicação social, por exemplo, com jornalistas a colocarem em risco (a meu ver desnecessariamente) a sua própria vida ─ com fagulhas acesas por todo o lado, a tossirem em directo para os microfones intoxicados pelo fumo ─ , ou apresentando com dramatismo algumas vítimas desta calamidade.
É sabido que actualmente a luta pelas audiências conduz a um tipo de jornalismo que não relata somente a tragédia, como também procura expor (muitas vezes até à “náusea”) as reacções emocionais das vítimas dessa mesma fatalidade, criando deste modo uma espécie de “dupla notícia”.
Não pretendo defender qualquer tipo de censura, mas antes reflectir sobre a forma como a cobertura jornalística desta catástrofe, poderá ela própria estar a contribuir (involuntariamente) para aumentá-la.
Certamente, que para além de alguns interesses económicos que estarão por detrás de alguns fogos, e de outras motivações psicopáticas, muitos deles serão obra de pirómanos.
Sabemos que há situações especiais cujo tratamento jornalístico deverá obedecer a determinados critérios. Um dos exemplos clássicos é o suicídio. Após a notícia de um suicídio, surgem frequentemente fenómenos de imitação, com a ocorrência de vários suicídios em cadeia. Por isso, este é um assunto que deve ser tratado com a maior delicadeza e ponderação uma vez que pode colocar em risco pessoas que se encontram numa situação de grande fragilidade, necessitando apenas de um pretexto para porem termo à vida. Um dos famosos exemplos foi dado por Goethe, através da publicação do seu livro Os sofrimentos do jovem Werther (1774). O sucesso deste romance trouxe consigo uma série de graves problemas, já que influenciados pelo seu romantismo, jovens leitores por toda a Europa, lançaram-se nas suas paixões e tomados por um sentimento de liberdade acabaram por se suicidar em larga escala.
Um pirómano tem um comportamento incendiário deliberado, repetitivo e que não visa o lucro, sabotagem, retaliação ou qualquer forma de expressão política. O acto incendiário é normalmente precedido de um aumento de tensão ou activação afectiva. Estes indivíduos experimentam um prazer intenso, uma gratificação e alívio da tensão quando ateiam incêndios. Podem ser indiferentes às consequências dos fogos ou sentirem mesmo uma satisfação pela perda de bens e haveres. São frequentemente espectadores do incêndio, mostrando interesse nos vários aspectos relacionados com o fogo, podendo inclusivamente participarem na sua extinção. Deste modo, existe por parte do indivíduo, uma fascinação, atracção e curiosidade pelo incêndio e seu contexto situacional.
Em suma, o pirómano não pode ter maior prazer do que assistir a uma reportagem televisiva pormenorizada da sua “obra”: o fogo.
Estou convicto que este verão assistimos pela televisão a um concurso nacional de pirómanos! Imagino-os colados ao ecrã do televisor tentando perceber qual deles é que conseguiu atear o maior incêndio! Por isso, há que repensar no futuro sobre a forma como deve ser feita a reportagem jornalística deste tipo de catástrofe, de modo a não amplificar o próprio fenómeno piromaníaco.
Ao contrário do que acontece com as bruxas, no caso dos pirómanos é preciso acreditar neles, porque existem de facto!
Pedro Afonso
pedromafonso@netcabo.pt
Sobre a Ota: história de dois aeroportos
De um bom amigo, meu colega na legislatura anterior, recebi este texto que a ser verdadeiro (não o pude confirmar e não é de sua autoria), seria trágico. Publico-o porque não tendo mais do que o bom senso para me orientar e fiando-me no que fui lendo, considero esta história da Ota, um verdadeiro disparate. Estando porém com muito gosto disposto a ser convencido do contrário (porque este tipo de projectos arrastam sempre muitos sectores económicos e, nesse sentido, são bons) até porque muito aliviado ficaria se não fosse um novo elefante branco...
Mas o texto diz isto:
"Uma história de 2 aeroportos:
Áreas: - Aeroporto de Málaga: 320 hectares;
- Aeroporto de Lisboa: 520 hectares.
Pistas: - Aeroporto de Málaga: 1 pista;
- Aeroporto de Lisboa: 2 pistas.
Tráfego (2004): - Aeroporto de Málaga: 12 milhões de passageiros, taxa de crescimento, 7% a 8%ao ano.
- Aeroporto de Lisboa: 10,7 milhões de passageiros, taxa de crescimento4,5% ao ano.
Soluções para o aumento de capacidade:
Málaga: - 1 novo terminal, investimento de 191 milhões de euros, capacidade 20milhões de passageiros/ano. O aeroporto continua a 8 Km da cidade e continua a ter uma só pista.
Lisboa: - 1 novo aeroporto, 3.000 a 5.000 milhões de euros, solução faraónica a40Km da cidade."
É de causar calafrios, não é?
Mas o texto diz isto:
"Uma história de 2 aeroportos:
Áreas: - Aeroporto de Málaga: 320 hectares;
- Aeroporto de Lisboa: 520 hectares.
Pistas: - Aeroporto de Málaga: 1 pista;
- Aeroporto de Lisboa: 2 pistas.
Tráfego (2004): - Aeroporto de Málaga: 12 milhões de passageiros, taxa de crescimento, 7% a 8%ao ano.
- Aeroporto de Lisboa: 10,7 milhões de passageiros, taxa de crescimento4,5% ao ano.
Soluções para o aumento de capacidade:
Málaga: - 1 novo terminal, investimento de 191 milhões de euros, capacidade 20milhões de passageiros/ano. O aeroporto continua a 8 Km da cidade e continua a ter uma só pista.
Lisboa: - 1 novo aeroporto, 3.000 a 5.000 milhões de euros, solução faraónica a40Km da cidade."
É de causar calafrios, não é?
sábado, setembro 24, 2005
Candidatura à Presidência da República de Luís Botelho Ribeiro
Luís Botelho Ribeiro, Professor na Universidade do Minho, decidiu candidatar-se à Presidência da República. Conheço-o de há uns anos para cá no âmbito da movimentação civica de defesa da Vida. Estivemos já juntos numa "operação" recente e conheço-lhe a generosidade e o empenho que põe nas coisas em que acredita.
O que me parece mover esta candidatura é sobretudo um desejo de participação civica, de que Portugal não desista de si próprio e que os políticos e os partidos que nos goveram não detenham o monopólio da possibilidade de expressão pública e exercício do poder. Depois existem algumas ideias mais originais (tipo a deslocação da Presidência da República para Guimarães) que tem sobretudo a movê-las o desejo de chamar a atenção para problemas reais do país (no exemplo, a excessiva concentração de poder em Lisboa).
Comprometido como estou desde há muito com uma outra (e ainda não anunciada ;-) candidatura presidencial não o poderei apoiar. No entanto desejo-lhe as maiores felicidades, sobretudo nesta fase de angariação das indispensáveis 7.500 assinaturas!
Para quem quiser saber mais: http://www.botelhoribeiro.org/
O que me parece mover esta candidatura é sobretudo um desejo de participação civica, de que Portugal não desista de si próprio e que os políticos e os partidos que nos goveram não detenham o monopólio da possibilidade de expressão pública e exercício do poder. Depois existem algumas ideias mais originais (tipo a deslocação da Presidência da República para Guimarães) que tem sobretudo a movê-las o desejo de chamar a atenção para problemas reais do país (no exemplo, a excessiva concentração de poder em Lisboa).
Comprometido como estou desde há muito com uma outra (e ainda não anunciada ;-) candidatura presidencial não o poderei apoiar. No entanto desejo-lhe as maiores felicidades, sobretudo nesta fase de angariação das indispensáveis 7.500 assinaturas!
Para quem quiser saber mais: http://www.botelhoribeiro.org/
quarta-feira, setembro 14, 2005
Por uma política autárquica de família!
A Associação Famílias emitiu ontem esta carta aberta que aqui reproduzo por nela estarem incluídos os prinicpais pontos de uma política como a reivindicada no título deste post.
Parabéns ao Dr. Carlos Gomes (o presidente da Associação) pela iniciativa!
Carta Aberta a todos os Candidatos Autárquicos
Associação Famílias Setembro de 2005
Caro Candidato:
Aproxima-se o período de campanha eleitoral que culmina em 9 de Outubro com a (re)eleição de (novas) equipas de gestão das autarquias. Por isso, e na sequência daquela, ultimam-se os programas eleitorais que, espera-se, irão merecer a leitura atenta por parte de todos os eleitores. Espera-se, consequentemente, que os projectos sejam claros e os compromissos neles contidos sejam cumpridos. Por outro lado, o exercício consciente da cidadania pressupõe que os eleitores se informem e esclareçam antes do acto eleitoral. São estas duas condições essenciais da liberdade.
Como instituição voltada para a Família, sociedade anterior ao Estado e seu fundamento, queremos interpelar todos os interessados (Partidos, Coligações ou Independentes), a questionarem-se sobre qual o papel e importância que desejam atribuir às famílias, todas as famílias. Numa perspectiva convergente dos princípios da subsidiariedade, da solidariedade e complementaridade queremos propor, sugerir, algumas medidas que poderiam e deveriam estar incluídas em todos os projectos eleitorais preocupadas com o bem comum, com o bem de cada individuo e com o das famílias.
Assim, propomos que a nível autárquico, as preocupações acima sugeridas, possam revestir, entre outras, as seguintes sugestões:
- apoiar e incentivar a promoção de medidas de preparação para a conjugalidade e parentalidade;
- criar ou apoiar a criação de gabinetes de aconselhamento, orientação e mediação familiares;
- promover medidas que favoreçam a conciliação entre o trabalho e a vida familiar (p.ex. encerramento das actividades comerciais ao Domingo);
- apoiar a criação de uma rede de serviços de proximidade de apoio à maternidade (creches, apoio domiciliário, lavandarias sociais, etc);
- divulgar, de forma sistemática, os direitos/deveres da Família;
- fomentar e apoiar medidas para as crianças e jovens de famílias mais carenciadas, em áreas de formação pedagógica e social;
- desenvolver e apoiar medidas que beneficiam cidadãos em risco de exclusão social (idosos, deficientes, etc);
- criar dinâmicas de promoção da cultura, do desporto e de lazer para serem vividas e participadas em Família (acesso facilitado a actividades culturais, desportivas ou de lazer a Famílias, de acordo com o agregado familiar);
- melhorar as acessibilidades de todos os locais dependentes das autarquias, sobretudo para os deficientes;
- inscrever, como obrigatório, nos procedimentos de aprovação de novos equipamentos sociais, culturais, desportivos, de lazer ou familiares, a garantia efectiva da acessibilidade a todos os cidadãos de forma autónoma;
- dinamizar e/ou apoiar planos municipais de prevenção das toxicodependências e de violência familiar em articulação com outras entidades públicas ou privadas;
- celebrar e/ou apoiar a celebração das grandes datas relacionadas com as Famílias: DIA DO PAI, DIA DA MÃE, DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA e DIA NACIONAL DOS AVÓS;
- desenvolver projectos para a erradicação da pobreza;
- dar particular atenção para os gravíssimos problemas da habitação e desemprego;
- incentivar a igualdade de oportunidades para mulheres e homens.
Estas são algumas medidas que nos permitimos sugerir aos Candidatos Autárquicos. Esperamos que o nosso contributo, livre e espontâneo, mereça a atenção daqueles e que a Família ocupe nos seus programas a centralidade fundamental desta comunidade, tal como refere a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS e a nossa CONSTITUIÇÃO.
Braga, 2005 / Setembro/ 13
Parabéns ao Dr. Carlos Gomes (o presidente da Associação) pela iniciativa!
Carta Aberta a todos os Candidatos Autárquicos
Associação Famílias Setembro de 2005
Caro Candidato:
Aproxima-se o período de campanha eleitoral que culmina em 9 de Outubro com a (re)eleição de (novas) equipas de gestão das autarquias. Por isso, e na sequência daquela, ultimam-se os programas eleitorais que, espera-se, irão merecer a leitura atenta por parte de todos os eleitores. Espera-se, consequentemente, que os projectos sejam claros e os compromissos neles contidos sejam cumpridos. Por outro lado, o exercício consciente da cidadania pressupõe que os eleitores se informem e esclareçam antes do acto eleitoral. São estas duas condições essenciais da liberdade.
Como instituição voltada para a Família, sociedade anterior ao Estado e seu fundamento, queremos interpelar todos os interessados (Partidos, Coligações ou Independentes), a questionarem-se sobre qual o papel e importância que desejam atribuir às famílias, todas as famílias. Numa perspectiva convergente dos princípios da subsidiariedade, da solidariedade e complementaridade queremos propor, sugerir, algumas medidas que poderiam e deveriam estar incluídas em todos os projectos eleitorais preocupadas com o bem comum, com o bem de cada individuo e com o das famílias.
Assim, propomos que a nível autárquico, as preocupações acima sugeridas, possam revestir, entre outras, as seguintes sugestões:
- apoiar e incentivar a promoção de medidas de preparação para a conjugalidade e parentalidade;
- criar ou apoiar a criação de gabinetes de aconselhamento, orientação e mediação familiares;
- promover medidas que favoreçam a conciliação entre o trabalho e a vida familiar (p.ex. encerramento das actividades comerciais ao Domingo);
- apoiar a criação de uma rede de serviços de proximidade de apoio à maternidade (creches, apoio domiciliário, lavandarias sociais, etc);
- divulgar, de forma sistemática, os direitos/deveres da Família;
- fomentar e apoiar medidas para as crianças e jovens de famílias mais carenciadas, em áreas de formação pedagógica e social;
- desenvolver e apoiar medidas que beneficiam cidadãos em risco de exclusão social (idosos, deficientes, etc);
- criar dinâmicas de promoção da cultura, do desporto e de lazer para serem vividas e participadas em Família (acesso facilitado a actividades culturais, desportivas ou de lazer a Famílias, de acordo com o agregado familiar);
- melhorar as acessibilidades de todos os locais dependentes das autarquias, sobretudo para os deficientes;
- inscrever, como obrigatório, nos procedimentos de aprovação de novos equipamentos sociais, culturais, desportivos, de lazer ou familiares, a garantia efectiva da acessibilidade a todos os cidadãos de forma autónoma;
- dinamizar e/ou apoiar planos municipais de prevenção das toxicodependências e de violência familiar em articulação com outras entidades públicas ou privadas;
- celebrar e/ou apoiar a celebração das grandes datas relacionadas com as Famílias: DIA DO PAI, DIA DA MÃE, DIA INTERNACIONAL DA FAMÍLIA e DIA NACIONAL DOS AVÓS;
- desenvolver projectos para a erradicação da pobreza;
- dar particular atenção para os gravíssimos problemas da habitação e desemprego;
- incentivar a igualdade de oportunidades para mulheres e homens.
Estas são algumas medidas que nos permitimos sugerir aos Candidatos Autárquicos. Esperamos que o nosso contributo, livre e espontâneo, mereça a atenção daqueles e que a Família ocupe nos seus programas a centralidade fundamental desta comunidade, tal como refere a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS e a nossa CONSTITUIÇÃO.
Braga, 2005 / Setembro/ 13
segunda-feira, setembro 12, 2005
30 dias sobre a morte de um santo (Padre Gomes do Algarve)
Faz hoje 30 dias que morreu um santo. O Padre Jerónimo Gomes, fundador do SOS Vida, do Algarve. Um homem que levando a sério o empenho no Não ao aborto de 1997 e 1998, se muniu de um telemóvel disponível 24 sobre 24 horas, e se dedicou a ajudar as grávidas em dificuldades que o procuravam. Resultado? Cerca de três centena e meia de bébés salvos do aborto, uma equipe de profissionais em seu torno, alguns (pouco) meios, entre os quais uma carrinha equipada de aparelho de ecografia.
Como quase todos os santos não tinha um feitio fácil...e não ficou isento de alguns erros (como aquele de publicar uns folhetos com aquelas imagens falsas de taiwan em que se viam alguns asiáticos a comer fetos, pretensamente abortados). Mas essa era também a sua grandeza e a raiz da sua santidade: uma entrega total à Igreja, presença de Deus no mundo, à causa da defesa da vida, que arrastou a sua vontade e a sua capacidade de risco. Só quem fica quieto em sua casa é que não comete erros!
Santo? Sim. Pela obra e também porque santo não é o homem que peca, mas o que, mais rapidamente, depois do pecado, se dá conta do mesmo, se arrepende e diz: "Mas Tu, ó Cristo, és tudo!".
Agora no céu, junto do Senhor da Vida, pode o Padre Gomes continuar empenhado nesta nossa comum batalha, olhando por nós. Essa será a intenção da Missa que o Padre Duarte celebrará, na sua Paróquia do Alto do Luniar, hoje (12 de Setembro, segunda-feira) às 18h15.
Nota: não é preciso ser católico para defender a Vida, mas num país como Portugal, constata-se que a os católicos constituem a maioria das fileiras pró-vida. Se formos a um país protestante, a maioria do pró-vida, também o será. E por aí adiante quanto a países muçulmanos, ateus, budistas, etc. O pró-vida é sempre um retrato do país.
Como quase todos os santos não tinha um feitio fácil...e não ficou isento de alguns erros (como aquele de publicar uns folhetos com aquelas imagens falsas de taiwan em que se viam alguns asiáticos a comer fetos, pretensamente abortados). Mas essa era também a sua grandeza e a raiz da sua santidade: uma entrega total à Igreja, presença de Deus no mundo, à causa da defesa da vida, que arrastou a sua vontade e a sua capacidade de risco. Só quem fica quieto em sua casa é que não comete erros!
Santo? Sim. Pela obra e também porque santo não é o homem que peca, mas o que, mais rapidamente, depois do pecado, se dá conta do mesmo, se arrepende e diz: "Mas Tu, ó Cristo, és tudo!".
Agora no céu, junto do Senhor da Vida, pode o Padre Gomes continuar empenhado nesta nossa comum batalha, olhando por nós. Essa será a intenção da Missa que o Padre Duarte celebrará, na sua Paróquia do Alto do Luniar, hoje (12 de Setembro, segunda-feira) às 18h15.
Nota: não é preciso ser católico para defender a Vida, mas num país como Portugal, constata-se que a os católicos constituem a maioria das fileiras pró-vida. Se formos a um país protestante, a maioria do pró-vida, também o será. E por aí adiante quanto a países muçulmanos, ateus, budistas, etc. O pró-vida é sempre um retrato do país.
domingo, setembro 11, 2005
Hoje, 12 de Setembro, filme "A Vida no Ventre" no National Geographic
Da Associação das Famílias Numerosas recebi esta notícia.
Num momento em que a sanha abortista está particularmente empenhada na realização de um referendo e em que provavelmente serão incapazes de dedicar uma palavra ao grande interessado nesta discussão (o bébé, maior ou mais pequeno, que está na barriga da sua mãe), filmes como estes (que resultam da colocação de uma câmara de filmar no interior de uma mulher grávida) tornam evidente que a grande questão do referendo será: "que protecção acha deve ter a vida humana em Portugal?".
Exmos Senhores
É com grande alegria que se avisa que o extraordinário documentário "Vida no Ventre", produzido pela National Geographic, com imagens espectaculares da vida intra-uterina, desde a concepção até ao nascimento, vai ser de novo apresentado no canal National Geographic, na TV Cabo, na próxima segunda-feira, 12 de Setembro, às 20:00 (http://www.tvcabo.pt/TV/ProgramacaoTv.aspx?programId=1542303&channelSigla=NG ).
É uma excelente oportunidade para se gravar e divulgar essa gravação, sobretudo a quantos continuam a afirmar que a vida humana começa mais tarde, pelo que deve ser permitido matar-se essa vida, contra toda a evidência científica que salta aos olhos de todos neste documentário!
Recomenda-se, ainda, que mostrem aos vossos filhos e outras crianças, para que vejam como eram "dentro da barriga da Mãe".
A versão em qualidade internet pode ser vista no nosso site em http://http://www.apfn.com.pt/documentario/index.htm .
DIVULGUEM!
Cumprimentos
Num momento em que a sanha abortista está particularmente empenhada na realização de um referendo e em que provavelmente serão incapazes de dedicar uma palavra ao grande interessado nesta discussão (o bébé, maior ou mais pequeno, que está na barriga da sua mãe), filmes como estes (que resultam da colocação de uma câmara de filmar no interior de uma mulher grávida) tornam evidente que a grande questão do referendo será: "que protecção acha deve ter a vida humana em Portugal?".
Exmos Senhores
É com grande alegria que se avisa que o extraordinário documentário "Vida no Ventre", produzido pela National Geographic, com imagens espectaculares da vida intra-uterina, desde a concepção até ao nascimento, vai ser de novo apresentado no canal National Geographic, na TV Cabo, na próxima segunda-feira, 12 de Setembro, às 20:00 (http://www.tvcabo.pt/TV/ProgramacaoTv.aspx?programId=1542303&channelSigla=NG ).
É uma excelente oportunidade para se gravar e divulgar essa gravação, sobretudo a quantos continuam a afirmar que a vida humana começa mais tarde, pelo que deve ser permitido matar-se essa vida, contra toda a evidência científica que salta aos olhos de todos neste documentário!
Recomenda-se, ainda, que mostrem aos vossos filhos e outras crianças, para que vejam como eram "dentro da barriga da Mãe".
A versão em qualidade internet pode ser vista no nosso site em http://http://www.apfn.com.pt/documentario/index.htm .
DIVULGUEM!
Cumprimentos
Artigo sobre Pedro Santana Lopes
No "Correio da Manhã" de 11 de Agosto passado, Luís Filipe Menezes escreveu um artigo genial, intitulado "Sonho de noite de Verão". O link para esse artigo é: http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=169940&idselect=109&idCanal=109&p=0 . A ideia é simples, brilhante: descrever tudo o que se está a passar no país, mas como protagonistas, não os actuais membros do Governo, mas os do XVIº Governo Constitucional (chefiado por Santana Lopes). Tipo: "o PM Santana Lopes foi de férias para o Quénia e o Ministro Bagão Félix demitiu-se três semanas depois de apresentar as contas portuguesas em Bruxelas"... :-)
O efeito é imediato: se factos actuais tivessem tido por protagonistas os membros do Governo Santana Lopes, o que não teria sido!!! "PM mata gazela rara no Quénia e assunto será debatido na ONU"... ou "Se nem o Ministro das Finanças está com ele mais do que umas poucas semanas, e em desacordo com o plano de investimentos, como podem os portugueses dormirem sossegados?"... etc., etc.
A conclusão não pode ser outra senão a de que o Governo Santana Lopes foi alvo da maior barragem de fogo dos media, de que há memória na história da democracia portuguesa. E por isso não me desaparece esta sensação de que do ponto de vista político, a dissolução da Assembleia da República, foi um golpe de estado constitucional. E que, do ponto de vista humano, Santana Lopes foi vitima de uma injustiça desproporcionada a qualquer fraqueza de que possa ser acusado.
O efeito é imediato: se factos actuais tivessem tido por protagonistas os membros do Governo Santana Lopes, o que não teria sido!!! "PM mata gazela rara no Quénia e assunto será debatido na ONU"... ou "Se nem o Ministro das Finanças está com ele mais do que umas poucas semanas, e em desacordo com o plano de investimentos, como podem os portugueses dormirem sossegados?"... etc., etc.
A conclusão não pode ser outra senão a de que o Governo Santana Lopes foi alvo da maior barragem de fogo dos media, de que há memória na história da democracia portuguesa. E por isso não me desaparece esta sensação de que do ponto de vista político, a dissolução da Assembleia da República, foi um golpe de estado constitucional. E que, do ponto de vista humano, Santana Lopes foi vitima de uma injustiça desproporcionada a qualquer fraqueza de que possa ser acusado.
domingo, abril 17, 2005
A limitação de mandatos políticos
A discussão em torno da proposta de limitação de mandatos dos políticos, mostra bem o ponto as que chegamos e a falta de respeito por si próprios que os políticos têm. A ideia peregrina que a corrupção e outros fenómenos menos recomendáveis se combatem limitando o tempo do mandato dos políticos, diz pelo menos duas coisas: para quem nos governa, a possibilidade de corrupção tem a sua variável dominante no tempo (e não no carácter de quem corrompe e é corrompido, nem no sistema legal e administrativo que facilita essas ocorrências) e os políticos, pelo menos pelo decorrer do tempo, são todos corruptos...!
Isto para já não falar na liberdade que é retirada ás pessoas de elegerem quem muito bem entendem e pelo tempo que o entenderem!
Enquanto formos por este caminho, não vamos a lado nenhum...!
Isto para já não falar na liberdade que é retirada ás pessoas de elegerem quem muito bem entendem e pelo tempo que o entenderem!
Enquanto formos por este caminho, não vamos a lado nenhum...!
Na véspera do Conclave: "Experimentar e sentir a Igreja"
Na véspera do Conclave percebo como se torna importante rezar por cada um dos Cardeais que dele fazem parte. Dessa mesma responsabilidade também nos fala o nosso Patriarca de Lisboa nesta mensagem extraordinária que nos enviou de Roma e que eu aqui transcrevo:
Experimentar e sentir a Igreja
Estes dias em Roma têm sido de uma beleza e profundidade envolventes. Não têm sido um discurso; temos sentido e experimentado o mistério da Igreja, na sua profunda humanidade, embrenhada na história humana, mas ao mesmo tempo movida por aquela força do Espírito que a define como peregrina da eternidade. Estamos todos envolvidos numa experiência comovente: quanto mais profundas e misteriosas as coisas são, mais simples se tornam. E essa simplicidade, própria de quem acredita e de quem confia, revela-se como uma espécie de inocência recuperada.
Experimentámos e sentimos a Igreja como um povo que caminha, no meio dessa multidão imensa, que é a humanidade: um povo que, quando uma força misteriosa o atrai e o dinamiza, avança, sem nada o fazer parar. João Paulo II teve esse dom e essa força, de pôr a Igreja a caminho. Aquelas multidões que, em filas imensas, vindas de toda a parte, atravessaram a cidade durante dias seguidos, movidas apenas pelo desejo de contemplarem, pela última vez, o rosto daquele Papa que um dia, sabe-se lá quando, tinha tocado o seu coração e mudado as suas vidas, eram um símbolo vivo do destino da Igreja no mundo contemporâneo. A Igreja pode ser essa avalanche imparável de multidões tocadas por Jesus Cristo, que se põem a caminhar, desejosas de contemplar o seu rosto e que atravessam a humanidade, gritando a esperança. Deixou de haver lugar para um cristianismo acomodado e passivo. Quem acredita no Senhor ressuscitado, põe-se a caminho, torna-se multidão, traça sulcos de esperança na humanidade e na história, grita com o testemunho silencioso desse caminhar, que o homem é peregrino da eternidade e que Cristo ressuscitado é o termo do homem e da história.
Experimentámos a Igreja na sua humanidade, na qual age e se exprime a força de Deus. O divino no humano! Eis o mistério de Cristo, Filho de Deus feito homem, exprimindo na sua humanidade toda a força criadora e transformadora da divindade; eis o mistério da Igreja, que continua a exprimir, no realismo da sua humanidade, na sua maneira humana de ser e de fazer, a força transformadora do Espírito de Cristo ressuscitado. A “paixão” e a morte de Karol Wojtyla, o Pastor e profeta que muitos olhavam como o “anjo de Deus”, fizeram-nos sentir essa profunda humanidade da Igreja. Não há excepções para o drama humano da vida e da redenção. É preciso atravessar a fronteira da morte, dignificada pela esperança, como expressão de vida oferecida, grão de trigo lançado à terra, na esperança da fecundidade misteriosa da própria morte.
Mas também na densidade destes dias que antecedem a escolha do futuro Papa, se experimenta essa humanidade da Igreja, através da qual Deus continua a agir na história.
Aqui estamos nós, 115 homens que Deus há muito chamou e consagrou para o serviço do seu Povo, a preparar na simplicidade da fé, um acto profundamente humano: votar para escolher aquele que, certamente, Deus já escolheu. Mas não estamos à espera que Deus nos mande um anjo a anunciar a sua escolha. Ele quer que a sua escolha se exprima na nossa. É tudo tão simples e tão sereno. Temos apenas de fazer o que nos é pedido, na simplicidade da nossa consciência, acreditando profundamente que é o Senhor quem conduz o seu Povo.
Este sentir da humanidade da Igreja é um desafio para todo o Povo de Deus, neste início do terceiro milénio e tem a ver com a nova evangelização. A Igreja toda é chamada a acreditar que, pela sua maneira de agir e de estar no mundo, Deus passa ou não passa, porque a acção da Igreja é a única maneira de o Espírito de Deus agir na história dos homens. O Reino de Deus é anunciado e cresce, na medida da nossa determinação em seguirmos, em tudo, o Senhor que nos chamou. A fidelidade dos cristãos é o sal que tempera e a luz que ilumina os novos caminhos da esperança e da salvação.
E, finalmente, sentimos a Igreja na beleza da santidade. Todos tivemos a sensação de que, naquelas exéquias, estávamos a venerar um santo. Os cartazes que, no meio daquela multidão, pediam a beatificação imediata de João Paulo II, não eram episódicos; eram, antes, expressão de uma vaga de fundo, a que os meios de comunicação têm dado voz e que não deixa ninguém indiferente. O Papa que tantas vezes falou da vocação da Igreja à santidade, é um santo. Há já notícias de milagres. Independentemente do ritmo do processo de beatificação, que só o próximo Papa poderá decidir, a vida e a morte de João Paulo II foram um forte apelo à santidade.
Na vigília dos jovens, em S. João de Latrão, na véspera do funeral, um jovem, com a ousadia a que lhe dão direito a idade e a emoção própria do momento, pediu aos cardeais, aos bispos, aos padres, que sejam santos, que lhes dêem o exemplo da santidade. Certamente, sem pensar nisso, aquele jovem compreendeu, à luz do testemunho de João Paulo II, a coordenada principal da evangelização dos jovens: entusiasmá-los a percorrer o caminho da santidade, pois só por aí vale verdadeiramente a pena ser cristão, ser diferente, viver a vida com todas as promessas que ela encerra. Dizemos todos os domingos: creio na Igreja santa. Essa Igreja é a nossa, aquele povo onde entrámos quando nos decidimos a seguir Jesus. Caminhar para a santidade, não exclui, nem dificuldades, nem fragilidades. Basta acreditar e confiar, para aprender a amar “a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”.
Nestes dias estamos todos a sentir e experimentar a Igreja. É ela que vai continuar; só a ela pertence verdadeiramente o futuro.
Roma, 11 de Abril 2005
† José, Cardeal Patriarca
Experimentar e sentir a Igreja
Estes dias em Roma têm sido de uma beleza e profundidade envolventes. Não têm sido um discurso; temos sentido e experimentado o mistério da Igreja, na sua profunda humanidade, embrenhada na história humana, mas ao mesmo tempo movida por aquela força do Espírito que a define como peregrina da eternidade. Estamos todos envolvidos numa experiência comovente: quanto mais profundas e misteriosas as coisas são, mais simples se tornam. E essa simplicidade, própria de quem acredita e de quem confia, revela-se como uma espécie de inocência recuperada.
Experimentámos e sentimos a Igreja como um povo que caminha, no meio dessa multidão imensa, que é a humanidade: um povo que, quando uma força misteriosa o atrai e o dinamiza, avança, sem nada o fazer parar. João Paulo II teve esse dom e essa força, de pôr a Igreja a caminho. Aquelas multidões que, em filas imensas, vindas de toda a parte, atravessaram a cidade durante dias seguidos, movidas apenas pelo desejo de contemplarem, pela última vez, o rosto daquele Papa que um dia, sabe-se lá quando, tinha tocado o seu coração e mudado as suas vidas, eram um símbolo vivo do destino da Igreja no mundo contemporâneo. A Igreja pode ser essa avalanche imparável de multidões tocadas por Jesus Cristo, que se põem a caminhar, desejosas de contemplar o seu rosto e que atravessam a humanidade, gritando a esperança. Deixou de haver lugar para um cristianismo acomodado e passivo. Quem acredita no Senhor ressuscitado, põe-se a caminho, torna-se multidão, traça sulcos de esperança na humanidade e na história, grita com o testemunho silencioso desse caminhar, que o homem é peregrino da eternidade e que Cristo ressuscitado é o termo do homem e da história.
Experimentámos a Igreja na sua humanidade, na qual age e se exprime a força de Deus. O divino no humano! Eis o mistério de Cristo, Filho de Deus feito homem, exprimindo na sua humanidade toda a força criadora e transformadora da divindade; eis o mistério da Igreja, que continua a exprimir, no realismo da sua humanidade, na sua maneira humana de ser e de fazer, a força transformadora do Espírito de Cristo ressuscitado. A “paixão” e a morte de Karol Wojtyla, o Pastor e profeta que muitos olhavam como o “anjo de Deus”, fizeram-nos sentir essa profunda humanidade da Igreja. Não há excepções para o drama humano da vida e da redenção. É preciso atravessar a fronteira da morte, dignificada pela esperança, como expressão de vida oferecida, grão de trigo lançado à terra, na esperança da fecundidade misteriosa da própria morte.
Mas também na densidade destes dias que antecedem a escolha do futuro Papa, se experimenta essa humanidade da Igreja, através da qual Deus continua a agir na história.
Aqui estamos nós, 115 homens que Deus há muito chamou e consagrou para o serviço do seu Povo, a preparar na simplicidade da fé, um acto profundamente humano: votar para escolher aquele que, certamente, Deus já escolheu. Mas não estamos à espera que Deus nos mande um anjo a anunciar a sua escolha. Ele quer que a sua escolha se exprima na nossa. É tudo tão simples e tão sereno. Temos apenas de fazer o que nos é pedido, na simplicidade da nossa consciência, acreditando profundamente que é o Senhor quem conduz o seu Povo.
Este sentir da humanidade da Igreja é um desafio para todo o Povo de Deus, neste início do terceiro milénio e tem a ver com a nova evangelização. A Igreja toda é chamada a acreditar que, pela sua maneira de agir e de estar no mundo, Deus passa ou não passa, porque a acção da Igreja é a única maneira de o Espírito de Deus agir na história dos homens. O Reino de Deus é anunciado e cresce, na medida da nossa determinação em seguirmos, em tudo, o Senhor que nos chamou. A fidelidade dos cristãos é o sal que tempera e a luz que ilumina os novos caminhos da esperança e da salvação.
E, finalmente, sentimos a Igreja na beleza da santidade. Todos tivemos a sensação de que, naquelas exéquias, estávamos a venerar um santo. Os cartazes que, no meio daquela multidão, pediam a beatificação imediata de João Paulo II, não eram episódicos; eram, antes, expressão de uma vaga de fundo, a que os meios de comunicação têm dado voz e que não deixa ninguém indiferente. O Papa que tantas vezes falou da vocação da Igreja à santidade, é um santo. Há já notícias de milagres. Independentemente do ritmo do processo de beatificação, que só o próximo Papa poderá decidir, a vida e a morte de João Paulo II foram um forte apelo à santidade.
Na vigília dos jovens, em S. João de Latrão, na véspera do funeral, um jovem, com a ousadia a que lhe dão direito a idade e a emoção própria do momento, pediu aos cardeais, aos bispos, aos padres, que sejam santos, que lhes dêem o exemplo da santidade. Certamente, sem pensar nisso, aquele jovem compreendeu, à luz do testemunho de João Paulo II, a coordenada principal da evangelização dos jovens: entusiasmá-los a percorrer o caminho da santidade, pois só por aí vale verdadeiramente a pena ser cristão, ser diferente, viver a vida com todas as promessas que ela encerra. Dizemos todos os domingos: creio na Igreja santa. Essa Igreja é a nossa, aquele povo onde entrámos quando nos decidimos a seguir Jesus. Caminhar para a santidade, não exclui, nem dificuldades, nem fragilidades. Basta acreditar e confiar, para aprender a amar “a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos”.
Nestes dias estamos todos a sentir e experimentar a Igreja. É ela que vai continuar; só a ela pertence verdadeiramente o futuro.
Roma, 11 de Abril 2005
† José, Cardeal Patriarca
terça-feira, abril 12, 2005
Celebridades e VIP's (um artigo de Pedro Afonso)
Os VIP's Light
Podemos considerar um VIP (very important person) aquele que se eleva acima da medida humana comum pelas suas qualidades e características. Estas pessoas acabam por ser dignas de admiração e são elevadas à condição de heróis, tal como acontecia na Grécia antiga. Todas as culturas tiveram os seus heróis e, as suas façanhas simbolizam passagens da vida terrena, quer sejam vividas por todos ou apenas por alguns indivíduos.
Estamos habituados a associar ao estatuto de VIP, pessoas que se distinguem no campo das artes, desporto, política, cultura, medicina, etc. Embora os critérios para aquisição desta distinção sejam subjectivos, há pelo menos dois aspectos fundamentais: o seu carácter excepcional e invulgar e o seu esforço e trabalho.
Curiosamente, assistimos à criação (invenção) de um novo tipo "de pessoa muito importante": o VIP Light. Estes VIP's ligeiros, superficiais, suaves, descafeinados e com poucas calorias estão a invadir diariamente as nossas televisões, jornais e revistas. Na maioria dos casos não se lhe conhece obra, para além de terem surgido nalgum programa de televisão tipo reality show. A sua ascensão é meteórica e adquirem rapidamente - sem se saber muito bem porquê - o estrelato.
Este fenómeno dá-nos a ilusão que não já não é preciso ser herói, basta ter um pouco de sorte e aparecer num local que promova a sua imagem. Os antigos VIP's que simbolizavam algo de inatingível, e que ficavam a meio caminho entre os homens e os deuses, estão fora de moda! Ou seja, qualquer um de nós mesmo que não tenha feito nada de extraordinário pode ser um VIP; o acesso foi democratizado! De uma forma muito fácil o personagem fabrica-se através da comunicação social.
Estes "heróis de plástico" reflectem a criação de uma pseudocultura, acompanhada com interesse, por exemplo, por algumas revistas (daquelas que têm pouco texto para não cansar a cabeça!). As suas vidas, mesmo por vezes violando alguns princípios de dignidade humana, tornam-se públicas. Seguem-se os vários episódios da sua existência: viagens, festas, dramas sentimentais, intrigas, escândalos, etc. Lamentavelmente, é isto que vende numa sociedade cada vez mais materialista, consumista e vazia do ponto de vista moral.
No fundo, estes VIP's Light são como os Kleenex: usam-se e deitam-se fora. Quando o publico se cansa de uns, logo se arranja outros para os substituírem e o espectáculo continua!
Esta ideia colectiva obsessiva de acompanhar com superficialidade a vida dos VIP's Light não é edificante. Este hábito perturbador (quase voyeurista) que se tem enraizado na nossa sociedade, não nos leva a lado nenhum. Em lugar de nos centramos mais na nossa vida interna e privada, perdemo-nos nesta viagem estéril que serve apenas para passar o tempo.
Torna-se importante reencontrar-mos os nossos verdadeiros heróis, que sirvam de modelos de referência e que mereçam de facto ser perpetuados na nossa memória. Na verdade, muitos deles vivem vidas simples (mas nobres) e nunca irão aparecer nos programas de televisão, nem nas revistas ou jornais. Se calhar, nós até conhecemos pessoalmente alguns.
Pedro Afonso
Podemos considerar um VIP (very important person) aquele que se eleva acima da medida humana comum pelas suas qualidades e características. Estas pessoas acabam por ser dignas de admiração e são elevadas à condição de heróis, tal como acontecia na Grécia antiga. Todas as culturas tiveram os seus heróis e, as suas façanhas simbolizam passagens da vida terrena, quer sejam vividas por todos ou apenas por alguns indivíduos.
Estamos habituados a associar ao estatuto de VIP, pessoas que se distinguem no campo das artes, desporto, política, cultura, medicina, etc. Embora os critérios para aquisição desta distinção sejam subjectivos, há pelo menos dois aspectos fundamentais: o seu carácter excepcional e invulgar e o seu esforço e trabalho.
Curiosamente, assistimos à criação (invenção) de um novo tipo "de pessoa muito importante": o VIP Light. Estes VIP's ligeiros, superficiais, suaves, descafeinados e com poucas calorias estão a invadir diariamente as nossas televisões, jornais e revistas. Na maioria dos casos não se lhe conhece obra, para além de terem surgido nalgum programa de televisão tipo reality show. A sua ascensão é meteórica e adquirem rapidamente - sem se saber muito bem porquê - o estrelato.
Este fenómeno dá-nos a ilusão que não já não é preciso ser herói, basta ter um pouco de sorte e aparecer num local que promova a sua imagem. Os antigos VIP's que simbolizavam algo de inatingível, e que ficavam a meio caminho entre os homens e os deuses, estão fora de moda! Ou seja, qualquer um de nós mesmo que não tenha feito nada de extraordinário pode ser um VIP; o acesso foi democratizado! De uma forma muito fácil o personagem fabrica-se através da comunicação social.
Estes "heróis de plástico" reflectem a criação de uma pseudocultura, acompanhada com interesse, por exemplo, por algumas revistas (daquelas que têm pouco texto para não cansar a cabeça!). As suas vidas, mesmo por vezes violando alguns princípios de dignidade humana, tornam-se públicas. Seguem-se os vários episódios da sua existência: viagens, festas, dramas sentimentais, intrigas, escândalos, etc. Lamentavelmente, é isto que vende numa sociedade cada vez mais materialista, consumista e vazia do ponto de vista moral.
No fundo, estes VIP's Light são como os Kleenex: usam-se e deitam-se fora. Quando o publico se cansa de uns, logo se arranja outros para os substituírem e o espectáculo continua!
Esta ideia colectiva obsessiva de acompanhar com superficialidade a vida dos VIP's Light não é edificante. Este hábito perturbador (quase voyeurista) que se tem enraizado na nossa sociedade, não nos leva a lado nenhum. Em lugar de nos centramos mais na nossa vida interna e privada, perdemo-nos nesta viagem estéril que serve apenas para passar o tempo.
Torna-se importante reencontrar-mos os nossos verdadeiros heróis, que sirvam de modelos de referência e que mereçam de facto ser perpetuados na nossa memória. Na verdade, muitos deles vivem vidas simples (mas nobres) e nunca irão aparecer nos programas de televisão, nem nas revistas ou jornais. Se calhar, nós até conhecemos pessoalmente alguns.
Pedro Afonso
quarta-feira, abril 06, 2005
Conselho
Enviado pelo João Muñoz: "Vive cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta.".
Blog dos Uzabuzo
Trata-se do Blog de uma banda formada por colegas da minha filha mais velha. Um dos membros é filho de um dos meus grandes amigos do São João de Brito.
A parte das fotografias tem mais graça para quem os conhece (embora seja sempre giro ver o ambiente) mas as letras essas merecem leitura atenta: cenas do quotidiano ou sentimentos, em rima simples mas musical. Impecável!
O endereço é: http://www.uzabuzo.blogspot.com/
A parte das fotografias tem mais graça para quem os conhece (embora seja sempre giro ver o ambiente) mas as letras essas merecem leitura atenta: cenas do quotidiano ou sentimentos, em rima simples mas musical. Impecável!
O endereço é: http://www.uzabuzo.blogspot.com/
terça-feira, abril 05, 2005
Patriarca de Lisboa: Aborto será imoral mesmo com referendo
Aborto será imoral mesmo com referendo
in: Jornal de Notícias, 05-04-2005
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, afirmou ontem que o aborto permanecerá uma imoralidade mesmo se for legalizado através de um referendo. "Qualquer lei que permita o aborto cria uma separação entre a legalidade e a moralidade, pois o aborto voluntariamente procurado, mesmo que legal, continua a ferir a moralidade natural e as exigências da consciência", disse D. José Policarpo na abertura da Assembleia Plenária da CEP, que começou ontem em Fátima. Rejeitando as críticas de insensibilidade face ao aborto clandestino, D. José Policarpo reclama que este seja "tipificado através do estudo já anunciado" no passado. Para a Igreja, o problema do aborto clandestino não é uma "questão que possa resolver-se pela cedência e pela tolerância, mas sim pela coragem partilhada".D. José Policarpo mostrou-se disponível para o diálogo sobre o aborto, mas sem pôr em causa a sua posição inicial. "Creio poder afirmar que, tanto pessoalmente, como o conjunto do Episcopado, já demos provas suficientes de abertura dialogante", mas "a nossa firmeza nesta matéria é apenas motivada pela nossa convicção de que na procriação humana existe uma vida humana desde o primeiro momento", afirmou.Interromper essa vida "violentamente é a expressão mais grave do desrespeito que a vida humana merece e exige de nós", concluiu.
in: Jornal de Notícias, 05-04-2005
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Policarpo, afirmou ontem que o aborto permanecerá uma imoralidade mesmo se for legalizado através de um referendo. "Qualquer lei que permita o aborto cria uma separação entre a legalidade e a moralidade, pois o aborto voluntariamente procurado, mesmo que legal, continua a ferir a moralidade natural e as exigências da consciência", disse D. José Policarpo na abertura da Assembleia Plenária da CEP, que começou ontem em Fátima. Rejeitando as críticas de insensibilidade face ao aborto clandestino, D. José Policarpo reclama que este seja "tipificado através do estudo já anunciado" no passado. Para a Igreja, o problema do aborto clandestino não é uma "questão que possa resolver-se pela cedência e pela tolerância, mas sim pela coragem partilhada".D. José Policarpo mostrou-se disponível para o diálogo sobre o aborto, mas sem pôr em causa a sua posição inicial. "Creio poder afirmar que, tanto pessoalmente, como o conjunto do Episcopado, já demos provas suficientes de abertura dialogante", mas "a nossa firmeza nesta matéria é apenas motivada pela nossa convicção de que na procriação humana existe uma vida humana desde o primeiro momento", afirmou.Interromper essa vida "violentamente é a expressão mais grave do desrespeito que a vida humana merece e exige de nós", concluiu.
segunda-feira, abril 04, 2005
Oração permanente pelo Santo Padre na Igreja de S. Nicolau, Lisboa - Horário das celebrações
O Senhor Patriarca, após a morte do Santo Padre, convidou a Igreja de Lisboa à oração: “Devemos agradecer a Deus o pontificado de João Paulo II”. A Igreja de São Nicolau continuará aberta, nos dias de luto pelo Santo Padre, até Domingo dia 10 de Abril das 8h às 2h da manhã com Exposição Solene do Santíssimo Sacramento para adoração dos fiéis. Além das celebrações nos horários habituais, informamos os horários de outros tempos específicos de oração comunitária:
Segunda-feira, 4 de Abril, os consagrados rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Terça-feira, 5 de Abril, os movimentos e obras rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 - Missa
Quarta-feira, 6 de Abril, as famílias rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Quinta-feira, 7 de Abril, os jovens rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Sexta-feira, 8 de Abril, os sacerdotes rezam pelo Papa
21h30 – Ofício de Defuntos
22h30 – Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Manuel Clemente
Sábado, 9 de Abril
21h30 – Terço meditado
21h30 - Celebração Ecuménica
Domingo, 10 de Abril
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Tomás Silva Nunes
No vínculo da fé e da esperança, convido todos a participar nestas celebrações unindo-nos na certeza da Ressurreição.
Na alegria do Senhor Ressuscitado, aceite saudações fraternas,
Padre Mário Rui Leal Pedras(Pároco de São Nicolau)
Segunda-feira, 4 de Abril, os consagrados rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Terça-feira, 5 de Abril, os movimentos e obras rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 - Missa
Quarta-feira, 6 de Abril, as famílias rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Quinta-feira, 7 de Abril, os jovens rezam pelo Papa
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa
Sexta-feira, 8 de Abril, os sacerdotes rezam pelo Papa
21h30 – Ofício de Defuntos
22h30 – Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Manuel Clemente
Sábado, 9 de Abril
21h30 – Terço meditado
21h30 - Celebração Ecuménica
Domingo, 10 de Abril
21h30 – Terço meditado
22h30 – Missa presidida pelo Senhor Bispo D. Tomás Silva Nunes
No vínculo da fé e da esperança, convido todos a participar nestas celebrações unindo-nos na certeza da Ressurreição.
Na alegria do Senhor Ressuscitado, aceite saudações fraternas,
Padre Mário Rui Leal Pedras(Pároco de São Nicolau)
Nota de Comunhão e Libertação pela morte de João Paulo II
“A glória de Deus é o homem vivo”
«Amigos meus, sirvamos este homem, sirvamos Cristo neste grande homem com toda a nossa existência». Assim nos disse don Giussani à saída da sua primeira audiência com João Paulo II no início de 1979. Temos procurado realizar estas palavras em todos estes anos de vida do movimento de Comunhão e Libertação, segundo o objectivo que o próprio Papa nos confiou por ocasião de uma audiência em 1984: «”Ide por todo o mundo” (Mt. 28,19) é o que Cristo disse aos seus discípulos. E eu repito-vos “Ide por todo o mundo e levai a verdade, a beleza e a paz que se encontram em Cristo Redentor”. Este é o conselho que hoje vos deixo» (No 30º aniversário do nascimento de CL, Roma, 29 de Setembro de 1984).
Gratos, inclinamo-nos perante o cumprimento da vida do Papa, que exerceu a sua autoridade, antes de tudo, como testemunho pessoal de Cristo - «centro do cosmos e da história» (Redemptor hominis) -, perante o mundo com infatigável dedicação e sacrifício de si.
Na festa dos vinte e cinco anos do seu pontificado, don Giussani disse de João Paulo II: «Seguindo a vida do Papa nestes 25 anos, aquilo de que nos damos mais conta é que o cristianismo tende a ser verdadeiramente a realização do humano. Todas as suas viagens, como longa marcha para a morte, tiveram as suas razões na evidente unidade que corresponde ao génio do cristianismo: Gloria Dei vivens homo (a glória de Deus é o homem vivo)».
O Papa deixa o mundo mais cheio da humanidade de Cristo e a Igreja mais consciente de ser ela mesmo “movimento”.
«Amigos meus, sirvamos este homem, sirvamos Cristo neste grande homem com toda a nossa existência». Assim nos disse don Giussani à saída da sua primeira audiência com João Paulo II no início de 1979. Temos procurado realizar estas palavras em todos estes anos de vida do movimento de Comunhão e Libertação, segundo o objectivo que o próprio Papa nos confiou por ocasião de uma audiência em 1984: «”Ide por todo o mundo” (Mt. 28,19) é o que Cristo disse aos seus discípulos. E eu repito-vos “Ide por todo o mundo e levai a verdade, a beleza e a paz que se encontram em Cristo Redentor”. Este é o conselho que hoje vos deixo» (No 30º aniversário do nascimento de CL, Roma, 29 de Setembro de 1984).
Gratos, inclinamo-nos perante o cumprimento da vida do Papa, que exerceu a sua autoridade, antes de tudo, como testemunho pessoal de Cristo - «centro do cosmos e da história» (Redemptor hominis) -, perante o mundo com infatigável dedicação e sacrifício de si.
Na festa dos vinte e cinco anos do seu pontificado, don Giussani disse de João Paulo II: «Seguindo a vida do Papa nestes 25 anos, aquilo de que nos damos mais conta é que o cristianismo tende a ser verdadeiramente a realização do humano. Todas as suas viagens, como longa marcha para a morte, tiveram as suas razões na evidente unidade que corresponde ao génio do cristianismo: Gloria Dei vivens homo (a glória de Deus é o homem vivo)».
O Papa deixa o mundo mais cheio da humanidade de Cristo e a Igreja mais consciente de ser ela mesmo “movimento”.
Artigo de um amigo Padre (Duarte da Cunha), em missão em Timor, sobre o Papa João Paulo II
Um grande Papa...
Eis-me em Timor procurando acompanhar a Igreja toda que chora pelo Papa. As notícias vão chegando pela Antena 1, pela RTP i ou pela Rai Internacional. E vemos partir para junto dAquele a quem já há muito tinha dado a vida, um Papa que nos ensinou a tantos de nós, que só dando a vida a Cristo ela tem sentido.
Vão surgindo muitos comentários sobre o pontificado. Os primeiros vão ser muito elogiosos, depois virão os mais críticos. Provavelmente vamos ser bombardeados com tantos, que até pode acontecer que nos esqueçamos de procurar ter um olhar de fé, tal como o Papa sempre nos ensinou a ter. Ouviremos políticos, homens e mulheres de cultura, pessoas de várias religiões, alguns não crentes, e, claro, alguns católicos, bispos, padres, leigos...
Já se ouvem muito daqueles que elogiam o Papa por ter lutado contra a morte (quando o que vimos foi um homem a aceitar a morte à medida que ela se aproximava nos últimos anos, sem esconder, sem achar que só a vida activíssima pode ter lugar na sociedade)! O Papa lutou contra a morte, ou melhor, contra a cultura da morte, mas acolheu muito claramente a sua morte. Virão, sem dúvida, as análises sócio-políticas que não podem deixar de vincar a importância do Papa para as mudanças políticas que o final do segundo milénio viu acontecerem. O fim do comunismo, não há dúvida, muito lhe deve. Mas que ninguém se esqueça que a sua força estava no facto dessas e outras ideologias serem verdadeiramente contra o homem. Aquele Papa que acredita em Deus não podia deixar de denunciar como anti-humana as ideologias (socialistas ou liberais) que neguem a importância de Deus. O Papa foi, como tantos têm estado a dizer, um Papa dos Direitos do Homem, mas não se esqueçam esses e nós todos que de todos os Direitos o que ele melhor nos mostrou ser necessário defender é o Direito à vida, esse direito que pertence a cada ser humano desde o primeiro instante da sua existência como ser unicelular até à morte natural!
Outros falam do Papa do diálogo, que é sem dúvida uma das suas grandes características, mas alguns falam desta sua capacidade de dialogar à maneira do mundo, ou seja, um diálogo em que cada um diz o que tem a dizer e todos ficam na mesma! É verdade que João Paulo II reconheceu o valor de tantos que são diferentes, de pessoas doutras religiões, de gente com outras ideias políticas ou com diferentes perspectivas da sociedade, e todos se sentiram acolhidos. O Papa mostrou muito bem que não é a violência mas o amor que pode construir o futuro. Mas nunca o ouvimos dizer que as religiões ou as opiniões se equivalem, nem o vimos com medo de chamar as coisas pelo seu nome diante de quem quer que fosse. Nunca o vimos com respeitos humanos a calar a verdade. Para o Papa não havia fórum humano que estivesse fora da sua missão, ele ouvia, aprendia com todos, com cientistas e políticos, homens religiosos ou pessoas sem fé, mas também a todos dirigia a palavra. Nunca foi uma palavra de conveniência. Quando o Vigário de Cristo falava não perdia tempo em inutilidades, Cristo tem algo a dizer, o Papa punha ao Serviço do Senhor o seu ministério. Ele foi, por tudo isto e sem dúvida um homem de diálogo, mas porque vivia a experiência da certeza. Que certeza? Talvez seja isso que poucos jornalistas ou comentaristas (salvo a Aura Miguel) vão saber dizer. A certeza de que Cristo é o Senhor, está vivo, ama-nos e chama todos à conversão. O Papa é, de facto, um grande testemunho de Cristo, foi e sê-lo-á sempre. Ele mostrou-nos Cristo sem disfarces, sem adocicar a sua cruz, sem tentar adaptar. Por isso, o Papa mostrou-nos Cristo em todo o Seu esplendor, em toda a Sua atractividade. É isso que os jovens lhe agradecem. Com este Papa tantos descobriram Cristo e decidiram consagrar a sua vida e tantos outros acolheram o Evangelho da Família e da Vida nas suas vidas. É Cristo que este Papa nos tem dado. É Cristo que nós todos continuamos a querer e a amar.
O Papa tornou claro a quantos de coração iluminado pela fé o ouviram que Cristo está aqui e agora. Desde o início, Cristo Redentor do Homem, Cristo centro do cosmos e da história, foi o centro de toda a sua mensagem e de toda a sua vida. Cristo, com a força e o amor deste Papa, não foi relegado para uma esfera do religioso ou para um qualquer passado, não foi reduzido a um profeta ou a um revolucionário marxista. Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, entrou na vida de todos nós, neste quotidiano capilar das nossas vidas de trabalho, família, sofrimento e alegrias, e está mesmo presente. É de ontem, de hoje e de sempre. O Papa, até ao fim, disse-nos, muitas vezes mostrando com a sua própria vida, que Cristo está vivo. Como era claro quando este homem, que todos eram capazes de dizer que era um santo, denunciava os piores crimes, esses que até já há quem queira tornar um direito, como o aborto, a eutanásia, a guerra, não deixando nenhuma dúvida sobre o terrível que é a cultura da morte e sobre o importante que é construir uma cultura da vida e do amor. Donde lhe vinha essa coragem? D’Aquele que tudo pode, do Senhor da vida. Talvez seja essa a razão pela qual até aqueles que mais o criticavam não podiam deixar de o respeitar. O mundo tem muito poucos homens que experimentam e testemunham esta intimidade com Deus. Quem o quer seguir sabe muito bem que nestas coisas que tocam no essencial da vida humana não pode haver brechas, mas também pode contar com a mesma força de Cristo que vence todos os medos.
E no entanto, este homem consciente e sofredor pelo mal todo que o mundo insiste em gerar, era um homem alegre, alguém que ria e fazia rir, um homem que brincava e fazia as pessoas à sua volta estarem bem dispostas. Nunca o vimos com a alegria própria do distraído, sempre o vimos com a alegria do santo que, vivendo conscientemente da fé, tem esperança e por isso sabe que a ressurreição é um facto. A esperança que nos ensinou não foi a utopia de que o mundo será o paraíso, mas também nunca foi uma coisa que nos dispensasse do empenho dramático na construção dum mundo mais conforme ao plano de Deus. Ele deu-nos a esperança em Cristo: mostrou que não somos deste mundo e deu-nos força para fazer deste mundo uma casa onde Cristo reine mesmo. Falava da importância de construir um mundo melhor, e muitos se comprometeram a partir da sua palavra, mas nunca deixou de lembrar que esse mundo só é melhor se Deus estiver presente, se o coração de cada homem e cada mulher abrir as portas a Cristo. A frase mais vezes repetida em tantas e tão variadas ocasiões o Papa pegou-a do Concílio: “Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente” (GS 22).
O Papa da certeza sobre Cristo é, por isso, o Papa que não deixou que o fim do segundo milénio e o início do terceiro tivesse declarado que Deus não existia, ou que relegasse Deus para um longínquo céu. O Papa tornou claro que Deus está presente e que precisamos dele. O Papa foi, de facto, um homem de fé, alguém para quem acreditar não era uma coisa marginal aos problemas sociais, ou algo que passava ao lado da vida. Este é o Papa que nos libertou das filosofias racionalistas ou idealista para afirmar que existe uma autêntica relação entre a fé e a razão. Culturalmente, até entre teólogos, havia quem julgasse que a fé e a razão nada tinham que ver uma com a outra, e, a partir desta separação tornavam a religião uma coisa à margem da vida, o Papa disse, mas mais do que só falar, mostrou na sua vida e morte, que só em Deus e com Deus o homem se realiza verdadeiramente, só na fé a razão alcança o seu cume, mas fé sem razão não é cristã.
O Papa que nos anunciou Cristo e que nos mostrou a sua presença na vida só podia ser um Papa de Nossa Senhora. Um Papa filósofo, teólogo, professor... mas nem por isso menos simples na devoção. A devoção a Nossa Senhora com a oração do Terço é uma marca evidente da fé cristã, algo que todos sentiam ser profundamente autêntico no Papa e algo que fazia os mais simples sentirem o Papa como um dos seus. O Papa reza a Nossa Senhora porque acredita mesmo na Encarnação de Deus. O Papa de Nossa Senhora é o Papa que não nos deixou com uma simples experiência religiosa, não falou só na importância de procurar Deus mas mostrou-nos uma presença real e encarnada, a presença de Cristo, do Verbo eterno do Pai que se fez homem no seio daquela jovem de Nazaré. O Papa de Nossa Senhora é, além disso, o Papa que sabe que Nossa Senhora, por ser mãe de Deus, por ser a Mãe do Redentor, é, de facto, alguém excepcional e não seria inteligente quem sabendo disto não se socorresse dela. O Papa totus tuus mostrou como a humanidade redimida, a começar por Maria, está chamada a viver uma vida completamente nova e, por isso, confiou nela, confiou a ela o mundo, consagrou ao seu Imaculado Coração o mundo inteiro, sabendo que a Mãe do Céu a todos protege, ele sabe bem que pode confiar porque ele mesmo experimentou essa protecção e desde 13 de Maio 1981 considerava-se um miraculado de Nossa Senhora.
O Papa de Nossa Senhora é o Papa da Eucaristia. Termina a vida na Páscoa do Ano da Eucaristia, mas ao longo destes 26 anos quantas vezes não nos comovemos ao vê-lo celebrar a Missa. Talvez agora alguns venham falar das suas homilias, que nos arrastavam a todos, mas não podemos esquecer, como se fosse secundária, a força interior com que as palavras e o silêncio da Missa eram vividos. Fosse na pequena capela privada ou fosse diante de uma multidão de jovens, o Papa quando celebrava a Missa colocava toda a sua pessoa nesse acto. E isto porquê? Porque na Missa é Cristo que está presente. O mesmo que Maria concebeu, na Sua verdadeira humanidade e divindade, está presente no altar! O Papa da Missa é, ainda, o Papa da Adoração, daqueles longos e sempre profundos olhares para Cristo na custódia, no sacrário, nas mãos do sacerdote, nas suas próprias mãos. É o Papa que pede ao Senhor que fique connosco, que permaneça presente no nosso mundo.
O Papa da Adoração é o Papa que pôs o mundo inteiro a rezar. Para ele não havia ninguém para quem Cristo não fosse tudo. Convocou os jovens, as famílias, os idosos e as crianças, os trabalhadores, os pobres e os políticos, os deficientes e os atletas, os artistas e os consagrados, a todos convidou a adorarem Deus presente com a oração e com uma vida que tivesse a ousadia da santidade. O Papa insistiu para que não tivéssemos medo de ser santos. Porque acreditou mesmo na presença e na força de Cristo, ele sabia que nos podia pedir para ser santos. Ele sabia que a santidade, embora conte com todo o nosso empenho, é sobretudo uma graça, um dom que Deus quer dar a todos. O Papa ajudou-nos a não ter vergonha da santidade, ajudou-nos a perceber que vale a pena o nosso pouco esforço, porque Deus o abençoa infinitamente. O Papa da santidade é o Papa dos grandes desafios morais. O Papa que não se contentou com o pouco mas nos propôs o máximo. O Papa que se arriscou a este desafio é aquele que mostrou como nada disto é abstracto ou impossível e, por isso, nunca até ele alguém tinha dado à Igreja tantos modelos de santidade empenhando a sua autoridade nas beatificações e nas canonizações.
Este é o Papa da Igreja. O Papa que deu a verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II, o Papa da Lumen Gentium e da Gaudium et Spes foi o Papa que deu força à Igreja. Essa Igreja que se sentia velha rejuvenesceu, encheu-se de jovens, viveu a primavera com o Jubileu, está comprometida com o mundo para anunciar a todos Jesus Cristo, para que cada homem encontre Cristo no seu caminho e com ele percorra a sua vida. O Papa da Igreja que nasce da Eucaristia, da Igreja católica e universal, é também o Papa que procurou a comunhão com os outros cristãos. Com que força ele experimentava o desejo do próprio Jesus quando pedia ao Pai para que todos fossem um! Mas sabia e mostrou bem que esse caminho da unidade não é o do relativismo, é o caminho da conversão e da verdade, por isso um caminho que compromete estruturas e doutrinas, mas sobretudo os corações, por aí devemos começar o ecumenismo. E o Papa deu provas evidentes de que é possível avançar.
O Papa que fez todos estes desafios rompeu também com os ideais dos que se deixam convencer pelas delícias mundanas, que agradam à superfície mas esvaziam o coração, é o Papa que nos disse com todas as letras que há pecados que não têm razão de ser, que há mal objectivo, que a consciência é sagrada, mas não pode decidir tudo sozinha, tem de aprender, tem de conhecer a Lei de Deus. É, por isso, o Papa do Evangelho da Vida, o Papa da centesimus annus, que denunciou os males sociais, que fez frente aos grandes do mundo quando estes se lançavam na aventura da guerra, que não se deixou convencer pela normalização da contracepção, o Papa que não cedeu à superficialidade. Este é o Papa da moral cristã, não do moralismo que se reduz a regras, mas da moral que vai buscar os seus fundamentos à verdade do homem, é o Papa que insiste para que vejamos o esplendor da Verdade e coloquemos a nossa vida no seu caminho. O Papa que uns chamavam conservador e outros reformador, era o Papa que não se deixa definir por critério humanos mas defende a verdade do homem em todas as questões. O Papa que apela ao respeito humano é o mesmo que ensina que há maneiras humanas e grandiosas de viver a sexualidade. O Papa da moral sexual exigente é, por isso, o Papa da teologia do corpo. O Papa que mostrou a grandeza do amor humano e da sexualidade não podia deixar de ser o Papa que denunciaria as reduções que a cultura erótica, dominante e facilitista, insiste em propor.
Este é, por outro lado e ao mesmo tempo, o Papa da misericórdia. Só quem não teme a verdade revelada por Deus sobre o homem tem coragem para dizer, mesmo que seja contra corrente, que há bem e mal. Quem diz o que o homem é pode dizer como o homem deve agir. Mas o Papa quando diz o que deve ser a humanidade sabe, porque a fé cristã sempre assim ensinou, que o homem está marcado pelo pecado original, tem em si uma ferida que o torna estranhamente propenso para o pecado. Porém, a fé também ensina que já aconteceu a vitória do perdão. Quem conhece esta verdade, quem vive a Páscoa de Cristo, também sabe que a última palavra não é o nosso pecado, mas a misericórdia de Deus. Só alguém que não esquece as fragilidades humanas nem se esquece que mesmo assim o homem nunca deixou de ser imagem de Deus, pode falar de misericórdia. Este Papa não fingiu que não havia pecado nem contou só com as forças do homem, ele acredita em Cristo que é mesmo o Redentor do Homem, ele acredita que o Pai é mesmo Rico em Misericórdia, e, por isso, não se limita a dizer que Deus nos desculpa, mas mostra que Deus nos quer salvar, ele sabe que o Pai ao dar-nos o Espírito que vivifica quer que descubramos e vivamos a verdade plena das nossas vidas, colocando realmente a nossa liberdade em jogo, deixando o pecado e abraçando o caminho da santidade.
O Papa que anunciou a Redenção e a Misericórdia é o Papa do Jubileu. Tudo preparou para que celebração dos 2000 anos de Cristo não fosse apenas uma comemoração mas se tornasse a experiência viva nos corações e na sociedade da presença de Jesus Cristo, nascido há dois mil anos mas verdadeiramente ressuscitado e vivo. O Papa deu-nos um Jubileu que foi uma autêntica experiência da presença de Cristo, uma porta aberta para passarmos e entrarmos na comunhão da Igreja e com a Santíssima Trindade.
Mas, de novo, como no tempo dos Apóstolos, houve quem o ouvisse e houve quem se fechasse. O mundo depois do Jubileu não se tornou um paraíso, o mundo, porém tem agora de maneira mais viva, gente que sabe que Jesus é o Redentor do homem, que experimenta a alegria da comunhão com Deus, que não teme a santidade. Por isso o Papa não deixou que o Jubileu fosse um tempo fechado em si.
O Papa do Jubileu é, então, o Papa da Igreja que se põe em marcha. Se Cristo é tudo, como calar o encontro que tivemos? O Jubileu fez-nos pôr ao largo e lançar as redes. Não se seguem tempos de descanso mas tempos para gastar as forças na missão. O Papa da missão é ele mesmo o Papa missionário, das viagens e dos grandes embates culturais. Por todo o mundo é preciso ir, por todo o mundo o Papa foi e mostrou que não há cultura, não há povo, não há país onde a Missão do Redentor não deva ou não possa chegar. Com o seu exemplo muitos se lançaram nas missões, muitos novos movimentos se espalharam pelo mundo, por esse mundo pobre ou rico que não conhecia Cristo ou se tinha esquecido dele mas continuava à espera da salvação. O Papa de Cristo é o Papa que, até ao fim, não deixou de levar a Igreja a dizer a todos os homens: “abri as portas do vosso coração a Cristo”.
Agora parte, mas não deixa a Igreja na mesma, virá outro e Cristo continuará a ser para o novo Papa e para toda a Igreja aquilo que João Paulo II nos ensinou. Nós somos a sua geração, um povo que está pronto. Contamos com a intercessão de Karol Wojtyla, comprometemo-nos com a sua herança: amar a Cristo, amar a Igreja, anunciar a todos os povos que Cristo está vivo e salva-nos do mal e da morte.
P. Duarte da Cunha
(3 de Abril de 2005)
Eis-me em Timor procurando acompanhar a Igreja toda que chora pelo Papa. As notícias vão chegando pela Antena 1, pela RTP i ou pela Rai Internacional. E vemos partir para junto dAquele a quem já há muito tinha dado a vida, um Papa que nos ensinou a tantos de nós, que só dando a vida a Cristo ela tem sentido.
Vão surgindo muitos comentários sobre o pontificado. Os primeiros vão ser muito elogiosos, depois virão os mais críticos. Provavelmente vamos ser bombardeados com tantos, que até pode acontecer que nos esqueçamos de procurar ter um olhar de fé, tal como o Papa sempre nos ensinou a ter. Ouviremos políticos, homens e mulheres de cultura, pessoas de várias religiões, alguns não crentes, e, claro, alguns católicos, bispos, padres, leigos...
Já se ouvem muito daqueles que elogiam o Papa por ter lutado contra a morte (quando o que vimos foi um homem a aceitar a morte à medida que ela se aproximava nos últimos anos, sem esconder, sem achar que só a vida activíssima pode ter lugar na sociedade)! O Papa lutou contra a morte, ou melhor, contra a cultura da morte, mas acolheu muito claramente a sua morte. Virão, sem dúvida, as análises sócio-políticas que não podem deixar de vincar a importância do Papa para as mudanças políticas que o final do segundo milénio viu acontecerem. O fim do comunismo, não há dúvida, muito lhe deve. Mas que ninguém se esqueça que a sua força estava no facto dessas e outras ideologias serem verdadeiramente contra o homem. Aquele Papa que acredita em Deus não podia deixar de denunciar como anti-humana as ideologias (socialistas ou liberais) que neguem a importância de Deus. O Papa foi, como tantos têm estado a dizer, um Papa dos Direitos do Homem, mas não se esqueçam esses e nós todos que de todos os Direitos o que ele melhor nos mostrou ser necessário defender é o Direito à vida, esse direito que pertence a cada ser humano desde o primeiro instante da sua existência como ser unicelular até à morte natural!
Outros falam do Papa do diálogo, que é sem dúvida uma das suas grandes características, mas alguns falam desta sua capacidade de dialogar à maneira do mundo, ou seja, um diálogo em que cada um diz o que tem a dizer e todos ficam na mesma! É verdade que João Paulo II reconheceu o valor de tantos que são diferentes, de pessoas doutras religiões, de gente com outras ideias políticas ou com diferentes perspectivas da sociedade, e todos se sentiram acolhidos. O Papa mostrou muito bem que não é a violência mas o amor que pode construir o futuro. Mas nunca o ouvimos dizer que as religiões ou as opiniões se equivalem, nem o vimos com medo de chamar as coisas pelo seu nome diante de quem quer que fosse. Nunca o vimos com respeitos humanos a calar a verdade. Para o Papa não havia fórum humano que estivesse fora da sua missão, ele ouvia, aprendia com todos, com cientistas e políticos, homens religiosos ou pessoas sem fé, mas também a todos dirigia a palavra. Nunca foi uma palavra de conveniência. Quando o Vigário de Cristo falava não perdia tempo em inutilidades, Cristo tem algo a dizer, o Papa punha ao Serviço do Senhor o seu ministério. Ele foi, por tudo isto e sem dúvida um homem de diálogo, mas porque vivia a experiência da certeza. Que certeza? Talvez seja isso que poucos jornalistas ou comentaristas (salvo a Aura Miguel) vão saber dizer. A certeza de que Cristo é o Senhor, está vivo, ama-nos e chama todos à conversão. O Papa é, de facto, um grande testemunho de Cristo, foi e sê-lo-á sempre. Ele mostrou-nos Cristo sem disfarces, sem adocicar a sua cruz, sem tentar adaptar. Por isso, o Papa mostrou-nos Cristo em todo o Seu esplendor, em toda a Sua atractividade. É isso que os jovens lhe agradecem. Com este Papa tantos descobriram Cristo e decidiram consagrar a sua vida e tantos outros acolheram o Evangelho da Família e da Vida nas suas vidas. É Cristo que este Papa nos tem dado. É Cristo que nós todos continuamos a querer e a amar.
O Papa tornou claro a quantos de coração iluminado pela fé o ouviram que Cristo está aqui e agora. Desde o início, Cristo Redentor do Homem, Cristo centro do cosmos e da história, foi o centro de toda a sua mensagem e de toda a sua vida. Cristo, com a força e o amor deste Papa, não foi relegado para uma esfera do religioso ou para um qualquer passado, não foi reduzido a um profeta ou a um revolucionário marxista. Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, entrou na vida de todos nós, neste quotidiano capilar das nossas vidas de trabalho, família, sofrimento e alegrias, e está mesmo presente. É de ontem, de hoje e de sempre. O Papa, até ao fim, disse-nos, muitas vezes mostrando com a sua própria vida, que Cristo está vivo. Como era claro quando este homem, que todos eram capazes de dizer que era um santo, denunciava os piores crimes, esses que até já há quem queira tornar um direito, como o aborto, a eutanásia, a guerra, não deixando nenhuma dúvida sobre o terrível que é a cultura da morte e sobre o importante que é construir uma cultura da vida e do amor. Donde lhe vinha essa coragem? D’Aquele que tudo pode, do Senhor da vida. Talvez seja essa a razão pela qual até aqueles que mais o criticavam não podiam deixar de o respeitar. O mundo tem muito poucos homens que experimentam e testemunham esta intimidade com Deus. Quem o quer seguir sabe muito bem que nestas coisas que tocam no essencial da vida humana não pode haver brechas, mas também pode contar com a mesma força de Cristo que vence todos os medos.
E no entanto, este homem consciente e sofredor pelo mal todo que o mundo insiste em gerar, era um homem alegre, alguém que ria e fazia rir, um homem que brincava e fazia as pessoas à sua volta estarem bem dispostas. Nunca o vimos com a alegria própria do distraído, sempre o vimos com a alegria do santo que, vivendo conscientemente da fé, tem esperança e por isso sabe que a ressurreição é um facto. A esperança que nos ensinou não foi a utopia de que o mundo será o paraíso, mas também nunca foi uma coisa que nos dispensasse do empenho dramático na construção dum mundo mais conforme ao plano de Deus. Ele deu-nos a esperança em Cristo: mostrou que não somos deste mundo e deu-nos força para fazer deste mundo uma casa onde Cristo reine mesmo. Falava da importância de construir um mundo melhor, e muitos se comprometeram a partir da sua palavra, mas nunca deixou de lembrar que esse mundo só é melhor se Deus estiver presente, se o coração de cada homem e cada mulher abrir as portas a Cristo. A frase mais vezes repetida em tantas e tão variadas ocasiões o Papa pegou-a do Concílio: “Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente” (GS 22).
O Papa da certeza sobre Cristo é, por isso, o Papa que não deixou que o fim do segundo milénio e o início do terceiro tivesse declarado que Deus não existia, ou que relegasse Deus para um longínquo céu. O Papa tornou claro que Deus está presente e que precisamos dele. O Papa foi, de facto, um homem de fé, alguém para quem acreditar não era uma coisa marginal aos problemas sociais, ou algo que passava ao lado da vida. Este é o Papa que nos libertou das filosofias racionalistas ou idealista para afirmar que existe uma autêntica relação entre a fé e a razão. Culturalmente, até entre teólogos, havia quem julgasse que a fé e a razão nada tinham que ver uma com a outra, e, a partir desta separação tornavam a religião uma coisa à margem da vida, o Papa disse, mas mais do que só falar, mostrou na sua vida e morte, que só em Deus e com Deus o homem se realiza verdadeiramente, só na fé a razão alcança o seu cume, mas fé sem razão não é cristã.
O Papa que nos anunciou Cristo e que nos mostrou a sua presença na vida só podia ser um Papa de Nossa Senhora. Um Papa filósofo, teólogo, professor... mas nem por isso menos simples na devoção. A devoção a Nossa Senhora com a oração do Terço é uma marca evidente da fé cristã, algo que todos sentiam ser profundamente autêntico no Papa e algo que fazia os mais simples sentirem o Papa como um dos seus. O Papa reza a Nossa Senhora porque acredita mesmo na Encarnação de Deus. O Papa de Nossa Senhora é o Papa que não nos deixou com uma simples experiência religiosa, não falou só na importância de procurar Deus mas mostrou-nos uma presença real e encarnada, a presença de Cristo, do Verbo eterno do Pai que se fez homem no seio daquela jovem de Nazaré. O Papa de Nossa Senhora é, além disso, o Papa que sabe que Nossa Senhora, por ser mãe de Deus, por ser a Mãe do Redentor, é, de facto, alguém excepcional e não seria inteligente quem sabendo disto não se socorresse dela. O Papa totus tuus mostrou como a humanidade redimida, a começar por Maria, está chamada a viver uma vida completamente nova e, por isso, confiou nela, confiou a ela o mundo, consagrou ao seu Imaculado Coração o mundo inteiro, sabendo que a Mãe do Céu a todos protege, ele sabe bem que pode confiar porque ele mesmo experimentou essa protecção e desde 13 de Maio 1981 considerava-se um miraculado de Nossa Senhora.
O Papa de Nossa Senhora é o Papa da Eucaristia. Termina a vida na Páscoa do Ano da Eucaristia, mas ao longo destes 26 anos quantas vezes não nos comovemos ao vê-lo celebrar a Missa. Talvez agora alguns venham falar das suas homilias, que nos arrastavam a todos, mas não podemos esquecer, como se fosse secundária, a força interior com que as palavras e o silêncio da Missa eram vividos. Fosse na pequena capela privada ou fosse diante de uma multidão de jovens, o Papa quando celebrava a Missa colocava toda a sua pessoa nesse acto. E isto porquê? Porque na Missa é Cristo que está presente. O mesmo que Maria concebeu, na Sua verdadeira humanidade e divindade, está presente no altar! O Papa da Missa é, ainda, o Papa da Adoração, daqueles longos e sempre profundos olhares para Cristo na custódia, no sacrário, nas mãos do sacerdote, nas suas próprias mãos. É o Papa que pede ao Senhor que fique connosco, que permaneça presente no nosso mundo.
O Papa da Adoração é o Papa que pôs o mundo inteiro a rezar. Para ele não havia ninguém para quem Cristo não fosse tudo. Convocou os jovens, as famílias, os idosos e as crianças, os trabalhadores, os pobres e os políticos, os deficientes e os atletas, os artistas e os consagrados, a todos convidou a adorarem Deus presente com a oração e com uma vida que tivesse a ousadia da santidade. O Papa insistiu para que não tivéssemos medo de ser santos. Porque acreditou mesmo na presença e na força de Cristo, ele sabia que nos podia pedir para ser santos. Ele sabia que a santidade, embora conte com todo o nosso empenho, é sobretudo uma graça, um dom que Deus quer dar a todos. O Papa ajudou-nos a não ter vergonha da santidade, ajudou-nos a perceber que vale a pena o nosso pouco esforço, porque Deus o abençoa infinitamente. O Papa da santidade é o Papa dos grandes desafios morais. O Papa que não se contentou com o pouco mas nos propôs o máximo. O Papa que se arriscou a este desafio é aquele que mostrou como nada disto é abstracto ou impossível e, por isso, nunca até ele alguém tinha dado à Igreja tantos modelos de santidade empenhando a sua autoridade nas beatificações e nas canonizações.
Este é o Papa da Igreja. O Papa que deu a verdadeira interpretação do Concílio Vaticano II, o Papa da Lumen Gentium e da Gaudium et Spes foi o Papa que deu força à Igreja. Essa Igreja que se sentia velha rejuvenesceu, encheu-se de jovens, viveu a primavera com o Jubileu, está comprometida com o mundo para anunciar a todos Jesus Cristo, para que cada homem encontre Cristo no seu caminho e com ele percorra a sua vida. O Papa da Igreja que nasce da Eucaristia, da Igreja católica e universal, é também o Papa que procurou a comunhão com os outros cristãos. Com que força ele experimentava o desejo do próprio Jesus quando pedia ao Pai para que todos fossem um! Mas sabia e mostrou bem que esse caminho da unidade não é o do relativismo, é o caminho da conversão e da verdade, por isso um caminho que compromete estruturas e doutrinas, mas sobretudo os corações, por aí devemos começar o ecumenismo. E o Papa deu provas evidentes de que é possível avançar.
O Papa que fez todos estes desafios rompeu também com os ideais dos que se deixam convencer pelas delícias mundanas, que agradam à superfície mas esvaziam o coração, é o Papa que nos disse com todas as letras que há pecados que não têm razão de ser, que há mal objectivo, que a consciência é sagrada, mas não pode decidir tudo sozinha, tem de aprender, tem de conhecer a Lei de Deus. É, por isso, o Papa do Evangelho da Vida, o Papa da centesimus annus, que denunciou os males sociais, que fez frente aos grandes do mundo quando estes se lançavam na aventura da guerra, que não se deixou convencer pela normalização da contracepção, o Papa que não cedeu à superficialidade. Este é o Papa da moral cristã, não do moralismo que se reduz a regras, mas da moral que vai buscar os seus fundamentos à verdade do homem, é o Papa que insiste para que vejamos o esplendor da Verdade e coloquemos a nossa vida no seu caminho. O Papa que uns chamavam conservador e outros reformador, era o Papa que não se deixa definir por critério humanos mas defende a verdade do homem em todas as questões. O Papa que apela ao respeito humano é o mesmo que ensina que há maneiras humanas e grandiosas de viver a sexualidade. O Papa da moral sexual exigente é, por isso, o Papa da teologia do corpo. O Papa que mostrou a grandeza do amor humano e da sexualidade não podia deixar de ser o Papa que denunciaria as reduções que a cultura erótica, dominante e facilitista, insiste em propor.
Este é, por outro lado e ao mesmo tempo, o Papa da misericórdia. Só quem não teme a verdade revelada por Deus sobre o homem tem coragem para dizer, mesmo que seja contra corrente, que há bem e mal. Quem diz o que o homem é pode dizer como o homem deve agir. Mas o Papa quando diz o que deve ser a humanidade sabe, porque a fé cristã sempre assim ensinou, que o homem está marcado pelo pecado original, tem em si uma ferida que o torna estranhamente propenso para o pecado. Porém, a fé também ensina que já aconteceu a vitória do perdão. Quem conhece esta verdade, quem vive a Páscoa de Cristo, também sabe que a última palavra não é o nosso pecado, mas a misericórdia de Deus. Só alguém que não esquece as fragilidades humanas nem se esquece que mesmo assim o homem nunca deixou de ser imagem de Deus, pode falar de misericórdia. Este Papa não fingiu que não havia pecado nem contou só com as forças do homem, ele acredita em Cristo que é mesmo o Redentor do Homem, ele acredita que o Pai é mesmo Rico em Misericórdia, e, por isso, não se limita a dizer que Deus nos desculpa, mas mostra que Deus nos quer salvar, ele sabe que o Pai ao dar-nos o Espírito que vivifica quer que descubramos e vivamos a verdade plena das nossas vidas, colocando realmente a nossa liberdade em jogo, deixando o pecado e abraçando o caminho da santidade.
O Papa que anunciou a Redenção e a Misericórdia é o Papa do Jubileu. Tudo preparou para que celebração dos 2000 anos de Cristo não fosse apenas uma comemoração mas se tornasse a experiência viva nos corações e na sociedade da presença de Jesus Cristo, nascido há dois mil anos mas verdadeiramente ressuscitado e vivo. O Papa deu-nos um Jubileu que foi uma autêntica experiência da presença de Cristo, uma porta aberta para passarmos e entrarmos na comunhão da Igreja e com a Santíssima Trindade.
Mas, de novo, como no tempo dos Apóstolos, houve quem o ouvisse e houve quem se fechasse. O mundo depois do Jubileu não se tornou um paraíso, o mundo, porém tem agora de maneira mais viva, gente que sabe que Jesus é o Redentor do homem, que experimenta a alegria da comunhão com Deus, que não teme a santidade. Por isso o Papa não deixou que o Jubileu fosse um tempo fechado em si.
O Papa do Jubileu é, então, o Papa da Igreja que se põe em marcha. Se Cristo é tudo, como calar o encontro que tivemos? O Jubileu fez-nos pôr ao largo e lançar as redes. Não se seguem tempos de descanso mas tempos para gastar as forças na missão. O Papa da missão é ele mesmo o Papa missionário, das viagens e dos grandes embates culturais. Por todo o mundo é preciso ir, por todo o mundo o Papa foi e mostrou que não há cultura, não há povo, não há país onde a Missão do Redentor não deva ou não possa chegar. Com o seu exemplo muitos se lançaram nas missões, muitos novos movimentos se espalharam pelo mundo, por esse mundo pobre ou rico que não conhecia Cristo ou se tinha esquecido dele mas continuava à espera da salvação. O Papa de Cristo é o Papa que, até ao fim, não deixou de levar a Igreja a dizer a todos os homens: “abri as portas do vosso coração a Cristo”.
Agora parte, mas não deixa a Igreja na mesma, virá outro e Cristo continuará a ser para o novo Papa e para toda a Igreja aquilo que João Paulo II nos ensinou. Nós somos a sua geração, um povo que está pronto. Contamos com a intercessão de Karol Wojtyla, comprometemo-nos com a sua herança: amar a Cristo, amar a Igreja, anunciar a todos os povos que Cristo está vivo e salva-nos do mal e da morte.
P. Duarte da Cunha
(3 de Abril de 2005)
Sobre o Papa João Paulo II- "Porque", de Paulo Geraldo
Porque
Já tinhas dito que sentias a morte perto. Tremia-te a voz e tremiam-te as mãos e tinhas o corpo cheio de dores. Depois, enquanto a tua imagem diminuíae se apagava diante do nosso olhar, crescias ainda mais nos nossos corações.
Em ires até ao fim houve uma forma de nos gritares aquilo que a tua voz já não era capaz de dizer.
Já de muitas maneiras te tínhamos agradecido, mas é conveniente dizer-te de novo um obrigado imenso.
Porque só tu nos disseste a verdade.
Os outros disseram-nos aquilo que queríamos ouvir e aquilo que nos agradava - pois queriam ganhar adeptos e lucrar com isso - mas tu, como amigo sincero, não tiveste receio de usar as palavras verdadeiras. Ainda que fossem duras, ainda que corresses o risco de ficar sozinho.
Porque, se o caminho real era empinado e agreste, não nos indicaste outro mais à medida da nossa preguiça, da nossa avareza, da nossa luxúria. Nãoquiseste enganar-nos. Disseste-nos como podíamos encontrar-nos connosco mesmos e confiaste em que seríamos capazes de ser fortes.
Porque os outros quiseram enriquecer à custa de ficarmos desnorteados, e tu quiseste tornar-nos ricos gastando o teu sangue e a tua vida.
Porque o teu dia começava cedo e acabava tarde. Porque tinhas, com tanta idade, a agenda tão cheia. Rezavas e trabalhavas, mas ao rezares trabalhavas e ao trabalhares rezavas. Ninguém sabe dizer quando é que descansavas.
Porque foi sempre para ti que olhámos em primeiro lugar, quando os poderosos preparavam novas guerras nos lugares onde há petróleo, quando o ódio derrubava edifícios, quando chegavam notícias de novos "avanços"científicos que pareciam fantásticos, mas nos cheiravam a esturro.
Porque os teus olhos eram limpos e o teu sorriso era bom e o teu coração bateu sempre ao lado do nosso.
Porque eras um dos nossos nas tuas vestes brancas. Porque envelheceste cuidando de nós. Porque foste baleado por dizeres a verdade. Porque não andavas mascarado, como os outros.
Porque não ficaste no teu palácio de Roma, mas vieste ter connosco até aos cantos mais pequenos do mundo e quiseste aprender connosco e sentir os nossos entusiasmos nobres. Porque quiseste falar-nos nas nossas línguas.
Porque quando te apresentámos as nossas crianças tu as beijaste e abençoaste sem fingimento, como quem faz uma coisa muito, muito importante.
Porque quando olhavas para nós vias uma bondade e uma força e uma beleza em que já não acreditávamos.
Porque o pequeno e o grande tinham um lugar do mesmo tamanho no teu coração. Porque não te preocupaste apenas com os que te eram próximos no pensamento, mas resolveste carregar sobre os teus ombros as dores, as preocupações, os lutos e as lágrimas de todos os homens de todas as religiões.
Porque guardavas no teu coração as nossas dores e sofrias com elas e nós somos muitos. Porque de tanto te abraçares ao teu Cristo crucificado te tornaste tão humano. Porque também escreveste as tuas poesias.
Porque salvaste tantas vidas. Porque trabalhaste pela paz. Porque chegasteao fim de um caminho tão longo cheio da juventude do amor. Porque morreste repleto de obras e de sonhos, olhando para as tuas mãos, tão cheias, com a impressão de as veres vazias.
Paulo Geraldo
Professor de Língua Portuguesa
http://aldeia.no.sapo.pt/
Já tinhas dito que sentias a morte perto. Tremia-te a voz e tremiam-te as mãos e tinhas o corpo cheio de dores. Depois, enquanto a tua imagem diminuíae se apagava diante do nosso olhar, crescias ainda mais nos nossos corações.
Em ires até ao fim houve uma forma de nos gritares aquilo que a tua voz já não era capaz de dizer.
Já de muitas maneiras te tínhamos agradecido, mas é conveniente dizer-te de novo um obrigado imenso.
Porque só tu nos disseste a verdade.
Os outros disseram-nos aquilo que queríamos ouvir e aquilo que nos agradava - pois queriam ganhar adeptos e lucrar com isso - mas tu, como amigo sincero, não tiveste receio de usar as palavras verdadeiras. Ainda que fossem duras, ainda que corresses o risco de ficar sozinho.
Porque, se o caminho real era empinado e agreste, não nos indicaste outro mais à medida da nossa preguiça, da nossa avareza, da nossa luxúria. Nãoquiseste enganar-nos. Disseste-nos como podíamos encontrar-nos connosco mesmos e confiaste em que seríamos capazes de ser fortes.
Porque os outros quiseram enriquecer à custa de ficarmos desnorteados, e tu quiseste tornar-nos ricos gastando o teu sangue e a tua vida.
Porque o teu dia começava cedo e acabava tarde. Porque tinhas, com tanta idade, a agenda tão cheia. Rezavas e trabalhavas, mas ao rezares trabalhavas e ao trabalhares rezavas. Ninguém sabe dizer quando é que descansavas.
Porque foi sempre para ti que olhámos em primeiro lugar, quando os poderosos preparavam novas guerras nos lugares onde há petróleo, quando o ódio derrubava edifícios, quando chegavam notícias de novos "avanços"científicos que pareciam fantásticos, mas nos cheiravam a esturro.
Porque os teus olhos eram limpos e o teu sorriso era bom e o teu coração bateu sempre ao lado do nosso.
Porque eras um dos nossos nas tuas vestes brancas. Porque envelheceste cuidando de nós. Porque foste baleado por dizeres a verdade. Porque não andavas mascarado, como os outros.
Porque não ficaste no teu palácio de Roma, mas vieste ter connosco até aos cantos mais pequenos do mundo e quiseste aprender connosco e sentir os nossos entusiasmos nobres. Porque quiseste falar-nos nas nossas línguas.
Porque quando te apresentámos as nossas crianças tu as beijaste e abençoaste sem fingimento, como quem faz uma coisa muito, muito importante.
Porque quando olhavas para nós vias uma bondade e uma força e uma beleza em que já não acreditávamos.
Porque o pequeno e o grande tinham um lugar do mesmo tamanho no teu coração. Porque não te preocupaste apenas com os que te eram próximos no pensamento, mas resolveste carregar sobre os teus ombros as dores, as preocupações, os lutos e as lágrimas de todos os homens de todas as religiões.
Porque guardavas no teu coração as nossas dores e sofrias com elas e nós somos muitos. Porque de tanto te abraçares ao teu Cristo crucificado te tornaste tão humano. Porque também escreveste as tuas poesias.
Porque salvaste tantas vidas. Porque trabalhaste pela paz. Porque chegasteao fim de um caminho tão longo cheio da juventude do amor. Porque morreste repleto de obras e de sonhos, olhando para as tuas mãos, tão cheias, com a impressão de as veres vazias.
Paulo Geraldo
Professor de Língua Portuguesa
http://aldeia.no.sapo.pt/
Anúncio morte do Papa pelo site Paróquias de Portugal
Paróquias de Portugal
Papa João Paulo II
Karol Jozef Wojtyla
18.05.1920 - 02.04.2005 †
Oração
Deus Nosso Pai,
Nesta hora tão marcante da História da Igreja
Nós Vos agradecemos a vida do Papa João Paulo II,
O seu exemplo de Pastor incansável e generoso,
O seu testemunho de Profeta da Paz e da Justiça,
Os seus esforços pela unidade da Igreja e da humanidade.
Graças, Senhor, Pelas maravilhas que operastes na sua vida,
E por ele, também em cada um de nós.
Recebei-o agora amorosamente na vossa morada;
Possa ele alegrar-se eternamente na vossa presença,
Com Maria, Mãe de Jesus,
E com todos os Santos.
E a nós, que continuamos o nosso peregrinar,
Enviai-nos a força do vosso Espírito Santo.
Renovai, Senhor, o Pentecostes na vossa Igreja,
A vossa Igreja, que somos todos nós,
Para que seja sempre testemunha fiel
E sinal do vosso amor para todos os povos
Do mundo de hoje.
Fazei crescer a planta que a vossa mão plantou,
Confirmai, Senhor, a obra das vossas mãos.
Amen.
Pai Nosso, que estais nos céus santificado seja o Vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,como era no princípio, agora e sempre. Amen.
Papa João Paulo II
Karol Jozef Wojtyla
18.05.1920 - 02.04.2005 †
Oração
Deus Nosso Pai,
Nesta hora tão marcante da História da Igreja
Nós Vos agradecemos a vida do Papa João Paulo II,
O seu exemplo de Pastor incansável e generoso,
O seu testemunho de Profeta da Paz e da Justiça,
Os seus esforços pela unidade da Igreja e da humanidade.
Graças, Senhor, Pelas maravilhas que operastes na sua vida,
E por ele, também em cada um de nós.
Recebei-o agora amorosamente na vossa morada;
Possa ele alegrar-se eternamente na vossa presença,
Com Maria, Mãe de Jesus,
E com todos os Santos.
E a nós, que continuamos o nosso peregrinar,
Enviai-nos a força do vosso Espírito Santo.
Renovai, Senhor, o Pentecostes na vossa Igreja,
A vossa Igreja, que somos todos nós,
Para que seja sempre testemunha fiel
E sinal do vosso amor para todos os povos
Do mundo de hoje.
Fazei crescer a planta que a vossa mão plantou,
Confirmai, Senhor, a obra das vossas mãos.
Amen.
Pai Nosso, que estais nos céus santificado seja o Vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a Vossa vontade assim na Terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,como era no princípio, agora e sempre. Amen.
Artigo do Padre Serras Pereira sobre o Papa
João Paulo II – Um Milagre Prodigioso
Nuno Serras Pereira
02. 04. 2005
Soube há poucos minutos que a Divina Misericórdia - Jesus Cristo - veio com Nossa Senhora, Sua Mãe (1º sábado), buscar o Papa João Paulo II para lhe dar a recompensa eterna.
Não posso deixar de sentir uma saudade imensa deste vigário de Cristo que, como o Seu Mestre, nos amou até ao fim, e, ao mesmo tempo de experimentar uma gratidão infinita para com Deus que concedeu à Igreja e à humanidade este dom prodigioso, este milagre, que foi o Papa João Paulo II.
S. João Paulo II foi uma presença visível e sensível da misericórdia divina. O seu pontificado foi marcado por uma perseverança tenaz no amor a cada pessoa humana. Nunca desistiu ou sequer desfaleceu em amar cada um dos seres humanos. Daí a sua oração, as suas viagens pelo mundo, a sua clareza e desassombro no anúncio da Evangelho - da Verdade, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, a defesa dos trabalhadores e dos pobres, dos e/imigrantes, dos refugiados, da liberdade, da dignidade de toda a pessoa, da inviolabilidade e sacralidade da vida humana, desde a concepção até à morte natural, do amor conjugal, da verdade da doação íntima dos esposos (Humanae Vitae), da família, da paz, etc. E todo este amor que nos tinha era a expressão acabada da prioridade absoluta, sobre tudo e sobre todos, que dava a Deus. De facto, nele se tornava patente a todos, o 1º Mandamento – “O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma com todas as tuas forças”.
Parece-me uma “injustiça” manifesta dar a este Papa o cognome de grande ou de magno porque isso o apouca, pois ele foi enorme, imenso, um milagre prodigioso! A verdade é que ainda não nos apercebemos, por estarmos demasiado perto, da dimensão gigantesca deste Papa. Mas a história da Igreja far-lhe-á justiça e então se verá, entre outras coisas, o dislate absurdo que é catalogá-lo de avançado nas questões sociais e de retrógrado nas morais, não só porque não são categorias adequadas para formular um juízo, mas porque há uma coerência absoluta na verdade que anunciou, sendo que tudo o que nele é considerado progressista depende, está essencialmente ligado ao que é considerado conservador:
na verdade que a Humanae Vitae anuncia joga-se o “combate pelo valor e pelo sentido da própria humanidade … é manifesto que a encíclica Humanae Vitae não é somente um documento, mas um acontecimento … parece que como estrato mais profundo deste acontecimento se deva considerar a controvérsia e o combate pelo próprio homem …” (Karol Cardeal Wojtyla [poucos meses antes de ser eleito Papa], La visione antropológica della Humanae Vitae, p. 129, VV. AA., Lateranum- a cura della facoltà di teologia della pontifícia università lateranense, N. S. – Anno XLIV, 1978, n. 1, pp. 372).
"I am the Pope of life and of responsible parents, and everyone must know of this … Yes, I have come here (i. e. to the chair of St. Peter) from Humanae Vitae and for human life". João Paulo II, Citado in Pontificia Academia Pro Vita, AA. VV., Evangelium Vitae - five years of confrontation with the society - proceedings of the sixth assembly of the pontifical academy for life (vatican city, 11-14 february 2000), p. 398, Libreria Editrice Vaticana, pp 548, 2001
Não tenho dúvidas que João Paulo II - como disse sta. Teresinha de Lisieux - “passará o Céu a fazer o bem sobre a terra”. Por isso, mais do que rezar por ele rezo-lhe a ele. Peço a sua intercessão para que nos guie no anúncio da Evangelho da Vida e que proteja Portugal da “cultura da morte”.
Nuno Serras Pereira
02. 04. 2005
Soube há poucos minutos que a Divina Misericórdia - Jesus Cristo - veio com Nossa Senhora, Sua Mãe (1º sábado), buscar o Papa João Paulo II para lhe dar a recompensa eterna.
Não posso deixar de sentir uma saudade imensa deste vigário de Cristo que, como o Seu Mestre, nos amou até ao fim, e, ao mesmo tempo de experimentar uma gratidão infinita para com Deus que concedeu à Igreja e à humanidade este dom prodigioso, este milagre, que foi o Papa João Paulo II.
S. João Paulo II foi uma presença visível e sensível da misericórdia divina. O seu pontificado foi marcado por uma perseverança tenaz no amor a cada pessoa humana. Nunca desistiu ou sequer desfaleceu em amar cada um dos seres humanos. Daí a sua oração, as suas viagens pelo mundo, a sua clareza e desassombro no anúncio da Evangelho - da Verdade, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, a defesa dos trabalhadores e dos pobres, dos e/imigrantes, dos refugiados, da liberdade, da dignidade de toda a pessoa, da inviolabilidade e sacralidade da vida humana, desde a concepção até à morte natural, do amor conjugal, da verdade da doação íntima dos esposos (Humanae Vitae), da família, da paz, etc. E todo este amor que nos tinha era a expressão acabada da prioridade absoluta, sobre tudo e sobre todos, que dava a Deus. De facto, nele se tornava patente a todos, o 1º Mandamento – “O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma com todas as tuas forças”.
Parece-me uma “injustiça” manifesta dar a este Papa o cognome de grande ou de magno porque isso o apouca, pois ele foi enorme, imenso, um milagre prodigioso! A verdade é que ainda não nos apercebemos, por estarmos demasiado perto, da dimensão gigantesca deste Papa. Mas a história da Igreja far-lhe-á justiça e então se verá, entre outras coisas, o dislate absurdo que é catalogá-lo de avançado nas questões sociais e de retrógrado nas morais, não só porque não são categorias adequadas para formular um juízo, mas porque há uma coerência absoluta na verdade que anunciou, sendo que tudo o que nele é considerado progressista depende, está essencialmente ligado ao que é considerado conservador:
na verdade que a Humanae Vitae anuncia joga-se o “combate pelo valor e pelo sentido da própria humanidade … é manifesto que a encíclica Humanae Vitae não é somente um documento, mas um acontecimento … parece que como estrato mais profundo deste acontecimento se deva considerar a controvérsia e o combate pelo próprio homem …” (Karol Cardeal Wojtyla [poucos meses antes de ser eleito Papa], La visione antropológica della Humanae Vitae, p. 129, VV. AA., Lateranum- a cura della facoltà di teologia della pontifícia università lateranense, N. S. – Anno XLIV, 1978, n. 1, pp. 372).
"I am the Pope of life and of responsible parents, and everyone must know of this … Yes, I have come here (i. e. to the chair of St. Peter) from Humanae Vitae and for human life". João Paulo II, Citado in Pontificia Academia Pro Vita, AA. VV., Evangelium Vitae - five years of confrontation with the society - proceedings of the sixth assembly of the pontifical academy for life (vatican city, 11-14 february 2000), p. 398, Libreria Editrice Vaticana, pp 548, 2001
Não tenho dúvidas que João Paulo II - como disse sta. Teresinha de Lisieux - “passará o Céu a fazer o bem sobre a terra”. Por isso, mais do que rezar por ele rezo-lhe a ele. Peço a sua intercessão para que nos guie no anúncio da Evangelho da Vida e que proteja Portugal da “cultura da morte”.
O Padre Zézinho e "O Papa que não desceu da cruz"
O PAPA QUE NÃO DESCEU DA CRUZ
(este artigo foi-me enviado por Maria das Dores Folque)
Escrevo enquanto João Paulo II está vivo. Se alguém me ler no futuro, depois que Wojtila tiver ido ver o Senhor, talvez concorde comigo que ele passará à História como o papa que não quis descer da cruz. Acabo de ler que sofreu mais uma grave intervenção e que respira com a ajuda de aparelhos. Sua fragilidade física é visível. Faz anos.Não há como não refletir sobre a dor do papa. O nosso primeiro e rápido raciocínio seria: "Se está doente, e já não consegue mais superar os limites do seu corpo e, se papas podem renunciar, porque não renuncia? Faria um bem à Igreja e a si mesmo! É visível que o papa não está dando conta nem se de si mesmo. Como pode querer liderar uma Igreja com milhões de fiéis?"Erraríamos. Karol Wojtila, o papa João Paulo II, simplesmente decidiu ir até o fim. Estão querendo desligar os tubos do seu papado, achando que ele é uma espécie de Terri Schiavo espiritual. Ouve-se até religiosos que pleiteiam para ele o que fizeram os juizes americanos. Que deixem o papa morrer porque, de certa forma Wojtila doente incomoda. Porque ele quer sofrer desse jeito aos olhos de todos? Papas precisam ter saúde e lucidez... Ousam dizer que ele está apenas sobrevivendo e que já não atua mais. Respeitemos quem assim raciocina. Deve saber o que diz e porque o diz.Sou dos que pensam que Wojtila é mais do que um sobrevivente. Está vivendo até ás ultimas conseqüências. Mais do que nós ele sabe do seu sofrimento, leu, meditou e escreveu sobre o Cristo que não desceu da cruz quando desafiado. E faz o mesmo. Jesus disse que tinha poder para fugir daquela cruz e não o usou (Mt 26,53). Muitos dos seus discípulos não sabiam porque, nem os espectadores do seu martírio, mas Jesus sabia. Dias antes chamara Pedro de satanás porque, levado pelo seu afeto tentara dissuadi-lo daquele risco (Mt 16,22-23).Somos uma sociedade que baniu a morte pessoal, mas gostamos de ver o espetáculo da dor alheia, na televisão e em filmes recheados de violência, que mostram cabeças e corpos queimando e explodindo, enquanto o herói mata centenas de sujeitos maus e escapa ileso. Compramos jornais que sensacionalizam assassinatos e mortes. Corremos para a telinha para saber daquele bombardeio que matou centenas. A morte existe, a dor existe e gostamos de vê-la. Não gostamos é de ver a dor de nossos parentes e amigos, nem de imaginar a nossa. A cruz do outro vira espetáculo. Quando nos atinge, vira tragédia.João Paulo II não faz nem uma coisa nem outra. Não a encara a dor como espetáculo nem como tragédia pessoal. Também não pretende provocar a pena do mundo. A sua cruz é o que é e ele é quem é: o mesmo Wojtila que enfrentou com coragem tudo o que vinha pela frente. O bispo de Roma e líder dos católicos, a quem chamamos carinhosamente de papa (papai), está definhando e seus dedos nos apontam a cruz do Cristo.Ele que anunciou tantas vezes o Cristo atlético, sorridente e brilhante, mostra agora o Cristo esmagado e crucificado (1Cor 1,23) que, no dizer de Paulo, era uma pedra de tropeço para os judeus do seu tempo e loucura para os pagãos. Depois do longo martírio de Dachau e Treblinka tenho ouvido rabinos judeus dizer que entendem a postura de João Paulo II e a pregação de Paulo. Há um sentido na dor pessoal, por mais absurda que ela seja. Jesus foi um judeu que morreu na cruz e lhe deu um sentido redentor. Milhões de judeus morreram massacrados e também eles deram um sentido à própria dor e, nela á dor do seu povo. João Paulo II está dando sentido à sua dor e à dor das Igrejas - porque não sofre apenas como católico - e não desce daquela cruz pela mesma razão que o Cristo não desceu.Talvez nunca entendamos porque este papa aceitou sofrer tanto. Mas isso é problema nosso, não de João Paulo II. Ele sabe! Talvez esteja editando a sua mais profunda encíclica. Se ele mesmo não lhe der nenhum título, nós daremos: "Como o Cristo na cruz" E não terá que escrever nenhuma linha. Basta rever os seus últimos anos de dor e de martírio!
Padre Zézinho, SCJ
(este artigo foi-me enviado por Maria das Dores Folque)
Escrevo enquanto João Paulo II está vivo. Se alguém me ler no futuro, depois que Wojtila tiver ido ver o Senhor, talvez concorde comigo que ele passará à História como o papa que não quis descer da cruz. Acabo de ler que sofreu mais uma grave intervenção e que respira com a ajuda de aparelhos. Sua fragilidade física é visível. Faz anos.Não há como não refletir sobre a dor do papa. O nosso primeiro e rápido raciocínio seria: "Se está doente, e já não consegue mais superar os limites do seu corpo e, se papas podem renunciar, porque não renuncia? Faria um bem à Igreja e a si mesmo! É visível que o papa não está dando conta nem se de si mesmo. Como pode querer liderar uma Igreja com milhões de fiéis?"Erraríamos. Karol Wojtila, o papa João Paulo II, simplesmente decidiu ir até o fim. Estão querendo desligar os tubos do seu papado, achando que ele é uma espécie de Terri Schiavo espiritual. Ouve-se até religiosos que pleiteiam para ele o que fizeram os juizes americanos. Que deixem o papa morrer porque, de certa forma Wojtila doente incomoda. Porque ele quer sofrer desse jeito aos olhos de todos? Papas precisam ter saúde e lucidez... Ousam dizer que ele está apenas sobrevivendo e que já não atua mais. Respeitemos quem assim raciocina. Deve saber o que diz e porque o diz.Sou dos que pensam que Wojtila é mais do que um sobrevivente. Está vivendo até ás ultimas conseqüências. Mais do que nós ele sabe do seu sofrimento, leu, meditou e escreveu sobre o Cristo que não desceu da cruz quando desafiado. E faz o mesmo. Jesus disse que tinha poder para fugir daquela cruz e não o usou (Mt 26,53). Muitos dos seus discípulos não sabiam porque, nem os espectadores do seu martírio, mas Jesus sabia. Dias antes chamara Pedro de satanás porque, levado pelo seu afeto tentara dissuadi-lo daquele risco (Mt 16,22-23).Somos uma sociedade que baniu a morte pessoal, mas gostamos de ver o espetáculo da dor alheia, na televisão e em filmes recheados de violência, que mostram cabeças e corpos queimando e explodindo, enquanto o herói mata centenas de sujeitos maus e escapa ileso. Compramos jornais que sensacionalizam assassinatos e mortes. Corremos para a telinha para saber daquele bombardeio que matou centenas. A morte existe, a dor existe e gostamos de vê-la. Não gostamos é de ver a dor de nossos parentes e amigos, nem de imaginar a nossa. A cruz do outro vira espetáculo. Quando nos atinge, vira tragédia.João Paulo II não faz nem uma coisa nem outra. Não a encara a dor como espetáculo nem como tragédia pessoal. Também não pretende provocar a pena do mundo. A sua cruz é o que é e ele é quem é: o mesmo Wojtila que enfrentou com coragem tudo o que vinha pela frente. O bispo de Roma e líder dos católicos, a quem chamamos carinhosamente de papa (papai), está definhando e seus dedos nos apontam a cruz do Cristo.Ele que anunciou tantas vezes o Cristo atlético, sorridente e brilhante, mostra agora o Cristo esmagado e crucificado (1Cor 1,23) que, no dizer de Paulo, era uma pedra de tropeço para os judeus do seu tempo e loucura para os pagãos. Depois do longo martírio de Dachau e Treblinka tenho ouvido rabinos judeus dizer que entendem a postura de João Paulo II e a pregação de Paulo. Há um sentido na dor pessoal, por mais absurda que ela seja. Jesus foi um judeu que morreu na cruz e lhe deu um sentido redentor. Milhões de judeus morreram massacrados e também eles deram um sentido à própria dor e, nela á dor do seu povo. João Paulo II está dando sentido à sua dor e à dor das Igrejas - porque não sofre apenas como católico - e não desce daquela cruz pela mesma razão que o Cristo não desceu.Talvez nunca entendamos porque este papa aceitou sofrer tanto. Mas isso é problema nosso, não de João Paulo II. Ele sabe! Talvez esteja editando a sua mais profunda encíclica. Se ele mesmo não lhe der nenhum título, nós daremos: "Como o Cristo na cruz" E não terá que escrever nenhuma linha. Basta rever os seus últimos anos de dor e de martírio!
Padre Zézinho, SCJ
sexta-feira, abril 01, 2005
Julgamento por aborto em Setúbal e defesa da Vida
Os meus amigos da Associação Missão Vida emitiram ontem este comunicado que subscrevo inteiramente:
ASSOCIAÇÃO MISSÃO: VIDA
NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL
Na sequência das notícias saídas hoje a público sobre o julgamento de três mulheres no Tribunal de Setúbal pela prática de aborto, a Associação Missão: Vida comunica o seguinte:
1. A Associação Missão: Vida repudia veementemente o aproveitamento político – partidário das desgraças e dos dramas humanos das mulheres acusadas da prática dos crimes de aborto por parte do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda.
2. As manifestações hoje ocorridas à porta do Tribunal por parte de alguns dirigentes e militantes daqueles dois partidos representam uma inaceitável pressão do poder político sobre os tribunais e os magistrados que têm a obrigação constitucional de julgar, de uma forma imparcial, as violações da lei penal, nomeadamente os crimes cometidos contra a vida intra-uterina.
3. O aborto é um crime cometido contra pessoas já concebidas mas ainda não nascidas, porque o ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde o instante da sua concepção e, por isso, a partir desse mesmo instante devem–lhe ser reconhecidos todos os direitos próprios da pessoa, principalmente o direito inviolável à vida.
4. A Associação Missão: Vida lamenta, por fim, que nenhum dos partidos atrás referidos se empenhe no apoio e auxílio das mulheres grávidas em dificuldades, limitando a sua actuação à tentativa de legalização de práticas que atentam contra a vida das pessoas e que são indignas de um Estado de Direito e de uma sociedade verdadeiramente moderna, civilizada e respeitadora da dignidade de cada ser humano, principalmente dos mais desprotegidos.
31 de Março de 2005
A Direcção da Associação
E-mail – missão_vida@yahoo.com
ASSOCIAÇÃO MISSÃO: VIDA
NOTA À COMUNICAÇÃO SOCIAL
Na sequência das notícias saídas hoje a público sobre o julgamento de três mulheres no Tribunal de Setúbal pela prática de aborto, a Associação Missão: Vida comunica o seguinte:
1. A Associação Missão: Vida repudia veementemente o aproveitamento político – partidário das desgraças e dos dramas humanos das mulheres acusadas da prática dos crimes de aborto por parte do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda.
2. As manifestações hoje ocorridas à porta do Tribunal por parte de alguns dirigentes e militantes daqueles dois partidos representam uma inaceitável pressão do poder político sobre os tribunais e os magistrados que têm a obrigação constitucional de julgar, de uma forma imparcial, as violações da lei penal, nomeadamente os crimes cometidos contra a vida intra-uterina.
3. O aborto é um crime cometido contra pessoas já concebidas mas ainda não nascidas, porque o ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa desde o instante da sua concepção e, por isso, a partir desse mesmo instante devem–lhe ser reconhecidos todos os direitos próprios da pessoa, principalmente o direito inviolável à vida.
4. A Associação Missão: Vida lamenta, por fim, que nenhum dos partidos atrás referidos se empenhe no apoio e auxílio das mulheres grávidas em dificuldades, limitando a sua actuação à tentativa de legalização de práticas que atentam contra a vida das pessoas e que são indignas de um Estado de Direito e de uma sociedade verdadeiramente moderna, civilizada e respeitadora da dignidade de cada ser humano, principalmente dos mais desprotegidos.
31 de Março de 2005
A Direcção da Associação
E-mail – missão_vida@yahoo.com
terça-feira, março 29, 2005
Os U2, os jovens de hoje e tudo o que estes não podem pagar
Um amigo enviou-me este extracto de um artigo de Helena Matos no Público:
«Não deixa de ser fascinante matéria de estudo comparar o vigor e a tenacidade posta na compra dos bilhetes dos U2 pela mesma geração de jovens cujos professores dizem que eles não lêem porque os livros são caros.Que, pelo menos até ao passado ano lectivo, tinha de abandonar as faculdades porque não podiam pagar as propinas. E cujos corpos e almas segundo nos andam a garantir há anos psicólogos e pedagogos ficariam profundamente traumatizados caso tenham de se esforçar pelo que quer que seja. Nem sei o que seria se tivessem de dormir ao relento a noite mais fria do ano para obterem, por exemplo, uma bolsa de estudo. Felizmente que foi para os U2.Assim ninguém se traumatizou.» (Helena Matos, no Público).
Está bem visto, não está? :-)
«Não deixa de ser fascinante matéria de estudo comparar o vigor e a tenacidade posta na compra dos bilhetes dos U2 pela mesma geração de jovens cujos professores dizem que eles não lêem porque os livros são caros.Que, pelo menos até ao passado ano lectivo, tinha de abandonar as faculdades porque não podiam pagar as propinas. E cujos corpos e almas segundo nos andam a garantir há anos psicólogos e pedagogos ficariam profundamente traumatizados caso tenham de se esforçar pelo que quer que seja. Nem sei o que seria se tivessem de dormir ao relento a noite mais fria do ano para obterem, por exemplo, uma bolsa de estudo. Felizmente que foi para os U2.Assim ninguém se traumatizou.» (Helena Matos, no Público).
Está bem visto, não está? :-)
segunda-feira, março 28, 2005
Por um referendo diário sobre o aborto
O jornal O Público trazia hoje este artigo da minha autoria:
Por um referendo diário sobre o aborto
São muitos os argumentos para negar pertinência a um novo referendo sobre o aborto.O direito à vida, como primeiro e condição dos restantes direitos humanos, não pode ser, por uma questão de princípio, objecto de referendo a não ser que desejemos recuar séculos na história e deitar fora todas as noções de dignidade e igualdade das pessoas humanas. Em 1998 o povo português já decidiu e a única coisa que mudou foi a "subida de tom" dos abortistas e o empenho de uma comunicação social que lhes é francamente favorável. Antes do último debate parlamentar em Março de 2004 os partidários do novo referendo andaram oito meses, com exaustiva cobertura dos "media", para recolher 122 mil assinaturas, enquanto aqueles que se opõe a uma modificação da actual lei, reuniram 217 mil assinaturas em apenas quatro semanas. E por ai adiante.
Mas, paradoxalmente, faz falta mais do que um referendo sobre o aborto. Faz falta que a questão se ponha realmente na sociedade portuguesa e de uma vez por todas sejam obtidas respostas inequívocas. Isto é que todos os dias os portugueses, e quem nos governa, se ponham e respondam à questão: "Concorda que em Portugal seja possível uma mulher dizer: "eu abortei porque não encontrei quem me ajudasse"?". Ou "Concorda que o trabalho de apoio às grávidas em dificuldade e no acolhimento de crianças que a sociedade civil desenvolve, não encontre quase nenhum apoio do Estado?". Ou "Concorda que o Estado não sinta qualquer responsabilidade perante uma rapariga pressionada pelos seus parentes ou um namorado irresponsável a abortar, e a deixe sem ninguém a quem recorrer?". Ou "Concorda que o Estado esteja disposto a dar mensalmente 50 contos a uma família de acolhimento de uma criança e os negue aos pais da mesma?".
Como também faz falta outro referendo com a pergunta: "Concorda que o problema do aborto não seja conhecido na sua real extensão, para além dos discursos ideológicos, e que a realização de um estudo, consensual entre todos os partidos, com excepção dos comunistas, se arraste na Assembleia da República?". Na mesma ocasião (seguindo o princípio da poupança eleitoral) se poderia juntar algumas outras perguntas, como, por exemplo: "Concorda que sistematicamente aconteça na sociedade portuguesa que os "técnicos" e os "moderados" digam "vamos consentir nisto como excepção e não como prática recorrente" e depois se verifique, como aconteceu na pílula do dia seguinte, que a prática é generalizada, os números assustadores e se está perante um "rombo" nas políticas de saúde pública?".
Ou então "Concorda que Portugal seja o único país do mundo onde se faz um escândalo pelo facto de mulheres serem julgadas, em claro desrespeito pelos mais elementares princípios da igualdade de género?". Poder-se-ia na mesma ocasião perguntar ainda: "Concorda que grupos de radicais vão para a porta dos tribunais dizerem que fizeram abortos as pessoas que estão lá dentro a defenderem-se da acusação, negando a prática desse crime?" ou "Concorda que seja considerado apenas um assunto de mulheres, a gravidez e o aborto, apesar de ser do mais elementar conhecimento que existem sempre homens envolvidos?".
Por fim, uma última pergunta: "Concorda que um Governo que no seu programa se afirma determinado a mudar o regime legal do aborto, não tem uma linha sobre o apoio social às grávidas em dificuldade e não mais de cinco linhas sobre a educação para a cidadania e a saúde?".
Neste e noutros referendos sobre o aborto a única resposta que faz sentido, corresponde aos desejos do coração humano e não tenta dobrar a realidade a propósitos ideológicos, é a de um rotundo Não! Todos os dias, empenhando as nossas vidas, essa é a campanha que fazemos, num referendo diário, pela defesa da Vida.
Movimento Juntos pela Vida
Por um referendo diário sobre o aborto
São muitos os argumentos para negar pertinência a um novo referendo sobre o aborto.O direito à vida, como primeiro e condição dos restantes direitos humanos, não pode ser, por uma questão de princípio, objecto de referendo a não ser que desejemos recuar séculos na história e deitar fora todas as noções de dignidade e igualdade das pessoas humanas. Em 1998 o povo português já decidiu e a única coisa que mudou foi a "subida de tom" dos abortistas e o empenho de uma comunicação social que lhes é francamente favorável. Antes do último debate parlamentar em Março de 2004 os partidários do novo referendo andaram oito meses, com exaustiva cobertura dos "media", para recolher 122 mil assinaturas, enquanto aqueles que se opõe a uma modificação da actual lei, reuniram 217 mil assinaturas em apenas quatro semanas. E por ai adiante.
Mas, paradoxalmente, faz falta mais do que um referendo sobre o aborto. Faz falta que a questão se ponha realmente na sociedade portuguesa e de uma vez por todas sejam obtidas respostas inequívocas. Isto é que todos os dias os portugueses, e quem nos governa, se ponham e respondam à questão: "Concorda que em Portugal seja possível uma mulher dizer: "eu abortei porque não encontrei quem me ajudasse"?". Ou "Concorda que o trabalho de apoio às grávidas em dificuldade e no acolhimento de crianças que a sociedade civil desenvolve, não encontre quase nenhum apoio do Estado?". Ou "Concorda que o Estado não sinta qualquer responsabilidade perante uma rapariga pressionada pelos seus parentes ou um namorado irresponsável a abortar, e a deixe sem ninguém a quem recorrer?". Ou "Concorda que o Estado esteja disposto a dar mensalmente 50 contos a uma família de acolhimento de uma criança e os negue aos pais da mesma?".
Como também faz falta outro referendo com a pergunta: "Concorda que o problema do aborto não seja conhecido na sua real extensão, para além dos discursos ideológicos, e que a realização de um estudo, consensual entre todos os partidos, com excepção dos comunistas, se arraste na Assembleia da República?". Na mesma ocasião (seguindo o princípio da poupança eleitoral) se poderia juntar algumas outras perguntas, como, por exemplo: "Concorda que sistematicamente aconteça na sociedade portuguesa que os "técnicos" e os "moderados" digam "vamos consentir nisto como excepção e não como prática recorrente" e depois se verifique, como aconteceu na pílula do dia seguinte, que a prática é generalizada, os números assustadores e se está perante um "rombo" nas políticas de saúde pública?".
Ou então "Concorda que Portugal seja o único país do mundo onde se faz um escândalo pelo facto de mulheres serem julgadas, em claro desrespeito pelos mais elementares princípios da igualdade de género?". Poder-se-ia na mesma ocasião perguntar ainda: "Concorda que grupos de radicais vão para a porta dos tribunais dizerem que fizeram abortos as pessoas que estão lá dentro a defenderem-se da acusação, negando a prática desse crime?" ou "Concorda que seja considerado apenas um assunto de mulheres, a gravidez e o aborto, apesar de ser do mais elementar conhecimento que existem sempre homens envolvidos?".
Por fim, uma última pergunta: "Concorda que um Governo que no seu programa se afirma determinado a mudar o regime legal do aborto, não tem uma linha sobre o apoio social às grávidas em dificuldade e não mais de cinco linhas sobre a educação para a cidadania e a saúde?".
Neste e noutros referendos sobre o aborto a única resposta que faz sentido, corresponde aos desejos do coração humano e não tenta dobrar a realidade a propósitos ideológicos, é a de um rotundo Não! Todos os dias, empenhando as nossas vidas, essa é a campanha que fazemos, num referendo diário, pela defesa da Vida.
Movimento Juntos pela Vida
sábado, março 26, 2005
Patriarca diz que comunhão pode ser recusada nalguns casos
No Público de ontem faz-se referência a uma homilia do Patriarca de Lisboa na 5ª feira Santa que vale a pena ler na íntegra em: http://ae.no-ip.org/noticia.asp?noticiaid=17178
Nota: não se trata do assunto do Padre Nuno Serras Pereira, embora se possa hoje concluir que este reproduzindo verdadeira doutrina católica sobre o assunto, tem a "pecha" de ser "um aviso à geral", o que não é o meio adequado de prática pastoral (isto é, só caso a caso, pessoa a pessoa, circunstância a circunstância, se pode avaliar se é de negar a comunhão a uma determinada pessoa). Pondo isto mais simples: seria normal publicar um anúncio dizendo: "nestas situações a comunhão não pode ser dada", não é adequado dizer "por isto e por isto, não darei a comunhão".
Sobre este último assunto tenho um dossier em: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/articles/3975.aspx
Nota: não se trata do assunto do Padre Nuno Serras Pereira, embora se possa hoje concluir que este reproduzindo verdadeira doutrina católica sobre o assunto, tem a "pecha" de ser "um aviso à geral", o que não é o meio adequado de prática pastoral (isto é, só caso a caso, pessoa a pessoa, circunstância a circunstância, se pode avaliar se é de negar a comunhão a uma determinada pessoa). Pondo isto mais simples: seria normal publicar um anúncio dizendo: "nestas situações a comunhão não pode ser dada", não é adequado dizer "por isto e por isto, não darei a comunhão".
Sobre este último assunto tenho um dossier em: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/articles/3975.aspx
O Papa João Paulo II, a defesa da Vida e o 10º aniversário da Evangelium Vitae
Em conjunto com um grupo de amigos, fizemos publicar ontem no jornal O Público, um anúncio com o texto abaixo. Moveu-nos o desejo de manifestar amizade ao Papa (numa questão que lhe é tão cara), a vontade de assinalar o aniversário de um documento fundamental da doutrina católica e a determinação em lembrar (neste momento em que a obsessão do referendo ao aborto ocupa as primeiras páginas dos jornais) as razões (todas laicas, nenhuma religiosa, como se pode ver pelo texto) pelas quais a resposta nessa ocasião terá de ser, uma vez mais, a de um rotundo Não!
O texto foi este:
O texto foi este:
Parabéns ao Papa João Paulo II
No 10º Aniversário da Encíclica O Evangelho da Vida
“Reivindicar o direito ao aborto e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
Quando a lei, votada segundo as chamadas regras democráticas, permite o aborto, o ideal democrático, que só é tal verdadeiramente quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana, é atraiçoado nas suas próprias bases: Como é possível falar ainda de dignidade de toda a pessoa humana, quando se permite matar a mais débil e a mais inocente? Em nome de qual justiça se realiza a mais injusta das discriminações entre as pessoas, declarando algumas dignas de ser defendidas, enquanto a outras esta dignidade é negada? Deste modo e para descrédito das suas regras, a democracia caminha pela estrada de um substancial totalitarismo. O Estado deixa de ser a «casa comum», onde todos podem viver segundo princípios de substancial igualdade, e transforma-se num Estado tirano, que presume poder dispor da vida dos mais débeis e indefesos, como a criança ainda não nascida, em nome de uma utilidade pública que, na realidade, não é senão o interesse de alguns. (cf. João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
“Dentre todos os crimes que o homem pode cometer contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam particularmente perverso e abominável.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 58)
Quando uma maioria parlamentar ou social decreta a legitimidade da eliminação, mesmo sob certas condições, da vida humana ainda não nascida, assume uma decisão tirânica contra o ser humano mais débil e indefeso. (cf João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 70)
“No caso de uma lei intrinsecamente injusta, como aquela que admite o aborto ou a eutanásia, nunca é lícito conformar-se com ela, nem participar numa campanha de opinião a favor de uma lei de tal natureza, nem dar-lhe a aprovação com o seu voto.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 73)
“A tolerância legal do aborto ou da eutanásia não pode, de modo algum, fazer apelo ao respeito pela consciência dos outros, precisamente porque a sociedade tem o direito e o dever de se defender contra os abusos que se possam verificar em nome da consciência e com o pretexto da liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 71)
“Não pode haver paz verdadeira sem respeito pela vida, especialmente se é inocente e indefesa como a da criança não nascida.” (João Paulo II, Discurso ao Movimento Defesa da Vida, Italiano, 2002)
“É totalmente falsa e ilusória a comum defesa, que aliás justamente se faz, dos direitos humanos — como por exemplo o direito à saúde, à casa, ao trabalho, à família e à cultura, — se não se defende com a máxima energia o direito à vida, como primeiro e fontal direito, condição de todos os outros direitos da pessoa.” (João Paulo II, Christifideles Laci, nº 38).
No 10º Aniversário da Encíclica O Evangelho da Vida
“Reivindicar o direito ao aborto e reconhecê-lo legalmente, equivale a atribuir à liberdade humana um significado perverso e iníquo: o significado de um poder absoluto sobre os outros e contra os outros. Mas isto é a morte da verdadeira liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
Quando a lei, votada segundo as chamadas regras democráticas, permite o aborto, o ideal democrático, que só é tal verdadeiramente quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana, é atraiçoado nas suas próprias bases: Como é possível falar ainda de dignidade de toda a pessoa humana, quando se permite matar a mais débil e a mais inocente? Em nome de qual justiça se realiza a mais injusta das discriminações entre as pessoas, declarando algumas dignas de ser defendidas, enquanto a outras esta dignidade é negada? Deste modo e para descrédito das suas regras, a democracia caminha pela estrada de um substancial totalitarismo. O Estado deixa de ser a «casa comum», onde todos podem viver segundo princípios de substancial igualdade, e transforma-se num Estado tirano, que presume poder dispor da vida dos mais débeis e indefesos, como a criança ainda não nascida, em nome de uma utilidade pública que, na realidade, não é senão o interesse de alguns. (cf. João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 20)
“Dentre todos os crimes que o homem pode cometer contra a vida, o aborto provocado apresenta características que o tornam particularmente perverso e abominável.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 58)
Quando uma maioria parlamentar ou social decreta a legitimidade da eliminação, mesmo sob certas condições, da vida humana ainda não nascida, assume uma decisão tirânica contra o ser humano mais débil e indefeso. (cf João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 70)
“No caso de uma lei intrinsecamente injusta, como aquela que admite o aborto ou a eutanásia, nunca é lícito conformar-se com ela, nem participar numa campanha de opinião a favor de uma lei de tal natureza, nem dar-lhe a aprovação com o seu voto.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 73)
“A tolerância legal do aborto ou da eutanásia não pode, de modo algum, fazer apelo ao respeito pela consciência dos outros, precisamente porque a sociedade tem o direito e o dever de se defender contra os abusos que se possam verificar em nome da consciência e com o pretexto da liberdade.” (João Paulo II, Evangelium Vitae, nº 71)
“Não pode haver paz verdadeira sem respeito pela vida, especialmente se é inocente e indefesa como a da criança não nascida.” (João Paulo II, Discurso ao Movimento Defesa da Vida, Italiano, 2002)
“É totalmente falsa e ilusória a comum defesa, que aliás justamente se faz, dos direitos humanos — como por exemplo o direito à saúde, à casa, ao trabalho, à família e à cultura, — se não se defende com a máxima energia o direito à vida, como primeiro e fontal direito, condição de todos os outros direitos da pessoa.” (João Paulo II, Christifideles Laci, nº 38).
Um grupo de cidadãos empenhados na defesa da Vida ( evdezanos@hotmail.com )
sexta-feira, março 25, 2005
Um parlamento a brincar (a AR e Pedro Lomba)
Diz Pedro Lomba, sob o título acima, na sua página Geração de 70, no Diário de Notícias de hoje: "Debate sobre o programa de Governo. Há quem apareça de manhã e se escape à tarde. No PSD, muitas bancadas vazias; no PS também. Os deputados entram e saem, mudam de lugar, conversam ao telefone. Ouve-se um burburinho constante que não é diferente de um café. Alguém discursa. Ninguém ouve. No Parlamento fala-se, mas não se ouve. Há, no entanto, uma excepção: os deputados do Bloco de Esquerda estão a maior parte do tempo sentados no Plenário. Depois admirem-se do sucesso do Bloco. Os deputados portugueses não percebem que os detalhes contam. E o Plenário da Assembleia continua sem sem consideração e solenidade."
Se é verdade que o texto revela algum desconhecimento sobre o que é a vida de deputado (as diversas solicitações, o milhar de coisas que ocorrem no mesmo momento, que nos partidos maiores é possível dividir o trabalho e por isso os da defesa, não seguem os debates sobre fiscalidade, por exemplo) é tão verdadeiro no fundo! Nos dois pontos: que ninguém ouve, nem quer ouvir e por isso nem se aprende nem se dá lugar à possibilidade de acontecerem coisas novas (convergências); e no profissionalismo, competência e inteligência de quem sabe por que razões ali está e por o que é que na vida, vale a pena dá-la!
Se é verdade que o texto revela algum desconhecimento sobre o que é a vida de deputado (as diversas solicitações, o milhar de coisas que ocorrem no mesmo momento, que nos partidos maiores é possível dividir o trabalho e por isso os da defesa, não seguem os debates sobre fiscalidade, por exemplo) é tão verdadeiro no fundo! Nos dois pontos: que ninguém ouve, nem quer ouvir e por isso nem se aprende nem se dá lugar à possibilidade de acontecerem coisas novas (convergências); e no profissionalismo, competência e inteligência de quem sabe por que razões ali está e por o que é que na vida, vale a pena dá-la!
Terri Schiavo: um escândalo!
Diz hoje Luís Delgado no Diário de Notícias: "Terri Schiavo, se nada acontecer até esta manhã, estará há uma semana sem água nem alimentos, numa cruel decisão dos que acham que o sofrimento não faz parte da vida, nem deve ser visto. Uma pergunta fica por fazer porque é que os pais não a tiram daquele estado, ou a transportam, em último caso, para o estrangeiro, país vizinho que seja, e onde se possa repor um direito elementar? É uma corrida contra-relógio, que poderá chegar ao Supremo, onde a matéria factual e de mérito não é apreciada, mas apenas o respeito por todas as legalidades processuais e direitos inerentes.".
E acrescento: o caso de Terri Schiavo não é o de uma pessoa cuja vida esteja dependente de uma máquina (um ventilador por exemplo) e por isso só viva porque essa máquina lhe assegura artificialmente uma vida que de outra maneira não teria (assegurando a respiração, por exemplo). Não. É uma pessoa que está viva e como tal tem direito a ser alimentada e hidratada! Muitos de nós estaremos (mesmo sem estarmos naquele estado nem com lesões cerebrais profundas) nessas circunstâncias se formos sujeitos a certas operações ou vítimas de determinados acidentes médicos. Também nos querem nessa altura matar à fome e à sede?
É por essa e por outras (perante um escândalo tão grande) que o próprio Vaticano chama "carrascos" àqueles que retiraram esses direitos a Terri. E olhem que isso não é frequente.
E acrescento: o caso de Terri Schiavo não é o de uma pessoa cuja vida esteja dependente de uma máquina (um ventilador por exemplo) e por isso só viva porque essa máquina lhe assegura artificialmente uma vida que de outra maneira não teria (assegurando a respiração, por exemplo). Não. É uma pessoa que está viva e como tal tem direito a ser alimentada e hidratada! Muitos de nós estaremos (mesmo sem estarmos naquele estado nem com lesões cerebrais profundas) nessas circunstâncias se formos sujeitos a certas operações ou vítimas de determinados acidentes médicos. Também nos querem nessa altura matar à fome e à sede?
É por essa e por outras (perante um escândalo tão grande) que o próprio Vaticano chama "carrascos" àqueles que retiraram esses direitos a Terri. E olhem que isso não é frequente.
sexta-feira, março 18, 2005
Monovolumes e portagens: informação prática
Sobre a questão em referência (a passagem dos monovolumes e outros veículos familiares da classe 2, para a classe 1, no pagamento das portagens), uma medida há muito reclamada pela Associação Portuguesa das Famílias Numerosas (da qual sou sócio), foram divulgadas duas importantes informações que reproduzo aqui (os documentos a que fazem referência podem ser pedidos para: apfn@apfn.com.pt ):
1.
Caros sócios:
Junto se envia despacho da DGV e (FINALMENTE!!!!!) a tal lista de monovolumes abrangidos .
Actuem JÁ!!!!
Caso a vossa viatura esteja na lista como abrangida e já tenha Via Verde, mudem já nos escritórios da BRISA.
Levem os documentos do carro e cópia do despacho e lista. Caso não tenham Via Verde, requisitem-na, como CLASSE 1!
A APFN continuará a fazer força para que TODOS os ligeiros passem para classe 1, como acontece no resto do mundo.
Para isso, será importante termos muito mais sócios, pelo que se reforça a necessidade do empenho de todos os sócios no recrutamento de mais sócios.
Estas e outras notícias estão no site da DGV (www.dgv.pt).
Cumprimentos
Fernando Castro
Presidente da Direcção
2. Caros sócios
Na sequência do meu email anterior, envia-se lista actualizada das viaturas que passaram para classe 1. Mais informação está no site da DGV (http://www.dgv.pt)
Pelo que sei, ainda há várias viaturas em processo de análise. Caso seja o caso da vossa viatura (paga classe 2 e não figura na lista), façam-no sentir junto do representante, para que este apure o assunto junto da DGV.
Este processo parece estar a correr muito bem (finalmente).
Pelo menos um sócio conseguiu tratar de tudo por email, enviando imagem do livrete (scanado) e número do identificador da Via Verde!!!!!
Passem palavra aos vossos amigos e conhecidos
Cumprimentos
Fernando Castro
Presidente da Direcção
APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
Rua 3A à Urbanização da Ameixoeira
Área 3, Lote 1, Loja A
1750-084 Lisboa
Tel: 217 552 603 - 917 219 197Fax: 217 552 604
http://www.apfn.com.pt
=================================
1.
Caros sócios:
Junto se envia despacho da DGV e (FINALMENTE!!!!!) a tal lista de monovolumes abrangidos .
Actuem JÁ!!!!
Caso a vossa viatura esteja na lista como abrangida e já tenha Via Verde, mudem já nos escritórios da BRISA.
Levem os documentos do carro e cópia do despacho e lista. Caso não tenham Via Verde, requisitem-na, como CLASSE 1!
A APFN continuará a fazer força para que TODOS os ligeiros passem para classe 1, como acontece no resto do mundo.
Para isso, será importante termos muito mais sócios, pelo que se reforça a necessidade do empenho de todos os sócios no recrutamento de mais sócios.
Estas e outras notícias estão no site da DGV (www.dgv.pt).
Cumprimentos
Fernando Castro
Presidente da Direcção
2. Caros sócios
Na sequência do meu email anterior, envia-se lista actualizada das viaturas que passaram para classe 1. Mais informação está no site da DGV (http://www.dgv.pt)
Pelo que sei, ainda há várias viaturas em processo de análise. Caso seja o caso da vossa viatura (paga classe 2 e não figura na lista), façam-no sentir junto do representante, para que este apure o assunto junto da DGV.
Este processo parece estar a correr muito bem (finalmente).
Pelo menos um sócio conseguiu tratar de tudo por email, enviando imagem do livrete (scanado) e número do identificador da Via Verde!!!!!
Passem palavra aos vossos amigos e conhecidos
Cumprimentos
Fernando Castro
Presidente da Direcção
APFN - Associação Portuguesa de Famílias Numerosas
Rua 3A à Urbanização da Ameixoeira
Área 3, Lote 1, Loja A
1750-084 Lisboa
Tel: 217 552 603 - 917 219 197Fax: 217 552 604
http://www.apfn.com.pt
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quinta-feira, março 17, 2005
O Padre do anúncio: artigo de Rodrigo Guedes de Carvalho
Publicou Rodrigo Guedes de Carvalho um excelente artigo sobre o tema: "Será louco o Padre do anúncio?", na revista Tv Mais nr. 634.
Se pudesse transcrevia-o mas dizem-me não se pode fazê-lo, por violar leis do copyright...?
Mas se me pedirem por mail, envio-o com todo o gosto (pinheirotorres@hotmail.com).
Sobre o mesmo assunto (o anúncio publicado pelo Padre Nuno Serras Pereira) e no meu Blog no parlamento publiquei um dossier completo. O endereço do post é: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/archive/2005-03-09/3976.aspx.
Se pudesse transcrevia-o mas dizem-me não se pode fazê-lo, por violar leis do copyright...?
Mas se me pedirem por mail, envio-o com todo o gosto (pinheirotorres@hotmail.com).
Sobre o mesmo assunto (o anúncio publicado pelo Padre Nuno Serras Pereira) e no meu Blog no parlamento publiquei um dossier completo. O endereço do post é: http://blogs.parlamento.pt/porcausadele/archive/2005-03-09/3976.aspx.
quarta-feira, março 16, 2005
Quanto ganhei como deputado e os salários dos políticos
Num Post editado no meu Blog no parlamento intitulado “Contrato com os Portugueses assinado hoje por Pedro Santana Lopes” apareceu-me de repente este comentário (assinado por Gajo e com o endereço http://gaseaovento.blogs.sapo.pt/ ): “Gostaste da surpresa??? O dinheiro que ganhaste às custas do Povo português hás-de gastá-lo em pomada pas micoses.” (sic.).
Da minha parte a resposta foi (sobre a parte do dinheiro): “Sobre o dinheiro que ganhei à custa do povo (de si, de mim próprio, pois também pago impostos, de todos os nossos compatriotas) gostava que me dissesse quanto imagina tenha sido? E também: se o carro em que andava era meu, ou do Estado, quem me pagava o telemóvel, etc. Tenho muita curiosidade em que me responda a essas perguntas e todo o gosto em falar sobre o "balurdio" que ganham os deputados "que andam lá a encher-se"...é um debate que sempre desejei e estava a ver que nunca mais ninguém me chamava malandro, para eu poder falar sobre isso! :-)”.
Chegou-me agora a resposta, assim: “Quanto ao dinheiro que ganhou é, certamente, mais do que os (quase) 350 euros do salário mínimo nacional. É, também, mais do que aufere o comum mortal que entre a trabalhar em alguns sectores da Função Pública . Sabe, concerteza, o que é o índice 100. Quanto ao carro e ao telemóvel, sejamos razoáveis, era o que faltava! Já agora, gostava também de saber qual foi o sentido do seu voto na questão do aumento do ordenado dos deputados durante a última legislatura.”
“Migro” então a discussão para aqui e respondo como se segue:
É verdade que o meu salário bruto era de 10 vezes o salário mínimo nacional ao qual se juntavam as ajudas de custo para ir ao círculo eleitoral em valores que não chegavam sequer para pagar as portagens do meu carro (eu sei...um monovolume...peço desculpa mas tenho quatro filhos e dois sobrinhos a viver comigo e juro que não consigo encafuá-los mais as malas em menos do que este e no fiat punto da minha mulher) e muito menos para pagar o hotel e as refeições!
Além disso o carro é meu e o telemóvel também. Ou seja ganhava menos do que um vendedor das sociedades em que trabalhei durante 16 anos e para quem seria impensável ir vender, suportando os custos da deslocação ou levando carro próprio ou levando-o sem que a firma pagasse a gasolina e as portagens...
Também já não menciono o facto de quer na indústria, quer na advocacia (que depois pratiquei) sempre tive secretária (desde que comecei a desempenhar funções de direcção ou gerência) e que no parlamento havia uma secretária para cada 6 ou 8 deputados...
Ora, isto não pode continuar assim! Porque ou não se desempenham cabalmente as funções de deputado (estando os dias inteiros no parlamento ou ao serviço deste)(embora se possa pensar em que a par de deputados “dedicados”, existam deputados “só representantes”) ou então acumula-se com outras actividades. Mas não desfazendo em quem o faz assim, fica muito dificil servir o povo que nos elegeu!
O que eu proponho: que cada deputado, ministro, etc., ganhe o mesmo que ganhava cá fora (talvez matizado, tipo média de tantos anos, enfim...). Porque assim, não dá...:-)
Nota final: a discussão que menciona (na IXª legislatura) não existiu...para grande pena minha em que (se tanto me concedesse o meu grupo parlamentar, o que também não é certo...) teria tomado a posição acima.
Ah, é verdade!
Não conheço exactamente as normas da reforma dos deputados, mas se não me engano é 12 anos e só desde que se chega à idade da reforma...não é nada disso que dizem cá fora (como também é falso que a CP nos ofereça os bilhetes, etc.). Mas sabe porque foi criado esse privilégio? Por causa da hipocrisia e da demagogia dos políticos e dos eleitores, que se recusam a olhar para a realidade de frente e assim dão lugar a estas “esquisitices”...
Existe também um subsídio de reintegração na vida civil de um salário por cada seis meses que se passou na Assembleia (no meu caso e devido ao PR, cinco, vírgula tal). Outra “esquisitice” criada para tentar "enganar" os políticos e o povo (mas por culpa da cegueira de ambos a esta questão dos ordenados). Sim, vou pedir o mesmo, de consciência tranquilíssima. :-) Em média equivale a terem-me pago (durante estes três anos), não 3500 Euros por mês, mas sim, 3900 Euros.
Faço aqui uma ressalva: este subsídio de reintegração na vida civil não me parece tenha paralelo em outras profissões (daí a minha estranheza quando soube dele). No entanto para alguns de nós, a entrada no parlamento (e estar lá a tempo inteiro) implicou abdicar do emprego ou profissão anteriores. Assim é justo que alguém que para servir o bem de todos, abdicou de um bem próprio, lhe sejam facultados os meios, no fim dessa missão, para poder encontrar novo trabalho (podendo-se aqui objectar que é para isso que existe o subsídio de desemprego e esse podendo durar mais que, por exemplo, o meu, tem a "justiça" de terminar quando a pessoa volta a trabalhar...? é uma coisa a pensar).
Estou aberto a continuar a discussão.
Da minha parte a resposta foi (sobre a parte do dinheiro): “Sobre o dinheiro que ganhei à custa do povo (de si, de mim próprio, pois também pago impostos, de todos os nossos compatriotas) gostava que me dissesse quanto imagina tenha sido? E também: se o carro em que andava era meu, ou do Estado, quem me pagava o telemóvel, etc. Tenho muita curiosidade em que me responda a essas perguntas e todo o gosto em falar sobre o "balurdio" que ganham os deputados "que andam lá a encher-se"...é um debate que sempre desejei e estava a ver que nunca mais ninguém me chamava malandro, para eu poder falar sobre isso! :-)”.
Chegou-me agora a resposta, assim: “Quanto ao dinheiro que ganhou é, certamente, mais do que os (quase) 350 euros do salário mínimo nacional. É, também, mais do que aufere o comum mortal que entre a trabalhar em alguns sectores da Função Pública . Sabe, concerteza, o que é o índice 100. Quanto ao carro e ao telemóvel, sejamos razoáveis, era o que faltava! Já agora, gostava também de saber qual foi o sentido do seu voto na questão do aumento do ordenado dos deputados durante a última legislatura.”
“Migro” então a discussão para aqui e respondo como se segue:
É verdade que o meu salário bruto era de 10 vezes o salário mínimo nacional ao qual se juntavam as ajudas de custo para ir ao círculo eleitoral em valores que não chegavam sequer para pagar as portagens do meu carro (eu sei...um monovolume...peço desculpa mas tenho quatro filhos e dois sobrinhos a viver comigo e juro que não consigo encafuá-los mais as malas em menos do que este e no fiat punto da minha mulher) e muito menos para pagar o hotel e as refeições!
Além disso o carro é meu e o telemóvel também. Ou seja ganhava menos do que um vendedor das sociedades em que trabalhei durante 16 anos e para quem seria impensável ir vender, suportando os custos da deslocação ou levando carro próprio ou levando-o sem que a firma pagasse a gasolina e as portagens...
Também já não menciono o facto de quer na indústria, quer na advocacia (que depois pratiquei) sempre tive secretária (desde que comecei a desempenhar funções de direcção ou gerência) e que no parlamento havia uma secretária para cada 6 ou 8 deputados...
Ora, isto não pode continuar assim! Porque ou não se desempenham cabalmente as funções de deputado (estando os dias inteiros no parlamento ou ao serviço deste)(embora se possa pensar em que a par de deputados “dedicados”, existam deputados “só representantes”) ou então acumula-se com outras actividades. Mas não desfazendo em quem o faz assim, fica muito dificil servir o povo que nos elegeu!
O que eu proponho: que cada deputado, ministro, etc., ganhe o mesmo que ganhava cá fora (talvez matizado, tipo média de tantos anos, enfim...). Porque assim, não dá...:-)
Nota final: a discussão que menciona (na IXª legislatura) não existiu...para grande pena minha em que (se tanto me concedesse o meu grupo parlamentar, o que também não é certo...) teria tomado a posição acima.
Ah, é verdade!
Não conheço exactamente as normas da reforma dos deputados, mas se não me engano é 12 anos e só desde que se chega à idade da reforma...não é nada disso que dizem cá fora (como também é falso que a CP nos ofereça os bilhetes, etc.). Mas sabe porque foi criado esse privilégio? Por causa da hipocrisia e da demagogia dos políticos e dos eleitores, que se recusam a olhar para a realidade de frente e assim dão lugar a estas “esquisitices”...
Existe também um subsídio de reintegração na vida civil de um salário por cada seis meses que se passou na Assembleia (no meu caso e devido ao PR, cinco, vírgula tal). Outra “esquisitice” criada para tentar "enganar" os políticos e o povo (mas por culpa da cegueira de ambos a esta questão dos ordenados). Sim, vou pedir o mesmo, de consciência tranquilíssima. :-) Em média equivale a terem-me pago (durante estes três anos), não 3500 Euros por mês, mas sim, 3900 Euros.
Faço aqui uma ressalva: este subsídio de reintegração na vida civil não me parece tenha paralelo em outras profissões (daí a minha estranheza quando soube dele). No entanto para alguns de nós, a entrada no parlamento (e estar lá a tempo inteiro) implicou abdicar do emprego ou profissão anteriores. Assim é justo que alguém que para servir o bem de todos, abdicou de um bem próprio, lhe sejam facultados os meios, no fim dessa missão, para poder encontrar novo trabalho (podendo-se aqui objectar que é para isso que existe o subsídio de desemprego e esse podendo durar mais que, por exemplo, o meu, tem a "justiça" de terminar quando a pessoa volta a trabalhar...? é uma coisa a pensar).
Estou aberto a continuar a discussão.
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