Entrevista ao Bispo de Setúbal, a propósito da visita «ad limina» que decorreu há poucos dias.
D. Gilberto afirma que se tratou de um encontro que confirma na fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, na comunhão da Igreja e no desejo de dar testemunho do Senhor. Destaca a experiência de comunhão e de universalidade vivida durante aqueles dias, acolhendo os desafios da esperança e da caridade de Papa Bento XVI.
Entrevista a Dom Gilberto Reis, Bispo de Setúbal, a propósito da visita «ad limina» que ocorreu entre o dia 3 a 12 de Novembro em Roma.
Portal Diocesano: A última visita «ad limina» foi há oito anos e na altura o Dom Gilberto era bispo de Setúbal há um ano. Como foi esta visita, comparativamente, e como tem sido daí para cá?
D.Gilberto: A visita «ad limina» é sempre com Pedro – seja no rosto de João Paulo II ou de Bento XVI. Encontro que confirma na fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, na comunhão da Igreja e no desejo de dar testemunho do Senhor. Nestes últimos anos, a Igreja de Setúbal continuou a crescer de muitas formas. Registo o empenho na formação dos leigos e dos formadores e o empenho no cuidado do Seminário e das vocações. A par disso gostaria de sublinhar o investimento feito no aprofundamento feito na palavra de Deus e da Eucaristia com os dois triénios dedicados a estes temas.
Portal Diocesano: Passou pelas várias congregações, o que reteve de essencial?
D.Gilberto: O mais relevante foi a experiência de universalidade da Igreja, da variedade dos órgãos da Cúria Romana e da riqueza do corpo eclesial de Cristo: um corpo tão grande e tão belo que nunca se esgota em nenhuma expressão e em nenhum órgão.
Portal Diocesano: Na mensagem aos Bispos portugueses, o Papa fala “da participação comunitária e nas formas de integração”. Como será na Diocese de Setúbal?
D.Gilberto: O Santo Padre insiste naquilo que é central no Vaticano II: a Igreja, mistério de comunhão com Deus e dos homens entre si. Na nossa Diocese não é diferente das outras dioceses. Muito se tem feito nestes 32 anos de vida, como Diocese, mas há um longo trabalho a realizar sobretudo na mudança de mentalidades. É fácil criar estruturas de comunhão, mas se falta a mentalidade de comunhão, pouco se alcança. Vamos continuar a encontrar meios que nos façam crescer em Igreja-comunhão. Nesse sentido, peço a todos que nos deixemos interpelar pelo desafio do Santo Padre e manifesto muita confiança em todos, nomeadamente no clero e em todos os leigos.
Portal Diocesano: O Papa Bento XVI lembra igualmente que é “preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa […] sendo estabelecida bem a função do clero e laicado, na corresponsabilidade”. O que lhe apraz dizer?
D.Gilberto: Na resposta anterior já deixei elementos que respondem a esta pergunta. Agradeço ao Santo Padre este desafio. Quanto mais conseguirmos que as nossas comunidades sejam lugar, escola e experiência de comunhão, em que todos ajudam e são ajudados a crescer na fé, na esperança e na caridade, tanto mais daremos testemunho de Jesus. Como é belo encontrar uma comunidade em que o padre, pelo seu ministério, ajuda cada um dos fiéis da sua paróquia a descobrir o seu caminho próprio e a desenvolvê-lo, a pô-lo ao serviço do bem comum, de forma orgânica e harmónica. Como é belo e urgente alcançar isto.
Portal Diocesano: “A primeira missão da Igreja é falar de Deus”, afirmou o Sumo Pontífice. Como se fala de Deus na Diocese de Setúbal?
D.Gilberto: Fala-se de Deus, ou melhor, anuncia-se Deus Amor:
a) pelo cuidado dos pobres, dos doentes, dos marginais, dos jovens que têm fome e sede de sentido;
b) pela palavra esclarecida e oportuna, palavra dita de muitas formas;
c) pela oração;
d) pelo testemunho de vida pessoal e comunitária que mostra que, quando Deus é acolhido, é fonte de alegria, de paz, de vida;
Todas estas palavras se completam, mas se falta o testemunho do amor, nada feito. A este propósito, dou graças a Deus por tantos e tão belos testemunhos do amor de Deus que vou encontrando pela diocese inteira.
Portal Diocesano: Qual a mensagem do Bispo para a Diocese depois desta visita? Que desafios deixa esta visita?
D.Gilberto: O desafio da esperança: esperança porque na diocese, como o Santo Padre disse, há muitos sinais de esperança. Esperança, antes de mais, porque Jesus, que nos enviou e colocou aqui, está connosco, é o Ressuscitado e vencedor da morte. Depois, o desafio da caridade: tudo em nós e nas comunidades e serviços exprima, eduque e leve à caridade com que Deus nos santificou no baptismo. Sem este amor de Deus e de uns para com os outros, não amaremos Deus nem nos realizaremos como Igreja e como pessoas. Por fim, o desafio mais concreto, mas difícil, de sermos fiéis e Igreja que escuta, medita, ensina, celebra, vive e testemunha a palavra de Deus.
Se não escutarmos a palavra de Jesus, nos muitos sinais da Sua linguagem, no sermos Igreja, não chegaremos à eucaristia, não seremos luz e fermento, não descobriremos o mistério da vocação de especial consagração, nomeadamente a vocação sacerdotal.
Ajudemo-nos uns aos outros a ser discípulos de Jesus para sermos suas testemunhas e apóstolos.
Setúbal, 16 de Novembro de 2005
Pe. Marco Luis
Foi um encontro cordial que D. Gilberto Reis, Bispo de Setúbal teve com o Papa Bento XVI. Encontro individual que se realizou na sexta-feira, dia 9 de Novembro à tarde.O Sumo Pontífice olha para a Diocese de Setúbal com esperança.
D. Gilberto afirma que «o Papa estava dentro das grandes linhas da diocese, certamente através da leitura do relatório que foi enviado, como preparação da visita. O Santo Padre foi perguntando por varias situações humanas e eclesiais da nossa diocese, fundamentalmente. Também lhe disse que rezamos por ele e perguntei-lhe se podia dizer à diocese que dava bênção especial para a diocese e em particular para o clero, jovens, irmãs contemplativas. Ele disse que sim.»
Quanto ao que se tem feito na Diocese de Setúbal «gostou de ouvir falar do triénio dedicado à Eucaristia e do triénio da Sagrada Escritura, que ainda estamos a viver.»
O Bispo de Setúbal falou ao Papa Bento XVI da baixa percentagem da prática dominical em Setúbal, que ele aliás já sabia. Igualmente referiu as várias iniciativas da diocese, «ao que ele disse que eram sinais de esperança muito bonitos, que nos fazem pensar no futuro com muita esperança.»
D. Gilberto, na alegria que as fotografias do encontro bem revelam, falou ao Papa de várias realidades eclesiais: «Disse-lhe que temos bons catequistas, falei-lhe do empenho na sua formação, concretamente este ano e no ano passado, igualmente do empenho na pastoral das vocações, referindo a dificuldade de apresentar Cristo neste mundo com cultura própria, com dificuldades em acolher o Evangelho» ao que Bento XVI respondeu «que há que continuar a anunciar Cristo e ter esperança.»
Foi o diário da acção política de um deputado do PSD, eleito por Braga, e agora é-o de um cidadão que desejando contribuir activamente para a organização do bem comum, procura invadir esse âmbito (da política) com aquele gosto de vida nova que caracteriza a experiência cristã. O título "POR CAUSA DELE" faz referência ao manifesto com o mesmo título, de Comunhão e Libertação, publicado em Janeiro de 2003 (e incluído no Blog).
segunda-feira, novembro 19, 2007
Ainda o Papa e os Bispos portugueses: entrevista Bispo de Setúbal
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