terça-feira, novembro 20, 2007

Procriação artificial: a terra movediça onde nascem todas as loucuras

Vou confessar uma fraqueza: das coisas que mais me irrita nas discussões de questões de civilização são os "moderados" de serviço que quando argumentamos com os caminhos perigosos e as portas desconhecidas de algumas decisões políticas (como na procriação artificial) do alto do seu desdêm, vivendo de uma tranquila ignorância (regra geral nós sabemos mais do que eles e por isso nos metemos nas "guerras" em que nos metemos...) e da descontracção que nasce da inevitabilidade (a seus olhos) da mentalidade dominante, nos respondem: "que exagero! Vocês lembram-se de cada coisa! As pessoas têm bom senso, a lei [qualquer uma, a que estiver em discussão na altura] vem precisamente estabelecer o que se pode ou não fazer para que não haja derrapagens, é uma lei moderada, etc."...
Não é preciso muito tempo (sempre!) para que a realidade nos venha dar razão! Se não acreditam pensem nas 140 mil pílulas do dia seguinte POR ANO ou no exemplo abaixo (atentem no que digo: em Portugal também acontecerá...).
Nota: sublinhei a negrito as palavras mágicas que vendem as aberrações:


Reino Unido planeia lei para criar bebés com duas mães
19.11.2007, Clara Barata no Público

O Governo britânico prepara-se para apresentar hoje a discussão no Parlamento uma nova lei que permitirá usar técnicas de clonagem para criar embriões que terão duas mães, em termos genéticos. O objectivo é tratar a infertilidade de mulheres que sofrem de anomalias nas mitocôndrias dos óvulos, o que as impede de ter filhos. Mas o assunto envolve polémica.
A ideia é criar óvulos híbridos: o núcleo da célula da mulher que quer ser mãe seria transferido para um óvulo de uma dadora, previamente esvaziado do seu núcleo (onde se encontra a esmagadora maioria do ADN). As mitocôndrias são estruturas que existem fora do núcleo, com muito pouco material genético, mas que são consideradas as baterias da célula - se não funcionarem bem, podem dar origem a muitas doenças.
Esse óvulo híbrido seria depois fundido com um espermatozóide, usando técnicas comuns de fertilização assistida. O bebé que vier a nascer teria metade dos genes do pai e metade dos genes da mãe, como todos bebés - embora as suas mitocôndrias fossem diferentes das da sua mãe, que funcionavam mal.O ADN das mitocôndrias é muito pouco: 16.500 pares de bases químicas (identificadas pelas letras A, C, T e G) que formam a molécula de ADN, enquanto o património genético do núcleo das células é composto por 3000 milhões de pares de bases.
Grupos de pressão cristãos e ligados à bioética estão já a preparar-se para contestar esta lei, dizia ontem o jornal The Independent.
A ideia é usar técnicas de clonagem para criar embriões que têm uma pequena parcela de ADN de uma terceira pessoa

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