sexta-feira, julho 07, 2006

O princípio da livre escolha

É o titulo de um artigo de Inês Pedrosa no Expresso do Sábado passado, sobre a questão da nova legislação anti-tabagica. Muito bom!
Estou como ela: se a preocupação é a saúde, porque não proibir o açúcar e os fritos? ;-)

4 comentários:

Anónimo disse...

E o princípio da livre escolha para a eutanásia? e para os gays? e para as lésbicas? e para a pornografia? e para a masturbação? e para o uso de silícios (oops!)?

Isto para não falar da procriação assistida, do aborto ou de milhares de outros assuntos em que a "verdade" dita as suas leis milenares (carregadas de sangue, suór e lágrimas)

Antonio Pinheiro Torres disse...

A pergunta sobre a eutanasia parece dificil, mas olhando para a realidade dos que assim se vao, o que se percebe é que não há livre escolha. Livre, numa situação limite, é quem não depende dela para a sua decisão. E esse não é o caso de quem diz querer matar-se determinado pela sua dor ou pelo medo do desconhecido, ou pelo medo de incomodar, ou pelo receio de não ser amado naquela circunstancia, etc. Ou então "despachado desta para melhor" porque o egoismo dos seus assim o determina ou a cobiça e a ambição são maiores que o afecto. Temos muito a falar sobre essa livre escolha...
Liberdade de escolha para a homosexualidade, nada a opor. Ao longo dos seculos sempre os houve e sempre os havera. O que me incomoda no assunto e quando esta se transforma em proposta cultural e fundamento de uma agenda de direitos onde eles nao existem (porque o estado, como de uma forma tão feliz o explica a Maria José Nogueira Pinto não tem de legislar a espreitar pelo buraco da fechadura. Cada um faça o que entender, mas fazendo-o sozinho, em grupo ou em pino, isso não o constitui em direitos de especie nenhuma. sempre assim foi no direito e não ha acusação de homofobia que não esbarre em seculos e bibliotecas de direito). Ou quando novamente não há liberdade de escolha: porque se e assim em consequencia da violencia que se sofreu, ou da circunstancia social que o vitimou, ou da mentalidade dominante que o impos onde por circunstancias normais, ele nao existiria. E sou contra, claro toda a liberdade de escolha que não o seja para quem e objecto dela (como e o caso do aborto onde a liberdade de escolha, e que e discutivel que exista em muitos casos, se transforma em dispor de um outro).
Habitos sexuais são com cada um...parece-me pouco saudavel, mas enfim...
Pornografia: não me oponho a liberdade de a produzir e consumir. Oponho-me a que seja feita com quem nao e livre (convinha serem mais conhecidos alguns estudos dos estados unidos sobre essa questão, da miseria moral e da exploração humana de quem dela vive)e que se coarte a liberdade dos pais em educar os filhos (e se educarem a si proprios)como bem entendem (e por isso me oponho a canais abertos, exposição publica, educação sexual transformada em proposta cultural, e outras coisas de manifesto mau gosto). Tenho tambem muitas duvidas sobre as hipoteses de felicidade (verdadeira, humana) de quem vive com e dela, mas isso e com cada um. A proposito: como podemos, e bem, falar mal da violencia domestica e ao mesmo tempo defender a liberdade das violencias propostas em tantos conteudos pornograficos (escandaliza-me nomeadamente não ver mais feministas a oporem-se a mais desprezivel exploração da mulher que consta da maior parte dessas coisas).
Procriação assistida (a liberdade da) tambem nada a opor (no plano da legislação civil)desde que sejam respeitados aqueles outros de que não nos e licito dispor: da vida dos embriões, das crianças nascidas destes processos, etc. Todos sujeitos de direitos. Nao disponiveis de nenhuma outra liberdade de escolha.
Reivindico tambem a liberdade de educação, a liberdade das comunidades viverem de acordo com as suas tradições religiosas, a liberdade das entidades menores face as entidades maiores (principio da subsidariedade), a liberdade de constituir familia e viver plenamente essa realidade, a liberdade do toxicodependente face a droga (e não a sua anestesia pela metadona ou sala de chuto para que eu viva sossegado sem ter que me incomodar, etc.).
Quanto a mortificação, cada um e livre de fazer o que bem entender. Percebo que seja daqueles assuntos que e dificilimo explicar mas não percebo porque numa sociedade livre e onde pretensamente tudo se aceita e e respeitado, quando chega a esse assunto, so vejo fariseus a rasgar as vestes...?
Duas coisas sobre a liberdade:
- "A liberdade, Sancho, foi o maior bem que os céus deram aos homens!" e
- estava perdido na montanha, desejava ardentemente regressar a casa (estava cansado, com fome e saudade dos meus), cheguei a um cruzamento, tinha varios caminhos, um apontava, com um letreiro, para a minha aldeia. Onde esta a liberdade? Em poder escolher um dos quatro caminhos ou seguir por aquele que me levava a casa, obedecendo a indicação da tabuleta?
Um link: www.meetingrimini.org procure no arquivo a edição de 2005 que decorria sob o título daquela frase do D. Quichote.
Sinta-se livre de voltar a este blog sempre que lhe apetecer ;-)

Anónimo disse...

Agradeço a resposta e concordo com grande parte do que aqui escreveu.

A questão da mortificação foi provocatória, uma vez que eu entendo que cada um é livre de fazer o que quiser, desde que a sua liberdade não interfira na vida dos outros. Por isso sou a fovor da eutanásia, do casamento homossexual, da pornografia (não forçada)e até mesmo da mortificação (apesar de achar que, por um lado, há formas mais úteis de sacrificio e que, por outro, quem a pratica não tem que o fazer às escondidas ou na base do "não confirmo nem desminto").

Questões como a do aborto ou a da adopção de crianças por parte de casais homossexuais (que, à partida, rejeito) são, a meu ver, muitíssimo complexas. A única certeza que eu tenho é que não existem verdades absolutas acerca de assuntos tão difíceis e complexos.

Por último, e seguindo-lhe o exemplo ,uma coisa sobre moral:
- "A moral que nos transmitiram equivale a fazerem-nos caminhar por uma corda vacilante sobre um abismo, depois de nos darem apenas por conselho que nos conservemos bem direitos!"

Gostei muito do blog, voltarei com muito prazer.

Antonio Pinheiro Torres disse...

Gostei da citação. Mas descreve uma moral que não é a que eu sigo. A moral que eu sigo resulta do encontro com Cristo. Do amor à vida que Ele me dá. Assim, seguindo essa moral, já não estou sózinho, nessa corda sobre o abismo, mas amparado pela mão dEle. Não receio assim cair (Ele me segurará)nem tenho medo do caminho. Um abraço!